Thalia's P.O.V

Depois de dispensar as caçadoras e ajudar Nico a dormir, deitei Bia em seu saco de dormir, lhe dei boa noite e assegurei mais de cinco vezes que Nico estava bem. Ela dormiu rápida e tranquilamente...

Fui deitar e deixei Kim de vigia...

Meu sonhos não ajudaram em nada... Não com o que eu estava sentindo no momento...

"Eu andava no escuro... Sozinha... Não encontrava Nico. Eu o chamava desesperadamente, mas não o via."

"- Nico! Onde você está?!"

"- Estou aqui, Thalia..."

"Eu o vi e corri até ele. Eu o abracei e o beijei, mas ele não me abraçou e nem retribuiu o beijo..."

"- Eu te amo! Eu te amo! Eu quero você! Eu amo muito você!"

"- Mas eu não amo você... - Olhei, incrédula para Nico, que sorria de um jeito presunçoso para mim..."

"- O quê? - Senti lágrimas abrirem caminho pelo meu rosto..."

"- É isso... Eu não amo você! - Ele riu. - Você é muito ingênua, Thalia... Foi só esperar até ver que seu coração estava frágil, chegar com as ataduras e depois retirar com ignorância! Foi só bancar o cara cuidadoso para te jogar fora como um pedaço de nada! Porque é isso que você é! Nada!"

" Nico riu de novo..."

"- O quê? Como assim?! Mas você me salvou! - Solucei freneticamente... Não acreditava no que ouvia..."

"- Eu tinha que manter a reputação de carinha legal... Não é? Foi só enganar você... Te deixar vulnerável. Para te atacar mais facilmente!"

"- Me... Atacar? Nico, do que você está falando?"

"Ele riu de novo... Uma risada de congelar as entranhas. Ele tocou meu rosto. Mas eu senti garras ao invés de dedos..."

"- Quem disse que sou eu, Thalia?"

" Nico mudou de forma... Ele aumentou mais ainda... Sua pele pálida deu lugar à um revestimento de couro. Das suas costas, cresceram asas também de couro. Ele agora era um tipo de homem-morcego... Como uma visão mais sinistra do conde Drácula, de Van Helsing (Esse filme é muito da hora! Quem já viu? Pra quem não viu, tem o link da foto nas notas finais...)."

"Gritei, horrorizada e comecei a correr... O falso Nico voou atrás de mim..."

"Ótimo, virei a mocinha burra dos filmes de terror!"

"Mas, cadê o mocinho?"

"Como se lesse meus pensamentos, O morcego gigante riu..."

"- É isso que você procura?"

"Ele lançou algo no ar... Eu peguei e gritei novamente..."

"Era o corpo de Nico. Cheio de sangue... Ele estava morto. E se ele estava morto, eu também estava... Não havia mais nenhuma razão para viver... O que eu fazia lá. Ainda viva?"

"O falso Nico voou novamente em minha direção... Eu corri, com o corpo de Nico dos braços... Chorando desesperadamente..."

"Encontrei uma casa e entrei... Travei a porta com uma placa de metal..."

"Depositei o corpo de Nico no chão sujo de poeira..."

"- Nico! Acorde! Sei que você está aí! Por favor! Volta pra mim!"

"Como esperado, ele não demonstrou nenhuma reação... Chorei sobre seu corpo inerte. Solucei com desespero. Pancadas constantes começaram a sacudir a porta..."

"Levantei o olhar e vi, com horror, milhares de outros corpos... Pendurados nas paredes e espalhados pelo chão..."

"Muitos deles eu conhecia... Gritei de horror ao ver Percy, Annabeth e Jason entre os corpos..."

" Eu chorava, me sacudia e gritava. Eu não podia estar vendo aquilo... Não podia ser real... Todos os meus amigos... E Nico. Mortos... Seus corpos ainda invadiam meus pensamentos..."

"As pancadas ficaram mais fortes..."

"– Eu matei todos eles! E você é a próxima! Você está sozinha!"

"- NÃO! - Gritei, desesperada... Corri, procurando outra rota de fuga..."

"Havia uma pequena porta no final de um corredor... Eu entrei por ela e vi o que eu menos queria ver..."

"Era o acampamento... Destruído... Eu havia acabado de sair da Casa Grande... Outros vários corpos se encontravam do lado de fora..."

"Uma mão agarrou meu braço... Eu ia gritar. Mas alguém tapou minha boca..."

