Misguided Ghosts-Thalico escrita por Tia Ally Valdez


Capítulo 23
O Pedido do Dragão Branco


Notas iniciais do capítulo

Oiê, meus amiguinhoss! Eis eu aqui novamente!
O cap ficou grande! Eu levei DOIS dias para fazê-lo!
Para quem gostou do Nico como dragão, vocês terão uma surpresa maravilhosa! Mas vão chorar litros...
Quero fazer uma pequenina dedicatória à Breh Solace. Ela sugeriu uma das cenas do cap. E eu gostei da sugestão dela!
Quanto às ones... Ainda estou pensando em como farei...
P.O.V da Thalia.
Enjoy, meus lindos.



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Thalia’s P.O.V

Acordei envolta pelos braços de Nico. Eu estava novamente com a testa apoiada em seu peitoral ultrassarado de deus grego que deixaria até Apolo com recalque. Ele estava com o queixo apoiado no topo de minha cabeça. E o som de sua respiração estava num ritmo tão gostoso que me senti completamente relaxada.

As lembranças da noite passada vieram como flashes e eu senti meu rosto queimar com o acontecimento da noite passada.

Buongiorno, principessa guerriera... Dormiu bem?

– Estava acordado há quanto tempo?

– Acordei agora há pouquinho...

Eu o abracei mais forte.

– Gostou da noite de ontem? – Perguntou.

– Foi a melhor da minha vida...

Ele riu e beijou o topo de minha cabeça.

– Estamos quase fora dos territórios de gelo... – Falei. – Quer dar um último voo?

– Se você for comigo, eu voo...

– Fechado.

Ele sorriu e se levantou.

– Vou colocar a sela.

Sorri. Nico saiu da cabine usando apenas sua bermuda. Fiquei mais um tempo olhando para o teto.

Pois é, Thalia Grace... Você vai voar de novo!

Me levantei e fui ao banheiro escovar os dentes. Minhas mãos estavam trêmulas.

Ele não vai te deixar cair... Fique calma. Vai dar tudo certo.

Terminei de escovar os dentes e vesti uma roupa que fosse boa o suficiente para que eu pudesse, pelo menos, morrer bonita.

Suspirei e abri a porta da cabine.

Quando saí, Nico já estava em sua forma de dragão. Mais lindo do que nunca. Com a luz solar batendo em suas escamas e lançando contrastes escuros pelo chão do deque. Quando me viu, emitiu mais um daqueles “ruídos fofinhos” que eu tanto amava...

Está pronta para mais um voo?

– Mais do que pronta. – Suspirei.

Não tenha medo, Thalia... Estarei com você. E não te deixarei cair...

– A gente pode tudo no céu, não é?

Ninguém nos pega. Ninguém pode ser mais veloz.

– Ei! – Reclamou Leo – Eu vou voar também.

– Não vai nos alcançar!

– Tá valendo então.

Sorri e montei Nico no mesmo momento em que Leo montou Festus. Decolamos ao mesmo tempo numa velocidade absurda. A conexão com Nico veio na hora. A sensação de liberdade, felicidade. Em sua forma de dragão, Nico amava estar no céu. Era, para ele, como estar debaixo da terra em sua forma humana: Onde ele acha que deveria estar.

– Isso é tudo, Thalia?

– Ora, Valdez... O que você quer?

– Conseguem fazer isso?

Festus rodopiou várias vezes. Depois mergulhou de encontro ao solo. Em alta velocidade.

Antes que se espatifasse no chão, Festus planou e subiu novamente em alta velocidade.

– Consegue, di Ângelo?

– N-não! – Falei. – Ele não vai...

Nico me cortou quando acelerou e rodopiou. Uma. Duas. Três. Quatro. Cinco vezes.

– Meu café da manhã...

Mas, você nem tomou café hoje...

– Estou falando do café de ontem.

Deixe de ser exagerada, Thalia... Vou mergulhar agora.

– Você vai...

Novamente, Nico me cortou... Dessa vez mergulhando em alta velocidade, em direção ao solo. Muito rápido... O chão estava a centímetros de distância quando Nico nivelou e subiu tão rápido quanto quando mergulhou na direção de Leo e Festus.

Fácil demais, Valdez...

Leo deu-nos a língua.

– Como é, Lia... – Perguntou. – Como é montar Nico?

