Crônicas Solares [hiatus] escrita por CJwriter


Capítulo 5
Capítulo 5 - Cookie ao som de Marry Had a Little Lamb


Notas iniciais do capítulo

Antes de começar quero deixar um trecho da música: Marry had a little lamb, uma canção simples que se aprende quando começa a tocar flauta. O resto se encontra no google, mas isso é a parte essencial pra entender a história.
Mary had a little lamb
Its fleece was white as snow
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Mary tinha um carneirinho
Sua lã era branca como neve

Sayonara!



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Eu corria o mais rápido que minhas pernas ainda aguentavam. Atrás de mim sentia a respiração ofegante de Adamastor correndo freneticamente para se salvar também. Estávamos sendo perseguidos por duas... Como foi que ele tinha chamado aquelas galinhas? Harpias.

Elas estavam nos seguindo desde o portão da escola. Nem sei como continuava correndo mesmo depois de três horas, mas mesmo sobre o sol do meio—dia eu continuava avançando. Parece que correr por minha vida me deu mais resistência (meu professor de educação física estaria orgulhoso).

Adamastor não parecia tão bem. Ele tinha largado as muletas umas duas horas atrás, estava correndo do jeito que eu tinha visto no sonho.

— Para ai! – Ele acenou pra eu parar. — Tenho que tirar essas coisas.

Ele tirou os tênis, mas onde deveriam estar os pés dele encontravam-se...

— Meu Deus, Adamastor! Seus pés onde estão seus pés?

— Bem aqui. Vai dizer que nunca viu cascos na vida?

— Cascos? Como você pode ter cascos?

— O que esperava que um sátiro tivesse? Nadadeiras?

— Um sátiro? Como nas aulas de história? Meio garoto, meio cabra?

— Bode! Meio garoto, meio bode. Sim, eu sou um sátiro, mas se ficarmos aqui não vou ser por muito tempo. Corre!

Não estava entendendo tudo muito bem. No entanto não tinha tempo para tentar raciocinar.

— Temos que nos livrar dessas galinhas evoluídas! — a respiração dele fazia cada palavra sair lentamente.

— Você diz isso pra mim? Não era você o protetor? Faça alguma coisa!

Podia imaginar ele dizendo: “Geralmente, os meio-sangues são mais corajosos”, mas tenho certeza que ele achou melhor poupar o fôlego. Ele pegou aquela flauta de bambu e começou a tocá-la. Pelo menos ele tentou, pois a falta de ar faziam as notas saírem cortadas e demasiadamente agudas.

Tinha feito algumas aulas de flauta, mas era um desastre nessa área. Adamastor recorria àquela flauta como arma secreta, no entanto não parecia fazer nada de mais. Se ele queria uma trilha sonora para a nossa morte, tudo o que eu podia fazer era tentar ajudar.

Tomei a flauta de sua mão e comecei a tocar algumas notas. Eu aprendi um pouco de flauta contralto e, mesmo sendo espécies diferentes a teoria musical se aplicava da mesma maneira. Um tubo, uma nota.

As harpias estavam apenas alguns metros atrás, com sorte três, mas eu nunca tenho sorte. Alguns segundos depois uma delas já estava quase pegando Adamastor. Eu tocava uma das poucas músicas que conhecia: Marry had a little lamb, quando, de cima de uma árvore um carneiro pulou nas costas da harpia. A outra harpia parou para tentar afastar o carneiro da companheira e foi atacada por trás pela cabeçada de mais um carneiro.

— De onde surgiram aqueles carneiros? — Perguntei. — Parentes seus?

— Não, eu sou meio bode! B-O-D-E! Apenas continue correndo e tocando.

À medida que nos distanciávamos de onde as harpias caíram, alguns carneiros passavam por nós na direção oposta. Corremos por mais dois ou três minutos antes de encontrarmos um garoto. Ele era pardo, cabelos cinzentos, feições élficas que não combinavam com seu corpo grande e forte. Ele usava uma camisa laranja com três letras estampadas ‘CHB’ e uma bermuda jeans azul.

— E ai Adamastor, quem é o novato? — Ele perguntou com um sorriso sarcástico. Parecia estar avaliando se eu era alguém que merecia uma pegadinha de primeiro de abril.

— Primeiro... Nos... Tire... Daqui! — Adamastor estava exausto e sua voz falhava mais.

— Sem problemas, ali na frente tem um grifo nos esperando.

— Você disse um grifo? — Perguntei surpreso. Ele apenas sorriu da minha surpresa.

Já estava carregando Adamastor nas costas. Não por minha própria vontade, afinal depois de tudo que ele fez... Mas o garoto não deu sinal de querer carregar um semi-bode e não parecia justo deixa-lo virar alpiste (certo, eu percebi que não foi uma boa associação. Não precisa jogar isso na minha cara). O pior é que eu estava acreditando cada vez mais na história de Adamastor, não por causa das coisas que aconteceram, mas por que meu coração acreditava na oportunidade de rever a Dany.

