The best you ever had. escrita por niiizu


Capítulo 2
Capítulo 2




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Depois de sair do porão do castelo, Finn e Marceline resolveram aproveitar a noite antes de Marceline não poder mais sair na luz do dia, então foram até uma caverna que Marceline conhecia.

– Eu encontrei esse lugar em um dia que fugia do sol. Parece bem simples, boa pra você treinar esse braço.

A caverna ficava no meio de uma montanha, fechada por uma pedra gigantesca, mas não tão pesada. Eles entraram e acenderam novamente a lanterna de Finn, observando as mesmas teias de aranha, musgo e mofo com os quais Finn já estava tão acostumado. Agora sim, ele estava no seu território. Ele usou a espada que havia “emprestado” a Marceline com desenvoltura e matou os monstros do lugar com facilidade. O lugar era realmente pouco perigoso para quem estava acostumado com cavernas como Finn e Marceline, mas foi um bom treino para Finn tirar da cabeça as preocupações que teve nas últimas semanas. Eles coletaram muitos artefatos curiosos, incrustados de joias e gravados com desenhos complexos e antigos.

– Último baú! Vem, Marcy! – Finn parecia o mesmo menino aventureiro e agitado que Marceline conhecia, e ela ficou feliz por ter encontrado algo para tirar os problemas da cabeça de Finn. Ela não se importava muito com os outros, mas, quando encontrava alguém com quem se preocupasse, essa pessoa conseguia tirar seu sono já fraco facilmente, como Simon fez por tantos anos e ainda fazia com aquela maldita coroa. Mas Finn parecia bem, e isso era o que importava agora.

– Mais ouro! Que caneca legal, olha, o cara tem um chapéu de chifres!

– Uuuh. Ameaçador. – Ela brincou. O homem na caneca era um viking, um povo muito antigo que Marceline só conhecia pelo que Simon havia lhe contado, e só sabia que o desenho representava um deles pelo chapéu de chifres e o porte gigantesco do homem. Mas eles eram inconfundíveis, Simon lhe garantira.

– Um colar! Isso é um rubi?

– Sim, e bem bonito por sinal. – O rubi estava esculpido para parecer um morcego, apenas o contorno bem simples. Uma argola e a corrente de ouro seguravam a joia.

– Combina com você. – ele limpou o colar na camiseta e o aproximou da luz para ver se havia algum resquício de sujeira. Depois, entregou a Marceline.

– Ah... Obrigada, Finn – ela corou. Eles dividiriam tudo o que Finn colocava na mochila de qualquer modo, mas o presente sem dúvida era especial.

– Por você ter me ajudado a sair daquela fossa. – ele sorriu, corando um pouco também. Um leve momento de silêncio vergonhoso caiu sobre os dois antes de Marceline quebrá-lo:

– Acho que já vai amanhecer, vamos embora.

Eles andaram apenas alguns metros antes de achar outra pedra fácil de mover. A saída era exatamente na outra extremidade da montanha, e sob ela havia apenas um oceano gigantesco. Marceline adoraria parar pra admirar a paisagem, como fizera da outra vez que se refugiou ali, mas o Sol já começava a nascer, tingindo o céu de rosa. Ela não esperou dois segundos para pegar Finn pelo braço novamente e flutuar o mais rápido que pôde até a caverna onde ficava a sua casa. Quando chegaram à porta de entrada o Sol já estava alto. Se não fosse um casaco pesado, jeans e tênis que Marceline usava, ela teria se queimado bem mais, mas seu cabelo cobriu o rosto na viagem e apenas as mãos brancas e de pele delicada ficaram com algumas bolhas, enquanto seu rosto só ficou ardente e corado. Ela também suou muito com a corrida, mas preferia suar a ter a pele cozida.

– Finn, eu vou tomar um banho. Tem alguns filmes na gaveta do criado mudo, escolhe um pra gente ver.

– Ok, eu vou pegar alguma coisa pra comer também.

Finn deixou a mochila sobre o sofá duro de Marceline e foi pegar algo para eles comerem. Como se esqueceu de pegar algo para beber, acabou subindo com um pacote de bolachas e um copo de água para si e um pote de morangos para Marceline. Assim que saiu do banho, Marceline fez um suco de morango com leite de insetos e esperou Finn sair do chuveiro também, já com o filme (um terror sangrento qualquer) pronto para começar.

