Like Ghosts In Snow escrita por Drunk Senpai


Capítulo 47
House of Wolves


Notas iniciais do capítulo

Feliz 2020, pessoal!
Na verdade, eu tinha planos de postar esse capítulo antes, mas não consegui terminar a tempo!
Enfim, acredito que este será um ano muito bom! Percebi que a fic fez 5 anos, já! E eu gostaria de agradecer a vocês que tem acompanhado desde o inicio, além de dar boas vindas aos novos leitores!! Obrigada pela paciência e pelo apoio, realmente significa muito pra mim saber que a história os deixa felizes, vou continuar me esforçando para entregar sempre meu melhor!
Enfim, muito obrigada!

(Aliás, vocês sabiam que o My Chemical Romance voltou? Sei que não é muito relevante, mas eu tô muito empolgada desde então! Inclusive, o titulo da fic vem de um dos versos finais da música "Vampires Will Never Hurt You")

Tudo bem, chega de enrolação!
Boa leitura!!!



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Orihime sentiu seu coração palpitar quando chegou ao salão ao lado de Ulquiorra. De alguma forma, Neliel conseguira deixar o cômodo ainda mais elegante do que já era. Ao seu redor, haviam uma porção de convidados, todos muito bem vestidos e com suas máscaras nos rostos. Havia um sentimento estranho no ar e a ruiva sentia-se agora como parte de um filme ou algo similar. A ansiedade cresceu um pouco em seu peito, ao notar que não vira nenhum de seus amigos ali ainda, fazendo com que se sentisse ainda mais desconfortável. Ao menos, seu amor estava ao seu lado.

 

“-Só não vá se afogar.” – As palavras de Grimmjow continuavam ecoando em sua mente. Havia uma certa propriedade na forma como ele as dissera. Sabia que ele estava se referindo a breve conversa que tiveram antes, e mesmo que não fosse capaz de fazê-la desconfiar de Ulquiorra por um instante sequer, se pegava perguntando o que estava por trás daquilo. Ela sabia que havia alguma história escondida envolvendo os rapazes e agora mais que nunca, gostaria de saber do que se tratava, mesmo tendo certeza de que não lhe revelariam se perguntasse. Mas por ora, não pensaria nisso. Queria aproveitar cada instante daquela noite, aproveitar a companhia de Ulquiorra e conseguir de fato, se divertir ao seu lado e de seus amigos. Era uma noite especial. 

 

Não demorou muito para que chamassem Ulquiorra para longe dela. Sabia que não conseguiria passar toda a noite ao seu lado, mas não podia esconder seu descontentamento por terem que se afastar tão cedo.

 

—Guarde uma dança para mim. – Ele pediu antes de ir, lhe beijando a mão. Não conseguiria ficar aborrecida com ele. Apenas sorriu e assentiu, deixando-o ir.

 

O ar parecia mais sufocante naquele momento em particular. Não sabia ao certo se por conta da grande quantidade de pessoas presentes, ou talvez pelo fato de não haver entre eles um único rosto conhecido que não fossem dos residentes daquela casa. Orihime pegou seu celular, precisava saber de seus amigos, se estavam a caminho ou se havia acontecido algo. Além de sentir-se menos exposta enquanto o fazia, como se fosse uma proteção contra alguns olhares que pareciam lhe seguir através do salão.

 

Não haviam mensagens, menos ainda ligações perdidas. Mas eles estavam vindo. Precisava acreditar que sim. Não precisou pensar muito antes de discar e ligar, sabia que Tatsuki não a deixaria sozinha ali. Sua melhor amiga viria, tinha certeza que sim. Sentia tanto sua falta durante as últimas semanas. Desde que viera a este “refugio” ao lado de Ulquiorra, mal a via, e estas vezes seriam apenas na escola, quando conseguia, afinal o campeonato havia começado e Tatsuki estava mais ocupada do que nunca. A ruiva até sentia-se culpada quando tentava ocupar algum daqueles poucos momentos em que a via entre as aulas, não queria lhe atrapalhar. Mas este afastamento lhe fazia sentir solitária. Mesmo agora.

