Like Ghosts In Snow escrita por Drunk Senpai


Capítulo 46
I Couldn't Be More In Love




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/513148/chapter/46

Aquelas palavras caíram sobre Ichigo como uma tonelada de gelo em sua pele. No fim, sempre soube que este momento chegaria. Sabia que Rukia não ficaria ali para sempre, mas não achou que isso aconteceria tão de repente, estivera tão preocupado com o que tinha a dizer antes e naquele instante, mal podia se lembrar.

—Não precisa dizer nada sobre isso, agora... – A voz de Rukia o trouxe de volta ao momento. É verdade, precisava reagir de alguma forma. – Só... Só me diz o que tinha pra dizer... Por favor... – A moça pediu quando seus olhos voltaram a se encontrar.

Ichigo repassou em sua mente tudo o que lhe estava acontecendo, a verdade que tinha a lhe contar e por fim, suas palavras, ditas há apenas alguns minutos, ecoaram em sua mente. Rukia estava partindo, indo em direção a seus próprios problemas, buscando resolver suas próprias questões. Por mais doloroso que fosse a ideia de vê-la partir tão cedo, sabia que era necessário, ela estaria junto de sua família e lidando de suas questões como caçadora, além de que estaria muito mais segura, longe dele, longe de seu descontrole e o que mais estivesse por vir dentro desta “transição”.

—Eu... – Como deveria dizer-lhe aquilo? Afinal de contas, podia fazê-lo? Ichigo sabia que só conseguiria lhe deixar preocupada, ainda mais, por estar deixando a cidade. Não podia permitir isto, não podia se permitir causar algum problema para Rukia, ou se tornar uma distração num momento tão crucial de sua missão.

Ichigo a olhou nos olhos, seus grandes olhos azuis que pareciam tentar lê-lo. Reparou em seus detalhes, na mecha de seu cabelo negro que caia em seu rosto, reparou o calor de sua mão na dele. Não podia imaginar-se longe dela, longe da sensação que ela o fazia vivenciar a cada instante, cada respiração, cada piscada de olhos. A paz que só sua presença conseguia lhe proporcionar. Não podia lhe contar sobre sua situação, no fim das contas, mas havia outra coisa que poderia lhe dizer, um outro tipo de segredo que lhe sufocara durante todos esses meses, as palavras que esperavam tão ansiosamente para escapar de seus lábios a cada momento, cada risada que compartilharam, todas as caminhadas juntos, suas conversas, cada piada interna e até mesmo quando discutiam sobre qualquer assunto. Como se estivessem entaladas em sua garganta, e finalmente houvesse chagado o momento. Ichigo não se sentia mais ansioso, não como imaginara que se sentiria.

— Eu amo você. – Disse enfim, respirando leve pela primeira vez desde que a conhecera. Rukia parecia sem palavras, algo que o ruivo julgava sendo muito raro, fazendo-o sorrir. – Eu tenho te amado desde o início. Eu amo o jeito que você implica comigo... eu amo sua determinação, sua força... – Pegou-se sorrindo ainda mais e surpreso pela facilidade na qual aquelas palavras conseguiam ser ditas. – Eu amo seu sorriso... a forma como essa mecha sempre acaba caindo em seu rosto... – Disse, colocando-a atrás da orelha da morena, lhe tocando o rosto suavemente com as costas da mão em seguida. – Eu amo você, Rukia. – Repetiu, como se não mais tivesse controle sobre essas palavras. – E eu sei que você precisa ir... E eu vou ficar bem, eu juro. – Lhe assegurou. – Eu só preciso que você me prometa o mesmo. – Disse, encostando sua testa na dela, levemente. – Não preciso de uma resposta... – Finalizou, com sinceridade, não queria força-la de forma alguma a corresponder seus sentimentos, precisava apenas lhe dizer e tudo estava bem.

Rukia segurou-lhe a mão que continuava repousada sobre seu rosto, enquanto suavemente roçou os lábios nos seus, plantando neles um beijo doce e calmo. Ichigo sentiu seu coração acelerar. Não por tensão, como antes, mas de uma forma maravilhosa. Sentia-se completo, numa sensação familiar, como estar em casa, acolhido, enfim. Abriram os olhos e se olharam, como se fosse possível enxergar no outro todas as respostas que precisavam e então, mergulharam num outro beijo, mais apaixonado a cada segundo e Ichigo podia sentir, seu coração em combustão.

