New World escrita por Dawn_Love, Stefany01


Capítulo 6
1? 2? 3 Almas!


Notas iniciais do capítulo

Chaos! ^^
Pontualmente, dia 19/7, um sábado... E bem no início do dia ainda. O capítulo já estava pronto há mais de uma semana, então é óbvio que não seria atrasado.
Bem, narrado pelo Dimitri. Espero que gostem~



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Algo explodiu do lado de fora. Isso… eu to sentindo que algo de ruim vai acontecer por causa disso. Mas, claro, sensações ruins não significam muito quando se tem companheiros como os meus. Então, saímos todos correndo, mesmo que meu coração parecesse ter resolvido fazer sua corrida particular.

Algo dentro de mim se remexia, e não era um órgão. Não era uma sensação de nervosismo. Era… Algo estranho. Que só piorou quando enfim chegamos à cidade, onde um dragão gigante nos esperava. Um dragão gigante marrom meio acobreado, que, com certeza, não era o irritante mestiço que nos acompanhava.

Na verdade, por um momento, quis que fosse.

Quanto mais próximos dele ficávamos, mais difícil era… Tudo. Pensar. Me mexer. Respirar. Meu corpo não parecia obedecer a comando nenhum, só conseguia seguir conforme algo parecia me mandar. Meus pés pareciam pesar toneladas, mas se moveram para frente. E mais para frente. E, sem eu nem querer, eu já estava parado em frente ao Dragão, que havia parado de destruir a cidade.

Iris. — a voz ecoou e pareceu ter reverberado em meu corpo inteiro. — Venha aqui, Iris.

A voz parecia hipnótica. Não por ser bonita, ou algo do tipo, mas porque algo dentro de mim obedecia ao seu som. A sensação era familiar… Era a mesma… De quando falavam da Sapphire… Uma sensação que me tomava. Era como no castelo, sendo controlado pela Clara. Era como quando conheci a Luna…

Eu não tinha controle algum sobre meu corpo. E isso me assustava. Me assustava saber que poderiam usar meu corpo sem eu fazer nada...

— E aí, gatinho. — não… Essa voz não… Fecho meus olhos, entrando em seu mundo: dentro de minha mente.

— Clara? E… Quem é ele? — apontei para um… eu de olhos vermelhos. — Uma de suas brincadeiras?

— Não… Esse aí eu não tenho nada a ver com. — ela riu debochada. — Parece que veio de brinde em sua casca… Parece que você é uma fruta bichada, hm?

— Fruta bichada? Ora, pelo menos não sou um livro chorão. — seu rosto se tornou frio, do mesmo jeito que antes, no castelo. — O que ta acontecendo, afinal?

— Parece que seu corpo é um prêmio e tanto… — ela replicou, ainda com olhos frios, mas a voz parecia calma. — Me responda você: quem é ele?

Começo a pensar. O que me controlava, além dela?

Besouro Iris”, ouvi uma voz familiar passar por minha mente. Uma lembrança de Miko lendo, talvez.

… Se tenho uma Clara e um Besouro Iris aqui… E eu não estou no controle…

Elas estão em perigo!

Tentei voltar ao corpo, mas era pior que quando eu tive a alma presa pelas correntes. Tinha duas presenças me mantendo em uma cela. Era duplamente mais difícil me soltar.

— Por quê? — perguntei, tentando distraí-los. — Por que querem atacá-las?

— Ordens. O mestre manda. — calmo e frio, meu eu de olhos vermelhos resolveu mostrar sua voz para o povo. Parecia um robô.

— Já lhe expliquei isso. Não quer que eu explique de novo, não é? — riu a loira irritante.

Continuem falando!

Tentei pensar em um assunto, enquanto imaginava meu corpo. Imaginava o que eu devia fazer. Me imaginava falando… Mandando os outros fugirem…

— Bobinho. O que você pensa, nós pensamos. Estamos dentro da sua mente, lembra?

Péssima ideia.

— Hm… Então… — tentei arranjar outra coisa, mas ela estava certa. Pelo jeito, vai ser tudo uma questão de força de vontade…

Juntei todas as minhas forças. Fechei os olhos, e fiz o máximo para ignorar os outros dois. Eles não são nada, repeti comigo mesmo, eu estou sozinho…

— Sabe, eu fico imaginando. O que você acharia se eu tomasse seu corpo e, quem sabe… matasse a Luna? — ela sorriu. Droga, eu não estou sozinho!

