Simple Bad escrita por Mayy Chan


Capítulo 4
Simple History


Notas iniciais do capítulo

Hey, moças. Vocês devem estar estranhando minha demora... eu também estranhei KKK. Na verdade, nem sabia que estava a tanto tempo sem postar até quando a Isa M me mandou uma MP falando que eu estava há 50 DIAS sem postar nada. Cara, sério que eu não fazia ideia. Acho que me envolvi demais na época de provas e acabei meio que desleixando com aqui. Mas, bem, isso não é desculpa -q. Estou com capítulos prontos, como já disse, e as férias estão livres. Esperem por mim, adorarei postar para vocês U_U.
XOXO, Mayy



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Me sentei ao lado de Annabeth e esperei até a mesma melhorar de seu surto desesperador. Podia-se ainda ver claramente o medo em seus olhos grandes e acinzentados. Era a primeira vez na vida que a encontrara sem que a mesma aparentasse alguma espécime de autoridade superior. Era como se seu irrevogável poder sobre as pessoas se demonstrasse finalmente claro.

Passei as mãos pelos seus cabelos loiros enquanto a mesma continuava com aquele jornal em mãos. Por mais que tentasse ler a reportagem, a mesma impossibilitava meu trabalho o segurando semifechado com tanta força que os nós de seus dedos já se encontravam mais brancos que o normal, contratando nas unhas bem pintadas de alguma cor intensamente escura de azul.

Algo curioso sobre a garota eram seus pequenos tiques enquanto estava concentrada demais pensando em algo. Os olhos piscando rápidos, o óculos escorregando pelo nariz fino e singelo, e até mesmo a posição completamente inimaginável que suas sobrancelhas se arqueavam. Uma combinação engraçada, porém que transparecia uma clareza que eu não podia encontrar em outro lugar.

— Eu achei. — sorriu abertamente com os olhos ainda vidrados em algum lugar indefinido no horizonte.

— O que você achou?

— Cronos está vindo para cá.

Em todos os anos em que passara naquele internato, jamais pensei em realmente encontrar alguém que se interessasse em um assunto tão... tenso.

Engoli seco, tentando evitar demonstrar fraqueza. O homem sempre obtivera aquele sorriso confortável, porém não passava de um ditador com vício por poder. Ele era praticamente o ex-diretor de nossa escola, porém havia sido afastado por cometer algumas infrações não reveladas pela imprensa, e logo se tornou milionário apostando na bola de valores.

Não fazia a mínima ideia do que meu pai se referia, porém me lembro claramente de ele me pedir para jamais confiar em um dos Titãs — um grupo de homens de alto poder aquisitivo que chegaram ao poder de alguma forma aparentemente inexplicável. Era óbvio que, tendo recebido essas palavras do meu pai, um cara que mal tem tempo para se lembrar da data do meu aniversário, era algo a me manter atento.

— E qual seria o motivo da animação repentina?

— Você sabe quem ele é. A fortuna dele é tão grande a ponto de conseguir comprar sua própria empresa de produtos farmacêuticos. De acordo com pesquisas recentes, as vendas são ótimas e a taxa de precisão em seus medicamentos é de aproximadamente 96%!

— Chase, você sabe que esse é um número alto o suficiente para se duvidar de suas fontes, não sabe?

— Qual é, Jackson?! É a primeira vez que vamos ter contato com um dos Titãs, você tem noção disso? Se você tem contato com um deles, a sua fonte de informação é sempre ilimitada. Assim, poderíamos terminar nossa pesquisa. — seus olhos tempestuosos brilhavam de excitação sobre a notícia.

Pensei algumas vezes, e resolvi não comentar sobre o assunto. Annabeth Chase oficialmente não havia sido muito amada na infância, e assim como nós também não teve muito contato com os pais. Não era a primeira vez que ouvia alguém tentando desvendar o amor, em uma breve e tola tentativa de senti-lo como se fosse realmente transmitido de uma pessoa de carne e osso.

Olhei melhor a decoração da biblioteca, e podia notar sua característica meio vitoriana. Alguns quadros com rostos incógnitos ocupavam as paredes irritantemente amarronzadas e facilmente poderia notar-se que a área daqui era bem maior do que de toda a nossa escola. Não que estivesse reclamando, porém não reconheceria livros o suficiente para poder ocupar todas aquelas estantes estranhamente limpas e sem cheiro de mofo.

