I'm Aquarius escrita por Tom


Capítulo 13
Velho


Notas iniciais do capítulo

Olá, gafanhotos!



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Paramos na porta de meu quarto. Lá os esguichos de água já haviam parado de funcionar, então não era mais necessário o guarda-chuva. Daros, entretanto, insistia com isso. Ele dizia que poderíamos ser surpreendidos a qualquer momento, então era melhor que já estivéssemos protegidos.

Eu não me importava, na verdade. O instrumento não era tão largo, então nossos corpos estavam espremidos um contra o outro para que assim pudéssemos ser totalmente tampados. E bom, estar com ele tão próximo fazia com que meu corpo se arrepiasse. A forma como ele me olhava, com aqueles olhos verdes opacos, a forma como seus lábios trincados se moviam enquanto conversava.

Pensei em qual seria a sensação de beijá-los. Como seria umedece-los com a minha língua, provocá-los a entrarem em concordância com os meus. Eu poderia tê-lo ali mesmo, no corredor, se não fosse por ele próprio e sua frieza.

Nossa conversa não havia sido muito interessante. Falamos um pouco da matéria de filosofia - ele me disse que o próximo tema seria o polêmico Maquiavel -, sobre o suposto incêndio e mais nada. Nossos olhares, entretanto, é que se comunicavam. Mas mesmo tão próximo a mim, Daros se mantinha distante. Sua voz era dura, seus movimentos rígidos.

Como se quisesse manter a pose de professor, o que era provável.

– Até mais, srta. Squarre. - despediu-se e fez menção de recuar, mas não se moveu. Fitei-o, confusa. Minha mão já estava sobre a maçaneta da porta, prestes a abri-la. Mas, seguindo o exemplo do homem, também não me movi. Ficamos assim, quietos, ouvindo aquele silêncio tão alto que havia entre nós.

Daros Brudvig me surpreendeu quando, lentamente, levou sua mão livre ao meu rosto. Senti seus dedos percorrerem minha bochecha e fechei os olhos, absorvendo aquele toque. Eu estava confusa, sim, e também curiosa, mas não me importei. Eu o queria.

– Tão linda… - o homem murmurou e, se o corredor não estivesse tão silencioso, eu não poderia ter compreendido. Abri os olhos ao mesmo tempo que a porta de meu quarto se abriu, fazendo-me dar um salto para trás, assustada. Havia um homem ali, que usava um sobretudo que poderia ter pertencido ao meu tatara-tataravô de tão velho. No meio de toda essa confusão, Daros já se afastava a passos rápidos. Queria segui-lo, ouvir o que ele ainda tinha a dizer, mas eu agora possuía problemas maiores.

– O que você faz em meu quarto? - perguntei desconfiada, olhando para o interior do local, buscando algo de diferente. O homem primeiro olhou para trás, depois para o teto, em seguida para o chão e, por fim, para mim. Aquilo me irritou. Qual o problema dele em encarar as pessoas? - Eu te fiz uma pergunta, senhor.

– Eu estava averiguando se o seu quarto não havia sido alvo dos esguichos. - ele falou rápido, como se fosse uma frase decorada. Estranhei. Movi meu corpo para frente, entrando no local, esquadrinhando-o minuciosamente para ver se tinha algo faltando, ou fora do lugar. Nada. Eu conhecia bem o meu quarto para saber que ele estava da mesma forma que eu o havia deixado. Suspirei, impaciente, e voltei a fitar o estranho.

– Tá, tá. Agora saia. - e ele o fez. Partiu rapidamente para longe dali. Segui-o momentaneamente com os olhos antes de bater a porta, me trancando lá dentro. Joguei os sapatos de salto que eu segurava para o lado e tirei o vestido molhado, fazendo-o se perder em baixo da cama.

Movi-me devagar até meu espelho. Lá, meu reflexo me encarou quando eu o encarei. Minha maquiagem estava borrada por conta da água, meus cabelos estavam colados no rosto e meus olhos azuis pareciam mais brilhantes. Fui esquecendo do estranho que estava em meu quarto assim que a imagem de Daros, sorrateiramente, foi tomando minha mente.

