De Repente Grávida escrita por Dul Mikaelson Morgan


Capítulo 4
Jantar


Notas iniciais do capítulo

Oia eu aqui >< esse capitulo pra mim ta bom e acho que vocÊs vão gostar hehe
qualquer coisa me avisem... Boa Leitura.



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Caroline só tornou a ver Klaus na hora do jantar. O cozinheiro caprichara no cardápio, mas, na­quele silêncio insuportável que reinava ao redor da mesa, como alguém podia sentir vontade de comer? Bill e Klaus se comunicavam por poucas palavras, entre Caroline e Klaus a tensão cres­cia, e ela, com tudo isso, ia se sentindo cada vez mais nauseada.

A situação melhorou quando Niel chegou deslumbrante num vestido preto longo, decotado, que seu encanto natural e maneiras delicadas valorizavam ainda mais. A tristeza, porém, continuava presente nos olhos azuis.

Caroline registrou o olhar interessado de Bill e a admiração, que como sempre, Niel despertava em Klaus.

Quando ela se sentou à mesa, seu astral alegre contribuiu para descontrair o ambiente, tanto que Klaus, vendo Caroline me­xendo no prato, perguntou:

— Salmão não é mais seu prato favorito?

Caroline não conseguiu responder. Exatamente naquele mo­mento iniciava-se uma onda de náusea incontrolável e, alegan­do não ter fome, pediu licença e levantou-se da mesa. Precisava respirar ar puro.

— As coisas lá dentro não estão nada fáceis, não é mesmo?

Caroline voltou-se ao ouvir a voz de Klaus e, embora não qui­sesse, sentiu o coração bater mais forte ao vê-lo no batente da porta. Não percebera que ele a seguira e não podia dizer se esse fato a contrariava ou não. Felizmente, con­seguiu controlar a emoção.

— Eu o avisei que meu pai estava de mau humor — disse, encolhendo os ombros e rezando para que ele voltasse à sala de jantar e a deixasse sozinha. Queria pensar em seu bebê, sem ter ninguém por perto para atrapalhar.

Klaus cruzou o pátio para reunir-se a ela junto à balaustrada que dava para o jardim.

— Caroline, eu tenho consciência de ter irritado Bill ainda mais, pois o aconselhei a não cometer o erro de permitir que Niel vá embora de sua vida e arriscar-se a perdê-la para sempre. Você sabe o quanto ele é teimoso e orgulhoso. Aconselhei-o tam­bém a simplesmente deixar o orgulho de lado, se for preciso para que ela não o deixe.

Caroline olhou-o espantada.

— E ainda está vivo para contar a história? — perguntou, contendo o riso e admirando a ousadia de Klaus.

No estado de ânimo em que o pai se encontrava, nem ela, que era filha, teria aquela coragem.

— Sim, para contar a história e para jantar — Klaus acres­centou, rindo também — se bem que, pelo jeito com que Bill está atacando a comida, acho que desejaria que eu fosse o sal­mão para rapidamente dar cabo de mim.

Caroline riu com vontade.

— E teve coragem de deixar Niel sozinha com a fera? — perguntou, na esperança de que ele voltasse para a sala de jantar e a deixasse com seus pensamentos.

— Estava preocupado com você — murmurou baixinho.

— Comigo? Por que se preocupar comigo? Eu estou ótima — Caroline respondeu com firmeza, porém com o coração disparado.

Klaus meneou a cabeça.

— Não sei, não. Você está diferente.

Caroline deu-lhe as costas, engolindo em seco. Estava segura de que sua gravidez ainda era um segredo. A barriga ainda não aparecia. E tanto o ligeiro alargamento da cintura quanto o ligeiro crescimento dos seios, o conjunto de seda preta que usava se encarregava de disfarçar. De que forma, então, estaria diferente?

— Foi à gripe que me deixou abatida.

— Não, Caroline, não se trata disso...

— Deixe para lá, Klaus — ela interrompeu-o.

Não queria ouvir mais nada. E desejava, sobretudo que ele fosse embora logo. O que queria sempre a importunando? Ele amara Elizabeth, provavelmente ainda a amava, e não tinha a mínima vontade de substituir nenhuma mulher, sobretudo sen­do essa mulher sua mãe!

Klaus segurou-a pelos ombros e, com delicadeza, forçou-a a erguer o rosto e encará-lo.

— Precisamos conversar...

Os olhos de Caroline se fixaram nele com ar de desafio.

— Por quê?

— Você sabe por quê.

