The best you ever had. escrita por niiizu


Capítulo 7
Capítulo 7




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Finn sabia que o inverno em Ooo era leve. Sua terra natal era praticamente um país tropical, onde fazia calor na maioria esmagadora do ano; mas quando fazia frio, por mais leve que fosse, todos os habitantes começavam a reclamar e ficar com preguiça de sair de casa. A coisa ficava séria no reino gelado, onde nevava o ano inteiro e por isso (e por causa do seu anfitrião) ninguém ia até lá nem pra andar de trenó quando o dia estivesse muito quente. Sim, o povo de Ooo é friorento, não importa de qual espécie seja.

No inverno o reino gelado ficava tão terrível que até mesmo alguns dos seus pinguins migravam para reinos próximos onde o frio não fosse tão torturante. Geralmente só o velho, sua coroa e uns três pinguins ficavam dentro das torres do reino, as únicas construções visíveis no meio de toda a neve.

Sua surpresa foi descobrir que a princesa Bubblegum estava no reino gelado quando ele e Jake passaram no castelo do Reino Doce para dar um oi, porque era caminho até a casa da árvore. Peppermint Butler não sabia o que ela foi fazer lá, e comentou que a princesa andava cheia de segredos ultimamente, mal o deixava entrar no seu laboratório. Finn e Jake sabiam exatamente o que ela foi fazer, mas fingiram surpresa pelo comportamento da princesa e se despediram.

– Jake, você acha que a gente devia ir lá e ver se a princesa não está em apuros?

– Não sei Finn... Vai ver ela foi fazer aquela coisa pro pai da Marceline – disse olhando em volta para se certificar que não havia ninguém espionando os dois. Só viu um guarda banana no portão do castelo ao longe brincando de, aparentemente, bem-me-quer e mal-me-quer com uma flor.

– Ah, é verdade... Quem sabe ela não precisa da nossa ajuda? – sorriu.

– Ok cara, vamos lá matar essa sua curiosidade – Riu Jake enquanto se esticava para fica bem alto e colocava Finn nas suas costas.

– Ei! Isso é pelo bem de princesa! – reclamou Finn contrariado.

– Aham, sei.

~~

Os aventureiros não queriam chamar a atenção do Rei Gelado, mas a torre estava tão silenciosa que era impossível não fazer barulho com os passos sobre o gelo.

– Finn e Jake? O que vocês estão fazendo aqui? Eu convidei vocês pra assistir um filme na semana passada e vocês não aparecerem!

– Ah é? Ahn... Olha só Rei Gelado, disseram que a princesa Bubblegum estaria aqui, você sabe de alguma coisa? – disse Finn tentando mudar de assunto.

– Ah, é isso? Ela e a Marceline estão lá em baixo desde hoje de manhã, pesquisando alguma coisa. Eu tentei ajudar, mas a Marceline me deu uma bronca...

– Valeu! – gritaram Finn e Jake já correndo escada abaixo.

Quando chegaram ao subsolo da torre viram a bagunça normal dos vários cômodos ligados pela escadaria. As garotas estavam em um deles. Bubblegum procurava algo pelas caixas abertas cheias de objetos aleatórios e Marceline folheava cadernos, livros e álbuns de fotos, organizando-os em uma prateleira quando terminava de vê-los.

– Ei garotas! O que vocês estão fazendo? – Perguntou Jake.

– Finn, Jake! Nós estamos procurando discos de música, sabe aqueles antigos? O pai da Marceline pediu para a minha próxima tarefa e eu pedi que ela me ajudasse.

– E vocês já acharam?

– Mais ou menos. Meu pai gosta de várias bandas antigas e o Simon tem alguns álbuns interessantes, mas eu me sinto mal de tirar as coisas dele daqui... – disse Marceline pensativa observando uma foto em especial, sem olhar para os outros. Finn se aproximou e viu a foto de um homem que parecia ser um híbrido do Rei Gelado e Simon Petrikov junto da pequena Marceline que ele já havia conhecido antes. A foto estava um pouco estranha, com muito flash e bem torta, mas era fácil de perceber o quanto os dois haviam sido próximos; pois seus sorrisos eram largos como Finn nunca havia visto Marceline sorrir e eles pareciam sujos e com as roupas gastas. Mesmo assim sorriam. Marceline colocou a foto com várias outras em cima de uma escrivaninha e esperava aparecer um álbum de fotos com espaços vazios para guardá-las.

