Entre o céu e o inferno escrita por Dama da noite


Capítulo 4
Sal e sangue


Notas iniciais do capítulo

“Cada um descobre o seu anjo tendo um caso com o demônio.”
—Mia Couto



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—O que aconteceu aqui? –Jace disse isso e foi abraçar Clary– Você está bem?

—S... Sim.

Clary estava com uma expressão pálida, como se a qualquer momento fosse vomitar.

—Jace! Esse homem me atacou, não poderia ter deixado ele vivo.

—Entendo Sebastian, vamos para casa.

Clary estava surpresa por Jace ter simplesmente acreditado em uma mentira esfarrapada que Sebastian acabara de inventar. Estava com náusea, e prestes a desmaiar.

Ao chegarem Sebastian fez uma porta no muro e todos entraram.

—Clary, é melhor você ir deitar, não está com uma cara muito boa. -Disse Jace preocupado. -

—Está bem Jace, você vem comigo?

—Eu quero conhecer a cidade, durma um pouco.

Clary subiu para o quarto pensando para onde Jace teria ido, mas ela estava muito cansada para ir atrás dele. Tirou suas roupas e foi para o banho, deixou a água bem fria para tentar amenizar os pensamentos, cada gota de água que escorria pelo seu corpo lhe dava calafrios. Após o banho, botou uma camiseta de Jace que estava pendurada no banheiro, o que a fez estranhar, até porque, desde quando Jace deixava as coisas desarrumadas.

Mas isso não lhe importava mais, estava tentando entender o que aconteceu, lembrava de Valentim e suas palavras “Tome cuidado com Sebastian. Ele faria qualquer coisa para tirá-la de Jace, nem que para isso tivesse que se matar para assim matá-lo também.”

Deitou na cama, lembrou de Connor e o quê ele disse para Sebastian sobre ela e a raiva que ele ficou, “Sangue de demônio passa por suas veias”, lembrou. O morto tinha razão, Sebastian era o demônio e Jace o anjo, mas o quê Clary não entendia era como ela podia ter dúvidas sobre seus sentimentos.

Foi fechando os olhos e aos poucos pegando no sono, estava em um sono tão leve que qualquer barulho poderia acordá-la. Ouviu o som da porta abrindo e ela desceu da cama achando que era Jace e o abraçou forte.

—Jace! Onde você estava?

—Está dormindo ainda, irmãzinha?

Clary abriu tão rapidamente que a fez tremer, era Sebastian.

—O quê está fazendo aqui?

—Não posso?

—Não, é que... Eu estava dormindo.

—Quer dar uma volta?

—Me visto em um minuto.

—Aliás, você tem pernas lindas.

Clary sorriu involuntariamente e fechou a porta do quarto.

Londres era tão bonito, finalmente podia conhecer a cidade sem interrupções.

—Não se arrepende? - Perguntou Sebastian a observando de canto de olho. -

—Do que?

—De ter abandonado tudo atrás de Jace.

—Não. Faço qualquer coisa por ele.

—Até mesmo conviver comigo?

—Até mesmo conviver contigo.

—Me odeia tanto assim?

—Na verdade não, simplesmente a nossa convivência serviu para conseguir te atuar, porque mesmo eu te odiando ou não, você continua sendo o meu irmão.

—Aliás, quem era ele? Quero dizer, Connor? - Perguntou antes que Sebastian pudesse continuar o assunto. -

—Outro inútil! Hoje em dia ninguém mais faz o serviço completo, não entendo.

—Você sabe onde Jace foi?

—A namorada é você, não eu.

Pararam na mesma praça em que ela e Jace estavam no início da tarde, sentaram em um banco afastado das crianças brincando e dos adultos conversando. Era embaixo de uma árvore, na qual os escondia o sol que estava se pondo.

Ele estava inquieto, ficava o tempo todo observando em volta, como se alguma coisa fosse os atacar. Enquanto isso, Clary estava com a cabeça baixa, pensando em Jace.

Para a surpresa dela, Sebastian a segurou pela cintura e puxou para perto de si, ele a olhava com um sorriso malicioso, então ele a beijou, sua boca tinha gosto de sal e sangue. Para a felicidade dele, Clary não o empurrou, ela apenas o beijou de volta, o que fez ele rir.

—O que foi? –Disse Clary tentando esconder o sorriso do rosto–

—Você vai rir de mim.

—Fala! O que foi?

—Fique aí um minuto, vou dar uma rosa para você.

—Rosa? Aonde você viu uma rosa?

—Tem um canteirinho ali do lado. –Disse ele se afastando, mas quanto mais se afastava mais sorria. –

“Clary?”

“Simon, oi!”

“Está tudo bem aí?

“Sim, estou com saudades!”

“Eu também, mas preciso te contar uma coisa.”

“Fale, está me deixando curiosa.”

“Onde está Sebastian?”

Clary sabia onde ele estava, mas simplesmente não poderia contar para Simon que ele a beijou e ela concedeu.

“Não sei, aconteceu alguma coisa?”

“Izzy desapareceu.”

Clary sem pensar saiu correndo pelo caminho onde Sebastian havia ido. Estava escurecendo e ela estava com dificuldade para se localizar. Passou reto por um beco e foi parar em um prédio. Não sabia o porquê, mas sabia que Sebastian estava ali.

Entrou pela garagem tentando fazer que ninguém a visse. Logo, subiu pelo elevador chegando até o último andar. Não sabia ao certo em qual porta entrar, mas ouvira vozes chegando da última porta, o que a fez ir até lá. Abriu a porta cuidadosamente para não fazer barulho e levou um choque quando viu, eram Connor e Jace.

—Jonathan! Que bom que veio.

—O quê você quer?

—Só quero que tome cuidado com Sebastian.

—E porque eu deveria tomar? Isso é ridículo!

—Sebastian ama Clary e faria qualquer coisa para ter ela.

—Eu confio em Sebastian e confio muito mais em Clary.

Clary estava na entrada tentando ouvir tudo, estava surpresa por Connor ainda estar vivo, mas acidentalmente ela se apoiou em uma mesa que estava ali e derrubou um vaso de flores. Levou um susto com o barulho e ficou paralisada.

Connor saiu correndo para onde ela estava, tentando imaginar o que poderia ser.

—Clarissa. Que bom te ver!

Ela ficou em choque quando o viu, seu rosto estava todo cheio de cicatrizes como se um carro tivesse passado por cima dele. Olhou para o lado e viu Jace a fitando.

—Clary? O quê você está fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

Não tenho previsões para o próximo capítulos. Esperem que gostem



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