Não! Eu estou, eu estou, eu estou, eu estou… O corpo é meu!

Finalmente, quando gritei, dessa vez, senti a boca do meu corpo se mexer. E minha voz escapou dessa vez:

— FUJAM!

Logo após o grito, voltei a afundar na “lama” que era minha mente. Muito pior que areia movediça, isso aqui…

Mesmo assim, dessa vez, parece que queriam que eu visse o que acontecia. E eu via. Eu via um dragão muito irritado.

— O que acontece se eu atacar a alma dele, intrusa? — meu eu me ignorava, conversando com Clara.

Não sei. Por favor, não tente descobrir.

O Dragão rugiu, e eu estremeci. Sua cauda balançou perigosamente próxima de mim, e foquei os olhos nela, conforme sua atenção se distanciava para o resto do grupo…

— Ah não. A única pessoa que pode atacar a Luna sou eu. Espero que esse dragãozinho abusado não esteja pensando em fazer isso que eu acho que ele está pensando! — exclamou Clara, girando para observar pelo mesmo lugar que eu, ignorando a pergunta do… Besouro.

— Não ofenda o Mestre! — o Ignorado reclamava. Parecia que ia pular em Clara a qualquer momento. Minha mente é o que? A casa da mãe Joana?

— Eu ofendo quem eu quiser! — retrucou ela cruzando os braços. — Agora, vocês me deem licença, tenho um corpo a controlar…

— Epa, volta aqui sua enxerida! O corpo é meu! — chamei lhe agarrando o braço. — Você não pode sair fazendo o que bem entender!

— Na verdade… Posso sim. — ela riu de meu desespero. Para provar, mexeu o braço, e pude ver meu próprio braço mexer. Ou melhor, o braço de meu corpo, não o… Meu.

Grunhi de raiva, e lhe agarrei ambos os braços, tentando mantê-la quieta. Em meio à nossa confusão, onde o (agora nominado) Ignorado ficava de fora, a voz do Dragão voltou a soar.

— Luna! — disse suave. — Como é bom te ver, pequena Luna. Filha da destruição, diria. A mais próxima de ter a vitória desta guerra em mãos. E Miko, sua forte parceira. A princesa perdida, hm? Meus dois odiosos tesouros. Uma pena que… São boas. Boas demais. Vamos. Se corrompam. Um pouco de sangue, morte. Isso não é ruim. Isso é poder!

— Acho que não, obrigada. — pude ouvir a voz suave de Luna lhe responder, e a voz dela me trouxe uma força de vontade inesperada.

Cerrei os dentes, e respirei fundo. Soltei os braços de Clara, e girei para o espaço de “observação”. Andei em frente, e em frente, e senti uma sensação gélida, e… Finalmente. A sensação de controle, de ter um corpo, e não só uma mente, uma alma.

Não sei por quanto tempo eu o terei, entretanto. Juntei minha força e invoquei poderes que nunca me obedeceram, mas que eram minha única alternativa nesse momento. Então… Ela disse que minha mente e a dela estão juntas, não é…?

— Gladii Inferno. Gladii Inferno. — comecei a recitar, tentando me lembrar do peso da espada em minha mão naquela vez. A sensação, a temperatura, o peso, o tamanho, o barulho

A espada, não tão reluzente quanto quando invocada pela Clara, mas aceitável o suficiente, com a lâmina escura e afiada, surgiu em minhas mãos. Um pouco mais pesada do que eu aguentava, e parecia queimar minha pele, mas estava lá, presente e uma arma.

E, se é uma arma, eu devo usá-la para atacar.

Me aproximei os últimos passos do Dragão, e afundei a espada até o cabo em uma área desprotegida na lateral de seu braço.

… Deu em nada. NADA! O bom é: o Dragão finalmente lembrou de mim. Isso dá tempo para as meninas fugirem.

Reparei uma fraca luz saindo de dentro do dragão. Era uma luz calorosa, me acalmou aos poucos. Tentei olhar melhor… Sapphire? Não… Ela está com ele?

— Argh… — caí de joelhos. Minha cabeça dói demais!

Tentei controlar a respiração, que já se tornava pesada novamente, quando se tornou impossível até mesmo respirar, quanto mais normal. Uma cauda escamosa balançou ao meu lado, e senti uma pancada forte em meu diafragma logo que eu me sentia… Sem peso, voando longe, e caindo com uma pancada ainda pior em uma pedra pontiaguda. A última coisa que lembro de ter sentido foi o rarefeito ar que ainda existia em meu corpo sair em um arquejo doloroso.

