Like Ghosts In Snow escrita por Drunk Senpai


Capítulo 51
Demolition Lovers




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/513148/chapter/51

 

Tatsuki sentiu seu coração parar por um instante, quando viu ao longe a nuvem de fumaça que se erguia ao céu noturno. Já estavam quase fora da sombria propriedade quando isso lhe chamou a atenção. Queria não se preocupar, queria apenas seguir em frente e confiar em Ichigo, mas isso ficava mais difícil a cada instante, naquela noite maldita.

—Arisawa, o que tá fazendo? Temos que ir! – Mizuiro lhe chamou atenção, com seus outros amigos igualmente preocupados, lhe encarando, quando parou de caminhar.

—Preciso voltar! – Respondeu, decidida.

—Como assim? Tá louca? – Mahana perguntou, angustiada.

—Não posso deixar a Orihime lá! – Não aguentava mais. Por mais que confiasse no ruivo, aquela sensação ruim parecia não se dissipar. – Eu tenho que voltar!

—Mas e quanto ao Ichigo e a Kuchiki? – Keigo interveio. – Eles não disseram que iam procurar a Inoue? Já devem tá vindo! – Não podia culpar o rapaz por seu nervosismo e medo que se tornaram óbvios, mas isso ainda a irritava.

—Não tô te pedindo pra vir comigo! – Esbravejou. – Vocês podem fazer como bem entenderem, mas eu vou voltar lá!

Os olhares preocupados e amedrontados de seus amigos não puderam lhe impedir de caminhar de volta em direção à mansão. No entanto, a aproximação repentina de três homens em sua direção e dos outros, a fizeram interromper os passos. Estavam todos bem vestidos, e o fato de usarem máscaras deixava claro que também vinham da festa. Mesmo não podendo ver seus rostos, podia sentir em seu âmago que tinham más intenções. Lhe passavam a mesma sensação que Ulquiorra.

—Ora essa... – Um deles disse, com uma voz arranhada e fria. – Pelo menos não vamos ter vindo até aqui sem motivo...

—Vamos nos divertir um pouco? – Outro deles propôs com malícia em sua voz.

—Q-quem são vocês? – Mahana perguntou, sua voz já denunciando seu temor.

—Não me obriguem a espancar vocês! – Tatsuki avisou, colocando os amigos atrás de si. – Para trás!

Sentiu o frio subir por sua espinha ao vê-los sorrirem de forma cruel. Aquilo não acabaria bem...

 

***

 

Rukia avançava cuidadosamente, com sua adaga empunhada. O blackout parecia ter dado início a um caos ainda maior, as vozes se confundiam e as diversas vezes nas quais se esbarravam nela, indicavam um movimento de evasão. Eles também estavam assustados. No entanto, não se permitiu recuar. Seguia agora mais profundamente na direção onde toda a comoção havia começado.

A pequena lanterna que seu celular podia oferecer, não era de grande ajuda, além de dificultar sua agilidade com a adaga, então decidiu não a usar. Conforme seguia naquela direção, se deu conta que talvez nem mesmo precisasse dela, uma vez que a luz da lua cortava suavemente o breu através das diversas janelas naquele corredor e naquilo que parecia ser um atelier de pinturas ou algo do tipo, cujo as portas permaneciam entreabertas, desde o momento do grito, ela supunha.

Aproximou-se um pouco mais. O silêncio ali conseguia lhe sufocar. Não tinha certeza do que esperar, mas sabia que nada de bom poderia vir daquilo. Abriu as portas com um empurrão brusco. A sala era composta por paredes de vidro que permitiam que a luz natural se fizesse protagonista entre as telas em branco e trabalhos inacabados.

Seus olhos escanearam cuidadosamente a sala, ao entrar. Haviam muitos materiais de pintura ali, e uma das artes não acabadas trazia a visão de uma paisagem quase melancólica demais, vista através de uma janela antiga aberta. Era estranho, pensar que aquelas criaturas poderiam expressar em arte sentimentos tão humanos quanto nostalgia, ou solidão.

Desviou seu olhar. Aquele não era o momento de admirar pinturas. Sua atenção logo foi tomada pelas gotas de sangue que lhe guiaram até uma poça maior e por fim, ao horror. Logo ali, estava um torso desmembrado, cujo os olhos muito abertos pareciam lhe encarar. Era um deles. Tinha certeza. As presas ainda à amostra lhe denunciavam. A única questão era o que havia acontecido ali. 

Parecia ter havido uma luta naquele lugar. Haviam objetos quebrados e materiais espalhados no chão. No entanto, aquele não era o método dos caçadores. O desmembramento sangrento iria requerer muita força e até mesmo tempo, algo que um caçador não pode se dar ao luxo de perder sem motivo. Aproximou-se um pouco mais, sentindo seu coração acelerar. O cheiro ferroso do sangue era muito forte, e mesmo depois de todo esse tempo como caçadora, ainda lhe causava náuseas, mas precisava analisar melhor o que havia acontecido.

