Noite Passada escrita por Slartbartfast


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Há principio de nudez.



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Erik observou-o se afastar outra vez sem dizer nada. Ficou plantado no chão, encarando a porta fechada do banheiro, sozinho. Levantou-se muito mais que insatisfeito. Teve vontade de arrombar a porta e exigir alguma explicação, mas sabia que de nada adiantaria, talvez só piorasse a situação. Ele esperou alguns minutos para ver se Charles sairia dali, então girou a maçaneta da porta e a abriu.

– Você realmente vai ficar fugindo de mim o tempo todo? - ele perguntou, a voz séria. - Você sabe que não é só um amigo pra mim, Charles. E eu tenho certeza de que você se sente da mesma forma.

Charles ainda estava em silêncio. Tinha tantas vozes na sua cabeça. Tantas. Elas gritavam agora. Vozes novas; vozes do passado; vozes. Por que tantas vozes?! Ele queria poder falar sobre elas para Erik, mas sabia pelo que o outro havia passado também, e não seria nada vantajoso colocar mais problemas para ele.

–Eu não sinto o mesmo. - Se esforçava para segurar o pranto. - Não o quero perto de mim. Não o quero na minha cabeça. - Suas mãos abriam e fechavam enquanto falava. Se não saísse daqui naquele momento iria ruir em frente ao amigo. Não queria mais estar ali. Falou o menos possível, sua voz parecia embriagada. Seu corpo tremia.

Erik sabia que Charles não estava passando por um bom momento, e só agora havia feito a conexão entre tudo aquilo. Eles haviam estado furiosos um com o outro durante muito tempo, e ainda estavam. Ele sabia disso. Ambos estavam completamente confusos; a diferença se encontrava em como essa confusão se manifestava. Erik ficou observando o amigo se segurando para não se desfazer na sua frente. De repente, todo aquele misto de raiva e insatisfação desapareceram, dando lugar somente à vontade de consolar Charles.

– Está tudo bem. Você não precisa ficar na minha cabeça. - ele disse. Voltou ao quarto e apanhou o capacete, e voltou para onde Charles estava. - Viu? Charles olha, você sabe como controlar os seus poderes. As coisas só estão um pouco ruins agora, mas vai ficar tudo bem. Acredita em mim. - Ele ficou olhando para o amigo, meio indeciso do que fazer. Ele não era dado a manifestações de afeto, mas Charles parecia precisar de um amigo agora. Ele cobriu a distância até o amigo em poucos passos e o envolveu num abraço, dessa vez sem segundas intenções. Apenas o abraçou e deixou que ele ficasse ali, pra perceber que estava seguro ao menos por enquanto.

Charles se deixou envolver no abraço e no consolo que recebia. Mas as vozes. Elas ainda estavam lá. Gritando com ele. Enquanto se recolhia no abraço, os espasmos começaram. Fazia tempo que não os tinha, o último a vê-lo assim fora Hank, mas Hank não estava mais ao seu dispor. O abraço não se desfez como ele esperava depois do primeiro contato. Não aguentou mais. Quando se deu conta as lágrimas jorravam, seu corpo todo tremia e quando mais tentava controlar as vozes, mais forte os tremores ficavam. Era como um paciente com epilepsia. Chegou a gritar em certo ponto. Sua mente parecia se esfarelar dentro do crânio. E por mais que empurrasse e gritasse e chorasse o abraço não se desfazia. Pelo contrário, permanecia ali, mais forte.

Erik não entendia o que se passava na cabeça do amigo, mas tinha uma ideia de que não era nada agradável. Charles começou a chorar e gritar, vez ou outra tinha uns espasmos e parecia não estar mais dentro de si. Erik pensou se deveria procurar Hank e pedir alguma espécie de soro que o ajudaria, mas achou melhor não o deixar agora. Apertou os braços em volta do professor, murmurando que estava tudo bem, embora duvidasse que o amigo o estivesse escutando.

– Ei, Charles. - ele dizia, afagando os cabelos dele. - Ei, está tudo bem. Fica aqui, cara. Eu tô aqui pra você, olha só. Fica calmo.

Foram os 20 minutos mais longos da vida de Xavier até aquele momento. Aos poucos, ele foi encontrando uma maneira de controlar seus poderes. Ainda ouvia muitas vozes, mas menos agora. E estava mais calmo também. Os espasmos pararam pelo menos. Ele foi levando a cabeça, e enxugando os olhos e afastando os cabelos no peito de Erik, disse:

– Você ainda está aqui. Por quê ainda está aqui? Sabe o risco que representa se você não usasse esse maldito capacete? Você…..Você só.... Aahrg. Eu te odeio as vezes! - Livrou-se do abraço, lavou o rosto na pia e se despiu por completo.


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