– É como se tivéssemos... Uma conexão. Eu consigo sentir as emoções de Nico quando o monto. E ele consegue sentir as minhas... – Fiquei surpresa. – Nossa... Me sinto a Kelsey de A Maldição do Tigre... (N/A: Katherine Winchester Valdez... Você entendeu, não é?).

– Vocês e seus livros...

Ouvimos um estouro. Vindo do navio. Olhei para Leo. Ele assentiu.

– Problemas. – Dissemos em uníssono.

Nico deu meia volta em alta velocidade. Sentindo principalmente preocupação. Apenas uma pessoa invadia seus pensamentos no momento.

Bia. Nico estava com medo do que podia acontecer com sua garotinha. Ele estava numa velocidade absurda. Leo e Festus conseguiram nos alcançar.

Quando cheguei ao navio, vi algo que me fez arquejar.

– N-nico... É um...

Dragão. Acho que encontramos um dragão... Não pode ser... O dragão branco disse que todos os dragões morreram, menos ele e seu irmão.

– Acho que ainda existem dragões escondidos por aí... – Disse Leo.

Engoli em seco e olhei para o dragão enorme. Tão grande que nem cabia no navio.

– Outro dragão negro? – Questionou Leo.

Senti que Nico estava se sentindo pequeno.

– Não se sinta pequeno, Nico... Você pode muito bem derrotá-lo.

P-pequeno? Não estou me sentindo pequeno! Estou me sentindo minúsculo! Aquela coisa tem tamanho suficiente para me engolir!

– Deixe de exagerar...

Mas Nico não estava exagerando...

Ouvi Bia gritar. O dragão estava com a imensa pata sobre ela. As garras parecendo grades. Bia chorava e gritava tão alto quanto eu na Montanha-Russa do Kraken.

Dessa vez, uma sensação diferente invadiu Nico.

Ódio. Fúria. Uma tempestade violenta se acendia dentro dele.

Ele rugiu alto e atacou o dragão. Voou por cima da asa do enorme monstro e deslizou por ela usando as garras, praticamente rasgando as asas do dragão, que rugiu de dor e encarou Nico com os olhos queimando de fúria.

– Acho que atraímos a atenção dele. – Disse Leo.

Ninguém pode tocar Bia e sair impune! Agora essa fera só sai daqui quando eu estraçalhá-lo!

Ele rugiu, desafiando o dragão, que aceitou o desafio e rugiu para os céus. O rasgo em sua asa se fechou.

– Ei! Não vale.

– Tudo vale numa batalha, menina... – Ele se aproximou mais. – Você parece-me suculenta... Acho que quando acabar com esse que a protege e ousa se chamar de dragão, terei uma boa refeição com você!

A fúria de Nico se intensificou.

NÃO VAI TOCAR NELA!

Ele atacou o outro dragão, que sumiu no ar do nada.

– Mas o que...

– Thalia... – Chamou Leo. – Ele pode se teleportar?

– Acho que sim...

E ficar invisível... – Nico farejou o ar com a língua. – Ainda consigo senti-lo por perto...

– Ali!

O dragão voava velozmente em nossa direção. Abaixei. Mas levantei cedo demais.

A cauda do dragão acertou meu rosto e eu caí de Nico. Quase atingi o Argo II... Mas o errei por um centímetro e comecei a despencar em direção ao solo.

NÃO!

Nico mergulhou e tentou me alcançar. Não chegaria a tempo. Pude sentir seu desespero. Seu medo.

Claro que eu estava gritando. Alto. Com todas as minhas forças... Com tantas formas de morrer, eu morreria espatifada do chão só porque caí de uma mísera sela!

Eu apenas pensei em Nico. Em como eu o amava. Em Jason. No jeito que ele queria sempre cuidar de mim. Em Percy No ódio que eu sentia quando ele não entendia algo óbvio. Em Annabeth. Em como eu adorava quando ela se colocava prontamente para ajudar...

Arrisquei olhar para baixo. Já havia passado das nuvens. Abaixo de mim, estava o que me parecia ser o mar.

Senti a presença desesperada de Nico e consegui lhe enviar uma mensagem... Apenas três palavras.

Eu amo você.

Ele rugiu desesperado. Dessa vez acabaria. Não haveria como me salvar. Eu acabaria nas profundezas do mar. Morta.