– Por que você não compra esses discos com os homens-pastel, princesa?

– Porque meu pai saberia se eles fossem falsificados – Marceline respondeu antes de Bubblegum abrir a boca.

– Sim Jake – completou Bubblegum – é difícil achar originais com aquele povo, você sabe.

– Então vamos até as ruínas achar os originais, ué – argumentou Finn.

– Eu estou tentando convencer a Bonnibel a fazer isso há uns quinze minutos. Quem sabe com vocês ela não se resolve. – comentou Marceline ainda com os olhos nas caixas. Ela achou um par de óculos perdido e colocou num espaço especial sobre a escrivaninha, junto de outros três que já haviam sido encontrados.

– Na verdade vocês parecem mais ocupadas em arrumar as coisas do Rei Gelado do que em procurar esses discos... – comentou Jake baixinho, com medo de ser reprimido.

– O Rei Gelado até que tem algumas coisas interessantes aqui. Acreditam que esse objeto era um telefone? – disse Bubblegum mostrando um Iphone com a tela quebrada e bem empoeirado.

– Esses objetos não são do Simon, mas ele foi guardando com o tempo para tentar se lembrar do mundo dos humanos. Não deu muito certo. – Marceline agora estava folheando um álbum de fotos com Simon e Betty muito jovens, e várias pessoas com eles. Ela acreditava que fossem a família de um dos dois.

Finn folheava um álbum de fotos grosso e pesado. Havia fotos de Simon quando criança – os óculos eram inconfundíveis -, mas também havia fotos de Marceline quando criança e até uma dela adolescente, quando a transformação do Rei Gelado estava completa. Ela ainda não tinha as marcas no pescoço e parecia bem irritada por estar na foto, com os braços cruzados e algumas espinhas no queixo. Finn sorriu. Era engraçado imaginar que Marceline, tão poderosa e incrível, um dia tivesse tantas espinhas quanto ele próprio tinha agora.

– Ei Marcy, quantos anos você tinha aqui?

– Uns dezesseis.

– De verdade? – Finn interessou-se porque ela tinha exatamente a sua própria idade agora.

– É, nessa época eu ainda não era vampira, então ainda envelhecia. Os demônios começam a demorar pra envelhecer com uns trinta anos.

– Verdade, seu pai tem cara de uns trinta e poucos mesmo.

– Como você é gentil, Bonnie – Marceline riu – meu pai já tem cara de quem tem uns quarenta. Ele tem milhares de anos, lembra?

– Eu não sei de quantos anos eu tenho cara – Finn reclamou – como se mede isso em humanos?

– São os padrões humanos que a gente usa mesmo – explicou Marceline. Ela puxou o chapéu de Finn para cima, o que o assustou, e seus cabelos longos caíram até o meio da cintura. – Com esse cabelo comprido parece uma menina de doze! – e gargalhou. Todos os outros riram junto dela, exceto Finn que se olhou num espelho próximo e ficou se perguntando que diabos de padrões eram esses, se ele era o único humano vivo e não aparentava a idade que tinha. Marceline lhe devolveu o chapéu e ele arrumou os cabelos dentro dele e o vestiu novamente. Bem melhor.

– E assim?

– Dez anos. – disse Jake. As meninas riram também. – relaxa cara. Logo a sua puberdade acaba e você fica com cara de uns dezessete aos vinte! – a piada já tinha perdido um pouco da graça, mas as meninas soltaram mais alguns risinhos.

~~

É claro que a visita ao reino gelado era inútil. No dia seguinte lá estavam os quatro viajando até algumas ruínas perto de Ooo com um carro feito por Bubblegum, inspirado num Jipe aparentemente. O carro caía em buracos e batia em pedras, pulando incessantemente até chegar ao seu destino.

– Você que fez esse carro, Bonnie?

– Sim. Gosto dos modelos de veículos antigos, eles têm um design simples difícil de achar hoje em dia.

– Bom, eu prefiro muito mais quando você faz máquinas do que aqueles experimentos com doces. O braço do Finn também ficou incrível. – sorriu Marceline elogiando a princesa.

– Verdade princesa, ficou irado! – disse Finn.