— Não tenho a mínima idéia — retrucou — e, se não se importa, gostaria de ficar sozinha. Vim para cá a fim de des­frutar um pouco de paz, longe do ambiente pesado daquele jan­tar, e não para me estressar com você. — Ainda encarando-o, acrescentou com ironia: — Além do mais, sabemos o quanto você detesta o ar puro da fazenda! Esta brisa noturna deve estar lhe fazendo mal.

Quando os negócios permitiam, Klaus costumava passar os fins de semana com os Forbes e nunca fizera segredo de que não conseguia entender a paixão que tinham pelo campo. Mas ultimamente...

— Eu poderia mudar se fosse necessário — ele disse num tom quase carinhoso.

Os lábios de Caroline se contraíram.

— Não há nenhuma razão para isso, Klaus. Acho que um de nós dois deveria fazer a coisa certa, isto é, entrar e dar uma força a Niel. Eu vou.

Ele, porém, continuou a segurá-la pelos ombros.

Carolina sentia-se vibrar por dentro com o calor que Klaus transmitia a todo seu corpo, temendo que ele deslizasse como já fizera as mãos por suas costas e ousasse mais. Só de pensar, em sua atual fragilidade, chegava quase a desmaiar. Céus! Quan­do superaria aquela louca atração? Seria possível, depois de tudo que acontecera não conseguir se controlar ao toque daquele homem? Ainda mais considerando que todo o amor que sentia não era retribuído? O melhor era cuidar de si e do bebê que crescia quietinho, em seu ventre.

Klaus ia dizer alguma coisa quando um barulho de vidro quebrado e de vozes alteradas na sala de jantar interrompeu o sossego.

— Nossa! O que meu pai...

Soltando-se de Klaus, ela correu para casa para constatar que fora Niel quem perdera a cabeça, ou melhor, a paciência. Bill estava sozinho na sala, com a camisa de fino linho totalmente encharcada de vinho e a garrafa quebrada em cima da mesa.

— O que aconteceu? — Klaus apressou-se a perguntar.

— Se você reparar bem, Niklaus — Bill replicou furioso —, verá que quem levou o banho de vinho fui eu! E não fui eu quem quebrou a garrafa!

A situação está crítica, Caroline pensou. Para uma pessoa equi­librada como Niel chegar a esse ponto> deve ter sido provocado além da conta...

Caroline admirou Niel. Bill merecera o banho e muito mais!

— Reparei — foi à resposta curta de Klaus, em tom áspero. — Mas como sei que Niel é uma pessoa calma e ponderada, você deve ter passado dos limites. O que fez?

— Nada — Bill respondeu furioso, enxugando a camisa com o guardanapo.

— Papai! — Caroline exclamou em tom de reprovação. — Diga o que fez.

Ela também conhecia Niel muito bem para ter certeza de que o pai dissera ou fizera algo que a deixara fora de si.

— De que lado você está? — Bill perguntou zangado.

— Não estou do lado de ninguém, mas conhecendo vocês dois, tenho certeza de que Niel não teria feito o que fez se não tivesse um bom motivo.

— Então você está do lado de Niel — disse Bill, erguen­do-se e, do alto de seus um metro e noventa, jogou o guardanapo molhado sobre a mesa. — Nunca pensei que chegaria o dia em que uma de minhas filhas se voltaria contra mim...

— Ora, papai, não é nada disso. O senhor sabe que o amo muito, mas como não está fazendo o menor esforço para me ajudar a esclarecer as coisas, vou subir e ver Niel.

— Niel está arrumando as malas.

Caroline parou a meio caminho da escada e olhou para o pai, incrédula.

— Ela não vai esperar o fim do aviso prévio — Bill conti­nuou. — Vai partir já.

— E você não vai fazer nada para impedir?

Bill ergueu o queixo com ar arrogante e replicou implacável:

— Não há nada que eu possa fazer.

— Klaus está certo — Caroline retrucou. — O senhor é um tolo! — e correu para o quarto de Niel.

Hesitou antes de bater à porta. Será que, por ser filha de Bill, Niel estaria com raiva dela também?

Pensando melhor, resolveu bater. Ela e suas irmãs a adora­vam. Quando perderam a mãe, todos ficaram abalados, o pai, ela e as irmãs. Niel, com sua meiguice, contribuíra muito para que crescessem felizes e sadias. Niel era muito querida e necessária.

