O Dia Depois do Amanhã escrita por Joy


Capítulo 3
Midoriko-sama - REPOSTADO


Notas iniciais do capítulo

Galera esse capítulo foi bem difícil de sair, mas consegui.

Boa leitura pessoal.



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E esse foi o momento que Inuyasha apareceu, mas havia algo de errado. No lugar de Inuyasha ele avista a sacerdotisa Midoriko, que logo após o salto e a derrota do dragão youkai, ela desce pousando calmamente e parando a poucos metros do monge.

O cenário congela como quando apertamos o pause no controle remoto de um aparelho de DVD, ou no teclado de um computador, então a miko começa a caminhar em sua direção.

— Seu coração não tem maldades monge e você está cheio de dúvidas. Certo? — Ainda caminhando em direção ao monge Miroku, a sacerdotisa Midoriko toma a frente na conversa surpreendendo o rapaz com essa atitude inesperada e ao mesmo tempo imponente.

Trajava-se com sua armadura similar a de um samurai da época, mas comparando-as considerava-se incompleta, pois as armaduras dos samurais eram bem mais complexas.

A maior parte de seu corpo era coberta por um raro Hatomune Dou (um corselete antigo feito de longas placas de metal ou um couro bem grosso, geralmente cobria o corpo do pescoço até a cintura, e podia ter uma abertura nas laterais ou nas costas, da cintura para baixo tinham abas provavelmente feitas também por um couro bem grosso, não menos importante, pois fazia parte de uma armadura rara). Seus ombros eram cobertos por um Se-ita no Yoroi (placas pequenas que protegiam as articulações dos ombros e parte superior do braço, também feitas de metal ou um couro bem grosso e as bordas eram sempre decoradas com metal) de cada lado. E por de baixo de sua armadura, Midoriko usava o que parecia ser uma roupa vermelha e branca similar a da sacerdotisa Kaede, Kikyo e de Kagome.

Minha alma precisava encontrar seu rumo no ciclo interminável da vida, parece que vocês cumpriram meus objetivos. Continuava ela, divertindo-se internamente pelo semblante surpreso de Miroku, que a essa altura decide pronunciar-se.

— Midoriko-sama. — Diz pausadamente. — Que honra, eu...

— Honra? Nossa! Parece que minha fama cresceu bastante desde a minha morte. — Interrompe com um singelo sorriso no rosto e pergunta. — Qual o seu nome monge?

— Ah, sim! Chamo-me Miroku, senhora. ­— Responde curvando-se em forma de reverência e admirando-se com a humildade e carisma da miko. Todos a conheciam como uma incrível sacerdotisa guerreira, ele não esperava tal comportamento por parte da mulher.

Ela era realmente muito linda, de traços finos e simples mais extremamente lindos aos olhos de qualquer homem. Nesse momento havia se passado um pensamento maldoso pela mente de Miroku que o expulsou rapidamente, lembrando que se ao acaso estivesse em outras épocas a pediria para dar a luz alguns de seus filhos.

Mas, agora não teria necessidade para tal. Estava casado com a mulher que realmente amava, e possuía lindos filhos a seu lado, também recorda que se ela estivesse ali no momento que fizesse, teria dado um tapa daqueles bem fortes em seu rosto, o fazendo rodopiar ou cair no chão gemendo de tamanha dor.

— Temo lhe dizer, mas não tenho muito tempo. — Diz a sacerdotisa percebendo a distância de pensamentos do monge.

— Desculpe-me senhora. — Responde constrangido. — Permita-me perguntar, por qual motivo a senhora aparece diante de mim nesse momento?

— Você tem muitas perguntas e me fez logo a que lhe dá todas as respostas. Sábio. — Responde com mais um sorriso doce na face. — Será uma explicação longa, porque não se acomoda? Considerando o tempo que esteve parado diante de meu corpo cristalizado.

Miroku ainda não havia se dado conta do tempo que levou até chegar àquele lugar e o tempo que estava ali, então se preocupa com o estado da esposa.

Ela deve estar muito preocupada comigo. — Pensa. — Ah! Certo! — Diz preparando-se para sentar-se numa elevação da caverna.

— Não deseja um lugar mais agradável monge Miroku? — Pergunta fazendo um leve movimento com os braços.

Uma distorção não muito diferente da anterior acontece, e de repente se depara a um lindo campo florido por diversas cores. Encanta-se com a beleza diferenciada do lugar. Não deixa de notar as inúmeras borboletas que dançam sincronizadas pelo ar e se erguem ao céu límpido de um azulado puro com nuvens ao longe, árvores na decida daquela bela elevação terrestre sob o sol não muito quente e não muito frio, pois lhe parecia um glorioso alvorecer.