 

—Oi! – A outra atendeu do outro lado da linha. Orihime não podia evitar em sentir-se um pouco mais confortável pelo simples fato de ouvi-la.

—Tatsuki-chan, onde está? Já está vindo? – Perguntou mesmo sob o risco de parecer ainda mais ansiosa do que de fato já estava com toda aquela situação. O breve momento de silencio fez suas mãos gelarem. Não queria acreditar que não a veria.

—Já tô aqui! – A voz da outra, atrás de si, lhe aqueceu o coração. Não se conteve em abraça-la. Pareciam haver anos desde que se falaram de verdade da última vez.

—Tatsuki-chan! Estou tão feliz! – Ao menos um pouco da angustia que sentira antes, parecia agora dissipar.

 

 

***

 

 

Tatsuki deixou que o ar gelado preenchesse seus pulmões. Via-se agora recostada perto de uma das grandes janelas abertas. O lugar realmente era de tirar o folego, no entanto era a energia pesada emanada de lá que tornava tão difícil agora para que ela respirasse. Não gostara da sensação, desde o momento em que entrou, sentia-se ser dissecada por olhares afiados e más intensões.

 

Mas precisava estar ali. Precisava por ela. Orihime parecia genuinamente tão feliz quando a viu, que por um breve momento a apreensão de antes parecia se desfazer. Sentia tanto sua falta. Haviam algumas semanas desde que a distância simbólica entre elas se tornara física. Aparentemente, Orihime decidira passar algum tempo ali, em companhia de Ulquiorra e de seus dois amigos igualmente sombrios. Um verdadeiro absurdo, com toda certeza. Não conseguia entender o que a estaria fazendo tomar decisões tão impulsivas e irresponsáveis quanto dividir um teto, mesmo que só por algum tempo, com alguém que mal conhecia.

 

Tentara lhe dissuadir. Inclusive pensou em pegá-la pela mão e tirar de lá, ainda mais se isso significasse que teria uma chance de socar Ulquiorra com toda sua força, ainda mais agora, quando podia vê-lo apenas alguns metros de distância, com aquele olhar esnobe em seu rosto. Mas não podia fazer isso.

 

No fim das contas, Orihime parecia ter reais esperanças de que todos se conheceriam e se dariam bem e que tudo daria certo a partir dali, mesmo que para Tatsuki aquilo parecesse nada mais do que um sonho impossível. Não podia fazer isso com ela. Não queria desapontá-la. Então ficaria quieta, pelo menos por enquanto, ao mesmo tempo que tentava pensar numa forma de fazê-la acordar. Se a tiraria daquela loucura, teria que encontrar uma outra forma de fazê-lo. 

 

 

***

 

 

Rukia podia sentir uma tensão crescente em seu peito enquanto corriam em direção ao chamado, mais ainda ao se dar conta de que se tratava do mesmo caminho o qual percorreram mais cedo, quando ainda iam até a festa de Orihime. Afinal, o que poderia significar aquilo? Conforme se aproximavam, Rukia podia garantir que havia um número assustador de inimigos, teria o ataque começado tão cedo? Imaginara pela gravidade dos relatos que sua irmã lhe trouxera, que algo assim aconteceria, mas como poderia ser tão de repente?

 

Olhou rapidamente o rapaz que corria ao seu lado. Sabia que não conseguiriam só os dois resolverem aquela questão, mas no fim das contas, o que mais poderiam fazer, senão tentar? De qualquer maneira, pretendia contactar a sede para solicitar por reforços, tão logo chegassem e tivessem uma boa ideia do que estava acontecendo. Ichigo, apesar de expressar em sua feição e postura, estar preparado e destemido, ainda lhe parecia tenso, algo compreensível dado a situação com a qual pareciam estar prestes a lidar.

 

A morena podia sentir seus olhos ressecarem por conta da velocidade em que avançavam. Havia também aquele frio que subia por sua espinha conforme se aproximavam. Rukia queria se manter focada e lidar com esta situação da mesma forma que lidaria normalmente, mas havia algo no ar, uma áurea de perigo iminente que ia muito acima do que considerava como sendo “normal” em sua rotina de caçadora. E tudo pareceu piorar quando chegaram em seu destino. Aquele era o local ao qual Orihime os havia convidado, uma segunda checada no endereço em seu convite não a deixava se enganar quanto a isso.

