I'm Aquarius escrita por Tom


Capítulo 11
Pista de dança


Notas iniciais do capítulo

Já estou aqui com um novo capítulo. Rápido dessa vez, huh? xD Nos vemos lá em baixo!



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Enquanto de um lado garotas se maquiavam, calçavam os seus sapatos de salto e vestiam seus vestidos, do outro Lisbeth se perdia no meio das páginas de um pesado livro. Já estava lendo fazia horas, mas para ela parecia que poucos segundos haviam se passado desde que se trancara no quarto.

Já fora decidido: a garota não iria a festa nenhuma. Claro, não poderia negar a si mesma o fato de que queria estar no meio deles, mas se recusava. Pelo menos estava suficientemente sã para isso, para ver que beber e todas essas porcarias adolescentes eram perda total de tempo.

Virou-se na cama até ficar de bruços, apoiada sobre os cotovelos. Seus olhos corriam rápidos pelas pequenas letras e ela se embriagava com a história, principalmente agora que o clímax estava perto. "Se ele morrer eu, decididamente, matarei alguém", ela pensou consigo mesma enquanto virava a folha, partindo para uma nova página. Mas, então, Lisbeth se assustou quando um som alto invadiu seus ouvidos. Ela olhou para os lados, de olhos esbugalhados, até entender que o barulho era causado pelo seu celular, que tocava a música de chamada de forma estritente. Bufou, resignada por ter que levantar e ir atender, mas poderia ser algo importante, como ela sabia que iria ser, então pôs-se de pé e foi até a cômoda.

Na tela do aparelho o nome "Edward" brilhava. O estômago da garota pareceu dar um salto mortal triplo carpado, mas ela não se importou. Correu o polegar pelo visor e atendeu a ligação, prendendo a respiração para ouvir o que estava por vir. A voz masculina estava baixa, mas a garota percebeu que nela havia algum tom de animação.

– Ele está melhorando, garota. – e Lisbeth poderia sair pulando agora mesmo pelo seu quarto, gritando aos sete ventos de alegria, mas teve de se conter e murmurar apenas um agradecimento ao assessor, que estava acompanhando todo o processo de recuperação de seu amigo, antes de desligar o celular.

Não era segredo o fato de Benjamin Anthony Hoock, filho de um magnata da política, ter problemas mentais. Entretanto, era segredo as coisas que ele havia feito. Apenas os pais do garoto, alguns de seus subornados e Lisbeth sabiam. Claro, a menina havia se arriscado muito para tentar descobrir, mas ele era seu melhor amigo e ela queria ajudá-lo. Receber a notícia que ele estava melhorando fora a única coisa boa que lhe ocorrera no ano, então se sentiu mais disposta.
Disposta, mas igualmente com fome.

Pegou o seu livro e colocou o marcador de papel entre as páginas. Fechou-o e calçou suas sandálias de dedo, seguindo para fora de seu quarto. Ela ia trancando a sua porta quando a da frente se abriu, revelando uma Corinne Squarre que trajava roupas de festa. Por um momento vacilante Lisbeth pensou que nunca vira nada tão belo quanto ela, porém rapidamente retirou aquilo de sua cabeça.

As duas se encaram por alguns segundos, mas logo a loira desviou o olhar para o livro que estava em suas mãos. Pensou em cumprimentá-la, mas isso contradizer ia o seu discurso que fizera na aula de filosofia, sobre as duas não serem amigas ou nem algo perto disso.

– Boa noite, Lisbeth. – Corinne, entretanto, pensava de outra forma, obviamente. Ela sorriu de forma formidável para a garota a sua frente e apertou sua bolsinha preta e brilhante, terminando de fechar a porta atrás de si. A trancou, assim como Lisbeth deveria ter feito, e começou a andar pelo corredor.

"Diga alguma coisa, sua burra", a loira repreendeu-se mentalmente. Antes de pensar em algo realmente decente para se dizer, sua boca agiu por conta própria.

– Você está bonita.

Lis simplesmente não acreditou que havia dito aquilo e já estava preparada para voltar para dentro do quarto, quando, por incrível que pareça, Corinne lhe sorriu. Mas foi apenas isso, um sorriso e a morena já havia dobrava o corredor, partindo para o local onde a festa já ocorria.

A garota ficou pasma por meio minuto antes de se lembrar do motivo real de estar fora do quarto. Terminou de trancar a porta, guardou a chave no bolso e partiu em direção à lanchonete, seguindo num caminho contrário ao de Corinne. Pensou muito em Benjamin e em como gostaria de conversar com o garoto, porque ele a entendia, mas isso era difícil de acontecer. Ele estava longe demais no momento.

