League of Legends: As Crônicas de Valoran escrita por Christoph King


Capítulo 32
Capítulo 31: Sejuani


Notas iniciais do capítulo

A infecção do soldado praeglácio Daryl foi uma via de mão dupla, e do mesmo jeito que infectou Ashe e Lissandra, também infectou os homens de Sejuani, e até a própria.
Algo precisa ser feito, ou a infecção se alastrará por todos os cantos de Freljord.



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Capítulo 31:

Sejuani Winters – Freljord – Acampamento da Garra do Inverno

Sejuani tossiu sangue no chão de neve, e nesse sangue haviam lascas de gelo. Droga, ela pensou. Maldita seja Ashe, infectando meus homens. Ela sentia uma dor imensa na nuca, às vezes era forçada a andar curvada, mas mantinha a postura, para que seus homens não pensassem que ela estava morrendo, e não pudesse mais liderar.

Ela andou por várias alas de seu acampamento, somente as alas onde houve infecção pelo Auto Congelamento Espontâneo, mais conhecido como febre do gelo. Os únicos afetados foram os soldados que bateram e vandalizaram os avarosianos e os que tiveram contato com os mesmos, infectando a todos num raio de dois quilômetros. Por sorte, muitas das outras alas do acampamento não foram afetadas; os vikings de Olaf pareciam ter um bizarro tipo de imunidade suprema contra a febre.

– Viemos do local mais frio de Freljord, minha rainha – Olaf disse à Sejuani. – O gelo está em nosso sangue.

Sejuani ignorou-o, e foi para perto a tenda onde os infectados que mais sofriam foram levados para serem tratados por curandeiras vikings. Alguns dos infectados estavam com partes importantes do corpo cristalizadas, como o peito – com o pulmão afetado, eles ficavam com falta de ar, ou morriam de insuficiência cardíaca pelo coração ter congelado –, o órgão genital, parte do cérebro – eles ficavam retardados e com problemas de movimentação –, e as vezes, membros se congelavam por completo. E às vezes haviam casos de congelamento completo por tempo, ou imediato. Sejuani foi afetada, mas conseguiu resistir à febre, tendo poucas partes do rosto cristalizadas.

Uma curandeira cuidava de Mestre Reed, que estava deitado numa maca, ao lado de vários outros. O velho estava resistindo bem, mas parte de seu pé e mão já estava congelando.

– A situação aqui está terrível – comentou Sejuani à curandeira.

A mulher era velha, tinha cabelos negros e se vestia de uma roupa grossa e quente. Ela cuidava de Reed e de outros homens ao mesmo tempo, dando-lhes água quente, colocando panos umedecidos e quentes em suas testas, e fazendo remédios com ervas de cura.

– Não tema por seu exército... – Reed gemeu – minha rainha. Os infectados não são nem um terço.

– Não temo por isso, mestre.

A curandeira pôs uma toalha quente na testa do mestre.

Houve um grito terrível vindo de um soldado. Ele começou a espernear, como se sentisse dor. A curandeira que cuidava dele era jovem, e se assustou com o grito, recuando. Ela parecia desesperada, pois não sabia o que fazer. Quando o homem parou de gritar, ele ficou imóvel, e então sangue saiu de sua boca.

A garota caiu no chão, de joelhos, e começou a chorar, com a mão no rosto. Outras mulheres começaram a consolá-la. Sejuani só observou. Talvez o gelo tenha perfurado algum órgão interno do homem, por isso a dor, e depois, o sangue.

– Estamos perdendo muitos homens – comentou a curandeira de Reed. – Nem todos resistem à febre. Somente aqueles que já provaram do mais puro frio podem resistir.

Sejuani parou para pensar. Ela já sofrera muito com o frio, principalmente nos últimos invernos. Talvez ela tenha imunidade sobre a febre, e talvez a cristalização que recebeu pode ter sido somente externa, não afetando seu corpo por dentro, mas só a pele, por fora.

– Tantos homens morrendo – a curandeira disse. – De quem é a culpa?

– Talvez Ashe tenha enviado os homens infectados para cá – comentou Reed. – Maldita seja!

Sejuani gostava dessa versão, de botar a culpa inteiramente em Ashe. Mas conhecia a sua inimiga muito bem. Sabia que ela jamais faria uma coisa do tipo, e aliás, o homem infectado não era um avarosiano, mas sim um praeglácio. Talvez...

– Sim – ela afirmou –, maldita seja Ashe.

Jogar a culpa na inimiga poderia ser uma boa ideia, pensou ela.

...

