Supremacia escrita por Bullet Elf, Gaby Castagnoli


Capítulo 3
Incomodo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/513342/chapter/3

Ablon acordou com um salto, dando de cara com sua irmãzinha que segurava sua boneca em frente à cama. Cassius estava em pé, frente ao garoto, o olhando preocupado. Ablon levantou vagarosamente com a mão na cabeça, olhando para Cassius.

– Minha mãe vai me matar. – Disse com um sorriso irônico no rosto – O que aconteceu?

– Você desmaiou e eu tive de trazer você no colo – Cassius andava pelo quarto olhando para as fotos que Ablon matinha na escrivaninha – O que aconteceu com você?

Ablon ficou tenso, sentindo os músculos de suas costas se contraírem. Suas mãos estavam suadas. Ele se levantou da cama, sorrindo para a irmã enquanto empurrava-a para fora do quarto. A garotinha o encarou e fechou a cara quando o garoto fechou a porta. Ele voltou-se para Cassius, de braços cruzados.

– Eu já estive naquele lugar. – ele encarou o chão e seu tom de voz era frio – No meu sonho, mas ainda estive lá.

–Tem certeza? – Cassius o olhava preocupado. Logo depois sorriu, como se Ablon fosse louco – Esquece isso, cara, descanse, e nos vemos amanha.

{...}

Na manhã seguinte Ablon acordou com o barulho de seu despertador tocando. Ele bufou, pressionando o rosto contra o travesseiro e levantou. Quando desceu as escadas, sua mãe o olhou preocupada. Ela apoiava a mãos no corrimão de madeira. Ele aproximou-se dela e suspirou.

– Mãe, eu estou bem. Volto assim que a aula terminar. - ele a abraçou e beijou sua testa – Eu prometo.

Antes que ela negasse, Ablon já saíra pela porta e estava atravessando o jardim. Sua mãe o acompanhou com o olhar pela janela, ainda preocupada. Seus olhos castanhos esverdeados acompanharam Ablon até que ele sumisse. Cassius estava esperando por Ablon na esquina de sua casa. Ele esbanjava o mesmo sorriso de sempre, alegre e contagiante. Passou um braço por cima dos ombros de Ablon e o conduziu em direção à escola. Caminharam alguns quarteirões até chegar ao colégio. Não disseram nenhuma palavra sobre o que havia acontecido no dia anterior, mas ao chegarem à escola, perceberam que algo estava diferente. Avistaram uma menina conversando com um amigo.

–Tem uma menina nova na escola. – Disse. A garota era loira e segurava a alça da bolça.

– Emily! - Disse Cassius a cumprimentando com um beijo no rosto – Ouvi o que você disse. Mas, qual e nome dessa menina?

– Alexis, eu acho, não sei muito bem. – disse ela dando de ombros – Tenho que ir. Nos vemos mais tarde, Cassius.

Ela se afastou, juntando-se a um grupo de meninas que riam e conversavam em voz alta. O motinho rodeava a garota nova, Alexis. Ela ria também, porém soando mais como quem tentava não ser grosseira. Ablon e Cassius se aproximaram aos poucos, mas não conseguiram ver muita coisa. Avistaram apenas a cor do cabelo, nada de mais. Os dois caminharam até a sala de aula. Ablon, como de costume, sentou-se no fundo e observou a paisagem do lado de fora, pela janela que havia ao seu lado. “Nada de mais, apenas a mesma coisa de sempre: garotas metidas, mimadas...” pensou ele, enquanto mantinha o olhar fixo em uma arvore morta.

Alguns minutos depois, um grupinho um pouco grande entrou na sala. A garota nova, Alexis, entrou logo em seguida, olhando para o chão. Parecia incomodada, como se não quisesse estar ali. Ablon a acompanhou com o olhar e percebeu que havia apenas duas carteiras vagas: uma ao seu lado ou a frente de Cassius, que era o segundo da fileira.

