I'm Aquarius escrita por Tom


Capítulo 6
Câmeraman


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoas. Olha eu aqui de novo com mais um capítulo.



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O telão foi surgindo lentamente enquanto Betty e uma outra garota puxavam as cortinas que o tampava. Ele estava todo enegrecido e as conversas só aumentavam de expectativa e curiosidade. Corinne estava parada bem no centro do palco, Megan um pouco mais atrás, e todo a plateia ao fundo.

A loura não conseguia conter o seu sorriso vitorioso. Ergueu a mão em direção à enorme tela e, como se estivesse em um programa de TV, ela se acendeu. Letras foram aparecendo gradativamente até que, depois de alguns segundos, formaram o nome “Corinne Squarre”. Algumas pessoas gritaram e isso fez com que uma careta de nojo aparecesse no rosto de Megan.

A Corinne em carne e osso, entretanto, estava simplesmente em choque. Suas mãos suavam com intensidade, sua respiração parecia se tornar cada vez mais difícil e seu coração batia tão rápido quanto o trem bala. Por que aquilo lhe parecia tão suspeito? Como se, na frente de todos, ela estivesse completamente nua e sendo avaliada para o abate.

E então todos se calaram quando um vídeo começou a ser reproduzido. Pela qualidade das imagens poderia se deduzir que fora filmado há alguns anos atrás, mas isso realmente não importava. Haviam ali algumas garotas, em rodinha, que conversavam e riam sem parar. Elas apontavam para algo ou alguém que estava fora do alcance da câmera.

– Matt! Vem cá! – chamou uma delas, uma loura, e a câmera começou a se aproximar até estar ao lado da rodinha. Ouvia-se a risada masculina do câmeraman que, logo após alguns segundos de conversas confusas, começou a filmar um ponto logo à frente. A imagem ficou embaçada porque fora dado o “zoom” e então todos viram o motivo da graça.

Uma garota estava sentada em uma das mesas da cantina. Na cadeira ao seu lado havia uma enorme boneca de pano com um sorriso pra lá de assustador. Novas letras tornaram a aparecer e, utilizando-se agora de uma seta, o nome apontava que aquela era Corinne. O auditório mergulhou em um profundo silêncio. As pessoas olhavam a menina do telão e a menina do palco, sem conseguir acreditar.

Óculos enormes lhe tampavam quase toda a face, um batom verde florescente pintava seus lábios, os cabelos estavam presos em dois rabos de galo laterais e a roupa quase não conseguia conter as gorduras que estavam prestes a saltar para os lados. Matt começou a se aproximar mais da garota até um ponto em que se conseguia ouvir o que ela falava.

– Soraya, você está linda neste dia de hoje. – falou com a voz fina e infantil, olhando para a boneca. Ela ajeitou as tranças de sua ‘amiga’ e virou-se para a comida à sua frente. Seus olhos cresceram ainda mais por de trás das lentes dos óculos e, como se aquela atitude fosse a última de sua vida, Corinne começou a devorar tudo o que estava no prato.

Migalhas de comida voavam, ela virava-se para a boneca e sorria um sorriso nojento, cheio de restos de alimentos, conversa com a boca completamente cheia, o refrigerante caia em sua blusa de uniforme, seu rosto ficava todo lambuzado de molho. Mas ela não parecia se importar até que notou o garoto e sua câmera.

A plateia, é claro, já havia explodido em risadas. Gargalhadas altas, exageradas. E Corinne, a do palco, estava branca como papel. Seus olhos não desgrudavam da tela enquanto seus lábios tremiam, o que indicava que um choro estava prestes a vir. Megan ria abertamente da garota, até que virou-se para os estudantes e pediu silêncio.

– Agora vem a melhor parte! – anunciou.

A gordinha do vídeo pegou um guardanapo e limpou a boca, lançando um olhar um pouco para cima da câmera, com certeza em direção ao garoto que filmava. Ela lhe desferiu uma piscadela e abriu um sorriso – que era para ser sedutor -, mas que fora marcado com pedaços aqui e ali de alface no meio dos dentes.

– Oi, gatinho. – cumprimentou-o e se levantou, sua barriga batendo na lateral da mesa e quase a virando. A Corinne do vídeo, entretanto, não se preocupou. Foi andando até Matt e então, tudo se tornou escuro.

Os espectadores urraram, não conseguiram se conter. Batiam uns nos outros, xingavam muito, jogavam-se no chão, porque rir não era o suficiente. Corinne se virou lentamente para eles, os olhos cheios de lágrimas, sem saber o que fazer. Era o centro das atenções, enfim, mas de um jeito que nunca havia desejado. Fitou brevemente Matthew, que não ria, mas tinha um sorriso sacana no canto dos lábios.

Ela já estava se preparando para correr quando um líquido lhe atingiu na cabeça e foi escorrendo pelo seu corpo. Se era possível, os adolescentes riram ainda mais. Quando Corinne pôs a mão em seu rosto e depois levou-a à frente dos olhos, notou que aquilo era uma tinta verde florescente.

Não pôde suportar. Berrou como se uma dor tomasse conta de si e saiu correndo o mais rápido que conseguiu, com seu choro e as risadas como música de fundo. E, para finalizar, quando ela já estava na porta de saída do auditório, tropeçou em seus próprios pés e caiu com a cara no chão.

Eles riram até a barriga doer.

Ela chorou, chorou até não aguentar mais.


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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora, gafanhotos, mas eu estava em um período de... sei lá, preguiça extrema. Enfim, espero que tenham gostado.