Like Ghosts In Snow escrita por Drunk Senpai


Capítulo 48
Slow Dancing In A Burning Room




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Rukia sentia-se nauseada e sufocada. Todo o medo que sentira, todo aquele trauma que tentara superar nos últimos meses parecia ter lhe inundado de uma vez só. Aqueles olhos azuis gelados lhe imobilizaram. Ele a olhava atentamente, quieto, apesar de parecer tão surpreso quanto ela.

 

O sangue em suas veias parecia ter se tornado gelo, as pessoas ao seu redor, apenas borrões em sua visão e os sons, nada mais que ruídos sem sentido. Sentia-se perdida, como se estivesse afundando mais uma vez naquela escuridão gelada. Como poderia fazer alguma coisa estando assim? Como poderia lutar daquela forma?

 

Foi então que sentiu o leve apertar em seus dedos que ainda estavam entrelaçados com os dele. Sim, ele estava ali. Estava ao seu lado desta vez. Precisava... podia ser forte, por ele. Ichigo a olhava, preocupado e confuso. Aquele não era o momento para se perder. Rukia precisava estar atenta, precisava ao menos lutar.

 

Decidira não lhe contar, no fim das contas. Ichigo era de fato, seu porto seguro, mas além de colocá-lo em ainda mais perigo do que já estava fazendo, deixa-lo saber que o monstro que quase lhe custara a vida estava bem ali, significava o risco de vê-lo furioso e descontrolado do modo que o viu antes. Sentiu os pelos em seu braço arrepiarem ao lembrar-se da figura ensanguentada e quase selvagem que vira. Não o temia. Jamais o temeria. Aquele era Ichigo afinal de contas. Seu Ichigo. Mas não poderia se perdoar caso o visse tão envergonhado e arrependido como quando o fez se acalmar após o ataque. Olhou-o mais uma vez. Não permitiria que agisse de forma descontrolada e da qual se sentiria tão mal, por sua causa. Não... Aquela briga era sua... Voltou seus olhos uma outra vez ao vampiro e seus companheiros.

 

O ar parecia entrar com mais facilidade em seus pulmões quando o viu, junto aos outros dois, se afastarem para outro cômodo. Como se a onda pesada de energia que a sufocava antes, houvesse se esvaído, exceto ao notar Orihime caminhando em direção a eles...

 

 

***

 

 

Aquelas palavras pareciam ter absorvido todo o oxigênio disponível para Orihime naquele momento. Sentia-se tonta, confusa e fisicamente frágil. Aquilo não podia estar acontecendo. Era algum mal-entendido, tinha que ser! Afastou-se da porta de modo cambaleante, mal conseguia sentir o chão sob seus pés. Precisava sair, precisava se afastar de lá, precisava de ar. Seus passos atrapalhados e perdidos lhe guiaram e os chamados de seus amigos agora não passavam de sons indistintos ao fundo enquanto caminhava de forma apressada. Aquilo não podia estar acontecendo.

 

Quando enfim seus passos se interromperam, percebeu-se em seu quarto. O quarto que dividia com Ulquiorra. Podia sentir o nó em sua garganta apertar enquanto olhava ao redor, no cômodo escuro. Estava enganada. Precisava estar enganada. Talvez não a tivesse ouvido direito ou só mesmo entendido mal a situação, mas o peso em seu peito lhe dizia o contrário. Não podia respirar. Via-se agora, uma confusão arfante e desesperada. Aquilo não estava acontecendo. Não podia. Caminhou até a janela aberta, tentando respirar profundamente o ar gelado da primeira nevada do inverno. O mundo parecia fantasioso com a primeira camada fina de neve que começava a se acumular ao redor. Estava tremendo, não mais sabia se por conta do frio ou talvez pelo choque, o que a fez abraçar o próprio corpo, em busca de apoio em si mesma, ou de calor.

 

Ouviu a porta do quarto se abrir e fechar em seguida, de forma cautelosa. Não precisava olhar para saber que ele estava lá. Ele sempre a encontraria.

 

—O que houve? – Sua voz ecoou pelo cômodo. Mas Orihime sentia que, de alguma forma, Ulquiorra sabia muito bem a resposta. Não conseguia virar-se e vê-lo agora, nem ao menos conseguir proferir alguma palavra parecia ser uma tarefa simples. Respirou fundo, tentando se recompor.

—Você... – era ainda mais difícil do que pensara. – V...Você... – Apertou-se com força, como se estivesse forçando a si mesma a falar. – Você prometeu... – Inspirou, sentindo-se tão frágil quanto uma boneca de porcelana. – Prometeu que não me deixaria... – disse por fim, tentando centrar-se no chão, como se este fosse agora instável e vacilante sob seus pés.