"Eu me virei e vi Leo."

"- Shh... Você está segura..."

" Eu o abracei e comecei a chorar novamente..."

" Logo, notei que eu abraçava o corpo inerte de Leo... Tão coberto de sangue quanto Nico..."

" Eu gritei e recomecei a correr..."

"- Você nunca estará segura! Eu vou encontrar você!"

" Corri até a caverna de Rachel... Ignorando seu corpo inerte na entrada..."

"Estava tudo escuro... Corri e me aproximei da parede. Que na verdade era um túnel... Cheguei mais perto... Uma baforada quente me atingiu..."

"A criatura que fingiu ser Nico voou velozmente de encontro ao meu rosto, me fazendo gritar alto... Senti suas presas penetrarem minha jugular e gritei... Muito alto... Arranhei seu rosto, seus braços... Qualquer coisa que me ajudasse. Desesperada, chamava todos... Sabendo que ninguém viria em meu socorro... Eu estava sozinha. Desolada."

– Thalia, por favor, acorde!

Alguém me sacudia freneticamente enquanto eu gritava muito alto... Senti um forte aroma de menta...

Nico...

Acordei subitamente. Ainda gritando e soluçando. Nico me embalava em seu colo... Eu me agarrava à sua camiseta com força.

– Shh... Foi só um pesadelo... Já passou... Eu estou aqui, mia bella... Não vou deixar você...

Continuei soluçando. Ainda me agarrava à sua camiseta. Molhada pelas lágrimas... Uma coisa com a qual ele não parecia se importar...

Nico me embalou devagar e começou a cantar... Sua voz estava tão suave e harmoniosa quanto no dia em que ele cantou para Hazel antes que ela morresse em seus braços... Estava até mais harmoniosa... Ele cantava em italiano. Uma canção que, efetivamente, me acalmou profundamente...

A un passo dal possibile

A un passo da te
Paura di decidere
Paura di me

Di tutto quello che non so
Di tutto quello che non ho

Eppure sentire
Nei fiori tra l'asfalto
Nei cieli di cobalto - c'è

Eppure sentire
Nei sogni in fondo a un pianto
Nei giorni di silenzio - c'è

un senso di te

mmm...mmm...mmm...mmm...
C'è un senso di te
mmm...mmm...mmm...mmm...

As palavras suaves de Nico me tranquilizaram... Ele transformou a tempestade em um simples chuvisco...

– Que... Lindo. - Falei entre meus últimos soluços...

– Minha mãe cantava para mim... - Ele olhou para as estrelas... - Essa é uma das poucas lembranças que tenho dela...

– Bianca cantava outra, não é?

Ele inspirou profundamente e eu me arrependi de ter mencionado Bianca... A perda dela era uma cicatriz incurável... Tão incurável quanto a nova cicatriz que Hazel deixou ao partir também...

– Me... Desculpe... Eu não devia ter dito isso...

Ele me olhou e sorriu...

– Está tudo bem... E sim. Bianca cantava outra... Mas essa era só para mim...

– E a que você cantou? O que significa?

– A mensagem que ela queria passar era que, onde quer que eu estivesse, minha mãe estaria sempre por perto... E ela me sentiria, assim como eu sinto ela.

– Sempre?

– Sempre...

Sorri e me aconcheguei no colo de Nico. Pensando em como deveria ser bom ter uma mãe que está sempre por perto... Uma mãe que se importa com você...

Passei a mão por um de seus braços e vi sangue...

Olhei melhor e vi que seus braços estavam arranhados... em seu rosto haviam alguns, mas esses não sangravam. Só estavam bem avermelhados...

– Eu... Eu te machuquei! Meus deuses! Me perdoa, Nico!

Ele sorriu, calorosamente... Como é que se respira mesmo?

– Não foi nada, Thalia... Seu estado foi mais preocupante que esses simples arranhõezinhos... Nem está doendo mesmo...

– Mas está sangrando... Eu te machuquei... Deve ter doído tanto...

– Está tudo bem... Não foi nada... Você foi mais importante, la mia principessa...

Senti formigamentos enquanto caía no sono lentamente... Com Nico ainda sussurrando palavras carinhosas... Acariciando meus cabelos...

Então, naquele momento eu soube...

Não havia como escapar de Nico! Eu o amava desesperadamente! Eu não poderia viver sem ele por perto!

Nico era a razão de minha existência!