* * *

Corinne surpreendeu-se quando, na entrada da festa, foram distruibidas máscaras de todos os tipos para os convidados. Ela pegou uma verde, que se emoldurava até o seu nariz, e a colocou. Quase que de imediato a garota pensou que aquilo seria perfeito se quisesse fazer alguma coisa que valesse a pena ali, então se sentiu confortável ao ver sua identidade parcialmente segredada.

E ainda estava mais surpreendida pelo elogio de Lisbeth. Claro, a morena sabia que realmente estava bonita, mas ouvir da boca da loira, que parecia a repudiar, era algo novo. Sentiu-se intrigada com aquilo, mas tentou não pensar demais. Deixou-se levar pela batida da música e, como uma reação natural, esqueceu-se dos problemas.

Todos, a não ser um.

Onde quer que olhasse, Corinne poderia facilmente identificar os casais. E vê-los a fazia sentir um vazio enorme dentro de si, porque doía pensar que em algum lugar de seu passado ela fora feliz com um namorado, assim como aquelas pessoas estavam sendo. Pensou no quanto estava sozinha, desde quando chegara ali, e no quanto ela sentia falta de alguém que lhe abraçasse e lhe dissesse coisas românticas em seu ouvido.

Suspirou de forma profunda e lenta, se encaminhando para o bar. Postou-se ao lado de uma garota de vestido salmão e esperou pacientemente até que o barman fosse atender o seu pedido. Um homem musculoso não tardou a vir em sua direção, com um sorriso sacana nos lábios.

– O que a princesa deseja? – perguntou. Corinne lhe lançou um olhar enojado por de trás da máscara, mas nada disse. Olhou rapidamente pelo o cardápio, porém todas aquelas bebidas de nomes estranhos e com ingredientes demais a entediou. Ela fez uma careta e voltou a fitar o homem.

– Uma cerveja, por favor. – o barman acenou com a cabeça e foi até o interior daquele cubículo. Depois de mais ou menos um minuto, ele voltou com a garrafa média. Despejou o líquido amarelado em um copo simples, servindo a garota, e depois virou-se, para atender outras pessoas.

Corinne lançou um olhar para a bebida e crispou os lábios. Estava começando a se recordar do dia do acidente, da música alta em seus ouvidos, do efeito do ecstasy, do quebra-molas humano e isso, decididamente, era a única coisa que gostaria de esquecer totalmente. O gosto de bile lhe subiu à garganta, mas ela reprimiu o impulso de vômito. Só lhe faltava essa, vomitar na frente de todas aquelas pessoas.

– Lembro-me de quando eu que te chamava de princesa. – o sussurro conseguiu atravessar toda a música alta e os devaneios da morena. Ela olhou para os lados, procurando o dono da voz, mas a única pessoa que estava perto era a garota de salmão. Duvidou que fosse ela a falar aquilo, mas a menina a olhava. E sorria.

– Eu... te conheço? – Corinne perguntou no mesmo tom de voz, esquadrinhando a garota de cima a baixo. O sorriso da outra aumentou e ela entornou o copo, esvaziando-o. Tomou a mão destra da morena na sua e a puxou para pista de dança.

Corinne estava confusa. Talvez mais do que isso, mas não saberia qual palavra usar para descrevê-la nesse momento. Se deixou guiar, já que assim poderia conseguir mais informações da garota, e então de repente as duas estavam no meio de várias outras pessoas, que dançavam de forma provocativa ao som da música agitada.

– Eu te conheço? – tornou a repetir a pergunta, mas a garota de salmão não lhe deu atenção. E o maior problema era que Corinne não poderia ao menos identificá-la, porque a sua máscara tampava mais do seu rosto do que deveria. A outra se deixou levar pelo ritmo, iniciando uma dança. A morena inspirou o ar e o soltou pela boca, mas acabou se mexendo também.

As duas começaram a dançar em uma sincronia perfeita e aquilo deixou Corinne com uma leve curiosidade. Fazia algum tempo que não dançava daquela forma com outra pessoa, quer dizer, pelo menos das vezes que se lembrava. Na última delas, pelo menos, fora em uma viagem de férias, onde havia encontrado uma antiga amiga de Melbry High.

– Bettany? – a voz da morena sou bem baixa, mas a garota de salmão pareceu entender. O sorriso que já estava fixo em seus lábios pôde se tornar ainda maior, e ela efetuou um gracioso giro antes de voltar à posição normal.

– Sabia que não demoraria a descobrir. – Bettany respondeu, alto, para sobrepor o barulho da música. Se aproximou mais de Corinne, dançando.