 

O silencio parecia agora ter durado uma eternidade e Orihime não conseguia achar em si a força para se acalmar ou continuar tentando se convencer de que havia entendido mal. O vento soprou frio, cortante e parecia tentar estilhaçar sua frágil forma. Encolheu-se. Aquele não podia ser o fim.

 

—E eu não o farei... – Ouviu finalmente sua voz, que em contrapartida lhe aquecia como uma repentina aparição do sol. - Eu não vou deixa-la. – Ele completou. – Como eu poderia? – Orihime ouviu-o dar um passo a mais em sua direção. Não podia impedir a si mesma de virar-se para olhá-lo nos olhos. Ulquiorra retirou sua máscara e a descartou, como se fosse o necessário para que ela pudesse ver a verdade em seu rosto. Havia uma onda de paz, crescendo em seu peito quando ele se aproximou um pouco mais e guiou sua mão ao seu peito. – Você... – Orihime sentiu-se amparada e aquecida ao sentir seus batimentos. – Você é meu coração...

 

 

***

 

 

—Mandou bem, Ichigo! – A voz de Keigo o trouxe de volta, de repente. – Eu sabia que vocês iam acabar juntos. – Comentou, lhe dando um leve empurrãozinho. – Mas, me diz... – Aproximou-se do ruivo, enquanto olhavam agora para Rukia que conversava com uma das outras garotas e seus olhos sondavam o salão. – Vocês dois já... – Keigo começou num tom malicioso, enquanto Ichigo podia sentir seu rosto queimar imediatamente, lhe fazendo por um instante esquecer a irrelevância daquela conversa em comparação ao que estava se passando naquele lugar.

—N...Não fala besteira! – Foi tudo o que conseguiu responder, como se apenas naquela fração de segundo, voltasse a ser um adolescente normal. Não um caçador de vampiros interino, se tornando em breve em algo muito mais próximo de seu objeto de caça, enquanto entrava no território inimigo sem reforços ao lado da garota que ama.

 

Sentiu-se atordoado por um instante. Como poderia aquela ser realmente sua vida agora? Nem ao menos sabia o que diria a suas irmãs e seu pai, isso contando que saísse com vida dessa missão. Passou a mão pelas madeixas cor laranja, nervoso. Não era definitivamente o momento para surtar.

 

—Precisamos encontrar a Orihime e tirá-los daqui. – Rukia sussurrou ao aproximar-se dele uma outra vez, depois de Keigo decidir experimentar um dos aperitivos que vira serem servidos.

—Tem algum plano? – Perguntou enquanto olhava em volta, observando seus amigos, buscando algum indicativo de perigo imediato e qualquer rastro da ruiva. – A Inoue não parecia machucada ou nada do tipo quando a vimos, mas segundo a Tatsuki, ela tem passado muito tempo aqui. Acha que fizeram algo com ela? – Perguntou, angustiado. – Acha que eles fizeram algo para que ela guardasse o segredo deles? Eles podem fazer algo assim?

—Bom... – Rukia parecia pensativa por um instante. -  Alguns estudos acreditam que existem vampiros com habilidades de hipnotizar e manipular as vítimas de acordo com seus desejos..., mas não tem como termos certeza agora...

—De qualquer forma, como vamos fazê-los saírem daqui? – Perguntou ainda apreensivo.

—Ainda não sei... – Admitiu. – Como podemos convencê-los a saírem daqui para se protegerem, sem aterrorizá-los com o real nível de perigo que estão lidando aqui? – Não era um trabalho fácil de realizar, Ichigo concordou, mas seus olhos logo encontraram uma resposta. Tatsuki movimentava-se de forma nervosa, não muito longe de lá.

 

Se alguém podia tirar seus amigos daquele lugar, mesmo que a força, sem ser tão questionada quanto eles provavelmente seriam, definitivamente era a jovem lutadora...

 

 

***

 

 

O desespero que sentira antes parecia ter desaparecido quase por completo. Orihime sabia que não fazia sentido ser convencida tão facilmente por apenas algumas palavras, mas no fim das contas, não eram tão simples assim. Sentia como se uma outra vez, as barreiras de Ulquiorra estivessem se desfazendo e lhe permitindo entrar e isto era o suficiente para acalmá-la e lhe encher de felicidade. Ele não partiria, não a deixaria. E tudo ia ficar bem, tinha certeza que sim. Pareciam estar em sintonia uma outra vez. A ideia de perde-lo era sufocante e desoladora, mas agora abria caminho para o desejo de estarem juntos. Orihime lhe levou a mão ao seu peito.