E Nico teria de prosseguir sem mim. Pensei apenas nele. Pensei no amor que sentia por mim. E no que eu sentia por ele... Fechei os olhos com força.

E tudo parou. Eu não senti nada. Nem mesmo um impacto... Não sentia mais o vento assoviando em meus ouvidos. Mas ouvia os pássaros cantando ao meu redor.

Estou morta?

Abri os olhos com cuidado. Eu estava quase atingindo o mar, flutuando?

Um momento! Estou flutuando? Voando?

Perdi a concentração, mas assim que parei de voar, Nico me alcançou. Ele me pressionou contra seu peito quente. Seu coração batia mais rápido do que tambores rufando.

Seu desespero era maior do que qualquer outra coisa. Seu alívio era tão intenso quanto...

Viva... Você está viva... Você estava voando!

Sorri. Nico pousou no chão do deque e esperou que eu o montasse. Antes de montá-lo, uma ideia se formou em minha mente.

– Nico... Tive uma ideia. Você precisa confiar em mim e acreditar que vai dar tudo certo.

Mostrei-lhe minha ideia. Ele bufou.

De jeito nenhum! Arriscado demais! Eu quase perdi você agora há pouco! Você não vai inventar essas coisas! Pode haver outra maneira!

– Nico! Me escuta! Não há uma maneira mais eficiente que essa!

Ele me ignorou e decolou sem me deixar montar.

Você fica aí! Não vou te perder mais uma vez.

Bufei. Annabeth se aproximou por trás.

– Thalia... Ele não vai conseguir. Nico vai morrer se tentar enfrentar o dragão sozinho.

– Mas ele não está sozinho!

O dragão branco voou velozmente de encontro ao dragão imenso. Ele era um pouco maior que Nico, mas menor que seu irmão. Era o dobro do tamanho de Nico. E o outro dragão negro pareceu se divertir ao ver mais um chegar para enfrentá-lo.

– Annie... – Falei quando o dragão negro abaixou a cabeça para atacar Nico. – Annabeth!

– O que foi?

– Aquele dragão... – Apontei para a cabeça do dragão, onde havia uma pequena silhueta.

Annabeth arquejou.

– Está sendo montado!

– Preciso ir até lá!

A silhueta aproveitou-se da proximidade de Nico e , pelo lampejo brilhante que vi, ergueu uma espada.

– NÃO!

Antes que a silhueta perfurasse o coração de Nico, o dragão branco o empurrou e a espada perfurou seu peito. Nico rugiu e fez um grande esforço para pegar o dragão e deixá-lo no deque do Argo II. O dragão cobria quase todo o deque.

Corri até ele. Estava gravemente ferido. A espada perfurara seu coração.

Ajoelhei ao seu lado e acariciei seu focinho. Ele emitiu um ruído.

– Pelo menos partirei sabendo que fiz algo por vocês...

– Shh... Não pense assim. Eu vou dar um jeito de te ajudar. Aguente só mais um pouco. – Senti meus olhos marejados. Olhei para Annabeth. – Cuide dele. – Peguei meu colar de frasco de néctar e joguei para ela. Depois corri até o mastro. Engoli em seco e subi até o topo.

Ignorei meu medo de altura e me equilibrei com cuidado no topo do mastro. Precisava atrair a atenção do dragão. E eu sabia como... Eles são extremamente vaidosos. E orgulhosos. Não levam desaforo para casa.

– EI! SEU ESTÚPIDO! – O dragão virou-se devagar para me encarar com puro ódio. – COMO É QUE VOCÊ VOA COM ESSA BANHA TODA?

O dragão rugiu alto e desceu em minha direção com a bocarra aberta. Preparei-me.

No momento certo, saltei para dentro de sua boca. Ouvi os gritos dos outros abaixo e os rugidos de Nico.

Saltei propositalmente para sua garganta e deslizei até o que parecia ser o estômago. Prendi a respiração.

Peguei a espada de Nico, que comecei a levar comigo, e cravei na “parede” de seu estômago. Ele rugiu, e, pela sensação, estava perdendo altitude. Mas a recuperou na hora. O lugar em que a espada perfurou se fechou.

A pessoa! A pessoa que monta o dragão o cura instantaneamente!

Morrendo de nojo, usei a espada de Nico para escalar a garganta do dragão até a úvula... Voltei a prender a espada de Nico às minhas costas e agarrei a úvula, arranhando-a propositalmente. O dragão rugiu. Pelo cheiro que eu senti, estava prestes a vomitar. Soltei a úvula no momento certo. O dragão me vomitou.

