Contos do Tio Charlie escrita por Charlie


Capítulo 2
A Árvore das Lamentações


Notas iniciais do capítulo

Conto de Drama...



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DIZEM QUE A ÁRVORE DAS Lamentações não traz só lamentações.

Uma menina como outra adolescente qualquer estava apaixonada pelo menino de sua classe na escola. Seu primeiro amor. Ela não podia estar mais comovida com isso. Bem, ela até podia se seus pais deixassem-na vê-lo.

Ela era proibida de vê-lo, pois as duas famílias eram rivais. De um lado um verdadeiro fazendeiro e dono de muitas terras, e de outro, também fazendeiro e dono de muitas terras. Mas o problema era que ambos disputavam pela mesma terra durante gerações, a razão pela qual as duas famílias eram rivais.

Mas eles se encontravam as escondida, claro. Ela não aguentaria viver longe de seu primeiro e verdadeiro amor. Sempre que conseguiam tempo para se veem, eles se reuniam embaixo de uma árvore cerca de alguns quilômetros das terras deles, pois se fossem pegos nas terras dele e dela, era capaz de nunca mais verem suas famílias.

Porém, ela acreditava que o amor era algo que superava qualquer coisa e com certeza as duas famílias iriam entender o amor dos dois, talvez. Não, talvez, não!, pensou a menina completamente revoltada consigo mesma. Eles iriam aceitar, tinham que aceitar! O amor era algo inexplicável e inquebrável. Nada vencia o amor verdadeiro. E ela e o seu primeiro amor iriam enfrentar suas famílias e eles ficariam juntos para o resto de suas vidas.

Após um longo caminho de caminhada, a menina encontrou seu namorado que estava esperando-a desde cedo.

Ao chegar perto de seu amando, ela disse:

― Desculpa pelo atraso.

Ele não sorriu, mas disse:

― Sem problemas.

Ela começou a conversar com ele, mas ele não pareceu estar entusiasmado e ela notou. Ao notar isso, a menina perguntou o porquê e ele respondeu, mas ela não esperava aqui.

Ele disse que não a amava mais, estava enjoado de encontrá-la escondido, mas ele escondia a verdade... O que ele escondia era que ele tinha outra e era a melhor amiga da menina que ele estava terminando. Era bem melhor ficar com a outra do que com essa. A outra aceitava encontrar com ele em qualquer lugar e a se deitar com ele. Bem melhor do que essa, pensou ele.

Mas ele não disse nada. Por pena, é lógico. Ele não podia ferir os sentimentos da menina. Ela tinha ficado com ele por um bom tempo e não podia partir seu coração dessa maneira. Dizer que não a queria mais era melhor do que dizer que estou com sua melhor amiga, pensou ele. Era uma forma mais fácil e menos complicada de terminar.

Quando a menina terminou de falar o que ela falava ― e ele nem prestava atenção ―, ela deu as escolas para ela e deixou-a sentada e chorando embaixo de uma árvore. E foi atrás de sua outra amada, onde ele poderia dormir-se com ela naquela noite.

Chorando sozinha por muito tempo, ela sentiu uma luz brilhar através de suas pálpebras.

Quando ela olhou, viu a figura de uma mulher resplandecendo a sua frente.

Ela era alta e magra. Jovem e tinha cabelos louros brancos tão longos que iam até sua cintura. Vestia um vestido de ceda branco, mas era quase impossível de enxergá-lo, pois a luz que emanava dela era quase cegava a menina, o que a obrigava a olhar somente para o rosto liso e incrivelmente da mulher.

― Eu vi o teu sofrimento, minha querida ― disse a mulher com uma voz tão suave que mais parecia um sussurro. A mulher se aproximou da garota. ― Eu tenho uma solução para o seu sofrimento.

― Qual? ― perguntou a menina desesperadamente. ― Meu coração dói... ― choramingou.

A moça que brilhava olhou para a menina com pena e afeto.

― Eu sou a deusa das Lamentações ― disse a deusa. ― Posso acabar sua dor, seu sofrimento, sua lamentação com um estalo de dedos. Mas preciso que você esteja de acordo com...

― Eu aceito! ― interrompeu a menina.

A deusa surpreendeu-se com a determinação da menina que chorava a sua frente.

― Então está de acordo? ― perguntou a deusa séria.

― Sim. Tudo para acabar com essa dor que eu sinto bem aqui ― disse a menina com a mão sobre o coração.

A deusa riu e disse:

― Que assim seja, minha querida ― a deusa se aproximou da garota, segurou seu rosto e, delicadamente, beijou sua testa.

A menina começou a brilhar de sua testa e o brilho passou pelo seu corpo, transformando-a em uma árvore com folhas delgadas, bem recortadas e de coloração branca. E ela não estava só. Ela estava entrelaçada com uma árvore como ela, porém mais robusta e de um verde mais intenso que os verdes comuns nas árvores já vistas.

― Você pode ouvir o choro daqueles de coração partido ― disse a deusa. ― Você pode amaldiçoar quem partiu o coração, fazendo que a pessoa ame, porém nunca seja amada. E também pode abençoar os corações partidos, dando a eles um novo amor. Amor verdadeiro ― finalizou a deusa.

A deusa se virou, brilhou intensamente e desapareceu.

Como árvore, a menina se sentiu... livre. Sua dor, seu choro, sua lamentação... tudo tinha ido embora. Ela estava livre de tudo! Era a sensação mais maravilhosa que ela tinha sentido desde que tinha se apaixonado, mas é claro que essa paixão não existia mais em suas lembranças e nem mais em seu coração. Ela tinha uma missão para fazer agora e ela iria honrá-la.

A menina-árvore mexeu-se como se estivesse suspirando e ficou ali durante anos e ela começou a brotar ao redor do mundo, abençoando e amaldiçoando quem ela julgava ser abençoado e amaldiçoado.


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