 

—E você é o meu... – Disse enfim, vendo-o suspirar enquanto seus olhos mergulhavam nos seus.

—Você ainda me deve uma dança. – Ulquiorra sussurrou lhe guiando, suavemente.

 

No fim das contas, não importava que não houvesse melodia ao fundo, haviam agora encontrado seu próprio ritmo, ignorando tudo aquilo que não fosse os dois. O ar frio ainda entrava através da janela aberta, cortando entre o calor de seus corpos tão próximos enquanto seguiam numa valsa lenta ao redor do quarto pouco iluminado. Orihime seguia, como se seu corpo simplesmente soubesse o que fazer, como se seus pés tivessem vida própria, seguindo um passo após o outro, em completa sintonia com os dele. Sentia-se flutuar sobre uma delicada nuvem de felicidade, tudo estava bem.

 

Prosseguiram por mais algum tempo, até finalmente pararem, próximos o suficiente para que suas respirações se confundissem. Orihime podia sentir o arrepio crescer e subir por entre as vertebras de sua espinha, quando Ulquiorra delicadamente afastou uma mecha de seus cabelos e aproximou seus lábios de seu pescoço, pousando um beijo suave. A sensação quente de sua respiração tão próxima, também não a ajudava. Seu coração martelava no peito enquanto seu perfume lhe inundava as narinas e fazia sua mente flutuar. Não pôde evitar deslizar seus dedos por entre as madeixas negras e macias. Sentia-se quase uma criminosa por desgrenhá-las, mas aceitaria de bom grado sua punição enquanto ele lhe puxava pelos quadris para mais perto de si.

 

Havia se tornado mais difícil respirar agora, com seus corpos pressionados tão firmemente um contra o outro. Ulquiorra deixou que suas mãos passeassem livremente por seu corpo, sem pressa. Por seus cabelos, através de suas costas desnudas pelo decote de seu vestido e então por sua perna exposta pela fenda, a qual ela só podia acreditar ter sido estrategicamente feita para atrair o calor de seu toque.

 

A ruiva sentia um desejo febril, crescente em seu peito enquanto as caricias prosseguiam e a respiração de seu amor tornava-se mais pesada em resposta a sua. “Beije-me... por favor, beije-me agora...” Orihime ouvia-se pedindo silenciosamente, implorando a cada instante em que seus lábios não encontravam o caminho até os dela. Como numa provocação, ainda sem pressa, Ulquiorra lhe beijou a testa, a ponta do nariz, e até mesmo delicadamente seu queixo, aproximando os lábios o suficiente dos dela, apenas para que pudesse experimentar muito levemente o quase contato, fazendo-a instintivamente, fechar seus olhos. Foi então que sentiu seu hálito muito próximo de sua orelha, fazendo-a arrepiar uma outra vez.

 

—Eu quero você... – O ouviu sussurrar, ainda numa respiração pesada e numa voz rouca que parecia lhe penetrar a alma. Sentiu seu coração acelerar ainda mais. Não podia evitar. Afinal, apesar de estarem dividindo aquele quarto durante as últimas semanas, lhe trazer uma atmosfera de segurança parecia ser a maior prioridade, e para tanto, apenas a sensação da proximidade e de seu calor ao seu lado, já bastavam. Mas agora, via-se desejando por mais, a cada dia que passavam juntos, a cada noite na qual o abraçava para se sentir aquecida, este desejo juntamente ao medo que sentira de perde-lo apenas alguns momentos antes, pareciam transbordá-la.

—Você já me tem... – Ouviu-se respondendo, uma voz baixa e abafada, lutando contra qualquer timidez que parecesse tentar impedi-la de dizer, ou de agir, enquanto delicadamente o guiava na direção da cama que compartilhavam...

 

 

***

 

Ulquiorra deixou-se conduzir por seu toque suave, como se estivesse agora, mergulhado sob seu feitiço, à sua disposição para que fizesse dele o que bem desejasse. E ela o fez: sentando-o no colchão macio, em sua cama meticulosamente feita algumas horas antes, posicionando-se sobre ele, cuidadosamente, como se temesse que de alguma forma o estivesse desagradando. O aroma do jasmim em seus cabelos o inebriava e atordoava. Havia se esforçado tanto, durante estas semanas, buscando não fazer nada que pudesse de alguma maneira fazê-lo perder o controle perto dela. Temia que o frenesi tomasse conta de si, caso sucumbisse. Temia que os blackouts voltassem. E de certa forma, conseguira se controlar. Mesmo que para tal, precisasse se alimentar o dobro do que normalmente faria. Era o melhor modo de manter o equilíbrio de seus desejos, bem como, de torná-lo mais forte para a muito provável batalha que estava por vir. Por conta disso, via-se precisando até mesmo restringir o seu comportamento para com a ruiva, os afagos, a proximidade, os beijos...