Sejuani foi até a tenda onde Olaf estava. Sabia que os vikings conheciam bem a febre do gelo, e talvez pudesse ter alguma ideia de como revidar o ataque de Ashe e Lissandra na mesma moeda.

Quando abriu a tenda, encontrou Olaf completamente nu, montando uma jovem curandeira em sua cama. Sejuani se assustou com a voracidade do homem, que a possuía por trás, fazendo-a gemer.

– Olaf – chamou.

Ele virou o rosto para ver a líder, e então sorriu. Ele removeu o membro de dentro da garota, e saiu da cama, ficando de frente para Sejuani, sorrindo. A garota parecia estar dolorida, talvez por ser menor de idade e Olaf ter o dobro do tamanho dela. Sejuani sentiu pena dela.

– Sejuani, minha rainha. O que faz aqui?

Ela não se sentiu muito à vontade com Olaf nu à sua frente. Se perguntava como ele não sentia frio, e como tinha coragem de levar uma das curandeiras à sua cama em plena “luz” do dia.

– Poderia se vestir, primeiramente?

Olaf olhou para a jovem em sua cama, e disse:

– Não, estou bem assim. Ainda não terminei com ela.

Sejuani fez uma cara feia. Odiava todo esse machismo dos vikings, essa submissão que as mulheres tinham com eles. Ela sempre foi um tanto feminista, e isso espantava os homens. Alguns ousavam especular que ela gostava de mulheres, mas ninguém nunca teve uma prova viva. Nem mesmo a própria Sejuani dissera nada a respeito, por isso todos deixavam quieto.

– Ótimo. Espero que a devolva intacta depois que terminar, pois sei como vocês vikings são brutos – se lembrou de quando foi até Lokfar para recrutar alguns homens vikings para seu exército, para fazer uma aliança, isso há alguns anos. Se lembrou de ver a brutalidade que eles usavam com suas mulheres, quantos estupros eram cometidos ao ar livre e ninguém se importava. Ela se segurou para não chorar ou se enfurecer quando viu vários homens de Olaf estuprando uma jovem de sua idade (vinte e dois, na época). Ela desviou o olhar, mas não conseguia segurar sua fúria. Ela atacou os homens com seu mangual de Gelo, deu uma surra em todos os homens, salvou a garota, e ainda provou ser digna de ser seguida. Olaf se tornou seu homem a partir daquele dia, e todos os seus homens eram dela.

Ele deu uma risada grossa, e pegou uma roupa que estava jogada no chão. Era um tipo de saiote que ele e alguns de seus homens usavam. Ele guardou o pênis por baixo do saiote e começou a se vestir com sua cota de malha e logo estava totalmente vestido. Ele se virou para a garota.

– Não pense que acabou – e sorriu maliciosamente.

Sejuani olhou para o berserker com olhos fuziladores.

– Vou deixar isso passar.

– Vai fazer o que?

– Sabe que não gosto que seus homens... estuprem as nossas curandeiras.

– Mas eles precisam montar em alguma mulher, e caso você não saiba, é a única guerreira em um exército de homens. Vale lembrar que você é a líder, nossa rainha.

Sejuani engoliu em seco. Não era uma boa hora para brigar com ele. Ele era o líder dos vikings, e por mais que fosse um dos seus, tinha mais moral com os seus homens do que ela.

Foi logo ao ponto:

– Preciso que me ajude com a febre.

Ele cruzou os braços.

– Precisa de ajuda, é? Diga logo o que precisa.

– Nossos homens estão morrendo. Preciso arranjar um jeito de intervir.

Olaf suspirou.

– Do jeito que você é, pensei que nunca fosse perguntar. Existe um lugar onde talvez você possa encontrar a cura.

– Onde?

– Num monastério no alto da montanha. Fica a oeste daqui, há algumas milhas da capital de Freljord – ele deu uma rápida risada. – Lá existem monges que podem fabricar a cura em massa. Se quiser eu posso te levar até lá.

Sejuani hesitou. Não gostaria que Olaf a levasse a um lugar do tipo. Poderia enviar homens até lá, mas algo a chamava. Sentia como se devesse ir até lá, o que era estranho. Como um chamado, pensou. Algo me espera lá. Logo não poderia enviar qualquer um.

– Não quero levar muitos. Iremos eu, você, Bristle e Volibear. Partiremos pela manhã. Irei avisá-lo.

Olaf tornou a despir-se.

– O que está fazendo? – Sejuani perguntou.

– Eu disse que ainda não tinha terminado com a garota.

