Crônicas Solares [hiatus] escrita por CJwriter


Capítulo 2
Capítulo 2 - Sonhos


Notas iniciais do capítulo

Os semideuses já sabem, mas só pra reforçar: Sonhos são mais do que parecem ser.
Sayonara!



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Os olhos vermelhos do Sr. Walter não saíram da minha mente naquela noite. Como os olhos dele mudaram de cor depois da pancada que Adamastor desferiu nele? Passaram de cinza grafite para um escarlate profundo. Teria sido uma irritação repentina? Um vaso sanguíneo que se rompeu? Nenhuma das explicações fazia sentido para mim. Tentava não pensar nisso. Continuava a tocar meu violão na esperança que isso me acalmasse. Não funcionou. Quando nem mesmo a Valquíria (nome carinhoso do meu violão) me acalmava a situação era mesmo séria.

Primeiro termino com a menina com a maior probabilidade de ser minha futura esposa, depois ela foge de um assustador professor de biologia. Isso é demais para a mente de um ser humano.

— Se é que você é mesmo um. — Pensei.

Ótimo! As palavras de Adamastor voltaram a ecoar em minha cabeça. "Meio-sangue". Nem sei o que isso significa, aliás, ele mesmo disse que eu posso não ser um. Por que eu me torturo tanto por causa disso?

Acorda Mi quebra (a nível de informação: é a primeira corda de baixo para cima em um violão). Deixo meu violão de lado, pego um dicionário. Infelizmente esse termo não consta nele.

— Deixe de paranoia, Hélio! — Me censurei.

Fui deitar, mas apenas rolava de um lado para o outro da cama sem conseguir pregar o olho. Quando o sono finalmente veio já era... Duas da manhã? Três? Sei lá. O que realmente me preocupou foi o conteúdo do sonho daquela noite.

Eu estava no topo de uma colina. Ao longe podia se ver um rio que serpenteava entre várias construções. Chalés, campos de morangos, uma enorme parede de pedra, uma quadra e uma casa que se destacava pelo seu tamanho.

— Lindo não é? — Uma voz sussurrou.

Olhei ao redor, mas não via ninguém.

— Quem está ai? — Questionei.

— Uma... Conselheira? É eu sou uma conselheira. Tenho dicas que podem salvar a sua vida.

— Identifique-se.

— Na hora certa, nos conheceremos. Verei então se sua vida deve ser poupada. Até lá, ganhe a confiança daqueles que irão te acolher. Esse é o primeiro conselho.

Antes que eu pudesse dizer algo o sonho mudou. Estava em um pântano. Uma gigantesca massa escura se arrastava por entre a lama. Ela se aproximava de mim cada vez mais. Tentava me mexer, mas era como se minhas pernas não me obedecessem. Antes de a figura me alcançar, despertei assustado.

Eu me forçava a acreditar que aquilo tinha sido apenas um pesadelo. Por que eu não conseguia? Algo naquele sonho me perturbou muito.

— Hélio! — Gritou minha mãe. — Se não descer vai se atrasar!

— Já vou.

Tomei banho, escovei os dentes e peguei minha mochila. Não estava animado em voltar para a escola, na verdade nunca mais queria voltar para aquela escola. E se eu desse de cara com o Sr. Walter?

Passei pela cozinha peguei dois sanduíches e saí. Tinha cerca de um quilômetro entre a minha casa e a escola. Coloquei meus fones e comecei a caminhar.

Quando colocava meus fones o mundo ficava do lado de fora. Meus pensamentos se tornavam mais claros. Gostava dessa sensação. Ficava tão envolvido com a música que até hoje não sei como nunca fui atropelado.

Mais um chatíssimo dia de escola se passou. Pilhas de exercícios, uma prova surpresa de geografia e mais algumas brigas pra variar. Felizmente não encontrei o Sr. Walter. Umas meninas disseram que ele foi transferido. Noticia boa: não tenho que me preocupar em esbarrar com ele pelos corredores, noticia má: ele, provavelmente, era o único que sabia o que aconteceu com a Dany.

Na volta para casa achei ter visto uma enorme sombra no chão, mas quando esfreguei os olhos e olhei para cima era apenas um pássaro. Cheguei em casa e joguei minha mochila no sofá.

— Olá! Como foi seu dia? — Ricardo perguntou.

— Horrível, como sempre.

Essa era sempre minha resposta. Ele já devia ter se acostumado, mas mesmo assim continuava a perguntar.

Ele lia o jornal em uma das poltronas da sala. Ele só trabalhava à noite, pois ensinava história em uma faculdade. Minha mãe tinha saído. Ela era médica e passava quase o dia todo na clínica em que trabalhava. Subi as escadas em direção ao meu quarto.

— O jantar está pronto! – Anunciou Ricardo.

— Tá bem! — Respondi.

Ele era um ótimo cozinheiro e costumava fazer o jantar sempre antes de sair para o trabalho. Tomei banho e fui para a cozinha.

— Vou mais cedo hoje, porque tenho muitas provas para corrigir. Avise a sua mãe que posso demorar um pouco mais hoje.

— Certo.

— Tchau!

Ao terminar o jantar me sentei no sofá e zapeei os canais da TV procurando por algo interessante. Programas de auditório, um filme meloso sobre uma mulher que se apaixona por um advogado, a vida selvagem das toupeiras e sete leilões de gado ou cavalos. Desliguei e fiquei no sofá apenas olhando para o teto.

O telefone toca. Quando atendo é minha mãe.

— Hã hélio?

— Ele mesmo.

— Ah, oi querido. Só queria avisar que hoje tenho que cobrir o plantão de um colega meu. Talvez eu só volte para casa amanhã.

— Ok. O Ricardo disse também que ia passar um bom tempo fora.

— E você vai ficar bem sozinho?

— Acho que posso sobreviver fazendo uma fogueira com os móveis. Talvez use as cortinas para uma barraca improvisada e posso afiar a ponta da vassoura como uma lança e atacar qualquer bicho que tentar me comer.

— Certo, apenas se cuide. Beijo.

— Nada na TV, meus pais fora e a casa inteira só pra mim. Se cuidem vizinhos! Vai ser rock no volume máximo a noite toda.

Ding-dong

— Quem poderá ser uma hora dessas?

Abro a porta e me surpreendo ao descobrir a pessoa que tocou a campainha.

— VOCÊ?!

— É... Oi Hélio?


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Notas finais do capítulo

Curiosos? Sim, a criatura da sombra foi escondida pela névoa. Não não vou contar o que era...
Sayonara!



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