Ao observar mais de perto, notou que havia um rasgo no tórax do corpo. O seu coração havia sido removido do peito. Não muito longe de lá, pôde ver o órgão descartado como lixo, num canto qualquer da sala. Aquilo realmente não se tratava do trabalho de um caçador, mas então quem ou o que o fizera?

Antes que pudesse questionar-se mais sobre as possibilidades, os passos atrás de si, lhe chamaram a atenção.

—Olha só quem eu encontrei... – Após ouvir tantas vezes em seus pesadelos, aquela voz se tornara inconfundível.

—Grimmjow... – Virou-se, para encontrá-lo encostado contra o arco da porta. Sabia que aquele momento chegaria, cedo ou tarde...

 

***

 

Grimmjow removeu sua máscara. Não havia motivo para continuar usando-a. A expressão naqueles olhos cor violeta ainda era impagável, mesmo que agora já não parecesse tão assustada quanto antes. A caçadora estava de pé, próximo ao corpo de um dos que haviam sido convocados por Neliel. Dordoni. Nada além de um idiota, se lembrava-se bem, mas aquilo não parecia ter sido obra da garota.

Talvez Neliel tivesse razão e a melhor opção era escapar naquele exato momento, mas não podia se conter. Precisava terminar aquilo que havia começado, e vê-la bem na sua frente, apenas aumentava esta necessidade.

A garota trazia uma feição concentrada, não parecia disposta a se precipitar desta vez. Nenhum movimento brusco demais, mas Grimmjow podia ver seus olhos viajando rapidamente, talvez analisando suas opções. Já não era a mesma de antes. Isso só tornava as coisas ainda mais interessantes.

Ainda assim, o fato de não a ver empunhar sua lâmina o deixava intrigado. Estaria mesmo considerando enfrentá-lo desarmada? Devia haver um plano. Planejava tentar uma fuga, de alguma forma? Se sim, não teria essa chance. Esboçou um sorriso ao vê-la recuar quando deu o primeiro passo em sua direção.

—Sabe, por um instante, antes, cheguei a pensar que você estaria aqui atrás de uma tentativa fraca de vingança... – A viu afastar-se um pouco mais, quando pacientemente dava mais um passo em sua direção.

—Como pode ter tanta certeza de que não estou? – Ela perguntou. Havia uma tensão em sua voz, mas não pavor. Interessante.  Grimmjow riu mais uma vez.

—Não acho que seja tão burra. – Continuaram, como dois imãs que se repelem, um passo para trás a cada passo mais para perto que ele dava. – Quero dizer, entrar numa casa repleta de inimigos, sem reforços... desarmada... – A notou engolir seco. Estava nervosa. – A não ser, é claro, que você tenha algum tipo de desejo suicida. – Acelerou em sua direção de repente, definitivamente pegando-a de surpresa, fazendo com que desviasse- se e se afastasse outra vez, num movimento desajeitado. – Se for esse o caso, fico feliz em te ajudar.

Aproveitou-se do momento em que a caçadora ainda tentava recuperar-se de seu avanço repentino, e lançou-se contra sua forma fraca e indefesa, lhe pressionando contra a parede, apertando seu pescoço, apenas forte o suficiente para que não pudesse se desvencilhar. Não queria que acabasse tão rápido.

—Assim é melhor. – Pôde ver algum medo refletir em seus olhos quando deixou suas presas a amostra. – Não sabe o quanto tenho esperado pela chance de poder... – Expôs uma parte de seu pescoço, aproximando seus lábios de onde anteriormente já haviam estado. A pequena cicatriz continuava ali. – Terminar o que começamos...

Quase podia sentir seu sabor quando lentamente roçou os lábios entreabertos em sua pele, desprotegida e suas presas a tocaram sem pressa, regozijando-se de cada instante. Inebriado.

—Posso dizer o mesmo. – A ouviu sussurrar num tom frio e decidido, apenas momentos antes de sentir a dor aguda crescente em seu abdome e a sensação do quente e viscoso derramando-se.

O que havia acontecido...?

 

***

 

Ichigo sentia-se atordoado e confuso. Aparentemente, após ser atingido pela parte do teto que desmoronara e ter despencado junto com parte daquele andar, sobre o inferior, ficara inconsciente pelo que esperava terem sido apenas alguns minutos. O caos continuava ao seu redor, talvez ainda pior do que antes.

O fogo começava a se alastrar naquele andar também, enchendo as salas e corredores com fumaça e poeira, enquanto eles tentavam desesperadamente escapar, empurrando uns aos outros. Aqueles malditos... Não passavam de monstros... terríveis, cruéis... malditos.