Foi até a cama, onde pôs a curandeira de quatro e começou a fazer movimentos fortes e rápidos, empurrando-a contra a parede. Sejuani se segurou para não se enfurecer perante aqui. A garota gemia e parecia sentir mais dor do que prazer.

Saiu da tenda irritada, ouvindo os gritos da jovem curandeira.

...

Sejuani foi até o lado do acampamento onde os Ursine se acomodavam. Geralmente ela dividia a tribo dos freljordianos, dos vikings e Ursine. Às vezes os ursos não eram tão compreensivos com humanos. Já houve casos de brigas feias entre ursos e alguns de seus homens, isso no começo da formação de Sejuani. Naquela época ela ainda era jovem, com um exército imenso em mãos. Com o tempo, porém, tornou-se mais dura e mais respeitada. De forma que todos a temiam.

Alguns pequenos ursinhos brincavam como crianças correndo pela neve, brincando e rindo. Era estranho ver ursos dialogando como humanos, e tendo emoções e sentimentos como os mesmos. Haviam ursas que agiam como donas de casa, e tinham até algo que parecia com cabelo. Elas faziam tranças nos cabelos e colocavam contas e pingentes, deixando ao estilo dreadlock.

O acampamento dos ursos era diferente dos demais, pois eles fizeram num local onde há uma caverna, e ao que parecia, os ursos fizeram cavernas naquela montanha com as próprias garras poderosas. Dizem ser um mito, mas ao ver a quantidade, você pensa o contrário.

Na primeira vez que visitou a vila dos Ursine, Sejuani se sentiu perdida, um pouco acuada. Ela era grande, cheia de ursos, o que fez com que a experiência fosse pior. Às vezes se deparava com crânios humanos num espeto, assim como partes de carne – que ela julgava ser de pessoas mortas.

O xamã da vila havia oferecido à ela uma variedade de comidas bizarras que os Ursine comiam. Dentre eles haviam: sopa de grandes besouros da neve amassados (que não passava de uma gosma branca e azul com cascas do inseto, porém, com um gosto amargo e de dar ânsias de vômito). Comeu ainda outros pratos bizarros, até não aguentar mais. Mesmo assim se manteve calma, o que chamou a atenção do xamã. Várias tribos de bárbaros, vikings, senhores de Freljord, e outros, tentaram fazer aliança com os terríveis ursos do norte.

– Sejuani, minha rainha – saudou Volibear ai avistá-la.

Os Ursine ao redor, quando a viram, se apoiaram em um joelho só, e fizeram um tipo de reverência.

– Minha rainha – eles diziam.

– Minha rainha.

– Minha rainha.

Volibear a levou até a sua tenda, onde podiam conversar a sós.

– A febre está piorando – ela falou. – Muitos dos meus homens estão morrendo, e só tenho uma chance de salva-los.

– E qual seria essa chance? – o grande urso perguntou.

– Olaf disse que conhece um monastério onde há fabricação de antídoto para a febre.

Volibear pareceu confuso.

– Mas as curandeiras vikings não estavam usando ervas curativas nos homens infectados?

– Estavam, mas funciona em poucos. E mesmo funcionando, não aplacava o efeito completo da doença, só retardava. Não quero deixar que meus homens morram lentamente. Isso é crueldade.

Volibear cruzou os braços – os as patas.

– Entendo seu ponto de vista. Dou graças aos deuses que minha raça é imune à essa praga terrível – ele franziu a testa. – Mas como é possível? Nunca era visto um caso de Auto Congelamento Espontâneo há décadas.

Sejuani temia ouvir isso de Volibear, pois queria acreditar que a culpa era inteiramente de Ashe, mas era impossível que ela tivesse como feito um plano desses, ou mesmo ter deixado a infecção se alastrar por seus homens. Também estranhou o fato de que todos os homens avarosianos não aparentarem estar infectados. Notou uma cristalização crescendo na nuca de um dos homens, um praeglácio no qual apresentou a proposta de paz. Mas a infecção é rápida, e se ele estava infectado, como pôde cavalgar todo o caminho de Rakelstake até A Garra e não morrer? Tinha algo estranho acontecendo. Era como se a infecção tivesse esperado...

– Sei disso, Voli. Mas não podemos parar para pensar; enquanto esperamos, a infecção faz mais vítimas. Precisamos sair o mais rápido possível.

– Quando partiremos?

– Logo pela manhã. Espero que vista sua melhor armadura.


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Notas finais do capítulo

Uma missão para encontrar a cura da febre do gelo é iniciada. Agora, Sejuani, Olaf, Volibear e Bristle deverão ir até um monastério no topo da montanha para encontrar o antídoto, se é que ele realmente existe.



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