Por que aquele homem era tão misterioso? E mais, por que ele havia demonstrado um interesse especial por mim? Poderia ser pela minha beleza, claro, mas eu sabia que havia algo a mais. Algo que só os seus olhos verdes mostrariam para mim. Percorri minha bochecha da mesma forma que ele a percorrera, e eu ainda podia sentir o seu toque.

Daros repuxou seus lábios trincados em um sorriso. Na minha mente, ele já não se comportava como o professor frio, mas sim como um homem que possuía desejos carnais. Sua mão foi descendo; primeiro em meu pescoço, depois em meu ombros e braço. Parou na mão direita. Lá ele massageou cada um de meus dedos para, só depois, passar para minha cintura.

Quando olhei para meu reflexo, era a minha própria mão que percorria o meu corpo, não a de Daros. Por um momento, fiquei desapontada. Eu queria que ele estivesse ali, me descobrindo, mas isso era temporariamente impossível. Inspirei profunda e lentamente antes de encostar a mão esquerda no espelho, apoiando-me, para depois levar a direita um pouco mais para baixo. Meus dedos se embrenharam por debaixo do tecido que protegia minha intimidade e eu senti meus pelos se eriçarem de excitação.

Eu sabia o que fazer. Eu queria fazer.

Eu faria.

Introduzi um único dedo dentro de meu sexo, minha boca se abrindo involuntariamente em um gemido. Olhei para mim mesma no espelho e percebi o quanto eu parecia selvagem. A imagem me fez sorrir. Introduzi um segundo dedo e, dessa vez, o que soltei fui um grito abafado.

Na minha mente, era Daros que me possuía. Sem dó ou piedade, com movimentos intensos de vai e vem. E eu rebolava em torno de seu órgão, para senti-lo cada vez mais profundo dentro de mim. Para sentir todo o prazer que ele poderia me proporcionar e para proporcionar todo o prazer que ele merecia.

Nos olhávamos; verde em azul.

Eu iria explodir de prazer, sabia disso. Meus dedos eram ferozes, eu não me poupava, os constantes gemidos mostravam isso. Era cada vez mais rápido, mais intenso, mais fundo. E, então, cheguei ao ápice. Em minha mente, Daros também havia chegado. Urramos como dois animais, como se isso fosse a coisa certa e única a se fazer.

Verde em azul.

Verde em azul.

Minha consciência se perdeu.

* * *

– E então? - perguntou uma voz feminina do outro lado da linha. O homem, que havia acabado de fechar a porta atrás de si, mantinha o olhar fixo em um enorme guarda-roupa, que estava aberto pela metade. Em seu interior podiam-se ver ternos e sobretudos velhos, alguns sapatos mais em baixo.

– Está começando. - respondeu com a voz monótona. A mulher disse mais alguma coisa pelo celular, mas ele já havia deixado o aparelho para trás. Foi até o guarda-roupa e se embrenhou em meio as roupas, tirando, por fim, um estranho objeto de vidro do seu interior. Levou-o até uma mesa para depositá-lo e, em seguida, andou na direção de sua poltrona negra. Girou-a na direção da mesa e, por fim, se sentou. Cruzou as pernas em um movimento rápido e apoiou suas mãos nos braços almofadados do móvel.

Ele observava agora o objeto através da pouca luz que as pesadas cortinas permitiam passar. O vidro emitia certo brilho, mas o que chamava mesmo a atenção era o fundo vermelho do aquário, como se o sangue tivesse tomado o lugar da água.

* * *

Betty apoiava o braço na mesa enquanto ouvia a voz irritada de Megan lhe preencher os ouvidos. A loira reclamava a cada segundo que a festa havia sido um fiasco, que quem quer que tenha acionado os esguichos era um ridículo - sim, descobriram que não houvera incêndio algum e que o culpado seria provavelmente um aluno - e que ela precisaria, urgentemente, promover um novo evento.

Mas para a jovem Herveaux, entretanto, não fora tão ruim assim. Seu olhar se perdeu pelas várias pessoas que compunham o refeitório, mas ela procurava apenas uma: Corinne. Já havia se passado dois dias desde o “acontecimento” e Betty ainda podia sentir a sensação que o beijo lhe havia proporcionado.

