League of Legends: As Crônicas de Valoran escrita por Christoph King


Capítulo 51
Capítulo 49: Sejuani & Thaynam - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Continuação do último capítulo, porém, este se chama Sejuani & Thaynam, tendo, pela primeira vez a narração do ponto de vista de um personagem filler. Gostaria que vocês dessem suas opiniões sobre Thaynam e sobre a narração por fillers.



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Capítulo 49 – Parte 2:

Sejuani Winters – Freljord

Sejuani encarou o ritual com os bárbaros de Tryndamere, uma cena chocante, terrível. Havia descrito de forma certeira àquela na qual ela punha os olhos. Ashe não imaginou que fosse tão terrível, rezou baixo pelas almas daqueles jovens, antes fortes e promissores, agora, mortos de forma cruel.

– O ritual da visão... – Sejuani murmurou. – Mas eu não entendo... Por que a bruxa refaria esse ritual?

– Nunca se sabe – respondeu Thaynam.

Ashe se segurou para não chorar, mas não conseguiu se conter. Lavou suas mágoas e toda a insegurança de antes naquele momento, tudo que conteve nos últimos dias saíram como rios e mais rios de lágrimas. Sejuani poderia zombar, mas entendeu a situação dela. Uma vez algo do tipo havia ocorrido, logo no começo de sua jornada, quando viu aquela menina na tribo dos vikings, sendo estuprada por vários. Se lembra de não ter conseguido salvá-la a tempo. Ela morreu de forma ridícula, como um item, um objeto de prazer. Aqueles bárbaros também foram mortos como itens de prazer, e pior, para uma bruxa.

Ashe estava ajoelhada ao lado dos corpos, chorando.

Thaynam foi até ela.

– Ashe, devemos ir.

– S-Só um minuto...

Trent ficou intrigado com o que estava acontecendo.

– Você os conhecia?

Ashe não conseguiu falar nada, Sejuani respondeu em seu lugar.

– São guerreiros do marido dela, Tryndamere. Pelo que sei, ele desapareceu após uma ronda com esses jovens.

Trent arregalou os olhos, tendo se lembrado de algo, ou simplesmente se tocado.

– Meu deus... Você é a rainha Ashe! – fez uma cara engraçada que deixava claro o espanto dele. Virou-se para Sejuani. – E você é Sejuani, a rainha selvagem, meu deus! As duas juntas aqui? Como assim?!

Nunu caiu na gargalhada.

Olaf fez uma cara irônica.

– Agora sei por que Trundle te abandonou. Você é burro!

– Só agora que percebeu quem elas são? – perguntou Volibear.

Trent assentiu.

– Como não nos reconheceu antes? – perguntou Sejuani.

O troll deu de ombros.

– Não sei, mamãe dizia que eu tenho problemas. Agora tenho certeza que tenho – fez um biquinho. – Ah, e vocês estão indo de encontro à uma armadilha.

Sejuani franziu a testa.

– Como é que é?

Não houve tempo de uma resposta, um troll saltou de cima de um morro, caindo em cima de Ashe. Os dois rolaram rapidamente até o penhasco, onde os dois caíram do mesmo. Thaynam gritou, todos foram cercados por trolls com lanças, espadas e escudos.

– Que merda! – Sejuani gritou.

Um troll avançou nela com uma lança, ela desviou e sacou seu mangual, quebrando os dentes do mesmo com um simples ataque. Logo todos estavam lutando juntos. Olaf matava vários trolls com ataques rápidos e precisos de seus machados, Volibear dava garradas e mordidas, Nunu e Willump lutavam no mano-a-mano, socando os trolls.

Thaynam se preocupou, primeiramente, com Ashe. Foi salvo de uma estocada por Braum, que o defendeu com seu escudo. Se virou para o homem bigodudo, que o havia salvo.

– Braum, me dê cobertura!

Thaynam correu em direção ao penhasco, sabia que a sua sobrinha não havia morrido. Não podia ter morrido. Braum avançava nos trolls que tentavam ataca-lo, socando-os e atingindo-os com o escudo, impedindo que atacassem seu protegido.

Thaynam parou perto do penhasco, quase caindo nele, de forma que Braum teve que puxá-lo de volta. Olhou para baixo, viu uma plataforma de gelo que deveria ter protegido Ashe da queda, mas se preocupou ao ver a mão dela se segurando na mesma, quase caindo. Arregalou os olhos e não hesitou, pulou.

Caiu na plataforma com um baque, mas não sentiu dor, só se preocupou em salvá-la. Ela estava à uma mão de cair, pendurada.