Com suas sensações intensificadas, cada toque parecia acendê-lo como brasa. Ainda mantendo este ritmo, prosseguiu, beijando-lhe os lábios, o rosto e logo, seu pescoço, intoxicando-se por seu perfume. Os poucos botões da camisa que usava, se abriram com facilidade quando Rukia os forçou, despindo-o, antes de plantar beijos suaves em seu peito nu. O mesmo valeu para os de seu vestido, permitindo que o ruivo pudesse tocar sua pele desnuda, pousando beijos e caricias que desceram de seus ombros, aos seios e ao seu estomago, fazendo-a respirar de forma ofegante enquanto suas mãos macias afagavam os cabelos alaranjados, ao passo que ele removia seu vestido e seus beijos seguiam seu caminho, mais abaixo, causando-lhe leves espasmos de prazer.    

Foi quando seus lábios voltaram a se encontrar, enquanto seus corpos se entrelaçavam e seus beijos vinham intercalados por sorrisos tão espontâneos e sussurros de amor, quando Ichigo se deu conta: jamais conhecera felicidade tão grande.

***

Ulquiorra observava o mundo por através da janela, sem de fato percebê-lo. Havia enfim chegado o dia onde tudo deveria mudar, se seu plano funcionasse da forma em que planejaram, significaria uma liberdade que há muito tempo desconhecia, ou ao menos era o que ele pagava-se desejando. No fundo, sabia que as coisas não funcionariam tão facilmente assim. Mesmo que, de fato encarassem seu inimigo naquela noite, as chances de que realmente conseguissem uma vitória eram mínimas, e por tanto, na melhor das hipóteses, conseguir uma brecha para escaparem era o melhor que podiam esperar. Mas, não queria acreditar nisso. Não queria pensar em partir, não queria pensar em deixa-la.

Ao menos, um de seus problemas havia sido solucionado: Haruka, a “agente inimiga”, estava agora trancafiada bem ali, na casa de Neliel. Uma vez que haviam decidido colocar o plano em ação, e após garantir a segurança de Orihime, Ulquiorra julgou como a melhor medida a ser tomada por hora, não a mataria, pelo menos por enquanto, mas também não lhe deixaria vagando livremente, causando mais problemas, e quase já não podia imaginar mais problemas do que os que já tinha àquela altura.

Ainda repassava o que havia acontecido, quando Orihime o chamou e lhe revelou o que havia se passado. Só em lembrar que alguém teria de fato, tido a coragem de ameaça-la em sua própria casa, só em pensar no perigo que a ruiva havia enfrentado, mesmo que sem de fato saber sua magnitude, fazia com que suas entranhas queimassem em fúria, não podia permitir que nada parecido pudesse voltar a acontecer.

—O que tanto olha, lá fora? – A ruiva o abraçou por trás, sua voz continuava fraca, como se ainda estivesse cansada e esgotada pelo terror que sentira. Ulquiorra acariciou sua mão, enquanto seus olhos se voltaram às nuvens escuras no céu. Ele a havia trazido até a casa de Neliel, depois do que acontecera. Sabia que não conseguiria deixa-la sozinha após aquilo. – A propósito, - Ela afrouxou o abraço e o virou de forma que estivessem frente a frente. – Feliz aniversário. – Seu sorriso continuava sendo a melhor das coisas as quais Ulquiorra vira, em todos seus anos. Nunca achou que seria capaz de amar daquela forma, menos ainda, à uma humana, alguém tão cheio de luz e paz como ela. Ele pousou os lábios em sua testa, num beijo demorado, e então a abraçou, como se daquela forma, pudesse protege-la de qualquer mal, para sempre.

***

Orihime olhava o vestido disposto sobre a cama, sem muita emoção. Na verdade, ainda se sentia um pouco desconfortável, estando na casa de Neliel, mas precisava admitir que pareceu a melhor opção quando Ulquiorra propôs. Não lhe faltavam confortos ali, e Neliel era muito gentil, mas não conseguia, de fato sentir-se à vontade, fosse pelos olhares antipáticos vindos de Grimmjow, ou pelo simples fato de sentir-se sufocar pelas paredes antigas.

Havia uma tensão no ar, a qual, nem mesmo o fato de estar dividindo um quarto com Ulquiorra, podia dissipar. Sentia-se feliz por estarem tão próximos e definitivamente as últimas noites haviam sido tão mais tranquilas, só por tê-lo ao seu lado, fazendo com que se sentisse muito mais descansada. No entanto, a inquietude continuava lá. Muitas vezes, via Ulquiorra, Neliel e Grimmjow conversando na sala de estudos, num tom sombrio e com vozes sussurrantes, que se interrompiam assim que notavam sua presença.

