O Diário de Uma Garota Perdida escrita por Lost Girl


Capítulo 4
Queimada


Notas iniciais do capítulo

Perdidos, tudo bem com vocês? Tenho que falar que esse capítulo veio muito rápido. Fiquei indecisa quanto a postá-lo hoje ou amanhã. Somente a " Garota dos Sonhos" comentou ele e eu particularmente, queria ouvir a opinião de vocês sobre tal. Muito obrigada pelo comentário, eu amei ele.
Também vim aqui para agradecer a Mackenzie que favoritou a fic. Fiquei muito curiosa sobre sua opinião sobre meus capítulos... Aguardo algum comentário vindo de você, viu? Hahahaha Sem pressão. Só fiquei curiosa mesmo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/513781/chapter/4

Já se passaram três dias desde a última vez que eu escrevi. Poderia falar que ocorreu muitas coisas. Que falei com Anne. Mas, na verdade, não aconteceu nada. Eu me pergunto até que ponto isso é bom. A mesmice. Sabe, eu poderia passar talvez um ano e as coisas estariam dentro da rotina.

A rotina é algo patético. Então, eu procuro sair dela. Não indo a festas, visitando sites pornôs ou ficando com um cara x que eu encontrar. Isso parece à rotina dos populares. Sinto nojo disso. Busco um movimento na minha rotina imaginando coisas, lendo ou vendo séries. Viver a vida dos outros é mais fácil do que viver minha mesmice.

Agora, estou na aula de química. “Química é o estudo da matéria. Mas, eu prefiro dizer que é o estudo da mudança. É sobre a vida. É sobre crescer, cair e então, se transformar.” Breaking Bad. Mas, no momento, prefiro ignorar isso. É claro que eu prefiro. Anne está olhando para mim. Nós chegamos a nos falar um pouco. Tipo só oi e tchau. É um começo, não é mesmo?

Porque as coisas boas parecem tão distantes? Não me lembro de nada bom que eu fiz esse ano. Talvez eu devesse anotar. De qualquer forma, não teriam tantas coisas. Eu sempre estou ocupada de mais com coisas que não me importam. Como deveres de casa, CNTS, o sistema inteiro.

Sinto-me vazia por conta disso. Tão vulnerável que se alguém esbarrasse em mim, eu desmoronaria; todos meus ossos se soltariam e caíram para longe de mim e eu nunca poderia pegá-los. Tão fora de mim mesma que tenho de repetir quem de fato eu sou nessa sociedade.

Wendy. 16 anos. Estudante.

Wendy. 16 anos. Estudante.

Wendy... Merda! Eu não consigo.

Pedi para Weger me liberar da sala. Fui até o banheiro e verifiquei se eu realmente estava sozinha. Só precisava de cinco minutos. Peguei um cigarro e acendi-o. Como eu odeio essa sensação. É como se eu estivesse sendo queimada. Queimo-me por dentro para permanecer intacta por fora. É sempre no que eu penso. Penso também em sangue sendo queimado.

Acabaram os cinco minutos. Mas, eu ainda quero mais. Por mais que o tempo acabe, todos querem sempre mais. E nem sempre temos o que queremos.

– Wendy?- chamou uma voz. - Nossa que cheiro de cigarro. Wendy, você está aqui?

Apago e enfio um chiclete na boca. Abro a porta e me deparo com Sabrina, uma CNTS.

– Oi... Estou me sentindo enjoada. Weger pediu para você vir?- perguntei, suspeitando a resposta.

– Não, só queria matar aula. - Ela não me perguntou se eu estava bem. Não me perguntou se eu precisava de ajuda. Se perguntasse, também, seria falso. É por isso que não é minha amiga e sim, minha CNTS. Ela caminha em direção ao espelho e eu a sigo. Ela arruma o cabelo, faz caras e bocas. Olha mais para si mesma do que olha para mim.

Reviro os olhos. Tão ridícula. Devem se perguntar como eu virei amiga dela. Simples. Nossas mães eram amigas.

Subimos a escada sem assunto. Não queria ouvir sua voz de qualquer forma. Queria ouvir minha alma e ela pedia socorro. Ninguém irá escutá-la de qualquer forma. Poderia ignorá-la como eu sempre faço. Mas, eu gosto de sua voz. Desesperada, aflita, inocente. Uma turbulência dentro de mim. Ela está querendo ir embora.

Weger está lá falando sobre tabela periódica. Como se eu me importasse com elementos químicos. Sento e encaro Anne. Quero que ela deixe minha alma sair e voar. Cansei de guardar dores sozinha. Não tenho medo do que ela vai dizer. Do que ela vai pensar. O sinal toca e eu não penso quando levanto e sento ao seu lado. Jimmy faltou hoje. Duvido que ela sentiu sua falta.

– Anne... Você sabia que eu fumo?- Não tinha tempo para enrolá-la. Eu estava entrando em erupção. E hoje, ela será queimada.

– Sim... Você está bem, Wendy? – cortei-a.

– Você fuma?- estava sorrindo. Talvez como uma psicopata. Talvez como eu mesma.

– Ás vezes... Só quando meus pais não estão em casa. - ela me deixou de olhos arregalados. Jogou água fria. Ela e eu continuamos nos olhando. Parecia uma conversa. Eu não sei a língua dos olhos. Não via nada além de uma mancha marrom. Marrom brilhante. Ela estaria feliz? Emocionada? Escondida?

– Então, você quer fazer o trabalho de química comigo? Weger disse que poderíamos escolher. Achei que você ficaria com suas amigas. - disse. Mal ela sabe das CNTS. Sorri.

– É. Eu vim falar sobre isso. Mas, eu aceito.

A professora de filosofia entrou e eu fui para meu lugar. O dia continuou estranho. Agora, são oito da noite. Meus olhos querem a escuridão. Meus pais saíram de casa. Estão se divertindo. O silêncio reina.

E o cheiro de queimado vindo de mim também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu achei esse capítulo rápido e meio psicótico. Mas, decidi não abrir mão desse lado da Wendy. Quanto aos comentários, estou ansiosa por eles. Agradeço novamente ao carinho de todos, principalmente de " Garota dos Sonhos". Mas, entretanto, senti falta das demais. Hahahaha estou sentimental hoje, então ignorem tudo isso.