— Aqui de novo? — resmunguei conforme abri os olhos e me vi em minha prisão particular com dois carcereiros malditos.

— Tch. Obrigado pela espada. — me sinto tão… como posso dizer? Atordoado. Nem sei mais quando sou eu e quando é um daqueles dois… As vozes estão começando a se misturar ou é impressão minha?

Ainda observava o que ocorria lá fora. O dragão continuava a conversar com Luna e Miko. Elas correm perigo… JÁ SEI!

— Hey, Clara. — chamei de forma brincalhona, roubando sua atenção. — E se… O Dragão matar Luna, e não… — sorri, vendo sua feição. — É. Você...

Ela reagiu de imediato, dando uma espécie de urro, e virou-se furiosa para tomar controle de meu corpo. Que estava parecendo um pano de chão, se quer saber, a julgar pela leve dor que eu sentia em minha alma.

Me vi/senti sentar, e a vi se esforçar para se levantar. Não estava dando muito certo, e logo em seguida vi o rosto preocupado de Luna acima do meu, os olhos marejados. Não pude ouvir direito o que falava, mas consegui sentir que ela estava preocupada, e vi suas mãos se aproximarem de meu corpo.

Pude sentir uma leve pontada em minhas costas quando ela enfim me tocou, e pude ver Clara ofegar pela dor. Ela está sentindo a dor do meu corpo? Ela não sentia antes…

A cada segundo, me sinto mais fraco. Será que ela vai tomar o controle total se eu morrer? Com direito a dores e tudo mais?

Estremeci só de pensar na ideia, mas não tive muito tempo para continuar com ela, de qualquer forma. O Dragão voltava a atacar. Mas, dessa vez… O alvo não era eu.

— LUNA! — gritei assustado, vendo minha amiga gritar, apesar de não lhe ouvir, e cair de lado. Não!

— Não mesmo! — gritou Clara, e conseguiu se levantar finalmente. — A única que pode fazê-la gritar sou eu!

Por sorte ela é meio… Doente pela Luna!

Ela saiu mancando até a garota caída e… Lhe chutou.

Não! Era pra você protegê-la!

Agora não! — rugiu o Dragão para nosso corpo. Ah, estou ouvindo de novo? — Não é para atacá-la ainda! Se ela morrer será um desperdício!

Estremeci ante à ideia de ter mais um corpo morto por minha culpa.

— Seu dragão prepotente! — gritou Clara de volta. — Você não manda em mim, então eu faço o que eu bem quiser!

— Não enquanto eu estiver aqui. — interrompeu a voz seca do Ignorado, que finalmente voltou a dar o “ar de sua graça”. — Enquanto eu estiver aqui, você irá obedecê-lo e respeitá-lo.

E meu “eu de olhos vermelhos” pulou sobre a garota, ambos começando uma briga que havia deixado de ser pura “força de vontade” para ser… Bem, uma “força dos punhos”, que não fazia muito bem para meu corpo, que havia voltado para o chão.

— Ei! — gritei para eles, sendo ignorado, claro. — Se vão brigar, briguem depois de deixarem meu corpo!

… Suspirei, vendo ambos se agredirem com punhos e pés, unhas e dentes, cotovelos e joelhos, enquanto rolavam pela escuridão de minha mente.

— Certo. Se matem aí, então. Mas deixem meu corpo intacto… — murmurei entediado, voltando a olhar o lado de fora.

Tê havia corrido ao resgate de Luna, e estava abaixado protetoramente ao seu lado, um braço lhe dando sustento, mas sem baixar a guarda. Meu corpo, ainda no chão, se debatia como em um ataque de convulsão.

E, ai minha cabeça! Parem de cacetá-la no chão!

Só que eu fiquei verdadeiramente assustado quando a pele de meu rosto começou a se soltar. De novo não! Eu podia ver a carne abaixo, e ela estava começando a ficar podre. Escura e nojenta. Eu estava em decomposição sem nem ao menos morrer antes.

Tive de evitar uma sensação de enjoo conforme a situação só piorava, a pele de outros lugares começando a querer soltar também, ficando escura e pálida, com um doentio tom cinzento.

