Garota Cafeína escrita por Codinomeju


Capítulo 16
Uma carta para a morte


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente não sabia, mas esse é o último capítulo :'( Bem triste. Quero avisar que o texto aí é de MINHA autoria ok? Não peguei da internet...se tiver outro parecido, não foi minha intenção!



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(Pausa: Não chorem, por favor, irei fazer um capítulo extra sobre os personagens e curiosidades da fic).

Mais de um mês e meio já havia se passado e eu já tinha voltado a falar com Sofie, esse dias ela esteve brigando muito com Clarissa, mas também nos divertimos muito. Fomos a parques aquáticos e parques normais, fomos em festas, clubes de dança, bares, barcos, e burlamos aulas algumas vezes para fazer besteira. Fizemos picnic na praça e participamos de vários eventos que antes não conhecíamos. Esse último mês foi melhor do que quando eu a tinha conhecido. Mas, uns dias atrás Sofie teve um desmaio e foi parar no hospital onde foi internada e agora meu celular está tocando sem que eu possa dormir em paz.

– Alô? - Eu tinha voz de sono.

– Jo-Jo-Jonna? - A voz de Sofie tremia do outro lado.

– Sofie? O que houve? Que voz é essa? - Levantei da cama desesperado.

– Vem...cá... - Depois que ela disse isso fungou o nariz e um barulho fez o telefone chiar.

– Tô indo...Sofie? Sofie, responde! - Entrei em desespero e vesti um casaco saindo com a calça e a blusa que eu tinha ido dormir. Na porta eu calcei o chinelo que era mais fácil de botar do que o tênis e peguei um meia que eu tinha deixado na sala e enfiei no bolso do casaco saindo correndo.

No meio do caminho eu liguei pra minha mãe e expliquei tudo o que estava acontecendo e ela ficou nervosa indo checar se eu estava no quarto achando que tinham passado trote pra ela. Eu falei o hospital que eu estava indo e ela anotou no papel. Desliguei o celular e finalmente cheguei na entrada de onde eu queria. A moça já me conhecia e deixou eu entrar. Subi as escadas correndo e quando abri a porta Sofie estava de olho fechado. Comecei a chorar indo até ela.

– Sofie? - Chamei e ela abriu os olhos, sorri em meio as lágrimas e dei um abraço nela.

– Jonna...- Ela tossia enquanto falava. - Estou morrendo...

– Não fala isso, pelo amor de Deus, se você morrer eu vou também.

– Jonna... - Ela fechava o olho em algumas partes de sua fala e não conseguia mexer a mão direito para tocar em mim então eu segurei a mão dela. - Eu não queria te deixar tão só...

– Como você fez isso comigo, Sofie? Você é uma egoísta. - Chorei mais forte. Eu não estava conseguindo me controlar, já estava fora de mim desde que ela me acordou. Onde será que a mãe dela estava?

– Fiz? O quê?

– Você me conheceu, entrou na minha vida, uma das meninas mais lindas que eu já vi, me conquistou, me enrolou, depois me contou sobre essa doença e recusou todos os meus beijos. Eu me apaixonei, eu me prendi à você, pra quê? Pra você me deixar assim? Pra você me deixar quando eu mais preciso de você, Sofie?

– Eu escolhi morrer? - Ela, agora, chorava também.

Um silêncio tomou conta de nós e ela fechou o olho de novo.

– Acorda. - Eu já estava fraco, quase não conseguia falar mais.

