Our Strange Duet escrita por Elvish Song


Capítulo 27
O Santuário


Notas iniciais do capítulo

Erik faz uma surpresa a Celine, esperando que isso a ajude a sentir-se melhor e impeça-a de ser consumida pela raiva e amargura.



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POV Celine

De volta à Casa do Lago, Celine parecia bem melhor; embora seu corpo ainda estivesse muito maltratado e dolorido, a sensação de culpa e constrangimento desaparecera. Sentia-se, ainda, humilhada ao lembrar da noite anterior, mas desistira de sofrer por aquilo: mais útil seria aprender o que Erik tivesse para lhe ensinar, até poder fazer justiça com as próprias mãos.

Ao seu lado, seu marido tinha um olhar diferente; preocupada, virou-se para ele e perguntou:

– o que foi?

– Eu já lhe disse quanto orgulho sinto por ter você como esposa? – Ele a abraçou com força – Você é a mulher mais corajosa que já conheci.

– Eu não mereceria tê-lo como esposo, se não o fosse. Você é o homem mais forte, intenso e corajoso que tive o prazer de conhecer. – Ela o beijou – Você nunca desistiu, não importando o quanto tivesse sofrido. Eu tenho orgulho em dizer que você é meu marido!

Sentaram-se juntos à mesa de um aposento que haviam convertido em sala de jantar: gostavam de comer juntos, de modo que aquela seção da casa fora decorada de modo a proporcionar-lhes o máximo de conforto e intimidade. Sentada bem próximo de Erik, ela deitou a cabeça em seu ombro, e ele passou o braço em torno dela. Respirando fundo, a moça perguntou:

– Acha que estou errada?

– Não – respondeu o Fantasma, acariciando-lhe o rosto – Mas não significa que eu fique feliz com isso. Você é minha estrela, minha amada, minha querida: tenho medo de perdê-la. Por isso, vou fazer o meu melhor para ensiná-la, e a acompanharei quando for ter com seus atacantes.

Ela sorriu:

– Ah, Deus... Como eu te amo!

– Não mais do que eu a amo – Erik hesitou por um segundo – Meu amor... Eu preciso lhe dizer algo que, temo, pode ser mal interpretado por você.

– Se eu interpretar mal, você pode explicar o que quis dizer – respondeu a moça, apoiando o queixo nas mãos e o encarando fixamente.

– Olhe... Não quero menosprezar o impacto que tudo isso teve em sua mente e em seu coração, meu amor... Mas...

– Mas? – Celine franziu o cenho, curiosa.

– Não permita que isso mude quem você é. Eu posso imaginar o quão machucada está, mas não deixe que a mágoa e a raiva tirem o que você tem de melhor.

– E o que eu tenho de melhor, meu Anjo?– ela nunca poderia se ressentir de qualquer coisa que ele lhe dissesse.

– Essa alma cheia de vida e beleza; um coração apaixonado e intenso; uma mente brilhante e talentosa; um encantamento no olhar e a capacidade de ver magia e beleza no mundo. É isso o que você tem de melhor. – Erik acariciou e beijou a mão de sua esposa.

Enternecida, a jovem retribuiu a carícia e tocou-lhe a fronte com a sua:

– Não se preocupe, meu amor... Ainda estou cheia de medo, raiva e mágoa, mas esses sentimentos vão passar; eu nunca poderia me tornar amarga vivendo ao seu lado. Olhar para você, sentir seu cheiro, ouvir seu coração: tudo isso afasta as sensações ruins, e deixa em seu lugar apenas paz e alegria. Enquanto tiver você comigo, jamais perderei o que, como definiu, tenho de melhor; é você quem desperta isso em mim.

O Fantasma sorriu, radiante. Uma vez que haviam terminado a refeição, ele se ergueu e a tomou nos braços com delicadeza; desistindo de convencê-lo a não fazer aquilo, a mulher se deixou carregar.

– Quero lhe mostrar algo, minha Celine – seu marido a levou para a Sala do Órgão, e de lá começou a descer as escadas que levavam à Sala Proibida – como a moça começara a chamar o aposento que fora causa de sua única discussão. Incomodada, perguntou:

– vai mesmo me levar ao Santuário?

