Simple Bad escrita por Mayy Chan


Capítulo 3
Simple Trip


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sei que sumi, sei que abandonei, sei que descumpri minha promessa... porém eu tô de volta e agora é fixo porque peguei afeto por essa fanfic e... já escrevi um tanto bem considerável de capítulos também kk. Sim, Mayy Chan uma vez na vida se adiantou até o capítulo dezesseis em algo que está... no três? KKK. Sim, sim, sim, é que eu estou muito apaixonada. Porém, no total, temos 31 comentários e 64 acompanhamentos, então surjam do além e me façam uma autora mais feliz e motivada KK.
Beijo beijo, tia Mayy ama vocês do fundo do core s2
Dedico esse capítulo pro Titã, o ser mais adorável que recomendou essa fic sendo muito amável.
XOXO, Mayy.



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Bati grosseiramente na porta de Percy Jackson. Olhei nos ponteiros do relógio que o mesmo mantinha na parte externa de sua porta, e eles indicavam ser mais ou menos umas cinco da manhã. Era óbvio que o gêniozinho da matemática deveria ter um relógio na porta do dormitório para não parecer tão falso.

Quando passei mais de três minutos sem ser respondida, resolvi tomar minha própria atitude. Puxei um dos grampos que prendiam minha franja e, assim que coloquei um papel por debaixo da porta — bem no rumo da maçaneta — enfiei-o dentro da tranca da porta e o mexi lá dentro. Ouvi o singelo tintilar do metal caindo no chão e puxei o papel pra mim novamente. Bingo.

Destranquei a porta e notei o quão escuro estava o quarto. Claro que alguém estaria esperando isso, principalmente a essa hora, porém esperava que alguém além de mim ainda dormisse com abajur depois dos dezesseis anos. Abri as cortinas, porém a luz solar ainda não havia entrado, o que foi uma grande decepção. Ao ligar as luzes, pude encontrar o que devia ser a cabeça de Percy por debaixo de um monte de cobertas empilhadas sobre seu corpo. O frio hoje era irrevogável, porém jamais achei que alguém realmente sofreria com ele na noite. Joguei minha mochila no canto da sala e fui em sua direção.

— Bom dia, Jackson. Espero que tenha tido uma boa noite de sono. — sorri puxando suas cobertas. — Na verdade, não espero nada, porém você poderia ter uma... — minha boca foi tampada e meu corpo foi movido em um arranco que quase me fez perder o equilíbrio.

Quando fui notar, estava dentro de uma sala de azulejos com... mictórios? De algum motivo estúpido, o moreno me trouxera para dentro do banheiro do seu dormitório. Tenho certeza que, se os tabloides soubessem disso, provavelmente alguma revista iria lançar algo com “Gênios também tem coração” em letras escarlates em uma capa de uma montagem que um editor qualquer tenha feito em troca de alguns poucos zeros na conta bancária.

— A insanidade te afetou, Chase?! Esqueceu que eu tenho um colega de quarto? Isso é uma ousadia muito grande da sua parte. — me olhou alterado.

— Eu não me importo com o estado de sono de Leo Valdez, na verdade...

— Como você sabe quem é meu colega de sala? — arqueou as sobrancelhas como se estivesse lhe devendo uma resposta.

— Eu dei uma pequena olhada nas fichas escolares, mas isso não importa. Vim aqui porque vamos pra cidade.

— Primeiro: olhar as fichas alheias é motivo de detenção. Segundo: não vamos pra cidade.

— Não vou ser punida se estiver com quem controla isso. E sim, vamos pra cidade pra começar nossas pesquisas.

— Não vamos mesmo. O primeiro ônibus sai seis horas, e eu nem estou vestido adequadamente. — olhei bem para seu peito desnudo e a bermuda preta. É claro que não eram trajes bem comuns para um frio, porém acho que essas são as vestimentas para todo garoto que ao mínimo tenha uma massa muscular aceitável. — Fora que ninguém que eu conheço vai.

— É por isso que eu estou aqui. Escove os dentes, penteie essa bagunça que você chama de cabelo, arranje uma roupa que vou arrumar suas coisas. Não adianta contestar, temos uma troca para fazer e você tem que cumprir sua parte.

Ele se virou, balançou o cabelo e bufou. Claro que o garoto não queria ir, não esperava isso de qualquer forma, porém esperava o mínimo de animação por sair dessa prisão enorme.

— Tá, que seja. Só que vamos no meu carro, eu que vou dirigir e não se silencie no trajeto. Ah, e me dê licença porque eu vou me banhar antes.

