Ele desceu um degrau para ficar de frente ao outro, ainda era mais alto por estar no degrau superior. Os lábios de ambos estavam na mesma direção. Xavier observava o respirar que saía da boca, e como o frio a havia marcado.

– Você não sabe o que está falando. - Erik disse. O sorriso triunfante desapareceu. Tentava manter o tom sério e convicto que era característico seu, mas a boca de Charles o distraía muito. Ela estava úmida e ele sentia vontade de beijá-lo. É claro que sentia. E colocar o capacete ou tirá-lo não faria diferença alguma. Maldito Charles. Estava certo outra vez. Ele levou a mão à cintura de Charles, encarando os seus olhos azuis com firmeza. A respiração dele estava muito próxima e isso o deixava um pouco aturdido, sem poder se controlar. Ele levou a mão ao seu rosto e beijou o canto da sua boca. A barba dele o arranhava. Ele encontrou a sua boca em seguida e o beijou, sentindo o seu corpo todo murmurar um “finalmente”.

Charles, apesar da bagunça que sua aparência estava, mantinha o seu humor e a postura britânica de sempre. Ele estava com a xícara em uma das mãos quando aconteceu. Não podia dizer que não esperava aquilo ou que não desejava. Era uma das coisas que ele já tinha visto na mente de Erik varias outras vezes, porém nunca realmente sonhou que aquilo chegaria a acontecer. A xícara caiu. Quebrou-se ao chão assim que as bocas se encostaram. Sentiu a mão do outro na sua cintura o puxando para mais perto. Respondeu ao beijo. Saiu em disparada em direção ao quarto. Deixando Erik plantado na escada.Aconteceu tudo muito rápido. A xícara se quebrou e de repente Charles não estava mais ali, deixando-o completamente confuso e irritado. Sair assim, sem dizer nada? Erik subiu as escadas pisando duro, decidido a exigir uma explicação do professor sobre tudo aquilo. Ele chegou ao quarto e abriu a porta com força.

– O que acabou de acontecer? - ele perguntou, irritado. Aproximou-se de onde o amigo estava e o puxou pelo ombro, forçando-o a se virar para ele. Seus olhos estavam molhados.Sua (de Xavier) expressão era indescritível. Assim que Lensherr entrou puxando seu braço e o virando, ele o beijou. Beijou de forma tão desajeitada e com tanta vontade. Colocou as mãos no pescoço do antigo amigo, e com elas a o peso do corpo e toda a vontade a pouco contida.

Erik ficou tão surpreso quanto era possível com a atitude dele. Ainda estava furioso, e muito, mas a boca de Charles era melhor ocupação do que ficar discutindo, pelo menos agora. Ele segurou a cintura do professor, apertando-o com força, enquanto a boca se desfazia em vontade nos lábios de Charles. Ele se livrou do capacete e o guiou em direção à cama.Passado o susto ou quase surpresa anterior, Charles tomava total ciência e controle da situação em sua cabeça. Separou-se do beijo apenas o suficiente para tirar aquela camisa que usava, já que o roupão a tempo estava no chão.

–Erik, Erik. -Ele dizia entre os beijos e caricias- -Erik, pára. Erik. Pára. Afasta-se. - Porém o puxava para mais perto de seu corpo.

Era difícil entender o que Charles queria dizer com aquilo, mas ele não se importava. As mãos do professor traziam Erik cada vez mais pra perto, em contraponto aos seus protestos. Ele seguia em frente. Ajudou Charles a se livrar da camisa que usava e olhou o corpo dele. Ele era muito bonito.

– Eu não vou me afastar, Charles. - Erik murmurou ansioso por voltar a beijá-lo. Ele o guiou até a cama e o deitou ali, enquanto as mãos se encarregavam de acariciar o seu corpo todo.

–Ahaam, tá bom Erik. -Dizia de olhos fechados entre os beijos. Charles seguia a condução do outro, não resistia, mas se impunha. De solavanco empurrou o outro para longe, o derrubando da cama.

–Não, não vamos continuar com isso. -Estava agora sentado, encarando intensamente o outro.

Ele não entendeu bem como aconteceu, mas quando percebeu já estava sentado no chão e Charles o encarava com a expressão muito séria. Erik não sabia o que dizer. O professor havia conseguido deixá-lo mais irritado.

– Que merda você ta fazendo, Charles?

O olhar de interrogação e insatisfação que se formou em Erik foi mais do preciso. Nem ele mesmo sabia ao certo o porquê tinha feito aquilo. Algo em mente gritou e ele o empurrou longe. Estava atônico. Levantou-se e sem falar nada foi em direção ao banheiro.