I'm Aquarius escrita por Tom


Capítulo 10
Óculos escuros


Notas iniciais do capítulo

Olá, gafanhotos! Mais um capítulo para vocês com algumas novas informações e novas introduções de "relações" entre os personagens.



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– Comece a fazer os anúncios, Turner. Eu quero tudo perfeito para essa festa. – disse Megan enquanto escorria o pincel do esmalte pelas unhas, avermelhando-as. O garoto a olhou com certo desprezo e saiu rapidamente da sala. Os corredores de St. Hungham School eram moldados com paredes brancas e pisos amadeirados, que rangiam por debaixo dos seus pés se você pisasse com alguma força, o que era bem comum.

Mas com Turner não. Seus passos eram leves e nem mesmo sua respiração poderia ser ouvida, a não ser que você se aproximasse o suficiente dele para poder ouvi-la, baixinha, como um sussurro em meio a uma ventania.

O garoto diminuiu o ritmo da sua caminhada quando uma porta marrom surgiu em seu horizonte. Ele olhou para os lados, procurando olhos bisbilhoteiros, e entrou na sala. Ela estava abarrotada de eletrônicos de todos os tipos, mas Turner foi em direção a um microfone. Limpou a garganta e ligou o instrumento, levando sua boca para perto do almofadado que cobria a ponta do aparelho.

– Bom dia, St. Hungham School! Venho anunciar que a Srymeg Party vem para o seu quinto ano. Ocorrerá no Gran Prédio, às dez horas da noite. Todos estão convidados. Sim!, todos! Vistam-se apropriadamente e preparem-se, porque ninguém sairá sóbrio dessa vez. – sua voz soou desanimada e robotizada, porque aquilo fora o que Megan o havia mandado decorar. Desligou o microfone e se jogou em uma cadeira que havia logo atrás de si.

Algumas telas de computadores estavam ligadas e mostravam diversos anexos, pontuados com fotos dos mais variados alunos da escola. Turner se empurrou para perto de um dos monitores e usou o mouse para abrir uma pasta que se intitulava "Bettany Herveaux". Ela se abriu, revelando fotos e textos; informações sobre a garota.

Depois de alguns segundos de pesquisa, achou a foto que queria, uma que ele descobriu vasculhando os pertences da irmã. Expandiu-a e o garoto pode ver pela milésima vez todos os detalhes daquela imagem. Betty, sua irmã, melhor amiga de Megan Lohnhoff, uma das populares do colégio, namorada de Sebastian – o melhor jogador de futebol americano –, beijando uma garota.

Tudo bem, a foto era antiga, de muitos anos atrás, mas ainda assim, principalmente agora que ele descobrira quem era a outra garota, era estranho. Não julgava a irmã, claro que não. Mas ela mentia sobre si mesma durante todo esse tempo? E também era curioso, de certa forma. E as duas quisessem matar saudades dos velhos tempos? Sair por aí trocando beijos as escondidas?

Não seria bom para a reputação de Betty e, principalmente, para a reputação já suja de Corinne Squarre.

* * *

Corinne estava a caminho do refeitório. Já fazia duas semanas desde o encontro visual com o professor de filosifa e, em suas noites, ela não conseguia parar de imaginar o que aconteceria se ela o tivesse seguido. Mas mesmo depois deste acontecimento, Daros Brudvig a tratara como uma qualquer, sem trocar qualquer palavra ou, ao menos, um olhar. E a garota não gostava de ser ignorada.

Estava decidida a falar com o homem depois que a aula de hoje terminasse. E com isso em mente, seguiu para a sala que já estava repleta de alunos. Havia duas semanas, também, que não conversava ou discutia com Lisbeth. Evitava-a a qualquer custo, mas chegava a ser uma missão quase impossível visto que elas frequentavam as mesmas aulas e eram vizinhas de quarto. A loira também não se mostrava interessada em puxar papo, então as duas permaneceram assim, cada uma na sua, e com isso Corinne se sentia mais solitária do que nunca.