— Vá embora! — Niel gritou lá de dentro. . Caroline virou a maçaneta e viu que a porta não estava tran­cada. Ao entrar no quarto deu de cara com Niel pronta para atirar um vaso de flores, certa de que se tratava de Bill. Caroline fechou a porta atrás de si e constatou que ela estava realmente arrumando as malas.

Sentou-se na beirada da cama coberta de roupas espalhadas e percorreu o quarto com o olhar. Aquele quarto combinava com Niel. As paredes estavam forradas de suas pinturas em aqua­rela, e sobre as mesinhas e prateleiras de canto havia fotogra­fias dela e de suas irmãs. Teve vontade de chorar.

Niel não estava deixando um emprego. Estava deixando sua vida para trás, e isso ela não iria permitir, nem que seu pai tivesse de implorar de joelhos para que ficasse.

. — Niel — Caroline começou —, esta manhã, quando tomá­vamos café na varanda, perguntei por que você estava indo embora e você me respondeu que era hora de partir.

— Acho que fui bem clara — Niel respondeu, evitando encará-la, para que não percebesse em seus olhos sentimentos que queria esconder.

— Pode ser — Caroline admitiu —, mas não me disse que iria já. Gostaria de saber qual o verdadeiro motivo de sua partida e, por favor, não invente desculpas esfarrapadas.

Niel parou de andar da cama para o armário e do armário para a cama.

— Do que está falando?

— Da verdade. Então, vai me contar a verdade?

Niel pareceu se encolher e seus olhos ficaram rasos d'água. Perdeu completamente o controle sobre si mesmo e começou a chorar.

Caroline correu a abraçá-la, comovida. Amava Niel. Todos a amavam e vê-la assim arrasada era doloroso demais!

— Niel, você precisa me contar o que está acontecendo — pediu, afastando-se para vê-la melhor. — Prometo que não contarei nada a ninguém. Será um segredo entre nós.

Niel conseguiu dizer entre lágrimas:

— Eu amo seu pai. Sempre amei. Sempre amarei. Essa é que é a verdade, Caroline. Você... Vai ficar zangada comigo?

Levando em consideração, que ela amara Klaus a vida toda, a única resposta cabível só podia ser... Não. E compreendia que Niel, afinal, se cansara e resolvera partir para tentar esque­cer um amor sem esperança.

Porém, pelo comportamento do pai nos últimos dias, Caroline, que o conhecia muito bem, estava desconfiada de que Niel significava muito para ele.

— Isso não comprova o que disse antes, Bill? — Klaus insistiu.

— Que Niel me ama? — Bill repetiu pausadamente, enquanto se encaminhava ao bar para preparar um drinque.

— Difícil acreditar, depois do que fez hoje. Não me lembro de Lizzie ter atirado vinho em mim para provar seu amor.

— Provavelmente porque Lizzie tinha maneiras mais sutis de lhe mostrar o quanto você podia ser idiota.

— Muito obrigado! — Bill respondeu indignado.

Klaus olhou para ele. Naquele momento, sem o menor re­morso, chegaria a usar de força física para sacudir a cegueira daquele homem teimoso que amava como a um pai, ou a um irmão mais velho. Na vida profissional, Bill vencera todas as batalhas, superara todas as etapas, fora bem-sucedido em todos os empreendimentos, mas, no que dizia respeito à vida pessoal, não enxergava um palmo diante do nariz.

Klaus sabia que Bill amava Niel tanto quanto ela o amava. Que outra explicação haveria para o mau humor que o acometera desde que ela pedira demissão? Para a série de in­sultos a ela dirigidos a ponto de fazê-la perder a cabeça? Para àquela altura doa acontecimentos introduzir Elizabeth na con­versa, como uma tábua de salvação contra o amor que sentia por Niel?

Não havia dúvida de que Bill amava Niel.

— Lamento — disse Klaus rindo —, não ter sido vinho tinto o que Niel jogou em você. Visualmente o efeito seria muito mais dramático.

Bill não achou graça no comentário.

— Seu senso de humor deixa muito a desejar, sr. Mikaelson.

— E o seu simplesmente desapareceu, sr. Forbes — Klaus rebateu.

Bill pegou um guardanapo seco e esfregou a camisa e o peito, lamentando o estado da camisa de seda que acabava de estrear.

— Ora, sr. Forbes, mande para a lavanderia e diga que você não conseguiu achar a boca.

— Muito engraçado, Klaus! Você quer parar de rir à minha custa? E sabe o que mais? Vou mandar a conta da lavanderia para Niel.

Klaus riu pra valer.