 

Mas por que? O que aquilo podia significar? Aparentemente, a festa continuava se desenrolando apesar da terrível onda de poder maligno que era emanada de lá. Estavam agora observando atentamente de fora, tentando de alguma forma entender o que estaria acontecendo, não se aparentava a um ataque, apesar de não haverem duvidas da grande quantidade de vampiros ali.

 

—Ichigo, tenta entrar em contato com a Orihime e com os outros que podem estar aí dentro. – Rukia pediu enquanto se preparava para contactar a sede e solicitar algum reforço. – Agente secundaria Kuchiki, solicitando suporte urgente. – Ouviu-se pronunciar num tom mais sombrio do que esperava.

 

Enquanto relatava a situação, e observava Ichigo tentar entrar em contato com seus amigos, Rukia pegou-se pensando no tanto que desejava que aquele não fosse o fim. Estava prestes a adentrar o campo do inimigo que mantinha agora uma quantidade que poderia facilmente aniquilá-los. Por mais poético que isso pudesse parecer, encontrar o fim lutando ao lado de alguém que ama, Rukia não podia ver beleza num fim tão trágico. Durante todo este tempo, havia se preparado para este momento. Fora ensinada a não temer a morte em batalha quando viesse, a pensar em sua morte como algo heroico e honroso. No entanto, nada disso parecia importar agora. Pela primeira vez em anos, não queria morrer, nem mesmo de um jeito poético, nem mesmo por um “bem maior”, não queria morrer e não queria vê-lo morrer ao seu lado, também. Não mais havia nenhum consolo que agora a fizesse ver alguma beleza nisto, e isso a apavorava.

 

Como se sendo capaz de ler sua mente, a morena sentiu o toque quente e o leve aperto em sua mão por parte do ruivo. Ele agora lhe olhava nos olhos, havia saído do telefone e sequer tentara esboçar um sorriso ou algo do tipo, algo pelo qual ela agora sentia-se grata. Não se sentiria melhor vendo um sorriso falso em seus lábios. Não houveram palavras de reconforto simulado, também. Invés disso, Ichigo apenas aproximou seu rosto do dela, e ambos fecharam os olhos, permanecendo daquela forma por mais algum tempo, apenas respirando, expressando seu amor e apoio incondicionais, sem palavras. 

 

Respirou fundo uma última vez, antes de permitir que seus lábios encontrassem os dele.

 

Estava na hora.

 

 

***

 

 

Ichigo podia sentir os músculos em seu corpo tensionarem, uma vez que adentraram o salão. Era como se seu novo instinto gritasse em seu amago que era hora de destruir e causar caos. Haviam tantos deles que agora, era difícil respirar, como se seu poder sombrio lhe tentasse esmagar, desde que colocaram pés no lugar. Ainda segurava a mão de Rukia. Queria ser capaz de lhe assegurar que tudo ficaria bem, mas nem ao menos conseguia convencer a si mesmo que conseguiriam sair dessa com vida.

 

Rukia ao seu lado parecia ainda mais concentrada e angustiada do que o normal. Algo que já era de se esperar, dado as circunstancias nas quais se viam. Estavam frente a algo inimaginável, perigoso e inesperado e tudo em que o ruivo parecia conseguir pensar, enquanto seus dedos entrelaçavam nos dela, era o quanto não estava pronto para perde-la. Mas, se o final estava mesmo próximo, não pretendia hesitar. Ichigo daria o melhor de si, como sabia que Rukia faria o mesmo. Se precisava mesmo haver um fim, não permitiria que fosse tão fácil, menos ainda, rápido. Lutaria com todas suas forças, mesmo que isso significasse trazer à tona aquela crescente natureza selvagem que parecia querer tomar conta de si. Faria o que fosse possível, não podia vacilar.