O verdejar do gramado, ainda molhado pelo orvalho antes predominante, lindas libélulas a pousar-se nas folhas suadas das plantas daninhas rastejantes, que agarradas às árvores mais antigas escalavam-nas. Miroku sentia-se como uma criança livre para correr e brincar junto àquela vista monumental que o hipnotizava.

— Não devia tê-lo trago a este lugar, voltemos então. — Ela o tira de seu transe percebendo que o rapaz novamente viajava por sua mente.

— Oh! Não por favor, vamos ficar aqui mesmo. — Suplica o monge respirando fundo aquele ar de uma pureza inigualável. — É um lugar magnifico. — Comenta encerrando.

Sentou-se ali mesmo onde estava àquela grande quantidade de gramado misturado com as diversas flores, que davam uma sensação de estar se sentando numa espécie de acento acolchoado, por tão macio que era. Enquanto a sacerdotisa Midoriko assentou-se numa pedra que havia a seu lado, ficando um pouco mais alta que Miroku.

— Por acaso suas dúvidas já se foram monge? — Pergunta Midoriko o fazendo lembrar as circunstâncias anteriores.

— Não, não me esqueci sacerdotisa Midoriko. Eu ainda gostaria de ouvir suas explicações a respeito de minhas desconfianças.

Longe dali Sango tentava se acalmar, haviam se passado exatamente duas horas e meia que sua cabana estava lotada por seus amigos, e ela desejava um tempo a sós consigo mesma para pensar em alguma coisa útil. Mas, na situação em que se encontrava não seria possível, por isso deveria acalmar-se o mais rápido possível para ter condições de planejar algo que desse realmente certo.

— Está melhor Sango? — Pergunta a velha senhora Kaede, de forma cuidadosa e carinhosa, para não ver a exterminadora desmanchar-se novamente a sua frente.

— Estou melhor sim sacerdotisa Kaede-sama, obrigada. — Agradece a jovem mulher ainda com um sorriso tristonho no belo rosto.

— Sango. Vou colher algumas ervas, você gostaria de me ajudar? — Perguntava a senhora na tentativa de melhorar o humor da moça, que nega com um aceno e agradece.

— Muito obrigada pelo convite, mas não poderei ir preciso resolver alguns assuntos. — E sorri tentando esconder seu real objetivo da sacerdotisa, esta que já tinha mais de sessenta anos e conhecia bem as pessoas, pois carregava a experiência de todas essas décadas nas costas e as tinha a seu favor. — E preciso cuidar das crianças.

— Está bem, mas da próxima vez, eu consigo te arrastar. — Responde fingindo-se de desentendida com a exterminadora, que concorda com a cabeça.

E sai à procura de Inuyasha para pedir que tomasse conta de Sango e não a deixasse fazer nenhuma besteira, como por exemplo, ir sozinha em busca de Miroku abalada do jeito que estava.

— Inuyasha! Por favor, ela pode se desesperar e acabar se perdendo pelo caminho. — Pedia a senhora desesperada depois de ouvir a resposta negativa do hanyou.

— Keh! Por que tenho que tomar conta dela? Ela está bem grandinha sabe se cuidar sozinha. — Responde novamente de forma insensível, mas sem querer admitir, que não a deixaria fazer tamanha burrice, então sai andando e resmungando como um velho ranzinza, e depara-se com uma Kagome sorridente parada a poucos metros atrás de si.

Ela acabara de presenciar a conversa de Kaede-sama e Inuyasha que estavam num local reservado na floresta, onde o meio youkai costumava treinar com Kirara ou Miroku e fazer o estrago que desejasse, que dessa vez o fazia só, pois não havia nenhuma de suas duas companhias.

Conhecia muito bem o marido e sabia que era o normal dele agir dessa forma insensível e estupida, não costumava demonstrar seus reais sentimentos, e ao invés de demonstra-los agia de forma contrária, deixando mais evidente ainda suas reais intenções e preocupações.

Era muito fácil decifra-lo, não precisava de muito esforço para saber que ele iria cuidar de Sango, e a vigiaria para que ela não viesse a fazer alguma burrice que a colocasse em grande perigo. A final de contas ela também é sua amiga, e mais que do isso, dentro de seu peito hibrido batia um coração bondoso.

Outrora fora revoltado, pois naquela época era tratado com grande indiferença, por parte de suas duas raças, o importante é que não se sentiria assim novamente, seus amigos preencheram um grande vazio que havia em seu coração, meio humano e meio youkai. Por isso Kagome sorria, estava feliz em vê-lo daquele jeito, sabia o que significava.