Não tinha certeza se por conta da queda, mas sua mente parecia desordenada e obscura. Havia um ódio crescente em seu peito, selvagem, - Malditos...- incontrolável. Já não seria capaz de reconhecer a si mesmo num espelho caso tentasse, quando se levantou. Podia sentir-se dissipando de sua consciência, caindo... afundando naquela escuridão... – Malditos... – estava despencando... 

A fúria queimava como lava em suas veias. Não podia mais se controlar, tudo o que via a sua frente eram alvos, monstros que precisavam ser destruídos. Destruir... era tudo em seus pensamentos, agora, enquanto sua mão apertava com força o pescoço de um deles, azarado o suficiente para esbarra-se contra ele.

MALDITOS! – Rugiu, sentindo os ossos se partirem como palitos sob sua força. Descartou aquele corpo, seguindo para o seguinte.

O impacto de seu primeiro soco havia sido o suficiente para derrubar e desacordar o próximo, e então, com o segundo, sabia que estava acabado quando os ossos de seu crânio se partiram sob seu punho. O terceiro não pôde vê-lo se aproximando, mas o sentiu, quando atravessou seu peito com sua mão, num só golpe. O sangue corria e pingava por sua mão e antebraço, quente e espesso.

Aquele cheiro, agora impregnado em suas narinas, apenas o impulsionava a continuar. Queria mais... Cada vez mais... A cada carcaça que derrubava, desejava destruir mais um. Seu peito queimava, enquanto seu corpo parecia mover-se por conta própria, em direção a um novo alvo.

Queria mais...

 

***

 

 O pavor que sentira antes, vinha se elevando a cada instante. Neliel mal conseguia pensar, enquanto desesperadamente tentava escapar daquelas chamas, como se não bastasse somente a escuridão. Sentia-se perdida em sua própria casa. Tudo havia acontecido muito rápido, e agora enquanto esbarrava contra os traidores que fugiam, podia apenas se perguntar se ainda havia, de fato alguma forma de escapar.

Seus passos titubeantes a haviam guiado ao que antes seria sua sala de música. Agora parcialmente destruída, aparentemente sua casa estava também desmoronando graças ao fogo. No entanto, foi a visão seguinte que lhe fez sentir o estomago embrulhar. Haviam cadáveres por toda a parte, massacrados com violência impregnando o ar com o cheiro forte de sangue e morte.

O pavor lhe tirou o fôlego, enquanto o desespero lhe fez cambalear o mais rápido que pôde para fora daquele lugar. Sua próxima parada lhe levou a mais uma surpresa desagradável. Não podia entender mais o que estava acontecendo. Carregando um galão de combustível, a garota da qual passara as últimas semanas tentando arrancar alguma informação, agora iniciava mais incêndios naquela parte da casa.

Não tinha certeza sobre o que lhe confundia mais: O como ela teria conseguido escapar da pequena prisão na qual ela e Ulquiorra a haviam deixado, ou o por qual motivo seria ela a responsável pelas chamas.

Tudo fazia mais sentido agora. Haviam sido enganados como tolos, enquanto achavam que tinham algum tipo de vantagem ao prender a espiã, na verdade só estavam fazendo o que era esperado, colocando-a sob seu teto, em seu lugar seguro.  A fúria borbulhava em suas veias, e agora, havia um alvo para direcioná-la, ainda que àquela altura, já não adiantasse de muita coisa.

—Eu vou destruí-la! – Rugiu, numa ira cega ao lançar-se contra a garota de olhos vazios, atirando o galão já quase vazio, ao outro lado da sala. Haviam muitas formas de acabar com aquilo, mas nenhuma tão satisfatória quanto dilacerar sua garganta e alimentar-se de seu sangue até que sua vida se esvaísse.

—É tarde demais... vocês já estão perdidos... – Foi tudo o que a outra disse antes que Neliel prosseguisse seu ataque.

Sabia que era muito possível que tivesse razão quanto a isso, mas havia algum tipo de aprazimento em pelo menos acabar com a vida daquela à sua frente. Além disso, a sensação do sangue fresco em seus lábios, era eufórica. Haviam se passado tantos anos desde que se permitira fazê-lo, e agora, mal podia se lembrar o motivo de ter se refreado por tanto tempo.

Deixou que o corpo despencasse de suas mãos enquanto a onda de energia parecia se espalhar por seu corpo, uma corrente elétrica, lhe trazendo de volta a noção de seu próprio poder. Sentia-se selvagem e indomável.  Isso não mudou, nem mesmo ao encontrar no corredor a figura feral, ensanguentada e igualmente determinada a destruição, de cabelos ruivos desgrenhados e olhos em cólera que agora a tinham em sua mira. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso! Espero que tenham gostado!
Até o próximo!!
Beijinhos!! ❤



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Like Ghosts In Snow" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.