É claro que a minha curiosidade se acendeu. Podia ver através dos olhos verde azulados que alguma verdade era escondida, porém guardei minhas perguntas. Se ele quisesse me falar sobre a sua vida teria o feito, então resolvi apenas ir para o seu quarto arrumar sua mala.

Ao sair do banheiro, um corpo masculino estava sentado sobre a cama com uma cara incrível de sono. Magrela, alto, cabelos encaracolados e sorriso lateral. Típica cara de safado, ou mesmo garoto problema. Abri uma cara de psicopata para ver se fugia de uma futura conversa, porém fui surpreendida com uma mão estendida a mim.

— Leo Valdez, prazer.

— Já nos conhecemos, Garoto em Chamas. — revirei os olhos.

Não que fosse algo surpreendente ele não me reconhecer, porém nosso primeiro contanto foi praticamente inesquecível. Graças a um de seus experimentos químicos, eu e mais um grupo de sete pessoas fomos parar na UTI. Pelo que vira, suas combinações eram ótimas, seu cálculo era perfeito e suas construções eram invejáveis... porém suas habilidades químicas deixavam a desejar.

— Ah, claro, a loira filosófica e moralista, como poderia me esquecer? Você me deu a maior prensa da minha vida. É um prazer te rever. Temos algum tipo de horário juntos, ou é seu primeiro dia?

— Cheguei uns quatro dias atrás.

— E o que está achando? Nova cidade, nova escola, novos amigos...

— Estamos no meio do mato, em um lugar que acho que nem GPS pega; sou companheira de quarto do meu irmão e conheci todo mundo aqui em competições pra ver quem gastava mais tempo lendo livros de vestibular. Acredite, não há nada que me prenda aqui por momento. Menos meu irmão, porque estou aqui graças ao fato de ele ser um insistente de merda. — abri as portas do que devia ser o guarda-roupa de Percy e, na ponta dos pés, procurei por alguma vestimenta de frio.

— Que grande... positivismo. E então? O que faz em um dormitório puramente masculino no meio da madrugada?

— Vou pra cidade com o Jackson. Se quiser, pode me ajudar a arrumar as coisas. Ou seja, queira. — joguei uma sacola térmica que estava dentro da minha mochila para o garoto. — Vá até a cozinha e me arrume comida boa.

— E o que eu ganho em troca? — arqueou uma sobrancelha. — Você realmente estava achando que eu ia fazer algo sem nada pra receber em troca? Que ilusão mais estúpida, senhorita Chase. — sorriu de lado, me olhando com um olhar de menino problema.

— Pode ficar com o meu café, almoço e janta de hoje e amanhã. Eu pedi para que levarem pra mim por motivos acadêmicos, então é só bater na porta e o meu irmão vai te entregar.

Talvez essa troca parecesse um pouco estúpida, porém ninguém jamais entenderá como sofremos com a comida da escola. Aparentemente, pessoas com um QI muito elevado são obrigadas a manterem uma alimentação saudável e sem batata frita nos meios de semana. Quando chega sábado e domingo, os que ficam na escola fazem realmente um banquete que, pra mim, não faria muita diferença pois sou vegetariana.

— É um prazer fazer uma troca com a senhorita. — saiu radiante e sorridente, como uma grande criança estúpida e feliz.

Aproveitei o momento de paz para poder arrumar a mala de Percy. Alguns agasalhos, um mapa que achei dentro de uma gaveta, roupas íntimas — que aparentemente eram divididas por ordem de cor —, calças e alguns sapatos. Quando ele chegasse, o mandaria terminar o trabalho para mim colocando seus objetos de uso pessoal. Porém, enquanto o mesmo não terminava de se arrumar, procurei algumas coisas especiais. Duas cobertas enormes, um travesseiro e um pequeno pote de jujubas.

— Vira pro lado que eu vou me trocar. — Jackson entrou no quarto com uma toalha enrolada na parte inferior do tronco.

— Acredite, você não tem nada aí que eu queira ver. Porém, por educação, vou ir arrumando suas coisas no banheiro.

— Não, fica aqui que eu vou arrumar isso. — soltou a toalha provando que já havia colocado a cueca e a calça. — A casa é sua. E, só pra lembrar, quando você faz bagunça, seu pai te coloca de castigo. — sorriu lateralmente, me olhando por trás das costas enquanto eu revirava os olhos e me jogava na sua cama de solteiro.