 

Sentiu ao menos, um pouco da tensão aliviar ao ver ao longe, Orihime, Tatsuki e seus outros amigos. Ainda que estivessem - mesmo sem saber - cercados de monstros, todos pareciam bem e a salvo. O ruivo e a morena aproximaram-se, ainda cautelosos de seus arredores, dos seus amigos. Precisavam, de alguma forma, tirá-los daquele lugar, precisavam mantê-los seguros.

 

O grupo que antes parecia entretido numa conversa, fez-se numa quietude uma vez que Ichigo e Rukia se aproximaram. Algo que o confundiu por um instante, antes de notar que ainda andavam de mãos dadas. Não havia, até aquele momento, considerado a surpresa de seus colegas ao os verem juntos, mas aquele definitivamente não era o momento para pensar em algo tão trivial.

 

—Vocês vieram! Kuchiki-san! Kurosaki-kun! – Orihime cortou repentinamente o silêncio antes instaurado.

—Claro que sim! Apesar de nos atrasarmos um pouco, não perderíamos esta festa! – Rukia respondeu num tom feliz e despreocupado, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. – E então, como está indo? – Perguntou por fim, enquanto Ichigo sabia muito bem que na verdade era aquele seu meio de sondar qualquer perigo que os pudesse ter ameaçado - além do que ambos já esperavam, e o que pudesse estar acontecendo.

—Na verdade, estávamos nos perguntando quando vamos enfim conhecer o famoso namorado da Inoue! – Mahana comentou brevemente, enquanto olhava ao redor de forma curiosa. Ichigo podia ver Tatsuki, por sua vez, revirar os olhos.

 

Era verdade, Tatsuki não gostava nem um pouco do tal namorado da ruiva e inclusive acreditava haver algo estranho e perigoso nele, mas não podia ser, certo? Não havia como o namorado da bem-humorada, gentil e frágil Orihime ser um...

 

—Vamos lá, Inoue! Onde ele está? – Mais uma das garotas questionou, enquanto a própria Orihime olhava também ao redor, até finalmente, sua expressão se iluminar.

—Ah, lá está ele! – Exclamou animada, apontando para o rapaz de cabelos negros e olhar sombrio, do outro lado do salão.

 

Orihime parecia genuinamente feliz e animada enquanto ia em direção de “Ulquiorra” para trazê-lo aos seus amigos. Apesar da aparência composta e quase inalterável, Ichigo bem como tinha certeza que Rukia também, havia notado. Não haviam dúvidas de que aquele era mais um deles. Assustadoramente poderoso, pelo pouco que o ruivo podia dizer, mas foi o olhar mais distante da morena que o fez sentir ainda mais desconcertado.

Rukia parecia focada apenas nas duas pessoas, do outro lado do salão: uma deslumbrante moça de cabelos verde-água e um rapaz de cabelos e olhos azuis que a pareciam perfurar a alma...

 

 

***

 

 

Orihime caminhava de forma animada. Os sons do salão lotado não pareciam tão altos quanto os batimentos de seu coração naquele momento. Mal podia esperar pelo momento em que faria as apresentações e seus amigos conheceriam Ulquiorra, e sua vida estaria completa, os extremos se encontrariam e ela não precisaria mais sentir como se estivesse sempre escolhendo um dos lados e se privando de ter por perto seus amigos e seu amor ao mesmo tempo.

 

Ulquiorra, um pouco mais a frente, conversava com Neliel e Grimmjow, mais uma de suas “reuniões privadas”, percebeu quando eles adentraram a sala de estudos sem perceber sua presença. Não tinha nenhuma intenção de bisbilhotar, com toda certeza, no entanto, agora que se via próxima a porta os observando pela pequena fenda que pareciam ter esquecido de fechar, não mais conseguia se deslocar. Como se algo em seu íntimo lhe obrigasse a ouvi-los e entender o que estava se passando, principalmente, após conseguir ouvir as palavras que saíam da boca de uma Neliel séria e decidida.

 

—... não há outra opção, nós três partimos hoje mesmo...


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Notas finais do capítulo

É isto!
Espero que tenham gostado!
Até o próximo!



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