A ruiva sabia, que talvez estivesse apenas sendo intrometida, mas não podia evitar a curiosidade em saber do que aquelas conversas se tratavam, e por que ela jamais poderia tomar parte. Tentara inclusive questionar Ulquiorra quanto a isso, algumas vezes antes, mas não obtivera sucesso algum, apenas o via desconversar e mudar o tópico. Orihime tentava conformar-se com o fato de que, os três eram amigos há muito tempo, e, portanto, deveriam haver coisas as quais gostavam de conversar em segredo, mas ainda assim, não gostava de não saber.

Orihime ouviu batidas na porta de seu quarto. Não podia evitar que seu coração acelerasse quando isso acontecia, mesmo que agora, o medo houvesse se tornado muito menor que antes. Era Neliel. A moça trazia consigo uma peça a qual prontamente dispôs em sua cama, sobre o vestido o qual a ruiva analisava antes.

—Trouxe uma coisa pra você! – Disse animada. Era um vestido, belíssimo. Sua cor era vermelha como sangue e definitivamente, nada tinha a ver com as roupas que costumava usar. Era longo, esvoaçante e delicado. Orihime, não podia esconder o quão maravilhada estava, só em vê-lo. – Vamos, vista! Tenho certeza que ficará maravilhoso em você. – Neliel lhe motivou.

De fato, uma vez que se viu refletir no espelho, aquele tom de vermelho contrastando contra sua pele, a fenda que revelava uma de suas pernas, a forma como o caimento do vestido estava tão perfeito em seu corpo, não podia negar sua admiração. Mesmo que a fizesse sentir completamente diferente, naquele momento, decidira que era algo que gostava.

—Não pode esquecer sua máscara. – Neliel lhe lembrou, entregando uma máscara negra ornamentada e delicada. As próximas batidas na porta, trouxeram Ulquiorra, que agora se via paralisado, observando-a. – Bom, - a moça de cabelos esverdeados chamou a atenção de ambos. – Vou deixar que terminem de se arrumar. – Havia um sorriso orgulhoso em seu rosto quando alcançou a porta, antes de virar-se em sua direção uma última vez. – Será inesquecível. 

—E então, como estou? – Orihime perguntou, com um sorriso acanhado em seus lábios, enquanto Ulquiorra apenas lhe admirava em silêncio. – Você gostou?

—Está perfeita. – A ruiva sentiu seu coração acelerar, quando ele se pôs a caminhar em sua direção. O arrepio cresceu por suas costas quando Ulquiorra aproximou o rosto do seu, e após beijá-lo suavemente, com os lábios ainda roçando levemente em sua orelha, sussurrou. – Você é perfeita.

Já não conseguia entender como era possível que mesmo após meses, os beijos que compartilhavam continuavam com a mesma intensidade do primeiro. Aquele beijo inesperado e cheio de paixão, que agora parecia ter acontecido havia uma eternidade. Houvera um tempo no qual Orihime achava difícil que de fato existissem as tais almas gêmeas em algum lugar, por conta de sua desilusão em sua paixonite por Ichigo. Mas agora, sabia que havia encontrado em Ulquiorra um pedaço seu. Havia algo ali, em seus braços, que a fazia sentir completa e mais feliz do que jamais imaginara ser possível.

Desejou em segredo que aquela sensação jamais dissipasse, ainda que sentisse em seu amago, que a calmaria estava prestes a se esgotar.

***

Neliel sentia-se inquieta. Os últimos dias haviam sido turbulentos, por assim dizer. Havia decidido, após descobrir que Grimmjow havia também sido compelido, que não era a melhor das ideias contar a Ulquiorra. De nada adiantaria, e além do mais, precisava que trabalhassem juntos agora, e algo assim, apenas complicaria ainda mais as coisas que já estavam mais difíceis desde que Ulquiorra não só trouxera a garota que o ameaçou, como também se mudou junto com Orihime para um dos quartos da mansão.

