O Diário de Uma Garota Perdida escrita por Lost Girl


Capítulo 2
Balões


Notas iniciais do capítulo

Olá, perdidos. Você também acham ridículo esse apelido? Hahhaha Acho que só por isso, continuarei usando-o. Enfim, esse capítulo ficou um pouco maior. Mas, geralmente, eles virão curtos. Melhorarei isso. Ahh, ignorem o título Espero que gostem...



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Meus olhos ardem. Como se eu tivesse chorado o dia inteiro. Lágrimas invisíveis? Ou uma dor enclausurada?Pergunto a mim mesma porque guardar uma dor. Todos dizem que é melhor liberar o que você sente; que você irá se sentir mais leve. Eu já acreditei nisso. Acreditei. Eu contei, no sexto ano, que eu gostava de um garoto a uma amiga. O pior é que ele nem olhava na minha cara. Suspeito que não sabia o meu nome. Mas, isso não importa. O fato é que eu me senti leve.

Leve... Leve por segundos. Senti como se eu fosse um balão e estivesse voando para longe. Longe de mim. A sala inteira ficou sabendo disso depois. E, meu deus, eu me senti claustrofóbica. Presa no olhar dos outros. Presa no que os outros diziam. Presa fora de mim. Não tinha domínio para onde voar. O vento leva a gente para onde ele quiser. Descobri, então, que é melhor guardar dores. Elas não voam para longe, elas voam para onde eu sopro. Prefiro assim.

O sinal acabou de tocar. Todos conversam. Todos riem. Ninguém pensa. Eles são tão felizes. Tão felizes que eu me assusto. Eu só gostaria de alguém que pensasse igual a mim. Mas, parece que eu sou a única. Talvez não. Há aquelas que se escondem na imagem do normal. Foda-se o normal.

Pego minha mala e despeço das minhas “amigas”. Chamaria elas de outra coisa. Companhias para Não ficar Totalmente Sozinha. (CNTS). Essa sigla é mais comum. Eu gosto de ficar sozinha. Sozinha mesmo. Tipo, eu e quatro paredes. Na escola, sou eu, trezentos retardados e quatro paredes. Logo, essas CNTS são apenas um pretexto para falar que eu não estou sozinha, apesar de me sentir assim. Esse sentimento nunca vai embora.

Como o restante dos bois, eu sigo a boiada. Reviro os olhos. Odeio estar presa a isso. Porém, não posso me tacar da janela achando que eu sou... Uma águia. Sou um boi. E isso é algo complicado de ser aceito. Dizem que a sociedade te dá escolhas. Gosto de dizer que ela nos força a tomar escolhas, como se fosse natural. Tipo nascer, crescer, morrer ou sobreviver no colégio, escolher uma profissão, tornar-se “alguém”, casar-se, ter filhos e agora sim, podemos morrer.

Ciclo ridículo.

Encosto minha cabeça em uma parede longe dos outros. Eu queria fechar os olhos e desaparecer. É difícil ignorar os problemas. A maioria das pessoas da escola fazem isso. Elas saem rindo e sorrindo como se a vida fosse bela. Questiono isso também. Sempre eu penso nos meus problemas. As CNTS falam " Você vai entrar em depressão assim" ou " Como vai ser seu futuro se você ficar triste desse jeito?”. Ás vezes, eu gostaria de não ter futuro.

Pensar no depois é quase falar “Foda-se o hoje. Amanhã é o que vale.”. Eu quero pensar no hoje e não no amanhã. Eu quero... Parar de pensar na verdade. Pensar nessas coisas. Hoje e Amanhã. Presente e futuro. Acho que meus ossos estão com febres. Escutei isso em uma música... Talvez seja verdade.

Sinto uma sombra ao meu lado assobiar. Levanto a cabeça e me deparo com Anne. Garota morena, usa óculos, meio irrelevante na minha vida. Quando crianças, fomos amigas. Acho engraçado isso. Quando crianças, nós éramos amigos de todos. Hoje, ninguém é amigo de ninguém se este não estiver no seu grupo.

Divisões ridículas.

Não lembro direito cada fala, mas foi algo mais ou menos assim:

– Oi.

– Oi... Você precisa de alguma coisa?- Sempre direta. Característica minha. Estou rindo agora, ela arregalou tanto os olhos quando eu disse isso. Talvez ela esperasse um “quanto tempo...”. As pessoas esperam demais uma das outras.

– É... Não. Na verdade, eu te vi sozinha e queria saber se você não queria uma companhia. - ela falou se sentando. Juro que ia falar “Não, estou melhor sozinha”. Mas, como ela já estava sentada, achei estranho fazer tal comentário. Dei de ombros. Sempre funciona. - O que você está fazendo?

– Escrevendo- desliguei meu celular. - Mas, eu tenho que ir para casa agora. Sabe como são as mães... Vou indo. Tchau.

Nem ouvi sua resposta. Sai correndo. Agora eu parei para pensar sobre outra coisa. Essas divisões... Elas impedem que nos relacionemos uns aos outros. Acho que eu devia ter conversado com Anne. De qualquer modo, falarei amanhã.

Amanhã é sempre mais fácil do que hoje.


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Notas finais do capítulo

É só isso, perdidos. Espero que vocês tenham gostado desse capítulo. Muitíssimo obrigada pelos comentários do capítulo anterior. Esse capítulo é para vocês. Até breve, mil beijos!
Fuii :)
Ah, esqueci de uma coisa, a música que eu falei se chama Sleepwalking e é de uma banda chamada Bring Me The Horizon. Ela é perfeita ( para mim, é claro).