—Eu é que pergunto o quê você está fazendo aqui com Connor? E meu Deus, como ainda está vivo?

—Clarissa, tenho muitas amigas. Pra falar a verdade, Irmãs de Ferro.

—O quê? Mas como?

—Logo depois que saíram, uma menininha chamou seus pais até mim, que no caso eu estava caído no chão quase morto. Levaram-me para um hospital e eu acordei, mas é claro que qualquer hospital mundano não me curaria, então consegui sair do hospital, pra falar a verdade muito mal, mas consegui. Então fui até as Irmãs de Ferro e elas me curaram.

—Mas como? Eu o vi morrer!

—Clary, como me achou? –Disse Jace com um olhar de desaprovo. –

—Não sei, eu simplesmente entrei aqui.

—Por que você estava na rua? Você sabe que pode se perder!

—Eu estava... Hm... Com Sebastian.

—E cadê ele?

—Ele foi para casa. Jace, não acha melhor irmos para casa também?

—Jonathan não vai para lugar nenhum antes de eu terminar, Clarissa. –Disse Connor com absoluta clareza– Aliás, acho muito bom você ficar e ouvir.

—Fale logo.

—Sebastian é louco, ele é um psicopata, entendam isso! Ele tentou me matar e me mataria de novo sem pensar duas vezes.

—Nós confiamos nele. –Jace disse com um olhar sério para ele, como se fosse atacá-lo. –

Connor soltou uma gargalhada falsa e prosseguiu:

—Jonathan, qual é o seu problema? Tão inocente! Você sabe muito bem que para ele não existe as regras mundanas e Sebastian irá ter Clarissa nem se for à última coisa que fizer. E pelo jeito tem alguém caindo no papo dele, não é mesma filha de Valentim? -Disse a fitando. - Jonathan, você é tão estúpido em acreditar em sua lealdade, para ele você é apenas mais um seguidor.

—Cale a boca! Não fale assim da Clary! Você está fazendo isso por vingança, você quer ver ele sozinho e derrubado!

—Talvez seja isso também, mas ainda acho que você é um estúpido por acreditar em suas palavras sujas! Ele é um demônio Jonathan, e seu lugar no inferno está reservado exatamente ao lado de Valentim.

Clary estava a ponto de despencar, era muita informação para assimilar. Lembrava-se de seu sonho com Valentim e de seu beijo com Sebastian, lembrava também de Jace, o amor de sua vida, que por ele faria tudo e era por isso que estava ali, para salvá-lo.

Jace estava furioso, mais uma palavra e ele mataria Connor. Porém, ao mesmo tempo em que estava com raiva dele, ele queria ouvir mais, pois podia ser inacreditável, mas talvez Connor estivesse com total razão.

—Jonathan! Você não consegue entender que Sebastian é um demônio? Sebastian nunca vai mudar, ele não tem sentimentos, ele não sabe o que é amor!

Jace sentiu-se como se estivesse sido derrubado em um penhasco, estava se sentindo desmoronado. Nesse penhasco o fim seria um grande e profundo buraco negro, onde se caísse não voltaria mais.

Sentiu então uma ponta de adrenalina e era como se não estivesse mais volta. Quando se deu por conta estava em cima dele com uma adaga apontando para o coração.

—Não me faça fazer isso! Dessa vez as irmãs de ferro não conseguiram te curar Connor!

—Pensando melhor, você e Sebastian não são tão diferentes, vocês se merecem! Pode me matar se quiser não me importo, pois vocês três já estão no inferno! -Gritou Connor com ódio em seu olhar. -

Jace sem pensar duas vezes girou a adaga em seu punho e enfiou-a com toda a força bem no coração.

Clary soltou um grito despercebido e caiu no chão ao lado do morto. Vieram em sua mente todas as coisas boas que passaram com sua mãe e Luke. Pensou na primeira vez que foi ao sítio dele. Ela, Simon, Jocelyn e ele. Viu aquele garotinho com cachinhos de óculos ao lado uma menina com cabelos cor de fogo. Estavam brincando de pular corda. Jocelyn e Luke os chamaram para almoçar e os dois saíram correndo para um rio perto da casa, se jogaram dentro e então começaram a rir e brincar novamente.

Lembrou-se da primeira vez em que viu Jace e pensou que fosse um assassino a sangue frio. A primeira vez que se beijaram e a última também. Lembrou-se de Sebastian e a primeira vez que o vira também, tinha cabelos negros, relembrou de seu primeiro beijo com ele. Veio em sua memória a última vez que falara com Izzy, Alec e Magnus e o quanto devem estar preocupados com ela e Jace.

Seu pensamento se perdeu na escuridão profunda e sentiu-se como se estivesse caído e não conseguisse levantar mais.

Jace ao perceber Clary caída no chão se desesperou, uma ponta de medo correu por sua espinha. Sentiu vontade de abraçá-la e nunca mais soltar. Pensou que fosse perdê-la para sempre, então a pegou no colo correndo e levou para casa.

***

—Jace, até que enfim voltou para casa. Eu estava com a Cla... –Ao olhar para os seus braços sentiu uma vontade imensa de socar a parede, achou que ela estava morta e sentiu-se culpado por ter deixado-a sozinha. O sentido de sua vida acabaria completamente se a perdesse. –

***

Clary estava deitada em uma cama extremamente confortável. Acordou por causa do sol entrando na janela e atravessando as cortinas. Ficou se perguntando por quanto tempo tinha dormido, mas ao mesmo tempo queria dormir mais e mais. Tentou abrir os olhos, mas a luz que entrara queimava os seus olhos. Foi abrindo devagar até que se depara com Jace sentado ao seu lado a encarando.

—Até que enfim acordou Clary! –Deu um abraço forte e então começou a lhe beijar suavemente. –

—Por quanto tempo eu dormi?

—Quatro dias.

—Connor...

—Está tudo bem agora, não precisa se preocupar. –Disse ele com um sorriso confortador. –

—Eu preciso de um banho.

Clary se levantou e foi ao banheiro. Ligou o chuveiro e começou a se molhar devagarzinho. Tentou se lembrar ao certo o que havia acontecido e vieram as palavras frias de Connor para Jace em sua mente.

“Pensando melhor, você e Sebastian não são tão diferentes, vocês se merecem! Pode me matar se quiser não me importo, pois vocês três já estão no inferno!”