Inuyasha protegeria seus amigos do seu jeito, nem que pra isso tivesse que dar a própria vida, em troca de suas seguranças.

— Vamos Inuyasha, eu vou com você até a casa de Sango. — Diz por fim segurando os braços do rapaz, sorrindo e caminhando em direção à cabana do casal de amigos.

— Keh! — Esbraveja para tentar não parecer que era esse o seu objetivo. — Kagome então você entra que eu vou ficar vigiando do lado de fora. — Termina soltando a mulher e cruzando os braços em frente ao peito.

— Certo, meu querido! — A menina pega em seus braços novamente e alarga mais ainda o sorriso, caminhando calmamente ao lado dele.

— Rin-chan tome cuidado com o Yori ele costuma se distrair facilmente, fique de olho nele. E as gêmeas, caso precise de ajuda chame Kohaku, e diga que fui comprar quimonos novos para mim, Miroku e as crianças. Não conte nada sobre o que te falei e nem aonde vou. — Instruía Sango a uma Rin não muito confortável com todas as informações falsas que teria de passar, pois não era de seu costume proferir mentiras.

— Mas, Sango eu não devi... — Insistia preocupada com as consequências vindouras.

— Por favor, Rin eu preciso muito encontrar Miroku. — Interrompe, antes que a menina terminasse sua fala.

— Mas, você não pode sair sozinha assim nesse estado Sango, é muito perigoso.

— Não se preocupe, não irei sozinha, Kirara vai comigo e você já se esqueceu que eu sou uma exterminadora de youkais. Rin, por favor, deixe que eu me sinta viva, pelo menos um pouco depois de anos. Não conte a ninguém que fui atrás dele, te peço.

— Você me deve essa Sango. — Por fim, a jovem sede ao pedido.

— Muito obrigada Rin-chan, eu já estou indo tome cuidado com essas crianças, não as deixe brincar fora de casa por muito tempo enquanto eu não voltar.

— Tome cuidado você Sango, não precisa se preocupar tanto, já que não é a primeira vez que tomo conta de seus filhos, lembra-se? — Responde a menina ao mesmo tempo em que perguntava num tom de voz baixo e tristonho.

Rin estava realmente muito preocupada com a amiga, não queria que nada de ruim lhe acontecesse. Preocupava-se também com suas mentiras, visto que as odiava devido aos ensinamentos de Sesshoumaru-sama, mesmo que de forma indireta, pois este sempre foi de poucas palavras.

Sango prepara Kirara, ajeita seu Hiraikotsu nas costas e a katana de tamanho médio em sua cintura, então finalmente parte em alguma direção. Para qualquer pessoa seria extremamente impossível encontrar algo ou alguém dessa forma, mas a jovem tinha Kirara a seu lado, que por sua vez é uma gata demônio de espécie Nekomata que como os cachorros demônios, também tem o olfato apurado sendo capaz de sentir pequenos ou grandes odores a longa distância.

Com o felino a seu lado sua jornada seria menos trabalhosa, pois além do olfato, Kirara tem a habilidade de voo e a velocidade a seu favor, portanto Sango estava ainda mais confiante que sua viagem não seria em vão.

Eles já estavam quase chegando à casa de Sango, caminhavam juntos um ao lado do outro, mas separados e sem que Kagome percebesse Inuyasha para de caminhar, distanciando-se da mulher que minutos depois chega ao destino.

— Sango! Estou entrando! — Exclama adentrando a cabana de sua amiga. — Rin-chan? — Surpreende-se com a menina Rin brincando com as crianças de Sango na sala, entende que sua jovem amiga já não estava ali, pois saíra em busca do marido. Então, imediatamente grita Inuyasha, para que ele fosse ao encontro da amiga.

Mas, Inuyasha já estava bem longe da casa de Sango, na verdade logo que se aproximaram mais ou menos uns cem metros de sua cabana, e não sentiu seu cheiro nem o de Kirara, sabia o que deveria fazer.

Avista Sango montada em Kirara ao longe do vilarejo, se aproxima e salta em cima de Kirara, interceptando-a de forma que a impedisse de continuar o voo descendo imediatamente.

— Sua idiota maluca! O que deu em você? — Grita Inuyasha de forma rude com a jovem que já desesperada engole o choro, e assume sua postura forte e destemida de exterminadora que sempre tivera.

— Vou achar Miroku Inuyasha, e você não vai me impedir. — Diz determinada, e logo sacando seu Hiraikotsu, mais conhecido como Osso Voador.

Inuyasha por sua vez devolve no seu tom de voz alterado como de costume, surpreendendo-a com sua resposta.

