Quando você apareceu escrita por A Garota Dos Livros
Abro os olhos e que o sol ainda não nasceu, e isso é bom, quer dizer que eu vou correr e vou vê-lo nascer. Levanto da cama e troco de roupa, calça moletom cinza, camiseta branca e um tênis. Escovo os dentes e saio em direção a porta, moro no ultimo andar, e aqueço enquanto espero o elevador parar.
Dentro do elevador continuo aquecendo os músculos, sentindo eles esquentarem sob a pele, o que me traz uma sensação boa. Saio pela porta do prédio e começo correr, o vento frio bate em meu rosto e a rua está deserta, o sol começa nascer a leste e eu corro em direção a praia, meus pés batem na calçada que separa a praia da rua e eu vejo os primeiros raios de sol saindo, a vista é linda. Mais a frente eu viro e vou em direção ao centro da cidade ainda adormecida.
Paro em frente a padaria familiar.
– Bom dia, Ethan! - diz sr. Gray do outro lado do balcão.
– Bom dia, Sr. Gray!
Ele coloca uma garrafa de água em cima do balcão e eu desliso uma nota para ele e saio em direção a rua. O sol começa clarear a rua, e eu corro um pouco mais devagar. Faltam alguns quarteirões para chegar em meu prédio novamente.
De repente um encontrão me para, eu estava correndo e outra pessoa veio correndo e trombou em mim, não doeu muito, mas a outra pessoa caiu no chão. Olho para o chão e vejo uma mulher, ou melhor, garota, jogada no chão segurando o ombro direito, ela resmunga baixinho, e percebo que ela usa um vestido florido vintage e sapatilhas pretas. Ela começa se levantar mas e eu a ajudo, ela não larga o ombro então percebo porque, seu ombro sangra e o sangue escorre por sua mão.
– Oh meu Deus ! - eu digo, ela olha para mim e olha em volta nervosamente - Seu ombro, você tem que ir a um hospital!
– Não ! - ela diz desesperada - Não posso! Droga! Não era hora para os pontos estourarem!
Eu olho para ela e ela começa se afastar de mim.
– Hey, espera! - eu corro até ela - Você não pode sair assim com o ombro aberto!
– O que eu não posso é ficar exposta nessas ruas!
– Venha até meu apartamento - eu digo e me dou conta do quão ridículo isso é.
– E onde é ? - ela pergunta.
– Ali - eu aponto para meu prédio, ela olha para o prédio e dá um passo em direção a ele e para.
– Você é um estuprador ou assassino psicótico?
– Não - pareceu mais uma pergunta.
– Então vamos!
...
Dentro do meu apartamento, ela pediu para ir até o banheiro, então notei que carregava uma bolsa. Pouco tempo depois ela volta.
– Pode me ajudar ?
– ãn... sim !?
Ela anda até o banheiro e eu a sigo. Ela se senta no vaso sanitário e mexe na bolsa, ela pega uma tesoura e me entrega.
– Pode corta para mim ? - ela aponta para o vestido onde o ombro sangra.
Eu me aproximo, e tiro o cabelo castanho com luzes loiras do caminho e corto um pequeno pedaço do vestido. Com o ombro exposto eu vejo um corte, ela levou um tiro, eu reconheceria isso em qualquer lugar. Ela me agradece e se levanta, coloca a bolsa na pia e fica de frente para o espelho, ela tira alguns pontos que ainda pendiam soltos em sua pele. Mexe na bolsa de novo e pega uma agulha, uma linha forte que eu não reconheço e álcool.
– O que você está fazendo !?
– Fechando esse buraco antes que infeccione.
– Não pode fazer isso sem saber!
– Quem disse que não sei ?! - ela me olha.
Eu não respondo, e ela se vira de frente para o espelho, e percebo que ela toma coragem para costurar.
– Por que não quer ir a um hospital?
– Porque se eu for eles vão me achar, e se isso acontecer, eu vou morrer.
– Quem são eles ? - mas ela não responde.
Engulo seco. Não sei o que acontecia com aquela garota, mas ela parecia com medo quando disse que morreria, e o jeito como sua mão tremia com a agulha me faz me aproximar, eu chego ao seu lado, e pego a agulha de sua mão gentilmente.
– Olha, eu não vou a um hospi...
– Eu sei, deixa que eu faço isso, ok ?! Eu sei fazer - eu sabia, já tinha feito antes - senta ai - ela hesita um pouco depois senta no vaso sanitário - eu sou policial, sabe, pode me contar o que está acontecendo - ela balança a cabeça negativamente - por que não ? - eu limpo a agulho com o álcool.
– Por que eles vão te machucar - ela fala baixo - eles vão te machucar se souberem que estou aqui ! - ela compreende e começa se levantar.
– Não vão descobrir - eu digo, colocando a mão em seu ombro bom e ela senta de novo meio hesitante - pronta ? - ela me olha por uns instantes e depois assente - vai doer.
A garota assente de novo e eu limpo a ferida, ela fecha os olhos e aperta as mãos enquanto eu limpo e costuro a ferida, ela não grita, o que me faz pensar que já fez isso antes.
– Pronto.
Ela abre os olhos que estão vermelhos e cheios de lágrimas.
– Obrigada!
Ela se levanta e vai até sua bolsa e começa arrumar.
– Onde vai ?
– Embora, não quero que eles saibam que me ajudou.
– Não vão descobrir - digo novamente, ela me olha - escuta, não pode sair assim, toda ensanguentada e com o vestido rasgado - ela olha para o vestido - vamos fazer assim, você toma um banho e eu arrumo umas roupas para você, depois você vai embora.
Ela me olhava curiosamente, e depois seus olhos se encheram de lágrimas e ela me abraçou. Meus músculos ficaram rígidos com o contato inesperado, mas em seguida retribui seu abraço.
– Obrigada! - ela repente entre lágrimas.
A garota me solta e vejo minha camiseta suja de sangue.
– Desculpa - ela diz olhando a camiseta.
– Tudo bem, a propósito, meu nome é Ethan.
Ela pensa um pouco e me olha, sua boca se abre mas som nenhum sai, então ela fecha.
– Eu sou ... - ele fala baixo - eu sou a Emily.
– É um prazer, Emily - eu digo, embora eu não saiba se minhas palavras são verdadeiras - pode tomar banho, vou arrumar umas roupas para você.
Eu saio do banheiro, e minutos depois escuto o chuveiro ser ligado e eu tenho que arrumar roupas que caibam nela, porque ela está em visível apuros.
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