Depois que Derek sumiu pela escuridão, a única coisa que fiz foi deitar em minha cama, sorrir enquanto pensava nele, e dormir logo após.

25 de fevereiro,2009-Texas.

Acordei eram 8:25 hrs, tomei café com meus pais que conversavam enquanto liam o jornal que acabara de chegar. Passava geléia nas panquecas com delicadeza enquanto meus pensamentos estavam longe, não é difícil de imaginar no que eu estava pensando.

Em Derek, claro.

E na absurda ideia que ele teve.

Passei a manhã toda arrumando a casa, só parava para descansar por ainda sofrer muito com as faltas de ar. Eu não queria conversar com meus pais, então, não teve muito diálogo aquela manhã. Assim que o almoço estava na mesa, almoçamos em silêncio. Após isso, fiz minha higiêne e me arrumei para ir à escola. Enquanto colocava meus materiais na mochila, ouvi meu celular. Era o toque de mensagens:

Olá minha bela, como está?

Sabia que eu não parei de pensar em você? Tenho que confessar que estou muito ansioso para ir ao cinema com você, acho que a gente vai se divertir. E não se preocupe com nada, pois tudo dará certo, e você não terá mais motivos para chorar, seja lá qual o for. Estou te esperando na escola, nos vemos em breve.

Um beijo, Derek.

Fiquei um tempo analisando a mensagem, ‘minha bela’ ? sem querer, tive de rir do jeito que ele me chamara. Imediatamente apaguei a mensagem, já disse que minha mãe costuma vasculhar meu celular?

–Mamãe, estou indo. –avisei.

–Boa aula filha, te amo!

–Também te amo.

Saí de casa e caminhei algumas quadras, sempre fazendo uma pausa entre elas. Cheguei na escola e vi Lauren falando com Derek, ambos sorriram ao me ver.

–Olá. –disse assim que me aproximei.

–Sente aqui. –disse Derek.

Assim que me sentei ao seu lado no banco, vi Lauren sorrir.

–Por mim tudo certo, eu ajudo vocês nessa. –disse ela.

–Do que você tá falando? –pedi.

–Sobre o cinema, ora! Eu vou ligar para sua mãe assim que a aula acabar.

–Minha mãe não vai acreditar nessa história!

Perceberam como o Derek está quietinho?

–Claro que vai, Carrie! Pensamento positivo. –disse Lauren.

Eu apenas revirei os olhos e suspirei, pensando nas consequências de meus atos.

–Gente, eu tenho de devolver um livro na biblioteca. A gente se vê na sala!

Então, Lauren saiu de fininho.

Olhei para Derek que estava fitando seus pés, parecia triste.

–Você tá legal?

Pareceu acordar do transe, me olhando logo em seguida:

–Tô sim, só tô pensando em algumas coisas. Nada de mais!

–No seu pai?

Arregalou os olhos:

–Como você sabe?

–Porque vi nos seus olhos. São olhos de saudade.

Ele apenas suspirou. Tentei animá-lo.

–Então, você vai comprar muitas pipocas pra mim não é? –me referindo ao cinema.

–Quantas você quiser. –parou para pensar. – espera... isso quer dizer que você vai ao cinema?

–Achei que você estivesse praticamente me obrigando a isso –respondi.

Ele sorriu.

–É... praticamente isso!

O sinal tocou, levantei-me para ir até a sala de aula e Derek se levantou logo em seguida, enquanto caminhávamos, estávamos conversando sobre várias coisas. De repente, senti as mãos de Derek segurar as minhas, como se eu estivesse precisando de ajuda para caminhar. Seus dedos se cruzaram entre os meus, e a única coisa que eu fiz, foi deixá-los lá, exatamente onde estavam.

Entramos na sala de matemática e ao longe vi Lauren sentada lendo alguma coisa em seu caderno, só retirou os olhos dele, quando eu e Derek nos aproximamos. Soltamos nossas mãos e sentamos em nossas cadeiras, logo o professor começou com a aula.

Percebi que Liza não havia vindo, e fiquei feliz por isso.

Tudo ocorreu normalmente, então eu e Derek fomos até a jabuticabeira enquanto Lauren iria estudar na biblioteca, no caminho até lá, senti que nossas mãos estavam dadas novamente, o que me deixou intrigada.

–Porque estamos de mãos dadas?

Derek olhou para nossas mãos e sorriu, parecia não ter resposta para minha pergunta. Só parecia:

–É só pra contatar que eu posso sim, tocar em você.

–Convencido!

Sentamos sob a sombra da jabuticabeira, Derek pegou minha mão e levou até seu colo, fazendo carinho nela enquanto conversávamos. Era tão bom ficar assim com ele, parecia que de alguma forma, todos os meus problemas desapareciam, eu me sentia bem e confortável, segura e protegida.

–O que é isso? –perguntou Derek de repente.

Então, olhei para ele, e vi que ele olhava atentamente para meu braço.

As mangas de meu casaco estavam erguidas, deixando a mostra meus hematomas.

Fiquei sem reação, ele olhava preocupado para elas, passando seus dedos.

–O que são essas manchas no seu braço?

Rapidamente, puxei meu braço para mim. Impedindo-o de examiná-lo mais.

–Não é nada.

–Como não? Veja só isto, tem manchas aqui e aqui. –apontava com o dedo.

–Eu... caí. Caí e bati com o braço no armário lá em casa, não é nada de mais!

Desconfiado, ele apenas afirmou com a cabeça:

–Tome mais cuidado da próxima vez.

Me senti um lixo por mentir, mas eu não podia ou queria contar os verdadeiros motivos.

Assim que o sinal tocou, retornamos para a sala. O restante das aulas foram tranquilas, e quando o fim da ultima chegou, os alunos correram ansiosos.

Estávamos, eu, Lauren e Derek parados na frente do portão de entrada e saída da escola. Lauren pegou seu celular da pasta, e o ligou. Procurou o número do telefone fixo da minha casa, e o discou. Não demorou muito para que eu pudesse ouvir minha mãe atender:

–Olá senhora Moore, é Lauren.

–Olá Lauren, como vai?

–Estou bem, obrigada. Bem, a Carrie está aqui do lado mas preferiu que eu falasse com a senhora, segundo ela, você não acreditaria se não fosse eu.

Me segurei para não rir.

–Estou ligando para avisar que ela dormirá na minha casa hoje, pois temos um trabalho para fazer.

–Um trabalho? Mas a Carrie não me disse nada...

–Pois é, é que acabamos de recebê-lo e gostaríamos de fazê-lo o mais rápido possível, sabe, para não deixar tudo pra última hora, claro, com a permissão da senhora.

–Sua mãe está ciente disso?

–Está sim, já liguei para ela.

–Tudo bem, posso falar com a Carrie um minuto?

–Pode sim!

Lauren passou o celular para mim, e então tive de ouvir alguns sermões básicos, como sempre: fazer o trabalho em vez de outra coisa, tomar banho, escovar os dentes e por aí vai...

Desliguei o celular e o entreguei para Lauren. Derek estava gargalhando agora.

–Estou frita se minha mãe descobrir!

–Relaxa! –disse Derek soluçando de tanto rir.

–De qualquer forma, obrigada Lauren, te devo uma! –disse.

–Espero que divirtam-se! –disse ela feliz, já se afastando.

Derek pegou em minha mão, me conduzindo até o cinema.