— Idiota! E quem disse que vou te impedir?!

— Sério? Você não veio aqui para me levar de volta? Obrigada Inuyasha, muito obrigada mesmo.

— Mas, nós vamos com você! — Grita Kagome correndo ao lado de Kohaku, Shippou e Rin que deixou os filhos de Sango com a senhora Kaede. E como não tem sua audição igual a de Inuyasha provavelmente deduziu o assunto que ali era tratado.

— Pessoal. — Diz Sango feliz em ver seu grupo de amigos reunidos para lhe ajudar.

Estava contente, pois há anos não os via reunidos dessa forma, como agora. Todos estavam equipados, Inuyasha com sua Tessaiga, Kagome com seu arco e flechas, Kohaku com seu Kurarigama, Shippou com seus novos truques e magias de raposa, e a menina Rin apenas corria feliz como sempre. Parecia-lhe que um novo Naraku havia surgido, mas era apenas a empolgação de todos por uma possível nova aventura.

— Rin, por favor, você poderia olhar meus filhos novamente? — Pede, logo que seus companheiros chegaram a seu encontro.

Mas, a menina nega acenando com a cabeça e lhe enviando mais um de seus belos sorrisos.

— Não, Sango-san não posso, eu preciso disso tanto quanto você, pois também sinto falta dessas missões. — Agora, Rin sentia-se aliviada porque não precisava mais proferir mentiras para quem viesse lhe perguntar algo, estava com sua consciência limpa e também com muitas saudades de suas jornadas pelo mundo afora.

— Deixe a Rin ir conosco mana, a senhora Kaede fica cuidando dos meus sobrinhos. — Se manifesta Kohaku logo atrás dela.

— Tudo bem, mas fico preocupada com Kaede-sama cuidando de Keiko, Kiyoko e de Yori. — Diz divertindo-se com seus pensamentos, suas filhas não eram fáceis e Yori precisava de atenção o tempo todo.

— Gente, mas antes eu tenho que arrumar algumas coisas na minha mochila, essa viagem pode ser demorada. — Informa Kagome, virando-se de volta para a aldeia e caminhando.

— Mais é claro, eu também preciso voltar, saí de casa cheia de pressa, ainda preciso de mais um pouco de calma. — Concorda Sango, lembrando-se de toda sua agitação.

— Keh! Então vamos mais tarde, a Kagome vai encher aquela mochila dela como sempre. — Resmunga Inuyasha pondo fim na conversa, e voltando-se para o vilarejo.

Essa era a prova que Sango estava mais tranquila, pois anteriormente estava toda apressada e seguiria só caso alguém demorasse, mas nesse momento nem se preocupava mais com o costumeiro atraso de sua amiga Kagome. Agora, seus preciosos amigos estavam ao seu lado e não havia necessidade para tanta afobação como dantes.

˜

O monge queria tirar todas as suas dúvidas, e para isso teria de prestar atenção às palavras da sacerdotisa, embora já desconfiasse que um pouco de suas perguntas estivessem respondidas, mesmo assim desejava ouvir da própria Midoriko.

— Miroku-sama, como você é um monge deve ter conhecimento sobre esse assunto. — Dá início a sacerdotisa, enquanto o monge acenava de forma positiva com a cabeça, esperando que continuasse. — Todos nós humanos, youkais, animais e todos os seres somos criados por Quatro Almas, Ara-mitama, Nigi-mitama, Kushi-mitama e Saki-mitama, e juntas formam o espírito que fica guardado no coração.

— Sim, esses foram alguns dos ensinamentos de meu mestre, monge Mushin. — Acrescenta o rapaz, abaixando o olhar como se fizesse uma pequena reverência a seu mestre ancião, mesmo que não estivesse presente. Então, dá liberdade para que a mulher continuasse, atento a toda nova informação.

— Sei, é normal que como monge saiba desses assuntos. Mas, por favor, me deixe continuar, preciso lhe informar tudo desde o principio. — Responde dando continuidade. — Ara-mitama é a coragem, Nigi-mitama a amizade, Kushi-mitana é a sabedoria e Saki-mitama o amor.

Creio que também conheça um pouco da minha história.

O youkai que teve suas presas cravadas em meu coração me desejava de uma forma doentia. Ele foi formado por uma junção de vários youkais unidos a um humano, que era repleto por intenções impuras, obstinado somente em se tornar mais poderoso, e como não poderia ter-me a seu lado, queria pelo menos poder suficiente para me derrotar.

— Essa história me parece familiar. — Pensa Miroku lembrando-se de Onigumo, que com as mesmas intenções deu origem a Naraku.

