Dolovan Breus escrita por Roma
Notas iniciais do capítulo
Falei que ia postar ontem, mas acabei com a cabeça no Neymar... Então, aí está.
ELSA
Ela estava considerando seriamente voltar no tempo e matar Frost antes que tudo aquilo acontecesse. Ou simplesmente nunca ter aceitado a missão. Tudo. Tudo e qualquer coisa, para que não acabasse em sua própria irmã – cerca do próprio casamento – aprisionada por um vampiro psicopata. Sinceramente, ter que aguentar as cantadas dos vampiros franceses era melhor que aquilo. Muito melhor. Gesticulara freneticamente e protestara – tudo em vão.
– Não vai adiantar! – Sal dissera – E se estiver pensando em se entregar para que ele a poupe, não o faça. Ele não vai poupar.
É claro que não ia. É claro que parte dela queria ir mesmo assim, para o caso – mesmo que ela não acreditasse nesse caso – de ele mudar de ideia. Estava em uma situação de “Odeio ao mundo, odeio à vida e odeio a todos vocês”. Recusara todas as tentativas de “Sinto Muito” de Frost, e não pretendia olhar nos olhos do vampiro tão cedo. Afinal, era tudo culpa dele, não era? Não. E ela sabia disso. Ela se metera naquela furada. Ela congelara um arsenal e provocara o vampiro. E, por causa dela, a sua irmã agora corria risco de vida às vésperas do casamento. Tudo o que queria era ficar sozinha. Poder gritar, praguejar e quebrar o que quisesse sem que ninguém a perturbasse. Mas a cada momento em que conseguia e se aliviava – momentos que duravam cerca de dois minutos – alguém se aproximava e dizia que tudo acabaria bem. Ela achava que não. Aquilo não era um conto de fadas, e não era uma história para entreter o público alvo infantil. Era verdade. E era culpa sua.
Ergueu a cabeça ao ouvir a porta sendo aberta, e logo virou a cabeça desdenhosamente ao ver Sal. A última coisa da qual precisava era da “amiguinha” do Frost incomodando-a. Mas ela não parecia pretender ir embora. Fechou a porta com força e sentou-se no parapeito da janela, abraçando os próprios joelhos.
– Vou deixar uma coisa clara – disse, sem olhar para Elsa. – Não estou aqui para te consolar o por que quero que se sinta melhor. Estou aqui porque parece ser o lugar mais tranquilo da casa nesse momento. Não pense que me importo.
– Eu não pensei nisso. – a caçadora respondeu, avaliando a outra. Sal soltara o cabelo loiro, que batia nos ombros. Vestia uma camiseta branca muito mais larga que o necessário e calças jeans, além de botinas com estampa do exército. Mesmo sem maquiagem, parecia incrível. Elsa comparou-se com ela mentalmente, e de repente não era tão misterioso o fato de ele a ter trocado por ela. “Trocado?” ela pensou “Fala sério, foi só um verão”. Mas que verão. Balançou a cabeça para afastar o pensamento.
– Por que está olhando para mim? – Sal perguntou. – Está imaginando qual seria o jeito mais produtivo de me matar?
– Não. Estou só olhando.
As duas ficaram em silêncio. Sal revirou os olhos e deixou as pernas pendendo para fora.
– Olha, se você está imaginando que eu vou fazer cara de culpada e dizer coisas como “Olha, sei que começamos mal, mas podíamos tentar outra vez” é bom abrir os olhos. Eu não vou fazer isso.
– Fico feliz que não. Não sou do tipo que recomeça.
Sal pareceu lembrar de algo e voltou-se, olhando-a curiosamente.
– Aquele seu dispositivo. Fez um estrago e tanto. Sabe, congelou o arsenal e mais um pouco. Posso ver?
Elsa enrijeceu a musculatura, lutando para não soar tensa.
– Não... Não vai dar.
– Por que não? – Sal ergueu uma sobrancelha.
– Ficou lá. Eu desmaiei e deixei cair no chão. Já deve até ter quebrado...
A vampira estreitou os olhos.
– Essa foi a mentira mais idiota que eu já ouvi. O que há de tão especial nessa coisa... Se é que há alguma coisa... Para que você precise inventar várias desculpas para ninguém ver? – perguntou, devagar. Elsa não respondeu. – Não há dispositivo nenhum, estou certa?
Como a caçadora não respondesse, Sal repetiu a pergunta. Riu e revirou os olhos.
– Você consegue fazer gelo.
– Você é bem esperta.
– Sim, eu sei. Mostre. – ela pediu. Elsa ergueu uma sobrancelha. – Mostre o gelo. Faça a mágica para eu ver.
– Por que eu faria isso?
– Porque eu poderia contar para os outros se não fizesse. – Sal sorriu. A outra revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso. Suspirou e tocou o assoalho de madeira. Concentrou-se e imaginou a brancura da neve... A temperatura no local pareceu baixar um pouco quando o chão foi revestido de uma camada fina de gelo. A vampira arregalou os olhos e saltou do parapeito onde estivera.
– É incrível – sussurrou. – Por que não conta aos outros? Quer dizer, isso é muito legal...
– Não é não – Elsa se endireitou, e o gelo derreteu.
– Como assim? Qual é o problema?
Ela balançou a cabeça negativamente, descartando a pergunta. Voltou-se para a vampira.
– Por favor, Sal, prometa que não vai contar a ninguém. – pediu. Ela suspirou e assentiu.
– Prometo. Só me diga por que eles não podem saber, e eu te deixo em paz.
Ela suspirou e fechou os olhos, as memórias surgindo em sua mente como um filme.
– É uma longa história.
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