Ela não tinha pensado em ficar com a garota no dia da festa. Na verdade, ela tentava evitar a morena o máximo que conseguia. Criara certa reputação ali, mesmo que a sombra de Megan, e também possuía um namorado. Se Corinne a reconhecesse, o que aconteceria? Mas então ela apareceu na festa, completamente provocante e Bettany, já um pouco bêbada, não conseguiu se segurar.

Assim como dissera a Corin, ela se dizia agora. Estava cansada daquela vida, de ser “outra pessoa”. Não suportava os monólogos de Megan e muito menos os lábios chatos de Sebastian, que nada de diferente poderiam oferecer. Naquela noite, dentro do box apertado do banheiro feminino, pôde se sentir livre novamente.

– Betty, você está me escutando? - Megan estalou os dedos na frente do rosto da garota, fazendo-a acordar para a realidade.

– Não. Me desculpe. O que você dizia? - perguntou respeitosamente à loira e esta lhe mandou um olhar de aprovação.

– Acho que organizarei uma neon party. O que acha? - Megan perguntou, mas Betty sabia muito bem que não esperava uma aprovação. Ela faria de qualquer jeito. Apenas acenou com a cabeça em concordância, abrindo um sorriso seco. A loira olhou tediosa para os outros alunos que conversavam no local. - Eu só preciso conversar com o nosso querido diretor.

A Herveaux sentiu vontade de rir. Sabia muito bem que o “conversar” dela era seduzir o diretor. Conseguiria o que quisesse, onde quisesse, desde que desse a sua “protegida” para o homem. Isso não era um segredo entre as duas. Mas, enquanto pensava no quanto Megan poderia descer os níveis para conseguir as coisas que queria, viu ela se aproximado.

Corinne estava linda, talvez a primeira vez desde a homenagem. Andava com o queixo erguido, como se fosse superior a todos os outros, e, diferente de antes, não passou de cabeça baixa por Megan. Pelo contrário! Corin a olhou fixamente nos olhos e dirigiu à loira uma piscadela provocativa, seguindo na direção da mesa que todos intitulavam como “Perdedoras”.

Esta era a mesa onde ficavam todos os alvos que já haviam sofrido a homenagem, e muito mais, de Megan. Mas isso nem era o mais estranho ou suspeito. Para Betty, na verdade, o fato de Corinne não tê-la olhado, pelo menos por breves segundos, é que fora verdadeiramente curioso. Enquanto elas estiveram juntas, parecia haver uma ligação entre as duas. Mas, agora, parecia que Corinne não sabia que Bettany existia.

– O que é aquilo? - perguntou Megan com a voz esganiçada. Parecia que um fantasma estava na sua frente, assombrando-a. Sua boca formava uma linha reta, porque, decididamente, ela não gostava do que via.

– Uma perdedora sentada com várias outras perdedoras. - Betty respondeu, venenosa. Ela havia sido uma tola ao pensar que Corinne correspondia aos seus sentimentos. A loira ao seu lado acenou com a cabeça e seus lábios se projetaram para frente, formando um bico. - Mas acho que ela está tentando criar uma sociedade.

– Hmmm... É guerra que ela quer? - a pergunta de Megan pairou, sem resposta, enquanto ambas olhavam para a silhueta de Corinne, que estava toda cheia de sorrisos para as outras garotas. Ao longe, viu Matthew se aproximando e se sentando ao lado das duas. Seu topete era perfeito e, seu sorriso, sempre torto.

– Ela está desesperada. Se juntando com as perdedoras. Será um plano de vingança? - sua voz soou sarcástica, enquanto ele tentava fazer um certo tom de mistério, e Megan o olhou. Por um momento os dois trocaram olhares que pareciam dizer "estou doida para ser comida por você" e "estou doido para comer você", mas a loira não estava com tanta paciência para prolongar isso.

– Se for verdade, a Squarre está sendo uma tola. Dessa vez eu não terei pena.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?

Reviews, gente. Reviews! Me façam feliz. :)