Como eu havia sido encurralada, resolvi então colocar meu segundo plano em ação, pois meu primeiro plano, que era lutar e purificar o maior número possível de youkais para que um dia houvesse ao menos um pouco da tão almejada paz nessas terras, esse objetivo foi terrivelmente frustrado quando me cercaram. Eu não tinha outra escolha, levei um bom tempo formulando uma estratégia caso fosse pega pelo inimigo, e essa estratégia só poderia ser usada num momento como esse.

Enquanto lutava, eu armazenava uma pequena parcela do meu poder espiritual junto ao que venho armazenando há anos. Foi o suficiente para que no instante em que meu coração fosse atingido, eu usasse meus poderes para segurar suas almas purificando-as e combinando-as com a minha, resultando em nossas mortes e por fim gerando a Shikon no Tama, onde fiquei aprisionada lutando contra youkais até o momento que a joia foi destruída por seus amigos.

Quando a Joia de Quatro Almas foi destruída para sempre, minha Ara-mitama e minha Kushi-mitama foram libertas para que encontrassem seu destino ao lado de minha Nigi-mitama e minha Saki-mitama que possivelmente já estavam reencarnadas em seu amigo meio youkai.

— Inuyasha, eu desconfiava. — Diz em voz baixa, e de forma pensativa manifesta algumas dúvidas. — Mas, como a sacerdotisa Kikyo conseguiu suas almas em seu corpo mumificado? E como elas reencarnaram em Inuyasha se a senhorita as tinha lacrado junto às dos youkais?

— Provavelmente ela conseguiu apenas uma das duas, e essa deve ser a Nigi-mitama a alma da amizade, deve ter ocorrido algum erro na hora da reencarnação, algo deve ter acontecido durante o parto da criança para que as duas não reencarnassem juntas. Mas, não vamos entrar em assuntos familiares.

A Ara-mitama e a Kushi-mitama estavam dentro da Shikon. Entretanto, quando vi seu amigo dentro da Joia de Quatro Almas ele possuía as duas, a Nigi e a Saki, ou seja, a amizade e o forte amor pela jovem que ele foi resgatar.

— Hum... — Miroku faz uma longa pausa, tentando relembrar dos acontecimentos. — Deve ser porque, logo após usar sua Nigi para enfraquecer Naraku, Kikyo-sama faleceu liberando as almas que seus Shinidamachus (Coletores de Almas) levaram para ela, assim sua Nigi ficou livre para retornar ao corpo do hospedeiro original.

— Que mulher interessante essa, não é monge? — Diz a sacerdotisa guerreira, divertindo-se com a informação que o monge acabara de partilhar. — Ela foi revivida e usava almas de outras pessoas para manter-se viva, impressionante.

— Verdade senhora Midoriko. — Concorda deixando escapar um sorriso saliente, ao lembrar que a sacerdotisa revivida usava um sedutor corpo falso, e então se repõe. — Mas, a senhora não me respondeu a segunda pergunta.

— Calma Monge-sama. — Adverte. — Vamos continuar. A Shikon no Tama foi formada pela combinação de minhas almas com as dos youkais. Como eu disse anteriormente, todo ser existente no planeta tem as Quatro Almas que formam o espírito, logo para a combinação não foi preciso das minhas quatro, pois armazenei poder espiritual suficiente para purificar uma grande massa de youkais, para que então meu desejo pudesse ser realizado.

— Seu desejo era que suas almas reencarnassem, mas se todas ficassem lacradas eternamente, e a Shikon não fosse destruída, isso não seria possível. — Conclui o monge entendendo por fim o plano da sacerdotisa. Para que fosse possível manter o equilíbrio entre as duas espécies, humana e youkai, uma criança hanyou foi escolhida para herdar meus poderes espirituais.

Meu maior desejo era usar minhas habilidades espirituais para ajudar as pessoas e a humanidade. Do contrário que muitos pensam, eu nunca odiei os youkais, mas as intenções e ações da maioria de ambas as espécies eram perversas, feriam aos humanos e aos youkais que tinham bom coração, me senti forçada a lutar para que toda maldade e ódio fossem extintos desse mundo.

Eu treinava dias e noites sem descanso algum ao lado de Kirara.

— Kirara? Interrompe o monge surpreendendo-se com a descoberta.

— Sim, a mesma Kirara gata youkai que hoje é companheira de vocês, lutou ao meu lado e o mais impressionante é que ela ainda vive. E se pudesse falar, lhe garanto que não seria preciso eu estar aqui lhe contando essa longa e cansativa história. — Explica se divertindo com o fato de sua amiga ainda estar viva e ela não.

