Supremacia escrita por Bullet Elf, Gaby Castagnoli


Capítulo 2
Vivência


Notas iniciais do capítulo

Hey hey. Desculpa a demora do capitulo.
Boa leitura!



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Um vulto. Poeira.

–Ablon...

Um brilho. Um ser...

[... Sobreviva... sobreviva... sobreviva...].

{...}

O despertador tocou, e Ablon levantou assustado. Olhou pela janela, vendo que já era de manhã. Coçou os olhos com os pulsos, levantou da cama e desceu as escadas.

– Bom dia! – sua mãe o recebia com alegria na cozinha, enquanto colocava o café da manhã na mesa – Dormiu bem?

Ablon sentou-se em uma cadeira e apoiou o braço na mesa, deitando-se sobre ele. Se houvesse uma personificação da preguiça, com toda certeza seria ele. Estava quase adormecendo novamente, até sentir sua irmãzinha pulando nele.

– Acorda maninho, você tem que ir pra escola! – ela sorria e saltitava, com seu ursinho de pelúcia em mãos.

– Mãe! Pede para a Alex me deixar em paz.

– Deixe o Ablon, querida. Vai lá brincar, vai.

A garotinha saiu pulando para fora, puxando seu ursinho pelos braços. Ablon levantou e aproximou-se de sua mãe para ajuda-la com o café.

– Vai para o colégio hoje, querido?

– Vou sim. Tenho competição de vôlei. – o garoto pegou alguns pratos e colocou sobre a mesa, sentando-se em uma cadeira e servindo o café. – Mãe, tive um daqueles sonhos de novo.

Ela largou o garfo e olhou para a parede.

– Que sonho?

– Eu via um vulto me segurando, dizendo meu nome. Depois uma luz forte e uma silhueta estranha. E depois um eco que dizia “Sobreviva” e... Mãe, você esta bem?

A mulher suava frio, e evitava encarar o garoto. Sentia um frio na barriga e perdera o apetite. Ela encarou o garoto e mudou de assunto.

– Estou sim, querido. Bem, é melhor você ir se arrumar. Não quer se atrasar para a escola, né?

{...}

O dia demorava a passar, e Ablon entrava em um longo conflito contra o relógio. Ele sempre pensou que frequentar a escola era perca de tempo.

– Nunca vi lugar mais chato. Eu tiro dez em tudo! Olho em volta e nem metade das pessoas que estão aqui tem realmente interesse em estudar.

– Você sabe que frequentar a escola é meio que uma obrigação, não sabe Ablon? – Cassius, melhor amigo de Ablon, era sempre o responsável por conflitar as suposições do garoto.

Cassius era um garoto alto, com cabelos loiros e arrepiados. Possuía uma massa muscular relativamente superior a da maioria dos garotos do colégio; era do tipo que metia medo nos fracos e atraia a mulherada, com seus músculos e o olhar sedutor.

– Obrigação ou não, eu não preciso estar aqui.

Caminharam mais um pouco, indo até o fim do corredor que dava acesso ao ginásio de esportes. Foram até o vestiário e colocaram as roupas para jogar vôlei.

– Tive outro sonho estranho, Cassius. – Ablon sentou em um banco para amarrar o tênis.

– Aquele mesmo sonho que você tem toda noite?

– Sim, só que dessa vez eu ouvia um eco. Alguém, do qual eu conhecia a voz, dizia “Sobreviva” e ai eu acordei.

– Você tem que parar de ler livros de aventura.

Cassius saiu do vestiário rindo, deixando Ablon para trás, pensativo.

{...}

Antes do jogo, Ablon fez sua série diária de alongamentos. Ele confiava em sua sala, e tinha toda certeza de que eles venceriam o torneio. Foi duro chegar até a final, mas o garoto sentia que o titulo era dele.

– Está preparado para perder?

Ablon olhou para trás e viu Cassius. Foi até ele e lhe deu um soco leve no ombro.

– Você sabe que nunca foi páreo para mim no vôlei, Cassius. Desista! Minha sala leva o titulo esse ano.

– É o que veremos.

Os garotos deram um aperto de mão, sorrindo desafiadoramente um para o outro e se colocaram em suas posições no campo. Ablon posicionou-se no canto superior esquerdo, em seu lado do campo. Esperou até ouvir o apito, e colocou-se em posição de ataque.

O saque era de seu time, e logo a bola foi arremessada para o lado oposto da quadra. Ablon analisou a trajetória da bola, e supôs o que iria acontecer. Olhou para sua direita e viu que o jogador estava distraído, então correu até o canto da quadra. Aconteceu em fração de segundos, antes mesmo de o jogador receber a bola para cortar, Ablon já saltava e cobria a área da rede. Quando o jogador fez o corte, Ablon apenas adiantou sua mão e barrou a bola, que caiu no campo adversário. Ponto para seu time.