Tossi ao atingir o chão. Os outros vieram em minha direção.

– Eca... – Comentei. – Tobias! Um pouco d’água.

Tobias usou o cristal para me limpar. Olhei para o dragão branco... Estava tentando aguentar. Mas não conseguiria aguentar muito mais tempo.

– Nico! Venha aqui!

Nico voou em minha direção no último momento. Saltei para a sela e ajustei as tiras desta vez. Assim Nico poderia fazer quantos movimentos perigosos quisesse. Ele se aproximou do dragão e eu arquejei ao ver quem o montava.

Estava sem palavras nenhumas para dizer ao garoto que se encontrava sobre o dragão. Apenas uma palavra pôde sair de minha boca.

– Luke?

Ele riu ao me ver.

– Thalia... Há quanto tempo...

– M-mas... O que você está fazendo? Como voltou?

– Não estou exatamente de volta, Thalia. Apenas ganhei um corpo.

– A Pedra Negra...

– Não se encontra em minha posse. Se encontra sob a posse daquele a quem obedeço.

– Você está trabalhando para... Drácula?

– Com certeza... Não vim aqui para te matar, mas matarei se necessário. Afinal, meu... Chefe. Necessita de pelo menos seu corpo. Então, seja uma boa garota e suba no dragão.

Soltei as tiras que prendiam minhas pernas.

Thalia! Não!

–Nico... Não me siga. – Eu já tive uma ideia... Acalme-se. Sei exatamente o que fazer.

Ok. Cuidado.

Subi na cabeça do dragão e me aproximei de Luke.

– Muito bem, Thalia... Assim é que se faz. Me poupa o trabalho.

Sorri e me aproximei. Luke também sorriu.

Quando eu estava bem próxima, cravei a espada de Nico em seu peito. Ele gritou e me empurrou de cima do dragão. Eu o puxei junto e usei toda a minha concentração para flutuar. E consegui. Retirei a espada de Nico e Luke caiu. Antes de sumir da minha vista, se transformou em cinzas.

Voei até a sela em Nico e peguei meu arco.

Mirei com cuidado e atirei a flecha, acertando a garganta do dragão. Ele rugiu de dor. Peguei a espada de Nico e a cravei no peito do dragão. Ele rugiu de dor e explodiu em cinzas.

Exaustos, eu e Nico pousamos. Assim que chagamos ao deque, Nico voltou a sua forma e correu comigo até o dragão branco.

– Tenho que partir, menina...

Comecei a chorar e acariciei o focinho do dragão.

– Você me ajudou mais do que imagina... – Disse Nico. – Obrigada por salvar Bia. E por me salvar... Eu é que deveria ter morrido.

– Não se culpe pelo que me aconteceu, Nico di Ângelo. Tenho apenas um último pedido para lhe fazer...

Olhei em volta. As crianças, principalmente Bia, choravam. Calipso também chorava. Katie abraçava Travis. Annabeth chorava sem esconder. Percy e Nico seguravam suas lágrimas ao máximo. Leo e Travis também.

– P-Peça... – Nico deixou escapar um soluço.

– Não faça com que nós, dragões, morramos. Não faça com que a era dos dragões acabe. Aceite... Aceite continuar com o poder do dragão.

Nico baixou a cabeça e deixou algumas lágrimas escaparem.

– E-eu p-prometo... Que vou continuar com o poder... Eu não vou deixar que os dragões desapareçam...

– Isso é... Ótimo. – Ele me olhou. – Menina... Lembre-se do que eu lhe disse... Se seu amado morrer, tudo estará perdido... Não o deixe partir...

Assenti, soluçando. O imenso olho azul-gelo do dragão branco fechou-se lentamente e, aos poucos, seu corpo foi se transformando em uma suave e bela nevasca, que se afastou do navio e voou para longe. Para um lugar que nem nós conhecíamos...


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Notas finais do capítulo

E aí? Choraram?
Desculpem pela morte do dragão... Era necessário.
A cena que a Breh Solace sugeriu foi aquela cena onde a Thalia cai do Nico e consegue voar antes de atingir o mar... Obrigada pela sugestão, gatah!
As ones estão em produção!
Kisses, meus leitores maravilhosos!