Albus roncava ruidosamente na grama ao lado de Scorpius e ele sorriu quando Rose soltou uma alta gargalhada ao ver uma bolha de baba estourar na boca do primo. Eles estavam descansando sob a sombra de uma das árvores dos jardins de Hogwarts, enquanto o horário de almoço ainda durava. Albus adormecera assim que sua cabeça encostou o chão e Rose e Scorpius se deitaram, procurando formas nas nuvens.

As aulas haviam começado há pouco tempo e o verão estava chegando ao fim. Scorpius mal conseguia acreditar que havia sobrevivido ao primeiro ano - graças a Rose e Albus, é claro - e que agora estava no segundo. Durante as primeiras semanas de sua vida escolar, no último ano, ele havia pensado seriamente em jogar tudo para o alto, desistir. Seu pai provavelmente não teria ficado bravo - sabia da pressão que o filho passava. Ele teria voltado para casa e terminado estudando ali mesmo.

Seria uma boa opção, se Scorpius não acabasse se arrependendo pelo resto da vida.

Por isso, hoje, agradecia a Merlin todos os dias o momento em que Rose Weasley aparecera em sua vida. As crianças não o temiam mais. Quando começou a andar com Rose e Albus, percebeu uma certa relutância vinda delas, mas com o tempo - e, Scorpius tinha certeza, depois de um longo discurso de Rose - elas passaram a aceitá-lo.

Absorto em seus pensamentos, mal percebeu quando Rose se virou para ele e soltou uma risadinha.

“Sabe de uma coisa, Scorpius?”

“O quê?” Ele murmurou, voltando-se para a amiga e encarando seus olhos azuis. Eles brilhavam com o céu azul claro atrás.

“Eu tenho uma fantasia - não fique bravo! - de que, em alguma outra vida, quem sabe, nós fomos casados.”

As sobrancelhas de Scorpius quase alcançaram a linha de seus cabelos. Como?! Antes que pudesse segurar, estava gargalhando abertamente, sem perceber o olhar descontente que Rose lhe lançava.

“É sério!” Ela gritou, mas sua voz então estava tomada pela risada. “Não ria, Scorpius Malfoy!”

O garoto secou uma lágrima que caía por sua bochecha, suspirando depois do esforço.

“Acredito que não seja uma brincadeira,” Scorpius sorriu, desviando os olhos de Rose para a copa da árvore acima de suas cabeças. “Sabe, até que isso faria sentido”.

“Não é?” Rose riu novamente. “Muito sentido! Quem sabe nós não moramos em um lugar como, vamos ver, o Japão, talvez? E você era, não sei, um samurai e eu, como é?, uma gueixa?”

“Rose Weasley de quimono? Essa eu gostaria de ver!”

“Não ria, seu idiota! Além do mais, eu não seria Rose Weasley. Seria a versão japonesa da Rose Weasley em outra vida!”

“Casada com a versão japonesa de Scorpius Malfoy em outra vida?” Rose assentiu vigorosamente. “Bom, acho que gostei disso.”

Rose sorriu maliciosamente.

“É claro que gostou! Quem não gostaria de me ter como mulher?!”

Scorpius apenas ignorou as seguintes provocações da amiga, focando-se apenas no pensamento de que, realmente, seria muito interessante se o que Rose havia falado fosse verdade.