— Quer levar outro banho de vinho? Você ainda não percebeu que ela não está para brincadeira?

Bill estava bem aborrecido.

— Imagine que conheço Niel há nove anos e nunca supus que tivesse um temperamento tão violento. Na verdade, a gente nunca sabe realmente do que uma pessoa é capaz.

Klaus olhou-o entre surpreso e sorridente.

— Ora, Bill, uma paixão reprimida pode tornar-se explosiva. Bill andava de um lado para outro, agitado, com o copo na mão.

— O que você sabe da paixão reprimida de Niel?

— Sei tanto quanto você.

Bill deu um profundo suspiro e esparramou-se na poltrona, tomando seu drinque.

— Mulheres! — exclamou. — Uma espécie diferente! Parece inacreditável que tenham nascido da costela de Adão. Mais certo terem aterrissado aqui na terra vindas de outro planeta, de um planeta bem complicado, por sinal.

Klaus concordou. Porque, ultimamente, complicação era tudo o que tinha, desde aquela noite em que ele e Caroline deixaram de serem amigos.

Caroline surpreendeu-os no meio daquela conversa e tratou lo­go de interromper:

— Uma espécie dotada de inteligência superior, tanto que, enquanto vocês dois ficam aí estatelados na poltrona, tomando seus drinques e dizendo coisas sem pé nem cabeça como dois garotos mimados, eu, a extraterrestre, estava tentando con­vencer Niel a não nos abandonar. — E olhando firmemente para o pai, acrescentou: — Assegurei a Niel que o que quer que você tenha dito ou feito não foi intencional e que deseja se desculpar e esclarecer o mal-entendido.

— Você...

Caroline prosseguiu sem dar tempo ao pai de interrompê-la:

— E ainda aconselhei-a a recepcioná-lo assim que você en­trar no quarto, como você merece, ou seja, atirando um vaso em sua cabeça dura.

Bill voltou-se para Klaus.

— Prefiro o vinho tinto. Mais dramático.

Klaus controlou o riso, pois a expressão de Caroline indicava que não era hora de gracejos, mas reconheceu que o bom humor de Bill estava começando a despontar.

— Então, vocês vão ou não parar de se comportar como dois adolescentes? — Caroline perguntou indignada.

— Garotos mimados, adolescentes... Nada mau para um cinqüentão! — Bill falou rindo.

— Papai, se você não subir neste instante ao quarto de Niel e se desculpar mil vezes por tê-la ofendido...

— O que vai acontecer? — Bill perguntou apertando os olhos, característica sua quando estava preocupado.

— Vai perdê-la para sempre — Caroline declarou. — E vai se arrepender pelo resto da vida. Para seu governo, ela já está de malas prontas.

Bill levantou-se da poltrona, pôs o copo na mesinha ao lado e com as mãos nos bolsos de sua impecável calça de linho cru, quase gritou:

— O que está acontecendo com todo mundo esta noite? De repente, todos sabem melhor do que eu o que é bom para mim?

Recomeçou a andar pela sala de um lado para outro, para disfarçar o nervosismo.

— Bem — disse —, ouvi o que tinham a me dizer. E querem saber a que conclusão cheguei?

Klaus, pessoalmente, achava melhor não saber, mas de que adiantava?

— A conclusão é que vocês deveriam acertar as suas vidas antes de se meterem na minha e dizer o que devo ou não devo fazer. Nada agradável estar na berlinda, não é? — prosseguiu Bill, exaltado. — Falando de você, Klaus, já está mais que na hora de parar de circular por aí como um solteirão, e casar com uma dessas beldades que estão sempre lhe rodeando. For­me sua própria família e pare de partilhar da minha. E quanto a você, Caroline...

— Chega papai! — Caroline exclamou de lábios crispados e punhos cerrados ao lado do corpo.

— Mas...

— Eu disse chega! — Caroline repetiu bastante pálida. Bill soltou um profundo suspiro.

— Está bem... Agora, se me dão licença, vou subir levar o vaso de flores na cabeça e convencer Niel a ficar.

Bill deixou atrás de si um silêncio pesado.

Klaus viu, pela expressão distante e fria do olhar de Caroline quando encontrou o seu, que a barreira que se erguera entre eles mantinha-se intransponível.

— Bem, devo dizer — Caroline começou revoltados, os olhos faiscando de raiva — que fiquei muitíssimo mal impres­sionada com você e Bill divertindo-se à custa de Niel.