– Obrigada... – ela falou envergonhada, procurando não olhar para Marceline. Jake, que dirigia e via tudo pelo retrovisor, observou aquilo intrigado, mas não disse nada.

~~

– Caramba, que espécie de lugar era esse? – disse Finn. Era a sua primeira vez num pedaço da sociedade humana tão bem conservado.

Os quatro estavam dentro de uma pequena galeria abandonada. Parecia que tudo havia sido deixado exatamente como estava, só os humanos foram embora e o tempo fez seu trabalho, quebrando vidraças e crescendo plantas no meio do piso rachado. Havia vitrines de lojas de roupas, onde manequins em forma de mulheres humanas faziam poses estranhas com roupas brilhantes. Havia quiosques de comida, onde não havia sobrado uma migalha sequer.

Os ratos do lugar haviam sido espantados quando Marceline arrombou a porta de entrada da galeria com seu machado, mas alguns monstros radioativos da infância da Rainha dos Vampiros apareceram de dentro das lojas. Finn, Jake e Marceline cuidaram deles enquanto Bubblegum iluminava a luta para ajudar e, com uma lanterna menor, observava detalhes dos lugares, como os nomes das lojas e anúncios num quadro grande de camurça. Os papéis estavam empoeirados e roídos, alguns completamente e outros pela metade, mas parecia ser um quadro de eventos a acontecer na região. O grupo acabou a matança rápido, mais se divertindo do que lutando a sério.

– Ufa! Fazia tempo que não matava monstros assim – disse Finn estralando os dedos da mão esquerda – foi divertido.

– Sim, desde que não apareçam mais, porque esses caras são muito nojentos. Cuidado com os sapatos nessa gosma! – avisou Marceline, guardando o machado atrás das costas.

– Caramba, esse lugar tá fedendo ainda mais. – Jake tampou o nariz. Finn jogou uns pedaços de pedra descolados do piso pra cima e quebrou as vidraças do teto, criando fontes de luz natural.

– Avisa! – disse Marceline assustada, colocando um chapéu com abas largas na cabeça. Ela cobria o corpo inteiro com calças jeans, mangas compridas e luvas. Jake aproveitou a ideia de Finn e se esticou até o teto, quebrando mais vidro. Agora o chão estava perigoso por conta dos cacos e da geleia radioativa dos monstros, mas pelo menos eles podiam ver aonde iam. Logo acharam uma loja de música e arrombaram a porta de metal.

– Caramba! Então era assim que vendiam música antigamente! - Disse Finn observando as várias capas de CDs completamente empoeiradas. Também havia vitrines com instrumentos musicais.

– Bem Marceline, você sabe que tipo de música seu pai gosta. Tem aqui? – disse Bubblegum.

– Noooossa! LPs originais! – Marceline procurou por uma caixa cheia de LPs até achar um que chamou sua atenção – Edições especiais, não acredito! Isso é impossível de achar em qualquer lugar! Vocês têm noção de há quanto tempo esses caras fizeram sucesso?

– Não – disse Bubblegum sem paciência – pode pegar o que você quiser, só acha alguma coisa pro seu pai, por favor.

– Ah, Bonnie – Marceline deu um risinho – acho bom que o Jipe tenha bastante espaço, porque mesmo se a gente levar metade dessa loja não vai ser o suficiente pro meu pai e pra mim.

Acabaram colocando Jake no topo do jipe, com o corpo transformado em uma caixa enorme, cheia de LPs no fundo e CDs em cima. Marceline queria levar todos pra casa e selecionar bem antes de dar os que seu pai queria.


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Notas finais do capítulo

E é isso! Já aviso que, mesmo que o assunto música "antiga" (já que para nós é relativamente atual) seja um lugar comum na fic, não vou me comprometer a falar nomes de bandas e etc, porque sempre tenho a impressão que meu gosto por rock clássico não é abrangente o suficiente. Mas podem imaginar a Marcy surtando com os álbuns das suas bandas favoritas :3 muita gente nas fics que eu leio coloca ela como fã de rock atual e músicas um pouco mais pesadas, mas eu imagino que pra sobreviver mais de mil anos só sendo um belo clássico do rock ;D por exemplo, eu sempre imagino ela achando um LP de Pink Floyd ou Beatles nessa última cena.

Reviews? :3