Depois que nossos companheiros morreram passei a me esforçar mais que o normal, pois temia que uma das duas raças fosse extintas, eu amava os humanos e também com a mesma intensidade amava os youkais.

Quando eu era mais jovem, bem antes de me envolver profundamente nesses conflitos entre humanos e youkais, fui extremamente apaixonada por um nobre e bondoso youkai que além de sua forma demoníaca de Inu-youkai, possuía também a forma humana, ou seja, ele era um youkai muito poderoso se comparado com os outros. O amor era recíproco, mas minhas mestras sacerdotisas me proibiam de vivê-lo, com o argumento de que não existia bondade no meio de seres como ele. Nada nesse mundo podia me fazer esquece-lo e nós continuamos a nos encontrar as escondidas pelos vales que rodeavam minha aldeia e nesse lugar em que estamos agora.

Nós constantemente mudávamos nosso ponto de encontro para evitar que desconfiassem de alguma coisa, e preparassem alguma armadilha, no entanto sempre que possível voltávamos, pois foi aqui que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez.

Eu uma menina de dezesseis anos e meio, treinando minhas habilidades com a espada, ele um youkai forte e poderoso retornando de uma batalha.

Foi tudo muito rápido, logo que cheguei desembainhei minha espada e comecei a movimenta-la de um lado para o outro como se estivesse lutando com um inimigo inexistente, depois comecei a fazer movimentos com o corpo, até que dei um giro sem sair do lugar, e me deparei com um youkai alto de ombros largos e peitorais forte a uns quatro metros atrás de mim.

Kami-sama! Como ele era lindo, seus cabelos longos de um azul marinho totalmente escuro, davam um contraste maior a seus olhos verdes claros, como os mares das praias paradisíacas que beiram lindas florestas, dando às águas um reflexo verde esmeralda fenomenal. Sua pele lisa era sem defeitos, como uma seda recém-chegada das mágicas mãos de habilidosas tecedoras, e seu rosto. Ah! — Suspira a sacerdotisa. — Seu rosto com aquela bela lua crescente à esquerda, era um lugar de repouso sem fim para minha vista perturbada, devido ao susto de encontrar alguém em um local tão reservado às minhas meditações e treinos.

Ele parecia estar me observando a um longo tempo, talvez desde a minha chegada e eu não o percebi. Não sabia se me apavorava de medo ou admirava àquela visão dos céus, na verdade não consegui fazer nenhum dos dois, eu simplesmente havia me paralisado com o susto de encontrar alguém atrás de mim.

— O que houve? Parece que você viu um fantasma, por favor, continue com seu treino não era minha intensão atrapalhar lhe. — Ele disse, naquele momento eu não vi maldade alguma em suas palavras, mas depois de conhecê-lo melhor, pude perceber que ele desejava apenas apreciar a cena à sua frente, sem que sua presença fosse notada.

Todas as vezes que eu ia treinar naquele lugar eu me perguntava por ele e até desejava vê-lo novamente, porém passaram-se semanas, meses e ao fim chegou-se um total de dois anos, quando sem nem me importar mais com sua existência, o encontro de pé neste lugar.

— Há quanto tempo! Sentiu saudades menina? — Naquele momento meu coração palpitou tão forte que meu rosto corou imediatamente. Desde então começamos a nos esbarrar frequentemente por aqui.

Houve vezes que eu fugia pelas madrugadas e vinha encontra-lo, ficávamos juntos, e então víamos o sol desabrochar naquele estrelado céu de constelações tão visíveis, em noites límpidas sem uma nuvem se quer para nos atrapalhar.

Nós gostaríamos de poder assumir nosso amor para todos, mas eu preferia que continuasse assim, não me importava em sair às escondidas para encontra-lo. Eu me preocupava, e o convencia a se manter longe da minha vila.

Até que um dia para provar sua bondade e seu amor por mim, sem me consultar ele foi à presença dos chefes da aldeia para uma conversa civilizada. Naquela época, o vilarejo onde eu morava era um enorme centro de treinamento espiritual para monges e sacerdotisas. Todos tinham um nível altíssimo de poderes espirituais e uma exagerada aversão a youkais. As ordens para quem encontrasse com um pelo caminho eram apenas uma, exterminar imediatamente qualquer youkai, mesmo que aparentassem ser bons, ou fracos, ou recém-nascidos. Todos. Era para exterminar todos os youkais sem fazer nenhum tipo de interrogatório.