Algo me parecia estranho naquela livraria, pois não conseguia facilmente aceitar a ideia de coisas perfeitas. Nada era perfeito, na verdade. Poucas vezes poderíamos aceitar isso, mas não passava da mais dura e irrevogável certeza. Algo comprovado cientificamente por alguém que provavelmente teria a facilidade de notar além dos olhos humanos repletos de sentimentos perversos.

Peguei o jornal em suas mãos e o depositei sobre a mesa. Logo após segurei em seus pulsos e lhe dei a mão em uma tentativa de ajudá-la a se levantar.

— O que você está pensando em fazer? — tentou puxar o braço para si em um movimento defensivo.

— Você precisa de uma boa dose de realidade, mocinha.

— E onde o senhor pensa em me levar, Jackson? — questionou divertida.

— Para onde todas as pessoas maduras vão. Vamos tomar sorvete.

–- ˟ --

— É claro que você não consegue “ler” as pessoas. — indaguei lambendo um pouco do meu sorvete de limão que já escorria entre meus dedos.

— Pessoas são previsíveis como equações genéticas. Não há erros, todos sempre seguirão o mesmo padrão. Ou serão psicopatas. — riu de sua própria piada, me olhando de soslaio. — Ainda mais quando estão em bando, é claro.

— Você poderia parar de comparar casais com um “bando”? Sabia que o fato de elas terem o coração não as transforma em um tipo de monstro horrível ou coisa do tipo?

— Está insinuando que eu não tenho coração? É claro que eu tenho um, e repleto de sentimentos ainda por cima. Agora, por exemplo, eu estou sentindo aversão de olhar esse sorvete escorrendo pela sua boca e manchando sua blusa. — enrugou o nariz fazendo uma feição engraçada. — Credo, Jackson, você parece uma criança comendo.

— Nojo não é exatamente um sentimento. — lambi o canto da boca em uma tentativa inútil de limpá-la. — E, ei, eu posso ao menos tomar sorvete sem que você fique com essa sua neura de perfeição?

— É claro que nojo é um sentimento. Aliás, ele te dá a mesma vontade vomitar que o amor. Ao menos é isso que eu li nos livros de romance da minha mãe.

— Sério que você compara o amor com um daqueles livros inúteis pra menininhas? Aposto que é um daqueles “eu te odeio, mas isso me faz de amar”.

— Não... — corou lambendo um pouco do seu sorvete de baunilha para disfarçar. — Ok, talvez seja um desses.

Revirei os olhos, rindo e limpei a minha boca com as costas das mãos. Aparentemente, pela minha breve experiência com a garota, pude notar que ela era bem mais liberta em momentos simplórios como, bem, tomar sorvete. Nesses breves minutos, o brilho superior em seus olhos já aparentava algo menos mortífero e desagradável, deixando suas feições mais leves e fáceis de serem apreciadas. Não que eu a estivesse apreciando, claro, eu era um homem de respeito, porém não poderia evitar essa irrevogável verdade.

Mesmo com os óculos, blusas alguns tamanhos maiores do que seu corpo pequeno e esguio, o rabo mal feito e sapatilhas de ursinhos, era fácil ver uma singela beleza na combinação da pele pálida, cabelos loiros e olhos profundamente cinzentos. Talvez essa fosse a melhor definição de Annabeth Chase: portadora de uma beleza singela e... um pouco exótica.

Desde que chegara na sorveteria, vinha pensando em conta-la sobre Cronos, porém resolvi apenas me manter por perto caso ela tentasse fazer alguma besteira. Sei como a mesma era fraca com a pressão por parecer inteligente, então tentei seriamente disfarçar meus pensamentos e me manter calmamente do seu lado.

Me coloquei ao seu lado e fomos de volta para a biblioteca. Claramente, era uma das maiores estruturas que vira em toda a minha vida, parecia maior ainda vendo a loira, com seus um metro e meio, atravessando a porta gigantesca.

A segui com lentidão, até que paramos em frente a uma bibliotecária de cabelos ruivos e um pouco volumosos. Seus olhos pareciam percorrer todo o balcão, jovens demais para alguém maior de idade.

— Hey. Você poderia me ajudar a encontrar um livro?

— Ah, olá moça loira. Claro que sim, diga-me qual e te respondo onde.

Uma característica engraçada da garota era a forma em que jogava as palavras rapidamente, porém ainda se era fácil de entender o que se era dito. Os óculos enormes escorregavam pelo seu nariz fino e seu andar fazia parecer que a mesma voava inquietamente.

— Eu quero saber onde ficam os livros sobre amor.

