Our Strange Duet escrita por Elvish Song


Capítulo 24
Dor


Notas iniciais do capítulo

Erik se obriga a controlar seu ímpeto assassino para cuidar da esposa, mas a vingança contra o Barão de Toulouse foi apenas postergada, não esquecida.



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POV Erik

O ato final ainda não havia começado, mas o coração de Erik se apertou: embora não houvesse motivos para tanto, sentiu que havia algo errado com sua esposa. Confiando apenas em seu coração, tomou uma das tantas passagens que conhecia, dirigindo-se para os bastidores. Ela não estava nos camarins, nem nos andares superiores. Sentindo-se cada vez mais desesperado, ele continuou sua procura por todos os lugares; finalmente, lhe ocorreu o lugar onde ela poderia estar: o alojamento das bailarinas, é claro!

Correndo para os aposentos que Celine um dia dividira com as seis bailarinas, ele sorriu ao ver a porta entreaberta: talvez ela houvesse adormecido enquanto organizava o quarto! Ele rezava por aquilo, mas não acreditava verdadeiramente em tal hipótese.

Foi ao abrir a porta e entrar no quarto que viu seus medos se confirmarem: largada no chão, o vestido branco arrancado aos farrapos do corpo... Os seios e ombros com hematomas e mordidas... O ventre e as coxas marcados por arranhões... O rosto marcado por um enorme hematoma... O lábio inferior partido e sangrando... Sangue escorrendo por entre as pernas... Os olhos fixos no nada e quase inconsciente... Sua Celine parecia ainda pior do que no dia em que a conhecera.

Sentindo a raiva aflorar em seu peito, o Fantasma a refreou: Celine precisava de seu socorro, e não da morte de quem a atacara! Ajoelhando-se ao lado de sua esposa, ele a chamou com doçura:

– Celine – vendo-a sem reação, segurou-a pelos ombros, sentou-a e a sacudiu delicadamente: como estava gelada! – Celine, meu amor! Olhe para mim!

Ela estremeceu e se encolheu, mas virou o rosto e o encarou: estava em choque – Erik sabia reconhecer aquele estado. Aos poucos a lucidez voltou aos olhos castanhos, e a mulher murmurou num fiapo de voz:

– Erik... – Duas lágrimas brilhantes escorreram pelo rosto machucado – Não fique bravo comigo... Eu juro que lutei até o fim... Mas eles eram fortes demais, e... – com aquelas palavras, caiu num soluçar incontrolável.

Lutando contra a fúria assassina do Fantasma da Ópera, Erik cobriu sua amada com a capa e a ergueu nos braços: ouvi-la gemer de dor apenas aumentou o ódio por quem havia feito aquilo com sua Estrela.

O Anjo da Música a levou para casa, sussurrando palavras de conforto para tentar diminuir o tremor incontrolável de sua amada – que ele não sabia ser de frio, medo, ou ambos:

– Calma, meu amor; eu estou aqui, e vou cuidar de você.

Havia sangue demais pelo corpo de sua esposa para que ele pudesse cuidar das feridas; levando-a para a sala de banho, encheu a banheira, despiu-a dos restos do que um dia fora um vestido e a colocou delicadamente na água. Ela gemeu alto ao sentir o líquido quente sobre os machucados, mas não tentou se levantar; também não reagiu enquanto o Fantasma tirava o sangue de seu corpo com uma esponja macia.

Erik tentava ser o mais gentil possível, especialmente ao limpar as marcas de mordidas nos seios e ombros, mas não podia impedir os lamentos de dor de sua pequena. Com cuidado, começou a descer a mão para limpar-lhe o sangue entre as coxas, assustando-se quando, de repente, a moça agarrou-lhe a mão e, caindo num soluçar incontrolável, pediu:

– Por favor, não...

– Preciso terminar de lavar as feridas em seu corpo, minha Estrela – ele mergulhou os olhos verdes nos dela – calma: sou eu, o seu Erik. Sei que dói, mas eu não vou te machucar.

Tremendo e soluçando, ela se inclinou contra a borda da banheira e, afastando as pernas, deixou que ele limpasse os machucados nas coxas e virilha. Sua expressão era de vergonha e constrangimento, e lágrimas escorriam pelo rosto bonito e machucado. Erik a tirou da banheira e a enxugou delicadamente; vestiu-a com uma camisola de lã, preocupado com a frieza da pele de sua amada. Só havia um jeito de, ao mesmo tempo, confortá-la e aquecê-la...

Levando-a para o quarto, o fantasma tirou o colete e a camisa; sentando-se no leito e reclinando-se contra a cabeceira da cama, trouxe-a para seu colo e puxou as cobertas sobre ambos. Ao sentir o calor do corpo de seu companheiro, ela se aninhou contra o peito largo; ainda chorava quando, envolvida pelos braços de seu Anjo, adormeceu. No sono, ela gemia e chorava, partindo o coração de Erik: tudo o que ele queria, naquele momento, era matar quem tanto machucara sua Celine.

POV Erik

Ele não havia dormido: por toda a noite velara sua mulher, acalmando-a quando, no sonho, ela revivia o estupro e começava a chorar e gritar. Quando, afinal, conseguira tranqüilizá-la, deitara-se na cama sem tirar a cabeça delicada de seu peito; por mais algumas horas, ficou apenas deitado, penteando com os dedos os longos cabelos castanhos. Não podia deixar de sentir-se grato por ela estar viva... Bárbaros como aqueles, muitas vezes, matavam suas vítimas. Apesar de tudo, ele ficava feliz por ainda ter sua Celine: poderiam lidar com aquilo, desde que estivessem juntos.


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Notas finais do capítulo

Ah, o amor... Quando é verdadeiro, pode superar qualquer coisa; e Erik está decidido a amparar sua companheira em sua recuperação.