Eu particularmente nunca concordei com essa lei, por isso evitava que ele se aproximasse da aldeia, mas foi inútil ele aparentava ser mais idealista do que eu. Monge Miroku você não tem noção do quão grande foi meu sofrimento, vê-lo ultrapassar os portões do vilarejo e ser interceptado por todos os habitantes, desde os mais fracos que se foram facilmente, ele derrotou os mais fortes do alto escalão que enfrentou com dificuldade, e venceu todos sem mata-los, até chegar aos líderes que eram os mais poderosos, os verdadeiros pilares da nossa vila.

Ninguém teve ao menos uma pequena porção de piedade para deixa-lo viver, e eu tive que assistir a sua morte, com ele ainda em meus braços. Foi terrível e traumatizante, mas nunca me esqueci de suas últimas palavras, pois foram elas que me deram forças para superar e continuar.

Seja forte, seja a mais poderosa de todos eles, e quando conseguir lute pela paz, lute por nosso amor, lute por seus entes queridos, lute por quem não pode lutar, lute por você, e o mais importante proteja o futuro dessa intolerante guerra entre humanos e youkais. Lembre-se que você não estará só, eu estarei constantemente ao seu lado, em seu coração zelando por você. E quando desejar amar novamente assim o faça, sua felicidade sempre foi meu motivo para lutar, para viver e se possível morrer por ela. Viva o quanto puder viver, e então nos encontraremos algum dia na eternidade.”

Aonde existe o amor um dia haverá ódio, e no lugar do ódio um dia o amor reinará. Se, em um país predomina-se a paz, algum dia a guerra baterá à sua porta, e na nação que em constante guerra vive, a paz alcançará.

Esse foi um acontecimento primordial para que minhas habilidades evoluíssem, a partir daí eu desejava que meu poder espiritual ajudasse proteger a terra para sempre, então se minhas Quatro Almas fossem lacradas seria impossível, pois não sou imortal, a única forma que achei foi a reencarnação.

Como eu gostaria que humanos e youkais vivessem em paz, sem guerras e mortes, mas o ódio predomina nos corações de ambas as partes. O mundo está em mudança contínua, o bem e o mal andam de mãos enlaçadas, como um casal de apaixonados que vivem em um relacionamento conturbado, mas permanecem juntos.

Imagino que em seu tempo os dias estejam monótonos, pois quem os perturbava não mais existe. Mas, tome como ciência que os dias mudam e todos devem estar preparados para o pior, tanto quanto sempre estão para o melhor. Meus poderes terão de ser aprimorados para serem usados da melhor forma possível, você será o responsável por guiar este que foi escolhido, no caminho da sabedoria.

— Mas, porque eu sacerdotisa Midoriko?

Realmente não haveria nenhum motivo transparente para que fosse ele o responsável por dar esta notícia a seu amigo, e o ajudasse em sua jornada espiritual. Mas, parando para pensar melhor a resposta de Midoriko era mais do que óbvia.

— Eu não podia escolher a sacerdotisa Kagome por conta de seu humor que muda facilmente, e por ela ser próxima demais ao hanyou ele se distrairia facilmente ou não levaria a sério. Enquanto a senhora Kaede devido a sua idade avançada, ele não teria paciência para ouvir seus ensinamentos sobre compreensão certa, ou meditação pura.

— Mas, sacerdotisa eu não sou um monge que segue a risca os ensinamentos que recebi, não estou pronto para ser considerado um mestre.

— Miroku, eu o trouxe aqui e lhe dei essa missão porque você é o único próximo a Inuyasha, que ele ouvirá sem manifestar tédio, vocês estão sempre treinando juntos não será tão difícil quanto parece ser, e você não precisa ensinar normas de conduta e outros ensinamentos que um monge deve seguir, até porque ele não lhe dará ouvidos. É simplesmente impossível domar ou educar um espirito livre como o de Inuyasha, por isso ensine-o os princípios básicos para liberar e aprimorar seus poderes espirituais que foram herdados.

Escute com atenção monge. Dias piores virão, dias em que o terror assolará suas vidas, uma guerra entre o bem e o mal novamente surgirá, mas depois dessa, a paz voltará a seu habitat natural. Você nunca se perguntou o motivo pelo qual não existem youkais na era de sua amiga Kagome? E por que ela foi capaz de voltar para o nosso tempo depois de três anos, depois de sua missão terminada?

Miroku eu conheço toda a história dessa sacerdotisa e das suas aventuras entre as duas eras, eu estive esse tempo todo observando os acontecimentos, para depois revelar o que fosse necessário. O Honekui no Ido, não voltou a funcionar por causa dos sentimentos de ambos mais sim porque a jovem sacerdotisa recebeu uma nova missão, sendo que essa ela descobrirá com o tempo, no momento ela deve somente ficar ao lado de Inuyasha e ajuda-lo com o que precisar.