– Segure minha mão! – gritou Thaynam.

Pegou a mão da sobrinha e puxou. Puxou com toda a força que pôde e trouxe-a para cima novamente. Quando a resgatou para cima, a abraçou. Preferia não demonstrar o quanto se importava com ela, mas naquele momento não conseguiu, abraçou-a forte. Era, possivelmente a única parente que lhe restara. Tinha outros parentes em outra cidade-estado, mas nunca os havia visitado. Só tinha ela. Nunca conseguiu ter filhos e, quando a irmã rainha havia morrido, adotou Ashe como uma filha. Após descobrir a conspiração de alguns dos seus para com ela, desesperou-se. Saiu com uma tropa atrás dos traidores e encontrou-os mortos em uma caverna ancestral. Quando descobriu que Ashe havia os matado com um arco novo, ficou muito feliz, mas viu que o arco era o lendário arco de Avarosa. Teve certeza que aquela garota era a portadora da alma da antiga rainha, há milênios morta.

Quando terminou de abraçar a sobrinha, olhou-a nos olhos.

– Pensei que você tivesse morrido.

Percebeu algo de estranho nos olhos dela, uma luz azul que se apagou rapidamente. Ela respirou fundo, sorriu.

– Eu teria, se não fosse você, tio.

Thaynam franziu a testa.

– Vamos para cima ajudar os nossos amigos.

[...]

Escalaram a pequena ladeira daquele penhasco, ficando com as unhas ardendo por causa do frio que era agarrar-se à uma pedra de gelo e neve. Quando subiu, sentiu sua mão pinicar, na verdade, quase não a sentiu. Ajudou Ashe a subir.

Viu que a batalha continuava. Trolls brotavam de todos os lados, um avançou em Thaynam, sem armas nas mãos. Recebeu um soco e foi atirado do penhasco.

Thaynam correu para golpear um troll que avançava em Sejuani. Foi um soco potente até demais, fazendo com que a vítima batesse as costas na parede com uma força inigualável. Eu sou forte assim?, perguntou a si mesmo. Viu que seus punhos estavam envoltos em um tipo de aura de gelo, como uma manopla glacial.

Sejuani percebeu ter sido salva por ele, nada disse, mas estranhou aquilo.

Um troll saltou em cima de Thaynam, sem armas, era forte e musculoso, colocou-se acima dele e começou a esganá-lo, pressionando suas mãos em seu pescoço.

– A-Ashe! – Thaynam conseguiu gritar.

Ashe sacou uma flecha de sua aljava, mas demorou para atirá-la, como se tivesse atordoada demais para ser rápida, ou simplesmente tendo perdido a habilidade. Quando atirou a flecha, o troll agarrou-a com uma das mãos, rapidamente, chocando-a.

Ashe tateou a aljava.

– Estou sem flechas, somente essa sobrou após minha queda!

Thaynam se debatia, mas conseguiu respirar um pouco após o troll gigante retirar uma das mãos. O monstro o olhou com sadismo. Quebrou a flecha e estava prestes a socá-lo, quando o mangual de Sejuani agarrou o punho do troll, como uma corrente, puxou. Olaf saltou sobre o monstro, fincando os martelos no crânio dele.

– Que merda! – Sejuani disse, percebendo que seu mangual havia ficado sujo de sangue azul após a selvageria de Olaf.

Thaynam sentou-se no chão, ainda sem ar, com o pescoço vermelho. Cuspiu sangue e Sejuani o ajudou a se levantar.

Olhou nos olhos do homem.

– Sempre retribuo quando me ajudam.

Haviam vários trolls mortos naquele local, jogados no chão. Mesmo que a maioria fosse real, de carne e osso, alguns derreteram como se fossem puro gelo, deixando uma poça de água escura. Estranho, pensou Thaynam.

Ele foi até Ashe, estranhando algo.

– Algum problema, Ashe?

Ela fez que não.

– Não entendo como não conseguiu atirar aquela flecha direito, você nunca mira, nunca hesita, nunca erra.

Ele engoliu em seco.

– T-talvez a queda tenha me deixado zonza. Na hora eu... eu... Vamos prosseguir.

Sejuani ajudava os aliados a se reerguerem, enquanto Ashe seguia o caminho, como se eles não importassem. Cambaleava de leve, chegou a tropeçar numa pedrinha, parecia desnorteada, como se ainda se acostumasse a alguma coisa no corpo.

[...]