A dor estava cada vez pior, e já não era mais apenas corporal. A dor também atingia minha alma, e acho que era culpa da sobrecarga — um corpo não foi feito para aguentar duas almas, quanto mais três. Além do mais, ainda tinha o bônus do ferimento (que não era pequeno) em minhas costas, e o nas costelas, devido à rabada do Dragão.

É, eu não estava bem. E não sei se vou me recuperar, mas eu vou tomar controle desse corpo, nem que eu tenha que vender minha alma!

Tenho mesmo!

Meu desespero aumentou quando vi que o Ignorado havia saído vitorioso do round com a Clara, e agora controlava meu corpo, conseguindo se mexer apesar de… Tudo. Ele, ao contrário da Clara, não sentia a dor. Só se mexia como um robô, como sempre foi. E tive de ver enquanto ele se erguia lentamente e se aproximava de Luna e Tê. Vi com uma dor no peito quando ele avançou e agarrou a Luna, e tentei lhe impedir aos gritos, mas nada funcionava…

Só que, por um milagre, aquele inccubus maldito que era o Tê se meteu no meio, e me empurrou para longe, mesmo com a careta de nojo que fez ao tocar minha pele descascada. Claro, o Ignorado não desistia facilmente, e tentou voltar lá, mas o Tê fazia um ótimo trabalho lhe mantendo afastando, aos socos e empurrões, até que… Eu caí, novamente, naquela pedra.

E, dessa vez, foi muito mais profundo que quando eu voei, apesar de não ter uma explicação lógica para isso. Eu só sei que Luna chorava, e o Ignorado ainda queria pegá-la, mas agora nem ele conseguia mexer meu corpo, e, provavelmente, ninguém conseguiria.

Mas tinha algo que eu precisava fazer.

Por isso, tentei engolir a dor, e entrar naquela casca quebrada, que… Já se resumia a pedaços de carne podre e finas camadas de pele em lugares aleatórios. Nojento. Mas, meu corpo.

— Lu…na… — chamei fraco, e fiquei grato de sentir o ar escapar por meus lábios como sons. Tossi pelo esforço, porém. Acho que uma das costelas perfurou um dos meus pulmões… — Por favor… — minha voz não queria sair muito alto, mas saía, entre arquejos e ofego. — Me… Desculpe… Por… Tudo…

Tossi novamente, e senti um líquido quente escapar por meus lábios. Por dentro, me sentia quente e gélido, com muita dor e um vazio assustador, com os dois pólos mais opostos me torturando lentamente. Eu não tinha chances, nunca tive.

Mesmo assim, estava feliz.

Pois a luta estava perdida desde o início, mas agora eu tinha certeza de que ninguém conseguiria usar meu corpo para machucar aqueles de quem gosto. Essa casca já não aguenta mais nada… Quer seja por não ter muita coisa mais nela quer seja por estar com a coluna vertebral ferida o suficiente para me impedir de mover… Ela não aguenta mais nada. Nem um pequeno fragmento de alma. Então, se alguém quiser me controlar novamente…

Dessa vez terá que me buscar no Inferno. E eu tenho certeza de que o Diabo não vai querer me deixar escapar assim tão fácil… Se deixar, ainda vai ter um outro obstáculo. Conhecido ou desconhecido: uma coisa sempre iria impedi-los.

Se eu for palpitar sobre o primeiro deles… Eu diria que é porque eu não quero.

Agora, se tem uma coisa que me arrependo… É de fazê-la chorar. Por favor, Luna… Tentei consolá-la, mas não conseguia fazer mais nada, apenas sentir suas lágrimas sobre mim… Viva e seja feliz… Quis lhe informar que a Sapphire estava com ele, mas também não consegui… Como eu pude esquecer de lhe informar algo tão importante?

Mas… Nada é importante, não é? Quando se está à beira da morte…

Tentei suspirar, e fiquei aliviado. Bem fraco, é verdade, mas ali, estava a voz de Luna… era um som que eu não reconhecia direito, mas era calmo e familiar, era doce, era lindo… E, ouvindo isso, eu podia até acreditar que seria aceito entre os perdoados pelos Deuses…

A última coisa que consegui ouvir dela… Foi um claro e triste…

Não vá…


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Notas finais do capítulo

Encontraram algum erro? Me avisem se encontrarem, por favor.
O capítulo da próxima semana também já está completo, então não vai haver atraso algum.
Review, por favor?
Ciao, ciao! o/
Bacio! ;*