O menino nos guiava dizendo: É logo ali. No entanto, depois de trinta minutos percebi que o ‘logo ali’ dele estava mais para ‘falta apenas dez quilômetros, não desanime’. Mesmo assim, não me importei, pois meu cansaço diminuía à medida que o sol subia no céu.

— Aqui está ele! — Disse o garoto depois de mais quinze minutos de caminhada.

— Uaaaaaaaau! Ele é... É...

— Lindo, não?

Na nossa frente estava um animal um pouco maior que um cavalo, coberto de penas, corpo de leão, cabeça de águia e assas, grandes e belas assas. Ele descansava sobre uma pilha de galhos secos que formavam uma espécie de ninho gigante. O menino assobiou e o grifo veio até nós.

— Dê um oi para o Cookie. — Disse o menino.

— Cookie?

— Sim, é porque ele ama cookies de chocolate. Não é garoto? — Ele pegou um cookie do bolso da calça e jogou para o animal que o apanhou no ar.

— E é seguro voar nele? Eu nunca voei nem de avião e não queria que a minha primeira experiência aérea fosse trágica. — Disse um pouco receoso sobre a carona.

— É claro! Ele tem uma sela. — ele disse isso como se ela tornasse o grifo a coisa mais segura do mundo. — Vamos!

Subimos no grifo. A sela tinha três espaços como bancos de couro. Fiquei no último assento e coloquei Adamastor no meio, pois ele ainda dormia. O menino ficou guiando. Depois de cinco minutos voando, finalmente relaxei. Talvez as harpias não nos sigam, talvez eu não caia direto para a morte, talvez tudo não exploda. Tentei quebrar o gelo.

— Eh... Para onde estamos indo afinal?

— Ora, Adamastor não te contou? Para o acampamento meio-sangue, o único lugar seguro para gente como nós. — ele mostrou as letras na camiseta: CHB, Camp Half-Blood. Acampamento meio-sangue em inglês.

— Gente como nós? Quem é você afinal?

— Meu nome é Carlos Montez, filho de Hermes.

— Espera! Hermes? O mensageiro dos deuses?

— E protetor dos ladrões, aliás, você tem um belo colar. É ouro puro! — de alguma maneira ele tinha o roubado do meu bolso e analisava ele na palma da mão.

— Com licença! — quase matei Adamastor e eu mesmo tentando pegar o colar de volta. — Isso é meu!

— Tá bem, tá bem. Calma! Toma. E você? Quem é?

— Hélio Santos, filho de... Hã... Lúcia?

— Nunca ouvi falar em Lúcia. É uma deusa menor?

— Não que eu saiba. Ela é só minha mãe. — supus que as habilidades de arrumar a casa e seus poderes na cozinha não tinham nada de divino.

— Então quem é seu pai?

— Isso eu não sei, Adamastor disse que ele é um deus, mas acho meio improvável.

— Totalmente provável, senão não seria um meio-sangue. Se tivesse que arriscar apostaria em Ares, ou Hermes pela resistência. Ou quem sabe um deus menor? Jano? Hécate? Asclépius?

— As quem?

— Asclépius, deus da medicina.

— Bem, minha mãe é médica...

— Ok, por enquanto você tem chances de ser um filho de Asclépius. Na verdade, vão te considerar filho de Hermes até seu pai te reclamar, então considere-se meu meio-irmão.

— Quê? — acho que tudo isso fritou meu cérebro.

— Apenas esqueça tá? Quíron vai te explicar tudo quando chegarmos.

— Quem é Quíron?

— É o diretor de atividades do acampamento. Ah, não diga nada sobre seu traseiro de cavalo.

— E por que diria?

— Ele é um centauro.

— E por que não seria? Isso é normal, não? — já estava aceitando que qualquer coisa pudesse acontecer. Se eu pude pegar caronas com um grifo, então centauros podiam ser diretores de atividades em acampamentos de filhos de deuses.

A oportunidade de rever Dany me deixava mais ansioso para chegar a esse acampamento logo. Deixei de me preocupar em cair da sela e caí nos braços de Morfeu, estava completamente exausto assim que o sol se pôs. Nunca tinha ficado tão cansado assim, mas se eu soubesse o significado desses sonhos, talvez tivesse escolhido ficar acordado. Na pior das hipóteses tudo o que vi era verdade.


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Notas finais do capítulo

Asclépio, também é conhecido como Esculápio, é o deus da medicina. Ele é um filho de apolo com a história bem interessante:
*aprendiz de Quíron;
*dono do caduceu que é relacionado à saúde;
*ressuscitou mortos;
*signo de Serpentário;
*mencionado em Diários de um semideus (O caduceu de Hermes).
Vale a pena dá uma pesquisada. Ok!
Sayonara!



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