 

Mas, agora... Ao vê-la, quase etérea, trajando algo que parecia ter sido feito essencialmente para seu corpo, potencializando ainda mais seu brilho, tornando-a mais radiante que o próprio sol... Não encontrava em si forças para afastar-se. Sentiu o calor de sua palma, acariciando seu rosto, olhando-o fundo em seus olhos, enquanto ele podia ouvir seus batimentos acelerados. Ulquiorra capturava cada detalhe: O brilho em seus olhos, o rubor em seu rosto, seu corpo sobre o dele... O frescor em seu hálito e a proximidade de seus lábios - perto o suficiente - mas ainda não tocando os seus, como se agora fosse sua vez de provoca-lo, repetindo o pequeno ritual que ele fizera momentos antes: beijando-lhe a testa, a ponta do nariz e o queixo. Mas ele não a deixaria se safar tão facilmente. Uma de suas mãos agora deslizava, subindo por sua coxa exposta. Acariciando a pele macia, até que ambas as mãos estivessem em seus quadris, lhe apertando, levemente, lhe posicionando melhor sobre ele, fazendo-a arfar e fechar os olhos, permitindo enfim, que ele encontrasse sua boca, mergulhando num beijo apaixonado.

 

Sentiu a ponta de sua língua roçar a dele, timidamente, como se ainda se visse insegura sobre como prosseguir, mesmo que suas mãos já o estivessem desabotoando a camisa e despindo-o. Não demorou muito para que ele a libertasse de seu vestido, sem muita pressa, acariciando com seus lábios cada parte desnuda que se apresentava pouco a pouco. Precisava aproveitar cada instante, enquanto experimentava o sabor de sua pele, ouvindo as batidas aceleradas de seu coração, a percebia sem ar e sem barreiras... Vulnerável sob seu toque e entregue... Verdadeiramente, sua...

 

 

***

 

—Eu não acho que vai funcionar... – Grimmjow comentou de forma desinteressada enquanto bebericava de seu copo.

—O que não vai funcionar? – Neliel perguntou, ligeiramente intrigada.

—Não precisa se fazer de desentendida. – Disse simplesmente. – Sei que deixou a porta entreaberta pra que a garota ouvisse que vamos partir. – Neliel não parecia disposta a negar. – Tô dizendo, não vai dar certo. – Repetiu. – Ele foi atrás dela. Acha que foi se despedir? – Perguntou num tom irônico, terminando a bebida.

—Bom, não importa, na verdade. – Ela disse finalmente. Se tudo acabasse agora, certamente tornaria as coisas mais fáceis, mas não muda nosso plano. – Suspirou. – Partiremos. E ninguém fica pra trás. – Disse por fim.

—Se é o que tá dizendo... – Não tinha mais vontade de discutir aquele assunto. Ainda estavam na biblioteca e Grimmjow observava de forma distraída as cópias nas estantes.

—Mas, falando em coisas complicadas... – A outra parecia ter percebido seu desinteresse em continuar com a conversa anterior, e pronta para passar a um outro tópico. Não muito mais agradável. – A caçadora está aqui. – Grimmjow podia sentir uma certa irritação em seu tom ao dizer aquilo.

—Eu sei. – Respondeu simplesmente.

—Como se não tivéssemos problemas o suficiente. – Ela cruzou os braços enquanto Grimmjow podia sentir seu olhar cortante sobre si.

—Se tivesse me deixado acabar com ela naquele dia, não teríamos esse problema. – Respondeu, desprezando a indignação que se formava no rosto da moça.

—Se você tivesse feito o que eu mandei e mantido distancia dela, não teríamos problema algum quanto a isso. – Retrucou, aborrecida. – Como se não bastasse isso, o companheiro dela também não é normal. Não acho que seja um caçador pleno, mas definitivamente não é só um humano. Se eles resolverem atacar e estragar nossos planos, estaremos perdidos.

—Não se dermos cabo deles antes. – Respondeu, sentindo a satisfação da simples ideia, lhe preencher. Viu Neliel pensativa por alguns instantes, antes de finalmente olhá-lo nos olhos.

—Só se não tivermos outra saída... Não precisamos de um bando de caçadores se metendo nisso.


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