A Fórmula do Amor escrita por Gabriel Campos


Capítulo 34
A vida imitando a arte




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Diário da Ludi

Ali estava eu mais uma vez, voltando a viver. Tentando achar um caminho para a minha vida. As ideias vinham à minha mente, e logo eu estava posicionada em frente ao computador.

Estalei os dedos e comecei o meu trabalho. Achei que aquilo sim era o que eu gostaria de fazer.

As palavras vinham à minha mente como mágica, como se alguém as soprasse no meu ouvido. Seria minha mãe a me ajudar?

As pessoas aceitariam ter sua vida exposta em um livro? Eu queria apenas contar as nossas aventuras entre páginas e páginas bem escritas por mim. E foi naquela loucura que eu me embalei e não parei mais. “A Fórmula do Amor” seria um campeão de vendas. Ah, se seria!

💜

Diário da Andreza

Rafa e eu entramos em um acordo. Ele ficaria com a Débora às segundas, quartas e sextas, e nos outros dias da semana ela ficaria na minha casa.

Ele mostrava-se arrependido do que fez e queria reatar o casamento. Fernando, por sua vez me conquistava a cada dia. Eu estava muito dividida!

Na segunda à noite, quando ele veio me entregar a menina, chamei-o para conversar. Uma conversa séria.

— Rafael …

— Você nunca me chamou assim.

— Prefiro. Bem, eu me decidi. Eu estava muito dividida, muito confusa, mas eu pensei, pensei e cheguei a uma conclusão.

— E qual é?

— O Fernando me pediu em namoro ontem e eu vou aceitar, Rafael.

Eu não tinha certeza de que aquilo seria algo certo. Eu não gostava de Fernando, eu não sabia se depois de tudo eu poderia manter meu emprego, criar Débora à custa dos meus pais não seria uma boa ideia. Eu estava sem um beco sem saída e Rafael mal podia saber daquilo.

Eu tinha que mostrar para ele que eu era forte, apesar de tudo.

E eu não poderia deixar que ele visse nos meus olhos que eu ainda o amava.

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Diário do Rafa

Por mais que ela em repudiasse, eu ainda a amava. E amava ainda mais minha filha. Porém, eu deixaria tudo para trás. Assim que eu cheguei em casa, olhei para o espelho do banheiro. Meus olhos estavam vermelhos, prestes a derramarem lágrimas. Deixei-as descerem no meu rosto, e chorei naquele banheiro frio.

Não tinha ninguém para me amparar, ninguém que pudesse me aquecer no frio e que eu pudesse aquecer também. Minha vida desmoronava a cada segundo, e eu tinha que sair, tinha que fugir, tinha de ir pra bem longe.

Eu vi toda a minha vida passar pelos meus olhos. Eu vi a esperança de formar uma família e ser feliz ir embora, sendo levada por uma areia movediça. Não sabia o que fazer, não sabia como proceder.

Eu me sentia como um rato, encurralado num beco sem saída.

Diário da Andreza

Deu onze da manhã, na quarta-feira e nada do Rafael aparecer para ficar com a Débora. Liguei para o celular dele, mas não atendeu. Resolvi então tentar o número da casa dele, mas quem atendeu foi a Ludi.

O Rafael não tá, Andreza.

— Cadê ele, já passou da hora dele vir pegar a Débora! Aconteceu alguma coisa?

Ele foi pro exército. E dessa vez não tem volta.

Derrubei o telefone no chão. Não tinha volta! Ele estava se sacrificando por minha causa! Eu sabia que ele queria ficar. No entanto, eu também sabia que não tinha motivos para isso.

Ludi apareceu lá em casa, logo depois do almoço. Ela trazia uma carta escrita pelo Rafa.

— Ele me pediu pra te entregar isso aqui.

Imediatamente tomei a carta da mão dela e li:

Querida Andreza,

Essa carta serve apenas pra te dizer que eu não me arrependo de nada. Nada mesmo, e o que eu fiz indo embora foi para o nosso próprio bem.

Lembra do tempo que nós namorávamos escondidos do seu irmão, só por que o Berg era ciumento?

Ou daquela vez que eu viajei pra Quixadá com a Ludi e com o Berg e te deixei sozinha, tento que segurar a barra da gravidez? Ou quando eu te impedi de tirar a nossa filha?

Pois é, esses momentos todos eu vou guardar comigo, e você, por mais que não me ame mais, também vai lembrar, pois fizeram parte da nossa juventude, e isso não volta nunca mais nas nossas vidas.

Fomos precoces, sim, mas foi por uma boa causa: nossa pequenina, fruto de um amor que existiu, e que valeu a pena cada segundo vivê-lo.



Débora completaria um aninho de vida naquele mês. Doze meses, um ciclo. Um ano que passou rápido, um período de perdas, ganhos e realizações. Tempo de renovação, talvez? De começar a viver intensamente, mais do que eu já vivia? Ou de viver como uma adulta, uma mãe de família?


💜

Diário da Ludi

As páginas do meu livro continuavam surgindo a cada segundo, a cada respirar. Eu continuava acreditando que mamãe soprava as palavras que faltavam no meu vocabulário bem no meu ouvido. Os pedidos de desculpas dela foram realmente sinceros.

— Ludimila, sai desse computador, você precisa se divertir! Eu sei que é difícil depois de tudo o que aconteceu, minha filha. Mas vai passar, eu te garanto. — a mãe do Rafa pousou sua mão em meu ombro.

—Não, Dona Angelina. É aqui que eu expresso meus sentimentos.

Ela era uma mãezona mesmo. Sabe aquele ditado, “coração de mãe sempre cabe mais um”? Ela combinava com ele. O Rafa devia estar morrendo de saudades dela, pois quem não teria saudades de uma mãe dessas?

— O Berg e a Valentina estão aí. — avisou ela, se retirando em seguida.

Pouco depois eles entraram.

— Ludi, vamos filar uma pizza na pizzaria do pai do Eri?

— Tô sem vontade, gente.

—Mas vai estar todo mundo lá. Eu, o Berg, o Eri, a Juliana, o Jackson … — Vambora Ludi! — insistiu Valentina.

—Tá, tá, tá ok! Vocês venceram. Casal invencível.

— A gente faz o que pode! — Berg riu. Valentina, por sua vez, me puxou pelo braço e me ajudou a escolher uma roupa legal.

Antes de sair de casa, salvei o documento do meu futuro livro no editor de textos e guardei no meu pendrive.

💜

A pizzaria estava lotada, porém eu não estava animada. Retirei o pendrive do meu bolso e fiquei girando a tampinha dele e pensando na vida.

— Não vai comer, Ludi? —indagou Eri.

— Desculpa gente, mas tô sem animação.

A TV no balcão estava ligada. Plantão. Aquela musiquinha sempre me assustou desde a infância.

— Agora mais informações sobre o incêndio no centro psiquiátrico Dr. José Paulo Gurgel. Até o momento apenas uma das pacientes não foi resgatada, seu nome é Madalena Feitosa dos Santos. Os bombeiros … —A jornalista interrompeu a fala quando a repórter no local a chamou. —Temos informações com a repórter Roberta Oliveira sobre a paciente ainda não resgatada.

— Sim, infelizmente o corpo de Madalena Feitosa dos Santos de 17 anos foi encontrado totalmente carbonizado. Pelas investigações o incêndio foi causado por um vazamento de gás na cozinha, onde a paciente estava. O número de vítimas ainda não foi contabilizado, mas a perícia acredita que cerca de vinte pessoas perderam suas vidas nesse terrível acidente.


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Notas finais do capítulo

Mais tarde eu posto o último.