A bilheteria estava lotada, sorte que já tínhamos os ingressos em mãos, logo achamos nossos lugares.

–Quer mais alguma coisa além de pipoca? –perguntou Derek.

–Não, obrigada.

Então, ele foi até a cantina para comprar as pipocas. Os comerciais e trailers de outros filmes já estavam passando, e eu estava ansiosa para o começo do filme, que conta a história de duas pessoas que tem câncer. Logo, Derek voltou, trazendo um pacote enorme de pipocas doces, as minhas preferidas.

Sentou-se em seu lugar, e deu o pacote de pipocas para que eu segurasse. Passou seu braço por detrás de mim, e relaxou, olhando o filme enquanto a outra mão levava as pipocas até a boca.

Quando percebi, o filme já estava acabando, e eu aos prantos! Estava chorando muito e Derek parecia comovido com o filme, por algum momento achei que ele estivesse chorando também, mas era engano. De repente, ele olhou para mim, e passou seus dedos por minhas buchechas, secando as lágrimas que rolavam descontroladamente. Enfim, o sofrimento acabou!

–Que filme maravilhoso! Mas é tão triste!

–Você está toda vermelha de tanto chorar. –disse Derek.

–Estaria pior se você não tivesse enxugado boa parte das minhas lágrimas.

–Você é linda até quando chora. –disse ao se aproximar.

Estávamos parados na porta de saída do cinema, as pessoas passavam ao nosso lado, boa parte delas emocionadas por conta do filme. Derek passou sua mão por meu cabelo.

–Desculpa, tinha uma pipoca grudada nele.

–Não acredito!!

Ele riu, e voltou a passar sua mão por entre os fios.

–O que foi? Tem mais pipoca grudada aí? –brinquei.

–Não. –disse ele olhando em meus olhos. – é que seus cabelos são lindos, iguais a você.

Eu corei, e ele riu. Então, pegou em minha mão me conduzindo pelas calçadas.

–Onde está me levando? –perguntei.

–Gostaria de caminhar por aí, à luz das estrelas e da lua, e nada melhor que a sua companhia. –disse olhando para mim enquanto caminhava.

–Derek, você.... você tem medo de morrer?

Achei que ele fosse estranhar a pergunta, mas agiu com naturalidade.

–Não. –sorriu. –e você, tem?

–Depende... tem dias que eu tenho muito medo. Geralmente esses dias são maravilhosos como o dia de hoje, tenho medo de não ter vivido tudo o que deveria, de não ter aproveitado tudo o que pudesse. Mas tem dias que, eu não estou nem aí. E se tiver que ser, que seja. Dias que eu me sinto cansada e sem vontade para nada.

–Um certo alguém, disse para mim que todos nós vamos morrer um dia, e que algumas pessoas só vão antes que as outras. –sorriu.

–É mas.... o que você faria se tivesse muito pouco tempo de vida?

–Acho que faria coisas que nunca fiz, teria sensações que nunca tive, comeria coisas que eu nunca pensei em comer, amaria muito, roubaria um banco, assaltaria alguém muito rico...

Arregalei meus olhos.

–É brincadeira. –disse ele. –eu não roubaria nem assaltaria. Sou capaz apenas de roubar um beijo e o coração de alguém.

–Você é surpreendente!

–porque? – nesse momento, Derek deitou-se na grama da pracinha que havia ali, então, me deitei ao seu lado.

–Por que você sempre tem resposta pra tudo, e nem precisa pensar muito na melhor resposta.

–Você não me disse o que faria se não tivesse muito tempo de vida. –disse ele.

–Bom... eu acho que, -fiz uma pausa. – gostaria de fazer as mesmas coisas que você.

–Que legal! –disse rindo.

–Eu não acho legal você descobrir que não há tempo para ser perdido.

–Nem eu, me referi à aquilo. –apontou com o dedo para o céu.

Olhei em direção ao seu dedo, e entre o céu completamente estrelado se destacou uma estrela cadente. Estava caindo lentamente.

–Faça um pedido! –disse Derek.

Sorrindo, fechei meus olhos e apertei a mão de Derek.

Que eu aproveite meu tempo.

Então, quando abri meus olhos novamente, a estrela já havia caído e não se via mais nada dela.

–Fez ? –pediu Derek.

–Fiz sim, e você?

–Fiz, mas prefiro que o seu se realize primeiro.

–Porque? Você nem sabe o que eu pedi.