Os lanches só duraram alguns minutos, pois o filme era chato, e Marceline teria trocado a fita se não tivesse caído no sono pouco depois de terminar seus morangos. A televisão ficava no quarto, virada para a cama, então ela só cobriu-se e dormiu. Finn também estava cansado e não chegou a terminar suas bolachas. Ele também só virou e dormiu.

~~

Havia um oceano muito, muito grande à frente de Finn. Ele não era como os oceanos normais, era negro e a água parecia muito densa. Ela trazia pelotas negras à areia, bolotas de um material estranho que se misturava à areia em segundos e a deixava com um aspecto acinzentado e sujo. O céu também estava estranho, de um tom acobreado escuro. Finn sempre imaginava que se o mundo acabasse o céu ficaria dessa cor.

Jake estava no cais, preparando-se para pular. Quando Finn viu, saiu correndo atrás do irmão e gritando que não pulasse. “Mas o tiozinho simpático aqui está me chamando. Ele parece tão legal, não pode ser ruim”. O tiozinho era o pai de Finn, que nadava entre as águas negras calmamente e dizia a Jake o quanto o dia estava lindo e a água boa para entrar. Mas para Finn era tudo escuro e assustador, e ele pedia que Jake não entrasse como nunca havia pedido algo a alguém. Mas Jake achou besteira das preocupações de Finn e pulou mar adentro. Ele nadou um pouco, mas começou a sentir a água pesada o puxando pra baixo, e o Martin o afogava, mas de repente não era Martin e sim o Lich, espalhando suas sombras por onde conseguissem alcançar. Finn, sem escolha, pulou no mar para salvar Jake. Ele não tinha mais medo do mar, mas esse mar negro o aterrorizava, ele mal coseguia se manter parado no lugar sem afogar e muito menos conseguia nadar até onde Jake e o Lich estavam. O céu estava acinzentado, a água estava pesada e Jake lutava contra o monstro com todas as suas forças, mas o Lich o manteve por muito tempo sem respirar e aos poucos as bolhas da sua respiração pararam de sair... e Finn estava tão longe...

– FINN! FINN! Finn, acorda. Acorda Finn, vai, por favor. – a voz vinha de longe, mas estava cada vez mais perto. Quando Finn abriu os olhos sentou-se na cama de um pulo, estava suando e ofegante. Ele olhou em volta, encontrou o rosto preocupado de Marceline e jogou a cabeça novamente sobre o travesseiro, soltando o suspiro mais aliviado da sua vida.

– Com o que você sonhou? – Marceline parecia tão preocupada, mas ao mesmo tempo tão aliviada quanto Finn por ter acordado.

– Com o Jake, o Lich, meu pai... Eles afogavam o Jake.

– Percebi. Você ficava dizendo “não Jake, cuidado” o tempo todo, até que começou a falar só o nome dele cada vez mais alto, eu fiquei com medo que você estivesse preso em algum sonho.

– Não, acho que foi só um pesadelo normal. – suspirou de novo.

– Ok, fica aí que eu vou pegar uma água. Liga o ventilador se quiser.

– Ok. – Finn tentou não pensar no sonho. Ao invés disso, pensou no dia que tivera com Marceline, nos detalhes pequenos do quarto dela e até no filme ruim que tentaram ver mais cedo. Ela chegou com uma água com açúcar (ele nunca havia tomado e achou assustadoramente gostosa por ser simplesmente água e açúcar, ele pensou) e esperou Finn tomar para colocar o copo de lado e deitar-se ao lado dele, puxando sua cabeça para perto do seu ombro. Marceline tirou seu chapéu e começou a fazer cafuné nos cabelo compridos de Finn, e apesar da situação pouco comum, ele se deixou levar pelas mãos suaves dela e caiu num sono sem sonhos, sem medo do Lich ou da morte de Jake. E ele jurou que sentiu os lábios dela num beijo suave na sua testa antes de cair no sono completamente.


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Notas finais do capítulo

Um pouco de fluff pra acalmar os corações. Reviews?