Não tinha problemas com a ruiva, era uma boa moça. No entanto, sua presença num momento crucial como aquele, dificultava ainda mais as coisas, não somente por ser uma humana, mas principalmente por não saber de nada do que se passava. Isso fazia com que precisasse conversar em segredo com Ulquiorra e Grimmjow, além de estarem sempre atentos à sua presença e precisarem sair caso quisessem fazer uma refeição. Quanto a outra “convidada”, Neliel já havia tentado algumas vezes, sem sucesso, conseguir algumas respostas ou pistas dela, mas haviam dois dias desde que a garota lhe havia respondido uma pergunta pela última vez, o que lhe preocupava.

Ao menos havia chegado o dia. A partir de agora, tudo precisava correr de acordo com o plano, precisavam estar focados e determinados se queriam sobreviver, mais uma vez. Suspirou, enquanto cuidava dos últimos detalhes da arrumação da festa e afins. Ainda havia a questão de Ulquiorra. Neliel sabia que em algum nível, Grimmjow estava correto. Não podiam confiar completamente no compromisso do moreno quanto a seguir o plano, se isso implicasse de alguma forma em afastar-se de Orihime ou não a priorizar. Mas ao mesmo tempo, não podia deixa-lo para trás. Não somente pelo fato de suas chances de sobreviverem serem maiores trabalhando juntos, mas após todas as coisas que haviam enfrentado durante os anos, não era uma opção abandoná-lo.

—Por que não contou a ele? – Neliel ouviu Grimmjow perguntar do outro lado da cama, algumas noites antes. Encontrou o azul de seus olhos, quando se virou em sua direção. A luz da lua iluminava parte de seu rosto e seu peito desnudo, deixando em evidencia sua cicatriz, uma de muitos anos atrás. Neliel a tocou, levemente, sem deixar de notar que não o incomodou, algo raro até mesmo para ela. Ele continuava apenas olhando em seus olhos, respirando de forma tranquila.

—Porque eu confio em você. – Respondeu simplesmente, não deixando de ver uma certa surpresa nos olhos azuis. – E eu quero que confie em mim, também. – Ele não lhe respondeu, apenas lhe olhou mais profundamente, como se pensasse no assunto. – Além do mais, acho que podemos dar um jeito nisso, sem o Ulquiorra surtando, não acha? – Neliel sorriu brevemente e sentiu-o respirar fundo.

—Quando chegar a hora... – Ele interrompeu-se por um instante. – Minha prioridade é seguir com o plano. – Ele lhe tocou a mão que repousava em seu peito, uma rara demonstração de afeto. – Eu espero que seja a sua também.

Sabia que Grimmjow tinha razão. Não podia decepcioná-lo também. Quando chegasse a hora, precisava ser objetiva e escolher onde estava seu comprometimento. Desejava que não fosse necessário abrir mão de um dos dois, faria seu melhor para evitar que isso viesse a acontecer, mas sabia que não era algo que pudesse desconsiderar.

—Senhora, seus convidados começaram a chegar. – Um de seus serviçais lhe avisou, com sua voz mecanizada.

Neliel admirou-se no espelho, usando seu vestido de baile dourado. Gostaria de tê-lo usado numa situação menos grave, mas não era hora de pensar sobre isso. O momento havia chegado.

***

Grimmjow não podia evitar em se sentir aborrecido e inevitavelmente, vulnerável. Como podia, ele ter sido compelido? Como ousaram usá-lo como peão? Queria acreditar que a partir de agora, as coisas ficariam bem, mas sabia que não seria tão simples. Ainda tinha consigo muitas ressalvas com relação a execução do plano, principalmente por saber que não podia confiar em Ulquiorra, não que confiasse antes, mas agora, com sua obsessão pela garota, podia confiar menos ainda.

Os observara juntos, numa noite qualquer. Estavam sentados perto da lareira, trocando algum tipo de confidencia, presos em seu próprio mundo. Aquilo o irritava. Ver Ulquiorra agir daquela forma, passando-se por humano, como se o fosse, como se pudesse de fato possível que tivesse aquelas emoções. Mas ele o conhecia, o conhecia de verdade, o monstro que sempre foi. Era só uma questão de tempo até que ela descobrisse também. Tomou um trago de sua bebida, amargurado.

Pouco depois daquilo, Neliel chamou o moreno para conversar, provavelmente para acertar alguns detalhes do plano, ou até mesmo, para tentar interrogar a outra garota que prenderam em um dos quartos. De qualquer forma, não se importava tanto assim, no momento. Foi quando viu a ruiva se aproximar, timidamente. Nunca haviam de fato conversado, por isso, surpreendeu-se.