–Mas tenho certeza que foi o melhor pedido.

Nesse exato momento, Derek abaixou-se e pegou minhas pernas com suas mãos, me colocando em seus ombros logo em seguida, enquanto eu gritava para que ele me largasse, Derek fazia voltas me balançando, corria na calçada me levando. Até que parou em uma pracinha e me colocou em um balanço, indo atras de mim e me balançando com cuidado.

–Nunca mais faça isso! –disse.

–Não gostou?

–Foi divertido, mas....

–Mas?

–Eu fico sem ar.

Ele sorriu, porque não entendia a gravidade daquilo. E nada disse.

Depois de alguns minutos no balanço, saímos para caminhar mais um pouco, para variar, nossas mãos estavam dadas novamente, a maioria das pessoas que passavam pela rua deviam achar que a gente estava namorando.

Paramos na frente de uma lanchonete.

–Não acredito que você quer comer. –disse.

–Você não quer?

–Não estou com muita fome por causa das pipocas do cinema. Mas se você for, eu não tenho outra escolha.

–Você vai gostar, essa lanchonete é perfeita, sem falar na comida que é maravilhosa!

Eu suspirei, e Derek me puxou para dentro. Haviam várias mesas e algumas pessoas estavam jantando enquanto conversavam ou assistiam a grande Tv de tela plana que ficava no centro da lanchonete.

Nos sentamos em uma mesa e pedimos os cardápios. Derek parecia se deliciar apenas com os nomes que estavam escritos.

–Vou pedir isso aqui. –disse ele apontando para um X-burger.

–Tá, eu vou beber um suco apenas.

Então, ele chamou a garçonete e ela anotou os pedidos. Assim que se afastou disse:

–Você deveria provar esse X-burger, é o melhor da região.

–Eu não costumo comer coisas muito gordurosas. -disse.

–Vai me dizer que tem medo de engordar? -ele riu. - Você tem um corpo perfeito, aposto que qualquer garota por aí, gostaria de ter um igualzinho.

Eu ri e corei ao mesmo tempo, Derek pegou minha mão:

–Eu gostaria de saber mais coisas sobre você. Gostaria de saber porque em tão pouco tempo, já sinto um... carinho especial e porque você mexe tanto comigo.

eu não sabia o que responder, Derek sempre me pegava de surpresa, e só o que eu sabia fazer, era ficar vermelha igual um tomate e sorrir de forma tímida e completamente sem jeito. Derek acariciou minha mão sobre a mesa e me fixou nos olhos, sorrindo de canto. qualquer mulher a aquela altura, já estaria derretida, não que eu não estivesse, mas tentava disfarçar a qualquer custo.

Eu apenas ri. De repente, houve uma aglomeração na frente da Tv de tela plana. Quando tudo pareceu se acalmar, pude ver que estavam colocando aparelhos de som. Logo, uma senhora que estava sentada em uma mesa levantou-se e foi até lá, pegou um microfone e pareceu mexer na Tv. Foi aí que constatei que aquilo havia se transformado em um Karaokê. A mulher então, escolheu uma música e começou a cantar enquanto o restante acompanhava e batia palmas. Olhei para Derek surpresa.

–Tá vendo por que aqui é perfeito? –perguntou.

–Essa mulher tá cantando muito mal. –disse.

–Deixa de ser mau-humorada! A próxima a cantar vai ser você. –disse.

Arregalei meus olhos:

–Nem pensar que eu pago um mico desses!

–Eu pago esse mico junto com você!

Então, me puxou pelo braço. Quando percebi, já estavamos lá, e Derek estava escolhendo uma música para que a gente cantasse.

–Derek, eu não vou cantar! –praticamente gritei.

–Relaxa, vai ser divertido, se a gente ganhar vamos receber um troféu bem legal!

Revirei meus olhos, tentei escapar mas ninguém deixou. as pessoas pareciam esperar ansiosa, pude ver algumas mulheres olhando para Derek de uma forma estranha, parecia que iriam comê-lo com os olhos. Algumas suspiravam enquanto outras davam piscadelas e sorriam para ele, já Derek parecia não se incomodar com isso, eu estava me sentindo estranha, tinha vontade de pedir a cada uma delas o que queriam o olhando daquele jeito.

Ao ver a empolgação de Derek e ao ver o quanto ele estava feliz, acabei me deixando levar, e aproveitei o momento. Afinal, aquela noite estava apenas no começo...