– O que você faz aqui? – Corinne tinha tantas perguntas. Ao mesmo tempo que estava feliz por vê-la, também estava receosa e, além de tudo, estava começando a sentir as antigas vontades do passado, mas isso não era um luxo que ela poderia ter nesse momento.

– Eu estava com saudades. De nós. – atirou as palavras sem qualquer rodeio. Aproximou-se novamente e agora o corpo das duas estavam quase colados, mas esse fora o intuito de Betty. Ela foi descendo lentamente até o chão, traçando um caminho ousado com suas mãos pelas curvas de Corinne. Depois voltou à posição original, olhando-a fixamente nos olhos.

A morena sentiu sua garganta se apertar e seu corpo se arrepiar. Não poderia negar os seus instintos, mas havia proibido a si mesma de voltar a repetir qualquer coisa que se assemelhasse com aquilo. Na época, fora apenas por vingança do namorado. Talvez ela tenha gostado, um pouco, mas isso não significava nada.

E Corinne também podia sentir o cheiro forte de álcool no hálito da garota e não duvidava nadinha de que ela já estava bêbada. Bettany sempre tivera pouca tolerância a bebidas.

– Escute, Betty. Melhor não. – só disse isso, entretanto. Tentar explicar algo à antiga amiga seria como explicar raiz quadrada para uma criança de sete anos, nessa situação. Mas Corinne notou o brilho nos olhos da outra, e por um momento voltou ao passado. Ela tinha apenas quinze anos. Estava com muita raiva de Ygor, o namorado da época, mas também estava curiosa.

Tinha encontrado Betty, sem querer, numa sorveteria. A reconheceu de imediato, e logo foram conversas e mais conversas. Compartilhavam um passado difícil em Melbry High, muito mais por conta de Corinne do que por conta de Bettany. Depois de tanto papo, elas resolveram aproveitar as férias juntas, e descobrir as coisas juntas também.

– Vamos lá, Corin. Não me diga que você não sente falta de um beijo gostoso, ou de um abraço apertado. E você sabe que eu sei oferecer todos os dois com maestria. – a garota de salmão falou e sua voz soou provocativa, de um jeito enlouquecedor. Corinne sabia que tudo aquilo era verdade e só Deus sabe o quanto ela sentia falta de lábios colados no seu, daquela dança sensual que as línguas faziam. Mas ela não poderia, isso era errado, só que Betty ainda continuou – Eu estou cansada de ser uma farsa no meio dessa gente, ter que fingir ser o que não sou. Eu quero ser eu mesma, mas só posso ser assim com você. – Aquela fora a gota d'água para Corin. Talvez havia sido apenas uma armadilha da garota de salmão, mas ela gostava da sensaçã que aquelas palavras produziam. Ela se sentia importante, se sentia especial. E todos aqueles sentimentos, a solidão, o desejo, a importância, a vontade, lhe fizeram agarrar a mão de Bettany e a puxar em direção ao banheiro que havia logo ali perto.

Não houve cerimônias. As máscaras foram retiradas com facilidade da mesma forma que a porta do box fora fechada. Betty pôs as mãos na nuca de Corinne e a trouxe para si, chocando os seus lábios de maneira desesperada. A morena arranhou a parte exposta das costas da garota de salmão e se permitiu um gemido de prazer, porque sentira falta daquilo. Falta de beijo, falta da pele com pele. Bettany pediu passagem com a língua e Corin a cedeu, pois não queria esperar mais do que já havia esperado.

Iniciou-se a valsa provocativa e enlouquecedora, e as garotas se moveram de acordo com a música. As mãos não se proibiam; percorriam todo e qualquer espaço que encontravam no corpo uma da outra, dando-lhes prazer e arrepios. As línguas brigavam por espaço de forma feroz, mas ao mesmo tempo se amavam com a mesma intensidade.

Corinne se entregou. Não havia, entretanto, mais nada a se fazer. Nem mesmo a vozinha em sua cabeça, que dizia que aquilo era errado, a impedia de ir em busca do saciar de seus desejos mais profundos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! :3
Mas dessa vez, vamos tratar de um assunto importante aqui. Várias pessoas estão acompanhando a história, o que me deixa demasiadamente feliz. Mas sabe qual o problema? Apenas uma delas vem comentando a história. Isso é chato, sabe? Escrever para fantasmas. Desmotiva a gente, e eu sou uma pessoa que desiste das coisas com facilidade. Então, pessoal, estou pedindo dois reviews para esse capítulo, no mínimo. Quero que vocês apareçam e me digam o que acham da história, quero conversar com vocês! Então não se acanhem, não tenham vergonha. Vocês são bem-vindos aqui.