O juiz encarava o garoto, boquiaberto. Como ele podia adivinhar que o corte seria naquela direção?

O jogo permaneceu assim, e o time de Ablon ganhou o primeiro set. Foi dado um intervalo, e o garoto sentou-se no banco para descansar. Logo Cassius aproximou-se e sentou ao seu lado.

– Olha, odeio admitir, mas você é realmente bom. – ele tinha um sorriso sarcástico no rosto – Como fez aquilo? Quero dizer, você advinhou a trajetória da bola.

– Não sei, foi puro palpite. E outra, o jogador daquele lado estava distraído. Ele nunca conseguiria fazer o bloqueio.

– Você jogou bem, mas não pense que pegarei leve.

– Óbvio que não é para fazer isso. – Ablon o encarou, o desafiando com um sorriso travesso.

{...}

O jogo havia recomeçado, e o time de Cassius assumira a liderança. Por erros bobos do time de Ablon, todos os pontos do outro time foram de erro de saque. Bem... Nem todos, mas Ablon recusava-se a aceitar a derrota. Continuava a bloquear todos os possíveis cortes do outro time, principalmente por consequência de que era Cassius que assumira os cortes.

Não adiantou. O time de Cassius levou o segundo set, e Ablon não acreditava que havia deixado aquilo acontecer.

Entrou em campo no terceiro set com garra, determinado a vencer. Não entrou em campo para perder. Estava determinado e honraria o nome de seu time.

O jogo começou e Cassius começou na ofensiva. Ablon permanecia parado, e apenas observava o time tentando bloquear. Um ponto, dois pontos, três pontos para o adversário. Ele apenas ria da dificuldade de todos perante o seu amigo. Finalmente, despertou de seu transe e começou a jogar sério. Quando avistou a trajetória da bola em direção ao seu campo, não esperou ela tocar a mão de um jogador, apenas cortou. Pensou ter feito ponto, mas Cassius projetou-se na direção da bola e ela voltou. Ponto para Cassius.

Ablon ficou possesso de ódio. O que havia feito de errado? O jogo prosseguiu, e faltava apenas um ponto para o time de Cassius vencer. Ablon não deixaria, ele viraria o jogo. A bola foi arremessada, e o time de Ablon a recebeu e a levantou. O garoto tomou impulso e correu, e no instante certo saltou, seu corpo projetando-se acima da altura da rede. Era agora ou nunca. Todos o olhavam assustados e abismados com a altura do salto, e então Ablon cortou. A bola pegou impulso e, para a tristeza do garoto, foi para fora. O garoto caiu rolando no campo adversário, com lágrimas de ódio nos olhos.

{...}

Após o término das aulas, Ablon ficou na entrada do colégio esperando Cassius. A raiva que sentia de si mesmo o destruía por dentro. Não queria ter perdido, havia decepcionado o seu time. Avistou seu amigo vindo e acabou esquecendo a ideia.

– Foi um ótimo jogo, Ablon.

– Fácil para você falar, seu time ganhou.

– Aquele último ponto, sinceramente, era pra ser teu. Você só errou a direção da bola.

– Cassius, não me leva a mal, mas eu não quero falar mais sobre o jogo.

– Tudo bem. Eu só quero que me responda uma coisa: como você deu aquele salto?

Ablon permaneceu em silêncio. Ele sabia como fizera aquilo. Não fora a primeira vez que tinha saltado tão alto, mas ele desconhecia de como conseguia fazer aquilo. Permaneceram em silêncio por todo o trajeto. Pegaram o mesmo caminho diário, e passaram por um bosque perto da casa dos garotos. Ablon ficou inquieto e sentia uma atmosfera estranha naquele lugar. Parou e olhou para a grama verde, para as árvores. Sentiu a brisa parar junto a ele, e olhou em volta.

– Essa sensação...

– O que foi? Você esta bem?

– Esse lugar, eu conheço...

– Claro que você conhece! Nós passamos por aqui todos os dias. – Cassius revirou os olhos e encarou Ablon.

Ablon caminhou em frente, adentrando um pouco mais o bosque. A brisa voltou a se agitar, e sua mente entrou em colapso. Um brilho forte invadiu sua visão, e ele caiu na grama, perdendo os sentidos.


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Notas finais do capítulo

Quem ainda estiver em dúvida de como é o Ablon e o Cassius, podem olhar na capa. O Cassius é o da esquerda, e o Ablon o da direita.
Enfim, comentários? :D



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