—Tudo bem se eu sentar aqui? – Ela perguntou. Grimmjow apenas assentiu. – Eu só queria agradecer por ter me contado sobre o aniversário do Ulquiorra, na verdade fiquei um pouco envergonhada, no momento por não saber sobre isso! – A moça sorriu. Ficaram em silencio por alguns instantes, como se ela estivesse mergulhada em pensamentos, por um momento, antes de voltar a falar. – Eu realmente o amo. – Disse baixo, como um pensamento que havia escapado por sua boca. Grimmjow pegou-se curioso por um instante.

—Por que? – Perguntou, simplesmente, vendo-a ficar sem palavras momentaneamente e parecer buscar em si mesma a resposta.

—Bom... eu não sei... – Admitiu, rindo um pouco envergonhada. Teria sido compelida por Ulquiorra? Aquilo explicaria muita coisa, pegou-se pensando. – É como se... estivéssemos em sincronia, sabe? Primeiro ele me atraiu por ser tão diferente... Como se houvesse “algo a mais” nele... – Ela continuou de maneira que contrapunha sua teoria anterior, havia uma verdade em suas palavras. – Além disso, é como se ele fosse meio magnético... – Prosseguiu e voltou a olhá-lo nos olhos. – Acho que sabe do que tô falando, a Neliel-san também é assim, não é? – Grimmjow sentiu-se exposto com aquelas palavras, como se a garota pudesse ver através dele. – Enfim... É como se ele me completasse... eu simplesmente o amo... É como se eu estivesse mergulhando. – Tornou-se envolta nos próprios pensamentos uma outra vez, antes que Ulquiorra voltasse para a sala, fazendo com que fosse até ele.

Não podia evitar, agora a leve empatia que sentia por Orihime. Ouvir suas palavras o fizeram lembrar de si mesmo, ou ao menos de uma versão sua de tanto tempo atrás, antes de tudo que aconteceu. Lembrava-se bem daquela sensação, e as vezes, até achava que ainda pudesse existir um pouco dela guardada nas profundezas de seu amago, mas que se recusava de acessar. Conhecia bem o preço daqueles sentimentos. 

Agora, momentos antes de juntarem-se ao baile, encontrou-a no corredor. Usava um vestido estonteante, vermelho, obra de Neliel, tinha certeza. Podia sentir sua empolgação inocente, só em olhá-la.

—Só não vá se afogar. – Lhe disse simplesmente, quando passou por ela, colocando sua máscara, para em seguida dirigir-se ao salão. A parte de si, que se identificava com aquela ingenuidade, esperava que Orihime entendesse o que queria dizer.

***

Rukia abriu os olhos, preguiçosamente e sentiu o calor em seu peito intensificar-se ao ver o rosto sonolento do ruivo que parecia também estar acordando naquele momento. Ainda estavam abraçados, e o contato de sua pele na dele, emanava paz para seu coração. Havia passado tanto tempo acreditando que não encontraria algo assim, que não se sentiria plenamente feliz pelo fato de ter sempre que manter uma vida dupla, que aquela felicidade lhe parecia advinda de um sonho.

—Oi... – Ele disse com uma voz de sono e um sorriso no rosto, que fizeram seu coração derreter, ainda mais.

—Oi... – Respondeu, sem conseguir deter o próprio sorriso. Rukia contemplou seu rosto, seu sorriso, seus olhos, seus cabelos desgrenhados, e até mesmo seu calor, como se quisesse absorver cada detalhe daquele momento. – Eu também amo você. – Disse enfim, vendo aquele sorriso se formar uma outra vez em seu rosto.

A morena sentia-se agora envolta numa calmaria e felicidade, como se de alguma forma, tivessem conseguido se desconectar de todo o resto, como se não existisse nada além daquelas paredes, daquele abraço. Desejava que não houvesse de fato, mas como se o mundo exterior soubesse, e decidisse trazê-los de volta, a sensação aguda e gritante a arrastou à realidade e percebeu que foi o mesmo com o ruivo. Inimigos, tinha certeza, mas o que lhe impressionava desta vez era a intensidade daquele sinal, nunca sentira nada parecido. Olhou o relógio sobre a cômoda, que marcava 01:21h da manhã. Havia algo errado, algo estava acontecendo, não muito longe de lá.

Toda a paz que sentiram, estava prestes a acabar, pegou-se pensando, enquanto se preparavam para ir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Like Ghosts In Snow" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.