Klaus tentou defender-se:

— Se quer saber, eu, por princípio, não costumo me divertir à custa de ninguém, estava apenas tentando acalmar Bill, que ainda estava furioso com o banho que tomou, fazendo-o ver o lado engraçado da coisa.

Naquele momento, um som de vozes alteradas chegou a seus ouvidos.

— Não acho que Niel esteja grata aos seus esforços, Klaus. Que vergonha! Sentados na sala, tomando um drinque, rindo da tragédia alheia como uma dupla de...

— Moleques — Klaus completou, começando a ficar irritado. Por que essa mulher interpreta mal tudo que digo ou faço? Perguntou-se.

— Exatamente, como dois moleques — Caroline repetiu, lan­çando-lhe um olhar de desdém. — Espécies diferentes... Era só o que faltava!

— Mas dotadas de inteligência superior — ele repetiu zan­gado, atravessando a sala para ir atrás de Caroline, que já estava saindo para a varanda. Deteve-a pelo braço. — Caroline, onde foi parar seu senso de humor de uns tempos para cá? E chegar perto de você e receber cacetadas... Onde está aquela moça sor­ridente que era a alegria desta casa?

— Não tenho tido motivos para sorrisos ultimamente. Agora, quer fazer o favor de me soltar? Estou cansada. Quero ir deitar.

Klaus olhou-a atentamente, como se quisesse desvenda-lhe a alma. Sim, concluiu, ela parecia cansada. Mas havia mais que isso. Era aquela dureza em seus olhos e em sua boca que o deixava consternado. Além disso, percebia que ela não queria que a tocasse. E, no entanto, tocá-la era o que mais desejava. Desejava tocá-la, beijá-la e muito mais.

— Quer me deixar, por favor? — Caroline insistiu por entre os dentes, procurando desvencilhar-se ao perceber as intenções de Klaus, e com um brilho quase feroz nos olhos verdes o advertiu: — Nem pense nisso, Klaus. Fique longe de mim.

Talvez fosse o tom de advertência, o fato de sua paciência estar chegando ao fim, ou o quanto ela era desejável assim zangada, a verdade é que, alguma coisa o fez puxá-la para si, prendê-la junto ao peito e, ignorando-lhe a resistência, fundir sua boca na dela. Agora sabia o que significava um copo de água para um homem perdido no deserto. Ele queria beber sem parar a água doce daquela fonte. Caroline, porém, sufocando seu desejo, lutava por afastá-lo, tanto que, para não machucá-la, ele a soltou.

Uma vez livre Caroline, arfando, inclinou a cabeça para trás em desafio.

— Você cometeu um erro, Klaus. Um erro que não deve se repetir — avisou, endireitando a mecha de cabelos que caíra na testa. Estava furiosa.

Klaus gostaria de poder revidar, de declarar que ela havia correspondido a seu beijo. Mas não era verdade. Ela permane­cera impassível em seus braços, como uma boneca de madeira. Klaus sentia as têmporas latejarem.

— Nunca mais seremos os mesmos, Caroline?

— O que você quer dizer? Amigos? — Caroline repetiu com sarcasmo. — Eu sempre tentei ser sua amiga, mas é óbvio que não é de uma amiga que você está precisando.

— Tentou?

— Tentei — ela afirmou, encarando-o gélida —, mas acabou. Peço-lhe que no futuro não se aproxime de mim.

Klaus engoliu em seco. Conhecendo Caroline, sabia que ela se manteria irredutível, e se perguntava como poderia ficar longe dela se era justamente o contrário o que mais desejava. Quando conseguiu controlar suas emoções, disse:

— Você está certa. Precisa descansar. Amanhã a gen­te se fala.

— Hoje, amanhã ou depois, tanto faz. Eu não vou mudar — Caroline declarou, antes de dar meia-volta, saindo da sala e dei­xando atrás de si o rastro de seu perfume.

Klaus caiu na poltrona arrasado, com a cabeça entre as mãos e um aperto na garganta que quase o sufocava.

Como, em apenas numa noite, pudera pôr tudo a perder?


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Notas finais do capítulo

Gente deixa eu saber que estão gostando ou odiando comentando mais, please? bjs e inté sexta com mais um capitulo
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Próximo Capitulo...
— A que devo a honra desta visita? O que o fez desembarcar nesta ilha perdida do Mediterrâneo? — perguntou com ironia.
Klaus ignorou a provocação, porque tinha uma pergunta muito importante a fazer:
— Por quanto tempo você acha que poderia esconder que está esperando um filho meu?