A ponte Howling Abyss era imensa, tanto de largura quanto de extensão. O único animal que se atrevia a atravessá-la eram pequenos Poros, que pulam e saltitavam por todo o canto. Eram fofos por demais, mas não salvavam a aparência sombria da ponte.

A ponte era feita de um tipo de pedra muito raro, nele haviam vários desenhos e linhas, símbolos da era de Avarosa. Era grande o suficiente para se fazer uma verdadeira guerra. Embaixo da ponte havia um penhasco profundo, cheio de geleiras e névoa sombria, incapacitando a visão. Saber o que residia por lá era impossível.

No fim da ponte existia uma grande instalação, um castelo. Ele tinha uma arquitetura diferente da atual, bastante antiga, ancestral. Não era daquela época, todos sabiam, e o gelo negro usado na construção deixava claro o que havia construído aquilo tudo.

Estavam todos escondidos atrás de pilares quebrados, observando a instalação com cautela. Poderia haver alguém observando tudo, guardas, quem sabe. Embora não houvesse ninguém na entrada do castelo; um portão de gelo, semelhante ao escudo de Braum.

Nunu deu um passo à frente, deixando sua posição explícita; Thaynam o puxou pela roupa para trás do esconderijo, apontando para a porta que, rangendo, abria-se devagar.

Shhhh... – ele fez.

Dois trolls soldados apareceram, conversando e rindo sobre algo. Thaynam percebeu que lá dentro, um banquete estava sendo feito por vários trolls. Que diabos, ele pensou.

– Um assassino noxiano nos cairia bem agora – disse Sejuani.

Ashe pôs a mão na aljava, mas percebeu que estava vazia.

– Se eu tivesse flechas...

– Temos várias aljavas no arsenal – disse Trent, o troll. – E as flechas são suas, se não sabe.

Ashe arregalou os olhos, numa expressão furiosa.

– Foram vocês que roubaram minhas armas há três meses?

Trent fez uma cara envergonhada.

– Sim, huehuehue.

Nunu riu da risada estranha de Trent.

Ashe suspirou.

– Como fazemos para invadir o castelo?

Trent coçou a barba vermelha.

– Bom, sabemos que na entrada existem só dois guardas...

– Eu faço o trabalho – Thaynam retirou uma adaga de gelo de dentro da roupa, uma adaga que em momento algum Ashe o viu usar. – Posso assassiná-los rapidamente.

Ashe franziu a testa.

– Você é um assassino, Tio Thay? Mas eu pensei que você fosse um arqueiro.

Thaynam sorriu.

– Existem muitas coisas que você não sabe de mim, minha cara sobrinha. Uma delas é o motivo pelo qual eu não me assentei no trono.

Sejuani se intrometeu na conversa.

– Não é por que só mulheres assentam ao trono em Freljord?

Thaynam balançou a cabeça, negativamente.

– Sou um bastardo, Ashe. Filho de sua avó com um general noxiano: Kastiel Du Couteau.

Ashe arregalou os olhos, Nunu fez uma cara de espanto e animação.

– Meu deus, você é noxiano! – ele afirmou. – Todo esse tempo...

– Sou híbrido de noxiano com freljordiano, por isso tenho cabelos escuros e partes grisalhas – sorriu para a sobrinha e para o quase-sobrinho, que pareciam ter várias dúvidas esclarecidas.

Thaynam se virou e correu pela ponte, numa velocidade insuperável, como um maratonista perfeito. Os soldados trolls mal puderam percebê-lo, armar-se e se preparar, pois em segundos ele já estava atrás deles, degolando um, pulando em outro e o assassinando. Não fez barulho algum, foi rápido e prático, como um verdadeiro Du Couteau seria.

Limpou o sangue da lâmina de Gelo e chamou os aliados para perto.

– Se eu tivesse um assassino desses em minha guarda – Sejuani comentou –, não o deixaria fora da batalha por nada.

Ashe estava sem palavras, nunca havia imaginado algo daquele tipo do próprio tio. Agora entendia muitos problemas do tio, que desde jovem era maltratado na corte por todos, assim criando uma espécie de defesa pessoal: o sarcasmo. Um bastardo não teria lugar naquela corte, mas mesmo assim foi perdoado. Uma rainha deixaria seu filho viver, já um rei... Mais um ponto para as rainhas, Ashe pensou.

Todos chegaram à porta do castelo, que era muito grande. Ashe já fora em Howling Abyss antes, e ele nunca esteve lá. Somente uma pessoa poderia criar um castelo daqueles: a bruxa.