O sinal tocou, e ela se sentou ao seu lado de Ablon, que de relance, percebeu que seus olhos eram azuis como o céu e que seus cabelos castanhos realçavam seu rosto. Quando o professor entrou na sala, Ablon voltou seu olhar para o lado de fora. Às vezes olhava para Alexis ou para Cassius, que tinha um sorriso malicioso em seu rosto. Alguns minutos depois, o professor levantou e encarou Alexis, que pareceu incomodada.

– Bem classe, estamos recebendo uma nova pessoa hoje. Senhorita Alexis, por favor, se apresente para sala. – Ao término do pedido do professor, Alexis se levantou. Ablon percebeu que suas mãos tremiam. O que estava sentindo?

–Eu sou Alexis. Gosto de ler, e outras coisas, mas agora me sinto incomodada por estar aqui na frente. E ser rodeada por meninos, idiotas, bestas, e burros, me deixa seriamente irritada, por que se acham que podem vim a ter algo comigo, sinto-me maravilhosamente bem em dizer vão se ferrar. E eu nunca irei ter algo com nenhum de vocês. – ela terminou mostrando o dedo do meio para toda a sala. Ablon abriu um sorriso discreto. Alexis não parecia uma garota mimada. Ele entrelaçou suas mãos e apoiou os cotovelos na mesa enquanto descansava a cabeça em cima dos dedos. – E outra coisa: sim eu sou chata deste modo, e não levo jeito para fazer amigos e também não quero fazer. É isso, essa sou eu. Já me apresentei, agora estou voltando ao meu lugar. Cassius segurava a risada enquanto Ablon reprimia um sorriso.

–Bem... – o professor fez uma pausa- Obrigado por se apresentar, senhorita. – enquanto o homem arrumava seus materiais, o sinal tocou. – Até a próxima.

As horas passaram devagar, como se fosse uma velha de cem anos andando em meio ao trânsito. Na hora do almoço, Cassius e Ablon ficaram na sala bebendo refrigerante. Cassius ria, lembrando-se da apresentação de Alexis.

– Cara – disse ele entre a risada – ela é demais. - Nunca vi alguém se apresentando daquela maneira – Ablon sorria, bebendo seu refri, enquanto encarava Cassius

– Sabe, você poderia comprar uma coxinha pra mim. Não quero ir à cantina, e acho que aquela garota... Como é o nome dela?

– Emily. – Respondeu Cassius - Isso, ela parece que quer te ver, então você aproveita e compra minha coxinha – Ablon entregou o dinheiro a Cassius. Ele suspirou e saiu da sala, indo até a cantina. Ablon ficou encarando a janela até ouvir um barulho de uma cadeira sendo arrastada.Ao olhar, ele deparou-se com os olhos azuis da garota nova, e colocou-se a encará-la. Ela não desviou o olhar, muito menos ele.

– Olha se vai ficar me encarando deste jeito, é melhor parar. – Diz ela sem desviar o olhar, o qual é irônico. Ablon cruzou os braços um pouco confuso.

–Olha, acho que você pensa ser o centro do universo. E você esta me encarando – ele se levantou e se aproximou dela – Não quero discutir nem nada, ok? Sou Ablon.

Ela rolou os olhos e se foi, trombando em Cassius ao passar pela porta. O garoto desculpou-se e encarou Ablon.

– Essa menina, cara, ela é demais. – Cassius caminhou até Ablon, o entregou a coxinha e sorriu – Ela combina com você.

– Cala a boca! Ela é muito convencida.

Ablon comeu a coxinha, sem dizer mais nada. O sinal já havia tocado e Ablon apenas encarava o lado de fora durante todas as aulas. O dia passava cada vez mais devagar. Quando a aula acabou, ele foi para casa, sem falar com ninguém.

Ao chegar, deitou-se em sua cama e começou a pensar. Algo na garota o incomodava. Por que ele ficara trêmulo quando a vira? Logo ele adormeceu, caindo em um sono profundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Supremacia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.