– Sim. Tem algo que precisa ver. – seus olhos verdes brilhavam: como ela amava aquele brilho!

Erik colocou-a no chão do lado de fora do santuário. Segurando-lhe a mão com delicadeza, deu a volta no biombo e afastou a cortina, para que ela entrasse primeiro. E quando o fez, Celine sentiu que poderia desfalecer: o que antes era um santuário dedicado à memória e veneração de Christine, agora falava apenas... Deles!

Em nichos pintados de dourado, adornados com lanternas e espelhos, havia retratos diversos da jovem, vista pelos mais diversos ângulos; misturados a esses, desenhos dos dias – e noites – que ela e seu Anjo haviam passado juntos. Sobre uma mesa ricamente adornada, uma maquete do Anfiteatro reproduzia com perfeição cada detalhe da construção, incluindo as coxias e bastidores: personagens esculpidas em madeira mostravam os atores, bailarinos e produtores – havia até uma figura de Madame Giry! – Mas foram duas as peças que lhe chamaram a atenção... Ela e Erik, reproduzidos em miniaturas perfeitas, colocadas no meio do palco, como uma espécie de casal real da ópera.

Por todo o aposento – que até então a garota não percebera como era grande – havia espelhos estrategicamente colocados para refletir a luz das velas, o que deixava o ambiente extremamente bem iluminado; a um dos cantos havia uma enorme harpa, e ao seu lado, sobre um suporte, um violino e uma partitura. Jazendo sobre o banquinho da harpa, uma flauta negra, na qual fora gravado – em ouro – um nome: Celine. Afastado dos instrumentos, um cavalete com bancada sobre a qual repousavam lápis, carvões, tintas, papéis de desenho...

Boquiaberta com tudo aquilo, ela continuou olhando ao redor: em manequins diversos havia vestidos, máscaras e tiaras; na parede oposta à entrada, uma penteadeira branca sobre a qual havia dois porta-jóias, vidrinhos de perfume e uma escova de cabelos com seu nome gravado; fitas coloridas pendiam das laterais do espelho; o banco da peça era forrado com veludo azul. Aliás, tudo ali era decorado em branco, prata, azul e dourado: apenas cores leves e claras – muito embora Erik amasse vermelho e tons escuros, ele fizera aquele quarto com as cores das quais ela gostava. Atônita, ela gaguejou:

– E.. Eu nem sei... Eu nem sei o que dizer...

– Ainda não acabou. Eu criei este lugar para ser inteiramente seu: para que se sinta totalmente segura e à vontade. – O Fantasma a conduziu através do aposento, em direção a uma parte do recinto oculta por cortinado dourado. Com um gesto largo da mão enluvada, o tecido foi afastado, revelando um leito amplo e circular, com lençóis e cobertas azuis e dossel branco. – Um quarto não é um quarto, sem leito. Não sei se vai querer que durmamos aqui, mas você terá o conforto que quiser para ler, escrever, desenhar...

Celine não esperou que ele terminasse: passou os braços ao seu redor e o beijou com intensidade e paixão. Seu lábio partido doeu, mas não se importou; só queria perder-se naquele beijo até perder o fôlego, mergulhar fundo no calor de seu amado e se afogar em seu amor. Queria banir as lembranças ruins com toda a felicidade que sentia ao beijar e abraçar seu Fantasma da Ópera.

Erik, no entanto, não a tocou como esposa – de acordo com ele, não o faria antes que ela se houvesse recuperado física e psicologicamente. Assim, naquela noite o casal apenas dormiu abraçado no novo “quarto”, desfrutando da companhia um do outro: nenhum pesadelo atormentou a moça.


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Notas finais do capítulo

Erik ama Celine acima de qualquer outra coisa em sua vida; ele irá ensiná-la a matar, mas, antes, quis ter certeza de que isso não a faria esquecer quem ela é. Um quarto cheio de lembranças parece o melhor modo de consegui-lo, não acham?