Ele era feito inteiramente de Gelo Negro, era grande, imenso, com várias partes. Porém, Ashe tinha a impressão que ele poderia se quebrar facilmente. Sentiu uma energia sombria emanar lá de dentro, algo poderoso e obscuro, fora as risadas e vozes dos trolls.

– E agora? – perguntou Sejuani.

– Entramos e quebramos tudo – riu Olaf.

Trent tateou a porta.

– Está lacrada. Droga!

Braum deu uma risada “fofa”, pôs um punho na cintura e ergueu o pesado escudo com uma só mão, mostrando seu imenso braço, os músculos contraídos.

– Braum cuida disso! – ele colocou o escudo à frente do corpo, deu uns vinte passos para trás, se preparou... – Quando eu entrar, vocês atacam.

– Atenção!! – Ashe exclamou, sem motivo algum; ela parecia ansiosa demais.

Braum pressionou o corpo contra o escudo, correndo com toda a força. Quando o escudo bateu à porta, ela se quebrou em milhões de pedaços; a força de Braum havia se superado; era mais do que um simples humano, era um herói, o homem mais forte de Freljord... Porém, o mais desastrado.

Não conseguiu conter a velocidade e força, atingindo a mesa dos trolls, matando três que estavam no caminho e partindo a mesa de gelo negro em duas.

Todos começaram a atacar os trolls inimigos, Sejuani com seu mangual pesado, Nunu com os punhos de Willump, Braum com seu escudo inquebrável, Thaynam com sua adaga de gelo e com seu punho quase congelado, Olaf com seus machados, Volibear com suas garras e presas... A única que não atacou foi Ashe. Ficou parada, observando, algo estranho, afinal, ela nunca havia feito nada do tipo.

Thaynam se virou para a sobrinha.

– Ashe, tem algum problema?

Ela não respondeu.

Em pouco tempo, todos os trolls estavam mortos. Todos lutaram bravamente contra a ameaça, já cansados de tanto caminhar e lutar. Logo teriam em mãos o motivo de tanta luta, poderiam finalmente voltar para seus lares. Senão por um motivo.

– Ashe? – perguntou Thaynam, novamente.

Ela piscou, os olhos cintilando.

– Me desculpem – ela disse –, só que me sinto insegura sem minhas flechas.

Nunu franziu a testa. Pensou em falar algo, mas nada disse. Thaynam falou por ele.

– Ashe... O que há de errado?

Ela deu de ombros.

– Não sei do que está falando, Tio Thaynam. Vamos ao objetivo, vamos subir as escadas e procurar pela maldita bruxa.

– Não – ele respondeu.

Sejuani notou o clima estranho.

– Como assim? Como não? Viajamos tanto para nada?

– Não é isso – Thaynam respondeu, com pesar, todos o observando. Sacou sua adaga de gelo e avançou em Ashe, mesmo com um pouco de hesitação.

A sobrinha gritou, colocando o arco sobre a cabeça. Defendeu a investida do tio, mas o arco de gelo rachou, quebrando em milhões de pedacinhos. Ela recuou.

Thaynam arregalou os olhos, não acreditava no que tinha visto. Ashe percebeu que todos ao redor havia sacado as armas, suspeitando algo dela. Começou a tremer.

– Você nunca fica sem flechas – disse Thaynam –, utiliza flechas de gelo para não se sentir uma arqueira trapaceira. Pois quando fica sem flechas, pode recriá-las com o poder de Avarosa. Você também nunca me chama de “Tio Thaynam”, nunca fica de fora da batalha, luta até o fim, mesmo que tenha que usar o arco. Você também já sabia sobre minha verdadeira linhagem, eu não precisaria contar-lhe novamente. E além de tudo: seu arco jamais quebra.

Ashe estava apavorada; fora descoberta.

Do pavor veio o riso. Um sorriso maligno brotou no rosto dela, algo bastante sombrio.

– Interessante sua dedução, Lorde Thaynam – ela prendeu o cabelo, jogou-o de lado e uma imensa trança se formou –, não imaginei que seria tão inteligente – com um feitiço, suas roupas de bretã se tornaram um longo e grande vestido azul-escuro, feito de puro gelo negro –, mas sabendo que é um Frozenheart e um Du Couteau, vejo grande potencial em você – suas mãos se tornaram tão frias quanto qualquer geleira, sua pele se tornou gélida, seus olhos congelaram por completo –, gostaria de vê-lo em meu exército um dia, quem sabe – ergueu as mãos aos céus e, um grande visor de gelo surgiu; ela o colocou na cabeça, cobrindo os olhos. – Até a pouco me apresentava como Ashe Frozenheart, mas agora me apresento como A Bruxa Gélida.


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