Ele ficou olhando Xavier se afastar e lavar o rosto na pia. Ficou olhando, perplexo, sem saber o que fazer.

– Porra, eu odeio você mais ainda! - ele disse, irritado. Com um movimento das mãos fez com que a torneira se fechasse e bateu a porta atrás de si. - Que merda, você não é o único que tem problemas. Eu estava preso até ontem! - ele se aproximou de Charles e forçou-o a olhar para si. Não se importou muito com o fato de ele estar nu (ou tentou não se importar muito). - O que você quer que eu faça? Você quer que eu desapareça de novo da sua vida, é isso?

–Não. Claro que não. Você aparece que nunca entende. Nunca entendeu nada, não sei porquê achei que agora seria diferente. Você nunca sentiu nada direito. NADA. -Lágrimas voltavam a correr pelo seu rosto sem que o mesmo permitisse. Como ele odiava se sentir assim. Tão vulnerável, à mercê dos sentimentos do outro. Nunca Erik ouviria o que realmente se passava em sua mente por ele mesmo. Ambos tinham a natureza teimosa e orgulhosa. Se Magneto quisesse algo, ele que se esforçasse para tal.

Charles o irritava constantemente. Ele sabia que tinha o mesmo efeito no amigo, e sabia como os dois eram teimosos, mas agora não queria reconhecer nada disso ou amenizar a situação. Na verdade, ele queria mesmo era dar um murro no professor, pra ver se ele parava de ser idiota.

– Você não entende nada, Charles. Que merda, eu só estou tentando te ajudar. Você desaparece com o Hank e ignora todo mundo, ainda mais a mim, e agora quer me culpar de todas as coisas? Você tem noção de como eu me senti sozinho, seu idiota? Enquanto você simplesmente se fechou do mundo pra ficar bêbado o tempo todo?

Ele (Xavier) foi direto para onde Erik estava o encarando, infelizmente de baixo, pelo fator altura. Eles estavam agora extremamente perto um do outro, sendo possível sentir a respiração que saia pela boca. Lágrimas se misturavam a saliva quando ele falou:

–Você. Aãhn. Eu não me escondi. Aconteceram coisas que não pude evitar. Minha mente está muito…. Muito pesada. Há noites que não durmo; durante o dia elas ainda gritam. Não são apenas os gritos. Eu posso sentir a agonia deles. Posso sentir o desespero, o medo, a aflição. Eles nunca são amados. E quando são os mesmos morrem. Eu sinto tudo isso. E os meus sentimentos Erik? Onde eu devo colocá-los? Você foi embora. Mística também, os que não se foram, morreram Magneto. É assim que você se chama agora né? Magneto. Apenas isso. - Tudo fora dito com bocas apenas a poucos centímetros de distância. Charles estava tão nervoso que suava, e estava todo vermelho. Sua pupila dilatada.

– Eles foram porque quiseram, Charles. Eu não obriguei ninguém a nada. - respondeu Erik, a voz baixa e firme. - Você acha que eu também não sinto? Eu estava preso. Tive bastante tempo pra pensar nisso. - Ele fechou a mão, sentindo a raiva crescer como uma onda por todo o seu corpo.

– Porra, Xavier, você é um idiota. - Erik disse, por fim, respirando com dificuldade. Segurava-se pra não explodir e destruir todo o prédio. Charles finalmente conseguiu se controlar e entrar na banheira, disse tudo aquilo ainda nu. Afastou-se de Magneto com a cabeça baixa, sem falar mais nada. Abriu o chuveiro, a água quente logo embasou a cortina que os dividia agora. Ele podia sentir o olhar do outro ainda sobre ele, através da cortina. Entrou em sua mente, mesmo irritado com ele. “Venha aqui”. A água escorria pelo seu cabelo e barba, banhando o resto do corpo.