— Você realmente quer ir pra cidade comigo?

— Quero só ficar longe das responsabilidades de representante de classe por um fim de semana. Não faço isso desde que estou no cargo, e adoraria tal coisa. — abri a boca para poder relutar, como se estivesse ofendida, porém ele continuou antes que eu tivesse a chance. — Brincadeira, Chase. Será um prazer acompanhar a senhorita, apenas estou com meu habitual mal humor matinal.

— Não estou surpresa. É quase científico que garotos de mal humor trocam de roupa na frente das notavas da sua sala.

— Você não é notava pra mim, na verdade é a pirralha mais adorável do mundo.

— Você não é tão mais velho que eu, senhor Jackson. Nós bem que podíamos formar um daqueles casais hippies que fumam e bebem até entrar em coma.

— Claro, só digo que a pessoa com cabelo comprido vai ser você. — sorriu e pegou as chaves. — E então, senhorita Chase, gostaria de ser a minha companhia essa noite? Prometo cuidar muito bem de você.

–--•---

— De acordo com o mapa, a biblioteca da cidade fica a sete quadras daqui. — voltei o mapa de cabeça pra baixo para ter uma certeza maior, ajeitando melhor meu casaco.

A possibilidade de eu morrer de hipotermia a cada segundo se tornavam mais e mais prováveis. Já tinha até escondido meu nariz com o cachecol, porém nunca parecia o suficiente. Percy, ao contrário de mim, mal parecia se deixar afetar pelos dois graus negativos que congelava toda e qualquer parte da extensão do meu corpo.

— Se formos pelo posto de gasolina, serão apenas quatro quadras.

— Ainda sim são muitas, e a probabilidade de eu conseguir andar tanto assim com esse frio são quase nulas.

Percy se abaixou e apontou para suas costas. Olhei direito para ver se não havia nenhum tronco de visgo caído sobre seu corpo, porém estava limpo com apenas um pouco de neve.

— Não vai subir?

— Subir? Nas suas costas?

— Ou prefere andar?

— Eu sou uma lady, não posso subir nas suas costas nesse frio insuportável e, além de tudo... — fui interrompida por uma puxada rápida no meu troco e, quando me dei por mim, estava sendo carregada que nem uma bebê sobre os ombros de Percy Jackson, que sinceramente falando pareciam ser bem resistentes — e malhados.

Tentei chutar, gritei um pouco, puxei seu cabelo, tentei puxar seu agasalho, e até mordi o seu braço, porém não obtive muito resultado a não ser olhares de “que bonitinhos” enquanto passava na rua, ou mesmo alguém rindo da minha linda situação. Depois eu que sou a pirralha de dezesseis anos que não tem maturidade.

Algumas esquinas depois, eu comecei a aproveitar a situação e me concentrar nos rastros de pisada deixados e filosofar. Talvez, quando saísse daquela situação constrangedora, poderia até escrever um livro com “agradeço ao cara infeliz que me tirou da minha paz terrena” nos agradecimentos.

Quando chegamos em frente a uma enorme habitação atijolada, com “Biblioteca Nacional” escrito em uma letreiro levemente coberto pela neve, descobri que era para onde eu devia ir. O moreno me colocou gentilmente sobre o chão e já corri para dentro das dependências ouvindo apenas um algo sobre agradecer ser uma coisa louvável.

Chegando na porta, senti a presença do garoto comigo e entramos juntos dentro da biblioteca, que era maior ainda de dentro do que de fora.

— Olha nos livros, eu nos jornais. Qualquer romance real ou fictício, tanto faz. Me manda mensagem se achar algo, porque eu estou indo pro andar superior. — sussurrei e cumpri com o que tinha dito.

Meu celular rapidamente vibrou e eu, calmamente, o peguei do bolso do casaco e tirei minhas luvas para poder encostar direito na tela, colocando-as sobre uma mesa qualquer onde se encontrava com um jornal encima.

“Eu achei Romeu e Julieta, acho que isso é romântico o suficiente kk”

“Annabeth?”

“Annie?”

“O que houve?”

Porém já não podia responder enquanto encarava aqueles olhos verde azulados sobre a primeira página dos tabloides. Deixei com que minhas luvas caíssem, cambaleei um pouco para o lado, porém o ar não voltava para os meus pulmões.

Aquilo era, definitivamente, a pior catástrofe que poderia acontecer agora.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem e não se esqueçam de comentar, ok? Recomendações também são muito bem vindas U_U.
XOXO, obrigada por tudo, Mayy.