Alguns humanos não se importam com o destino dos youkais, mas lembre-se que onde existe o mal existe o bem, há no mundo youkais bons e youkais maus, humanos bons e maus. Todos são vidas. Vidas que por alguma razão existem e se por acaso, simplesmente de um dia para o outro deixassem de existir muitos sofreriam.

Ajude-o a se relacionar com o irmão, pois apesar dele não ser minha reencarnação e não ter absolutamente nada haver comigo, ele também é uma peça chave nos acontecimentos vindouros. Eu lhe aconselho a não se preocupar com nada agora, simplesmente cumpra seu dever, assim como eu cumpri o meu, porque a partir de agora o destino da humanidade está em suas mãos monge.

— Sacerdotisa Midoriko, por favor, me diga como é possível a sua aparição?

— Monge, como lhe disse eu precisava de um intermediário para levar essa mensagem até Inuyasha de modo que ele não tomasse atitudes infantis, como de seu costume. A partir do acúmulo de poder espiritual e sua convivência diária com o hanyou, foi possível uma conexão com meu espírito. Não nos veremos numa próxima vez, então lhe aconselho a se preparar junto de todos os seus amigos para o que há de vir.

Meu tempo está terminando, portanto aqui mesmo me despeço de sua companhia, adeus monge Miroku foi uma ótima conversa a que tivemos.

— Adeus sacerdotisa. — Se despede Miroku reverenciando-a.

Dá-se conta que estava novamente na caverna. Mas, na realidade todo aquele cenário não passara de uma miragem da miko, para que o monge se sentisse a vontade durante o diálogo.

Miroku sai da caverna raciocinando sobre tudo que a sacerdotisa havia lhe dito, e tentando inventar uma desculpa que convencesse Sango, de que ele não estava se engraçando para o lado de nenhuma donzela numa aldeia qualquer por aí.

Havia um tempo desde que os companheiros de Miroku saíram a sua procura, e com as habilidades de Inuyasha e Kirara, logo ele seria encontrado então Miroku teve a ideia de aproximar-se de uma pequena aldeia bem próxima ao vilarejo dos Youkai Taijiyas, descansar e depois seguir seu destino caminhando de volta para casa.

Ao longe avista Inuyasha e seus amigos, e termina de formular sua desculpa.

— Miroku seu monge pervertido! — Grita Shippou ao lado de seus amigos.

Aproximam-se rapidamente, e começam toda uma sequência de xingamentos e interrogatórios fazendo o monge sentir-se num banco de réus.

— Onde estava Miroku? O que deu em você para sair assim e demorar tanto tempo? — Pergunta Sango desesperada, depois de dar um forte tapa no rosto do marido, que a faz calar-se com um abraço bem forte e caloroso.

— Eu explicarei tudo no caminho de volta, Sangozinha. — Termina acariciando Sango nas nádegas, e apanhando novamente de sua esposa.

— Diga Miroku! Você não respondeu. — Provoca Shippou que cai vendo estrelinhas saltitando, depois de ter o bastão de Miroku em sua cabeça.

— Eu saí para refrescar a cabeça sem nenhuma pressa, e atender um pedido de exorcismo em uma aldeia próximo daqui. Quando cheguei lá, a aldeia estava totalmente destruída devido a um grande youkai covarde que os atacou durante a noite, então decidi ficar e ajudar os moradores a reconstruir novamente a aldeia, o que demorou um pouco.

— Um pouco? Idiota! Você demorou três dias completos! — Esbraveja o meio youkai impaciente como sempre.

O monge se assusta com o tempo em que ficou fora, pois não havia se dado conta do tempo, ou melhor, nem havia se preocupado com ele.

— É verdade. Talvez um pouquinho. — Diz entre risos coçando a cabeça meio sem graça. — Me desculpem a aldeia foi totalmente destruída, não tive outra escolha, a não ser ajudar aquela pobre gente, nem cobrei pelo serviço devido à calamidade da situação.

— Está bem, vamos voltar pessoal, precisamos descansar! — Se pronuncia Kagome.

Viram-se e voltam conversando enquanto Miroku confortava a mulher e inventava mais algumas desculpas. Mas, algo que o preocupava bastante era como contaria todo o ocorrido a seus amigos.


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Notas finais do capítulo

Gostou ou não?
Por favor comente, vejo que tantas pessoas leram, mas ninguém tem a coragem de comentar o que achou, lembrando que ACEITO CRITICAS E DICAS CONSTRUTIVAS.

O próximo vai demorar um pouco para sair, e também será um pouco maior. OBRIGADA por lerem :D

Yori significa: dependência.
Keiko significa: alegre.
Kiyoko significa: filha de uma geração feliz.



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