O Diário de Uma Garota Perdida escrita por Lost Girl


Capítulo 3
Sonho


Notas iniciais do capítulo

Oi, perdidos. Tudo bem com vocês? Primeiramente, agradeço a " Garota dos Sonhos" que me favoritou. Muito obrigada. Além disso, agradeço ela e a "Michele" que comentaram meu capítulo ontem. Adorei os comentários. O capítulo é para vocês.



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Acordei atrasada hoje. Tive que vir a pé. Vir a pé significa também pensar muito e escrever consequentemente. Estive pensando em Anne ontem. Ela parece um pouco comigo. Estava sempre longe. A diferença é que ela não tem CNTS. Ela fica sozinha no recreio. Invejei-a disso. Quer dizer, não é fácil se encaixar na vida delas. Sempre falam sobre coisas que nunca falei.

Por exemplo, “Eu estou com vontade de pegar alguém”. Tsc, elas se preocupam demais com isso. Pegar alguém... Estou sempre tão confusa com outras coisas que isso nunca passou na minha cabeça. O engraçado é que eu já tentei me abrir com elas. E eu falei muitas coisas sobre como eu sinto, sobre como eu vejo o mundo. Elas me ouviram, mas repentinamente, assim que eu parei de falar, as CNTS passaram a conversar sobre um menino que uma delas gostava.

Ignoraram meus problemas. Quase me titularam de idiota. O pior é que foi só eu ficar quieta que elas já usaram isso para cima de mim. Eu as odeio. Estou na rua da escola. Os murmúrios já estavam mais altos. Risadas então, escandalosas e escancaradas. Querem provar a todos que estão felizes. Querem provar coisas que eles não são. Mas, é como dizem, as pessoas acreditam no que elas querem acreditar.

Todos acreditam nisso. Por isso, eles são os legais. Os divertidos. Os populares. Eles são amigos de todos. Prefiro dizer que eles são falsos com todos. Reviro os olhos e passo por eles. As risadas se tornaram ainda maiores. Minha vontade de quebrar os dentes deles também. Passei o cartão e já estava dentro do matadouro. Encontrei Anne. Ela olhou para mim e sorriu. Sorri também.

Ela estava com um livro na mão. Algo como Shakespeare. Fui até ela e sentei ao seu lado. Assim como ela fez ontem. Anne voltou a ler e eu aqui, escrevendo. Falando em Shakespeare, tem uma frase que me incomoda: Ser ou não ser, eis a questão. Essa nunca foi à questão. Não pensaria em dizer que prefiro não ser. A questão sempre foi fingir que você é ou aceitar que você não é.

A minha questão parece idiota, mas eu irei explicar. Muitas pessoas optam por fingir que são, quando,na verdade, não são. Mas, o sistema te obriga a ser algo que você não é, no caso, o ser. Sendo assim, tem aquelas que seguem o sistema com a imagem de que são. Os populares, as CNTS, os nerds... Qualquer idiota que não ligue para o sistema em vivem, porque já estão acostumados com isso. E tem os que não são. Os obrigados a seguir o sistema com uma imagem clara de que não são.

– É verdade... - sim, Anne estava falando comigo. Assustando-me. - A questão de Shakespeare nunca foi essa. Sempre foi o que você falou.

– Oi?- estava com medo dela. Será que ela tinha lido o que eu escrevi? Senhor, diz que não.

– Eu li o que você escreveu. - Fudeu! Posso sentir meu balão voar de novo. Meu coração apertou e nossa, senti a morte. – Eu concordo.

– Concorda?- minha voz estava tão fraca, mais tão fraca, que suspeito se de fato ela me ouviu ou se ela só imaginou o que eu falei. Todos esperam uma resposta, por isso ficamos presos na mentira e não na verdade.

– Sim. - o sinal tocou. E novamente, eu saio andando deixando ela para trás. Mas, eu ouvi seu “Sim”. Então, ela concorda comigo, certo?

Virei bruscamente e entrei no banheiro. Não estou com paciência para aula de Física. Entro dentro de um Box e sento em cima da privada. Isso seria real? Ou uma ilusão? As pessoas acreditam no que elas querem acreditar. E se eu estiver acreditando em uma mentira? E se ela estiver fingindo só para não ficar mais sozinha?

Acho que vou vomitar... Sim, eu vomitei. Agora minha boca está com gosto de passado. Anne já foi minha amiga no passado. Idiota. É só uma coisa boa acontecer que nos já começamos a ver sinais. Tudo se tornar um sinal. Inclusive um vômito. Alguém entrou no banheiro correndo. Isso faz minha confusão interna parar. Já não estou mais sozinha.

A garota passa a gritar e a chorar ao mesmo tempo. Outra confusão surge em mim: eu deveria ajudá-la? Ignorar os problemas é sempre mais fácil. Abro a porta e me deparo com Anne. Vocês já esperavam isso. Eu sei. Mas, eu já disse, as pessoas esperavam demais uma das outras. Isso tudo não é verdade. Foi um sonho. A verdade é que eu acordei na hora certa, fui à escola e ignorei Anne. Como se ela não tivesse falado nada ontem.

Ignorar os problemas é sempre mais fácil.


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Notas finais do capítulo

E então, perdidos, gostaram? Juro que eu achei ele estranho. Acabo de escrevê-lo e ainda me sinto estranha. Senhor... Novamente agradeço aos comentários e acho que é só isso. Espero postar em breve. Mil beijos :)