— Romances? Eu adoro romances. Nos meus dias livres, fico na sessão romântica. Eu li em uma pesquisa semana passada que eles são ilusórios, e tendem a te deixar pior que um de drama quando comparados ao amor medíocre que somos expostos, porém não concordo plenamente com essa teoria.

Vi um sorriso breve abrir no rosto de Annabeth, como um respingo de esperança. Alguma ideia filosófica deveria ter passado por sua cabeça, pois rapidamente voltou a conversar com a garota.

— É, essa mesmo. E então, poderia nos levar pra lá?

— Claro que sim! — se colocou na nossa frente e se pôs a andar inquietamente pelas escadas de mármore do salão. Se não já houvesse estudado as peculiaridades da gravidade, provavelmente duvidaria muito que aquele andar fosse realmente impossível. — Bem, são aqueles desde a segunda até a quinta estante. Ao menos os mais populares.

— Obrigada pela sua ajuda...?

— Ella, e você?

— Annabeth. Bem, senhorita Ella, algo me diz que vamos nos ver mais vezes. — dá um sorriso cumplice que a outra rapidamente entende.

— Tudo bem, senhorita Annabeth. — pisca um dos olhos grandes e sai novamente com os passos leves para as escadas.

Olho para a loira ao meu lado com um olhar questionador, que logo me é retribuído com um arquear de sobrancelhas e feição de quem sabe mais que você. A mesma se sentou no chão sorrindo com as pernas cruzadas uma sobre a outra e passou a olhar as fileiras de baixo.

— Vamos, confira as de cima para mim.

— O que exatamente estamos procurando mesmo?

— Um livro de amor de verdade, nada Romeu e Julieta.

— O que seria um amor de verdade?

— Um que não tenha um “felizes para sempre” implícito no final.

Olhei para os olhos tempestuosos e me concentrei. Por que ela era tão... vazia? De todas as obsessões que estudara em minha vida, jamais conhecera alguém com essa disposição incrível para poder provar que o fator mais comentado por todos os filósofos e garotinhas de Tumblr — vulgo, amor — não passava de uma concepção formada por nós, meros mortais, para poder explicar um sentimento que poderia nos destruir — ou nos tirar das cinzas.

Peguei um dos meus livros prediletos, me sentei ao seu lado escorando em uma estante e bati as mãos sobre minhas pernas.

— Não vou sentar no seu colo. Isso é indecente. — indagou sem ao menos olhar para meus olhos.

— Você pode parar de ficar na defensiva? Eu quero ler para você, Chase. Provar que o amor é real.

— Amor é algo inventado para os mortais colocarem nome em uma dorzinha chata no coração. Um mito muito falso por sinal. Devia ser uma doença.

— Vamos, relaxa e deita. Vamos ter uma longa tarde hoje. Amanhã prometo que vou ceder a sua causa, loira.

Vi ela se recuar um pouco para trás e revirei meus olhos. Acho que estava na hora de Annabeth Chase, a menina que eu mal conhecia, saber um pouco mais de um amor que eu mesmo decorara quando tinha os meus sete anos. Compartilhar algo com ela me parecia fácil, pois sua frieza me era confortável de todas as formas mais complexas possíveis.

— Vamos, me conte quem te deixou assim. Um pai bravo, uma mãe mandona, um irmão insuportável... um novo amor...? — rio de lado piscando, o que me rendeu um tapa fraco na canela e um sorriso genuíno porém pequeno. — Se não se sentir confortável de falar disso agora, posso esperar o tempo que for.

— Bem, eu prefiro falar sobre isso quando nos conhecermos no mínimo umas... sete semanas. E isso se tivermos ainda um bom relacionamento até lá.

— Então temos um bom relacionamento? — arqueei as sobrancelhas. Infelizmente, minha brincadeira só foi retribuída com um mostrar de língua infantil. — Vou considerar isso como um “obviamente sim, caro melhor amigo”.

— Sabe, você tem um ego tão horrível que me dá ânsia de vómito.

Dei de ombros, arqueando as sobrancelhas. Não poderia sentir alguma forma de oposição das minhas vontades internas de fazer isso. Sabia que no fundo queria poder realmente compartilhar um pouco da minha vida de merda com uma garota... irritante e um pouco petulante também.

Respirei fundo, aproximei meu corpo do dela e comecei a falar.

— Tudo começou em uma tarde de 1998...


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Notas finais do capítulo

Bem, acho que esse é o final desse capítulo. Espero que vocês gostem do resultado, porque tem MUITA coisa pela frente para acontecer com eles U_U.
XOXO, Mayy