No começo, Scorpius Malfoy não entendia por que Rose Weasley fazia tanto sucesso entre as crianças de seu ano. Quer dizer, sua beleza não era devastadora - mesmo com seus cabelos vermelhos, haviam meninas muito mais bonitas do que ela ali e, ainda assim, era como se alguma coisa nela simplesmente enfeitiçasse a todos.

No começo, Scorpius achava ser o efeito filha-de-celebridades, mas Albus e seu irmão, James, não tinham tantos seguidores quanto Rose - e eles eram filhos de Harry Potter. Isso, talvez, só a tornasse pior do que todos. A forma como ela agia… não parecia natural.

Só mais tarde que ele foi perceber que Rose Weasley encantava a todos por mérito próprio. O que encantava a todos sobre ela não era sua aparência - era como agia, como se expressava e sorria. Ela era autêntica e sempre tratava a todos como seus iguais. Tinha um olhar atrevido, cara de quem iria aprontar algumas a qualquer momento e seus cabelos ruivos vivos se destacavam no meio dos primeiro anistas. Suas palavras, de vez em quando, eram duras para uma menina de onze anos - o que mostrava que ela possuía um gênio indomável -, mas nunca, nunca, as dizia com a intenção de magoar alguém.

Rose era sincera ao extremo, autêntica e original como ninguém - e isso fazia dela única no mundo.

Mas Scorpius não sabia disso no começo.

Em sua primeira semana de aulas em Hogwarts, manteve-se isolado a maior parte do tempo. Não porque quisesse, mas sim porque todos o excluíam sem sequer lhe lançar um olhar. Sentia-se solitário e, acima de tudo, deslocado. Era a única criança em todo o primeiro ano que ainda não havia arranjado um grupo de amigos.

Por isso, quando ninguém menos que Rose Weasley se aproximou dele no meio de um corredor lotado de pessoas, com a postura altiva e o queixo em pé, Scorpius tremeu na base. A garota certamente o caçoaria. Não seria uma surpresa - a grifinória tinha a maior cara de ser uma esnobe.

“Seu nome é Scorpius Malfoy, não é?” Ela perguntou secamente, seu nariz parecia estar ainda mais alto. O menino engoliu em seco, nervoso. Algo nele se remexeu, inconformado com aquela situação: não precisava se sentir ainda mais rebaixado.

“Sim,” ele gaguejou. “E você é a tal Rose Weasley, não é?” Disse, sua voz aumentando conforme as palavras saíam.

As sobrancelhas de Rose se ergueram surpresas e ela sorriu, para a confusão de Scorpius.

“Gostei de você. Meu pai disse para não me aproximar, mas, sinceramente, você não me parece perigoso. Meu primo, Albus, também está na Sonserina. Ele me disse que você passa o tempo todo sozinho, então resolvi averiguar.” Ela estendeu a mão para ele. “Não tenho nada contra você, nem com sua família. Vamos ser amigos a partir de agora, tudo bem?”

Ele hesitou, olhando para a mão amigavelmente estendida da garota. Fazia onze anos que estava acostumado a ser tratado com hostilidade. Quando finalmente pensara que estaria livre de tudo aquilo na escola, deparou-se com uma frieza ainda maior. Depois de tudo isso, aprendeu a desconfiar de quem quer que se aproximasse muito.

“Olhe, se você está intimidado por causa da minha atitude de antes, desculpe. Não achei que levaria a sério. Eu só estava brincando… Achei que você riria, por isso parei quando percebi que não tinha gostado.” Ela suspirou e mexeu os dedos das mãos, desconfortável por estar naquela posição. “E então, vai aceitar? Eu realmente não quero chegar atrasada para a aula de McGonagal. Da última vez, ela quase me colocou de detenção e você não vai querer que isso aconteça, não é, Scorpius?” Ela piscou.

Scorpius surpreendeu-se, sentindo o peito comprimir-se. Ela era a primeira pessoa a chamá-lo pelo nome desde que chegara em Hogwarts.

Com um pequeno sorriso enquanto ouvia os cochichos de todos ao redor, Scorpius aceitou a mão de Rose.