Quando você apareceu escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 2
No meio da noite




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A campainha toca, e se mistura ao som do chuveiro ligado.

– Obrigada Berna ! - eu digo pegando a sacola de sua mão.

– De nada !

Berna é minha empregada, ela vem aqui dia sim e dia não, liguei para ela pra arrumar umas roupas para Emily.

Chego a porta do banheiro e bato na porta, ouço um gritinho assustado lá dentro.

– Emily! Está tudo bem ? - pergunto com a mão na maçaneta já.

– Está - ela diz - eu só assustei.

– Ata. Olha, arrumei umas roupas para você, na verdade, foi Berna, enfim, vou deixar aqui na porta.

– Ok - ela diz - e Obrigada !

Deixo a sacola na porta e saio, poucos minutos depois escuto o chuveiro ser desligado.

– Quem é essa menina ? - diz Berna, ela deve ter uns 60 anos - Você não trouxe ela pra cá pra...

– Claro que não Berna! Ela deve ter uns 16 anos! Eu encontrei com ela na rua e ela estava machucada.

– Você disse, por isso eu perguntei - ela deu de ombros.

A porta do banheiro se abre e poucos segundos depois Emily aparece na cozinha, ela usa uma calça jeans, uma camiseta preta e as sapatilhas que estava quando trombamos, o cabelo molhado pinga na roupa.

– Obrigada ! - ela segura a bolsa e a sacola que antes estavam as roupas que ela usa agora, deve ter usado para colocar as roupas antigas.

– Olá querida ! - diz Berna, ela vai em direção a Emily e lhe dá um abraço, depois ela olha para mim - Eu sou Berna.

– Emily.

– Bom, coma alguma coisa.

– Eu já estou de sai...

– Não vai sair sem comer nada - diz Berna - venha.

Ela traz Emily até uma cadeira a minha frente na mesa e ela se senta. Berna lhe traz um copo de suco de laranja e um sanduíche de peito de peru.

– Obrigada ! - Emily diz para Berna e depois me olha brevemente.

– De nada ! As roupas serviram certinho ?

– Berna, você está vendo...

Eu paro de falar com me dou conta de que as roupas que ela se refere não são as que estamos vendo, mas sim, as que não estamos vendo. Emily cora um pouco, e assente para Berna e dá uma risada da nossa reação constrangida.

– Ótimo! - ela diz, e sai.

– Olha - Emily começa se levantar - eu não sei como posso te agradecer, e a unica maneira que vejo de fazer isso, é sumir daqui o mais rápido possível, então, muito obrigada Ethan, muito obrigada mesmo!

Eu olho para ela e ela me estende a mão, eu pego. Ela solta minha mão e quase corre em direção a porta. Eu olho para seu lanche intacto a frente da cadeira vazia.

...

Emily esteve aqui a uma semana atrás. Eu procurei por qualquer coisa que me levasse a ela na delegacia, eu fiquei preocupado com o que pudesse acontecer, mas eu não achei nada, é como se ela fosse um fantasma.

São três horas da manhã, e eu acordo com um barulho vindo da sala. Não era pra ter mais ninguém além de mim aqui a essa hora. Pego a arma ao lado da cama, e vou silenciosamente para a sala. Lá, dois homens a reviram, um deles me vê e corre na minha direção.

– Onde ela está ?! - ele grita furioso, lutando contra mim.

O outro homem assiste a cena e vem em minha direção quando vê que o homem está perdendo a luta. Um soco vem em direção a minha cabeça, mas eu desvio e acerto um estomago, o homem se dobra ao meio segurando a barriga e eu o chuto, o outro homem pula em minhas costa e eu bato com ele na parede. Ele cai no chão e eu o chuto. Pego minha arma e aponto para eles.

– Ela quem ?

– Emily ! - eles dizem em coro ferozmente.

– Eu não sei. Mas o que vocês querem com ela ?

– Não é da sua conta !

Eu atiro no ombro de um dos homens e ele urra de dor.

– O que vocês querem com ela ?

Repito, mas eles não respondem. Pego o celular e sigo a lista de chamada parando no nome de Bob.

– Qual é, Ethan ! Você não dorme ? - Bob atende o celular.

– Temos alguém para prender! - digo - Você deveria estar de plantão.

– Eu estou! Chego ai em 10 minutos.

Meia hora depois os dois homens estão presos e em um interrogatório, eles se recusam a dizer qualquer coisa então eu volto para casa. São quase cinco da manhã quando eu fecho a porta e olho a sala revirada, uma batida na porta e eu pego minha arma indo em direção a porta. As batidas ficam mais frequentes.

Abro a porta e vejo Emily parada do lado de fora. Ela abraça o corpo por causa do frio, usa uma saia que vai até um pouco acima do joelho preta e uma camiseta branca.

– Oh meu Deus ! - ela coloca as mãos no rosto - O que fizeram com você ?

Eu pego em seu braço e a puxo para dentro do apartamento. Olho pelo corredor para ter certeza que está vazio. Ela solta um gritinho ao ver a sala e vira de frente para mim. Na luz do apartamento, vejo que seu lábio inferior está cortado, suas mãos estão raladas, assim como seus joelhos. O lado direito de seu rosto está levemente inchado e uma mancha roxa cobre parte de sua bochecha direita.

– O que fizeram com você ? - eu pergunto.

Ela balança a cabeça negativamente e chega perto de mim colocando a mão em meu rosto, que agora percebo que dói, retiro a mão dela levemente e olho no espelho. Meu olho direito está inchado e roxo, meu rosto dói.

– Eu sinto muito - ela diz com a voz embargada - eu sinto muito mesmo ! Eu não deveria ter aceitado sua ajuda...

– Tudo bem - eu interrompo.

Ela começa chorar desesperadamente e eu a abraço. Eu não deveria sentir vontade de confortá-la e dizer que está tudo bem, mas eu sinto. Sinto que devo protege-la. Ela se afasta de mim.

– Olha, eu vou dar um jeito e vou pagar os estragos feitos aqui - ela diz desesperadamente apontado para a sala destruída - eu vou dar um jeito, vou te compensar por tudo isso...

– Emily, tudo bem - eu pego suas mãos - não foi sua culpa.

– Foi sim !

– Não foi não - eu a conduzo até a cozinha e aponto para a cadeira, ela se senta e eu vou em direção ao armário - você prefere camomila ou mate ?

– Não precisa ...

– Camomila ou mate ? - eu a interrompo docemente.

– Camomila.

Eu preparo o chá em silencio e coloco em cima da mesa.

– Tenho que ir embora - ela diz.

– Não antes de me contar a verdade.

– Eu não posso te envolver nisso !

– Escuta, aqueles caras arrebentaram o meu apartamento, e me bateram, mas eles estavam aqui atrás de você, acho que eu mereço uma explicação.

Ela assente olhando para sua xícara de chá, ela pega a xícara na mão devagar e depois olha em meus olhos. Ela suspira e quando abre a boca para falar seu estomago ronca alto, ela olha para mim envergonhada e sorri.

– Me desculpe! Nem pensei que estaria com fome.

Abro o armário e um pequeno bolo industrializado de chocolate e coloco ao lado de uma faca na mesa. Ela pega um pedaço e depois outro, e depois outro até acabar com o bolo. Ela olha envergonhada para mim e sorri.

– Desculpe, é que eu não vejo comida a uns três dias.

Meus olhos se arregalam. Ela estava a três dias sem comer ?

– Eu vou te contar a verdade! Mas você tem que me prometer que depois que eu contar não vai fazer mais nada para me ajudar.

Concordo sabendo que vou acabar quebrando minha promessa.


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