A única certeza que eu tinha de que ela ainda estava viva era o aparelho que marcava as batidas do coração dela. Naquele momento eu não queria saber de nada, eu queria fingir que nada iria acontecer, mas já era quase meia noite e uma hora eu teria que dormir, e eu sabia que quando acordasse não existiria mais Sofie e aquele barulho que tanto me angustiava se tornaria um só. Eu sabia que sempre que ligasse para o número ele cairia na caixa postal e que nunca veria ela sentir ciúmes de Clarissa de novo. Eu nunca mais poderia levar a ela uma xícara de café e se entrasse na casa dela de novo não seria ela que iria abrir a porta para mim com aquele sorriso de orelha a orelha e sim sua mãe com uma cara fechada. Será que foi assim que ela se sentiu quando perdeu o pai? E a mãe dela? Foi isso que se passou pela cabeça dela? Ela vivia com aquele homem mais de 18 anos. Como deve ser, para todos que já perderam alguém cedo ou tarde, não ter outro alguém para chamar de filho, irmão, irmã, neto, neta, tia, tio, filha, avó, avô, pai, mãe, bisa, prima, primo, mulher ou marido? Como deve ser dormir com aquela pessoa ao seu lado e acordar com ela tão longe de você? E você sabendo que nunca mais vai poder ver aquele sorriso, aquele olhar, sentir aquele cheiro ou se encontrar com ela. É devastador. Todo mundo tem um lugar no mundo e por mais que nasçam 30 pessoas com a mesma aparência, nenhuma terá o mesmo jeito, nenhuma poderá substituir. Sei que nascemos, crescemos, nos reproduzimos e morremos, mas mesmo que você tenha completado esse ciclo todo, vai ser muito difícil aceitar a próxima etapa. Sei que daqui, iremos para uma etapa melhor de nossas vidas, mas e as pessoas que ficaram presas a terra? E a saudade? Não conta? Sempre achei essa frase errada..."ele foi para um lugar melhor"...como assim? Ele foi para um lugar melhor ser feliz sozinho? Temos que aceitar a morte de nossos parentes e amigos, mas não de boca fechada, todos nós temos sentimentos e não é errado chorar de saudade, isso se chama amor. Todos os seus momentos passam pelos seus olhos e seu coração fica na boca, e choramos por não ter volta e por achar que, se tivéssemos feito UMA ação diferente, tudo iria mudar, mas não é verdade, não depende só de nós e a culpa também não é nossa. Posso dizer isso porque, agora, eu entendo vocês. As pessoas poderiam durar para sempre? Poderiam, mas nunca notaríamos a falta que elas fazem. Poderíamos morrer antes das pessoas que amamos? Poderíamos, mas iríamos muito cedo, pois elas vem e vão, toda hora alguém morre e toda hora alguém nasce então, minha dica é: Aproveite o momento. Aproveite tudo, cada sorriso, palavra e abraço. Aprecie com aquela pessoa o café da manhã, o almoço e jantar. Aprecie os animais, a natureza e a chuva. As notícias ruins e as notícias boas, para que, nessa hora que estou agora você não pense que poderia ter feito tantas coisas que não fez.

O barulho ainda me atormentava, mas melhor ele do que outro que eu não queria pensar. Olhei pra ela e, para minha surpresa, ela olhou para mim com os olhos brilhando e sorriu. Sorriu um sorriso de orelha a orelha que eu não veria de novo. Sem eu perceber o barulho no aparelho parou e virou um só. Eu não tinha me aceitado e não tinha me preparado. Chorei de mais e logo uma enfermeira veio até mim.

– Peço que saia. - Ela pediu. Correndo a chamar outros medicos, eu saía lentamente, sabendo que depois daquilo não me restava mais nada. Na saída do hospital meus olhos perderam o foco. Como seria um mundo sem Sofie?

Tentei atravessar a rua, mas parei no meio, me virando e olhando pra janela atrás onde, alguns minutos atrás ela sorrira pra mim.

– Jonna. - Escutei minha mãe gritar e uma luz me derrubou.

Escutei a voz dela chorando e um homem abrindo uma porta e vindo até mim. Eu tinha sido atropelado? Eu fechei os olhos e fui para naquele lugar escuro de novo, onde eu mais temia.

Logo eu já estava acordado e uma moça estava em minha frente, a mesma moça que tinha gritado meu nome.

– Filho. - Ela chamou. Filho? - Como a Sofie está?

– Quem é Sofie?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Então né? Quem vai parar por aqui só tenho que lhe dizer adeus e obrigado por ler, mas ainda VAI TER UM CAPÍTULO EXTRA. Então quem quiser saber como eram os personagens e essas coisas, fique aí. Beijos.



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