Sua vida havia se tornado uma rotina chata e tediosa, sem qualquer emoção ou alegrias. As pessoas já estavam começando a se esquecer da "homenagem" feita por Megan, pelo menos, e então já era mais fácil transitar pelos corredores sem ser apontada por todo o caminho. Mas sem isso, Corinne realmente passaria despercebida por todos. Aquela era uma forma de ser o centro de atenção, não era?

Mas ela ainda convivia diariamente com a sua consciência e só isso a deixava ocupada todos os dias. Entre manter-se sã e tentar esquecer de seu passado ela tinha que se preocupar em manter a aparência, porque sem sua beleza – e já sem atenção – ela seria apenas mais uma aluna idiota entre vários outros alunos idiotas. A mesma que estudou em Melbry High.

Essa não era uma opção.

A três dias sua mãe havia telefonado, também. Corinne não acreditou no que o visor de seu celular mostrava, mas era verdade. A mãe disse que o processo do acidente estava ocorrendo bem, para elas. E também disse que estava voltando a depositar o valor mensal de sua mesada, o que era para Maddison Squarre a sua maior forma de demonstrar amor.

– Bom dia, alunos. - saudou-os Daros. Corin havia se perdido tanto em seus pensamentos que não percebera a chegada do professor. Aprumou-se na cadeira, fitando-o com intensidade, como se esperasse que ele a olhasse de volta, mas nada ocorreu. O tempo se passava e, cada vez mais, decidia-se que iria mesmo afrontá-lo.

Bateu o sinal de término da aula. Corinne se levantou junto aos outros alunos, já se movendo em direção ao homem. Uma massa corpórea alta e larga a barrou e ela perdeu o professor de vista. Estressou-se. Quando, por fim, conseguiu se livrar da pessoa que havia estado a sua frente, ele já não estava mais lá. Daros Brudvig havia sumido, como se fosse mágica. A morena bateu o punho cerrado em uma mesa, irritada, e os objetos que estavam sobre esta caíram.

– Meus materiais merecem sofrer com sua frustração? - a voz soava tediosa. Corinne virou-se para já dar uma má resposta à pessoa, mas se viu encarando seu próprio reflexo nos óculos escuros de um rapaz. Suas sobrancelhas estavam erguidas por de trás das lentes, mas ele nada mais disse. Abaixou-se e começou a apanhar os materiais no chão.

– Ahn... não... é... – a garota se embaraçou e começou a se abaixar para ajudá-lo, mas o garoto já estava novamente em pé, com os livros e cadernos empilhados nos braços. Colocou-os dentro da mochila e depois retirou os óculos, como se quisesse olhar melhor a morena. Corinne permitiu-se um pequeno sorriso, pela beleza do rapaz.

– Vai à festa? – ele perguntou e retirou uma bala de menta do bolso, removendo o plástico que a envolvia e, em seguida, jogando-a em sua boca. Trocou o peso de uma perna para a outra e sua postura poderia dizer: "eu não me importo com nada". Corinne obrigou-se a parar de pensar em como seus olhos eram penetrantes apenas para respondê-lo sem gaguejar.

– Talvez. – a garota respondeu com a voz macia, levando a mão destra aos cabelos para ajeitá-los de forma que a deixasse mais atraente. Por uma dúvida envolta de sensualidade no ar era uma antiga técnica de flerte e ela esperava que ele mordesse a isca.

– Pois eu espero que não vá. Derruba os materiais dos outros e nem ao menos tem a capacidade de se desculpar? Quanta falta de educação. – o rapaz recolocou os óculos escuros, sorriu sarcástico para Corinne, que o olhava estupefata, e se virou, já iniciando passos lentos em direção à saída. – Me chamo Jimmy, aliás. – acrescentou, acenando com a mão direita por cima do ombro.


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Notas finais do capítulo

Bom, gafanhotos, espero que tenham gostado.



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