Like Ghosts In Snow escrita por Drunk Senpai


Capítulo 33
Lonely Roads


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Ah, final de semestre é sempre sofrido não é?
Bom, o meu foi!
De qualquer forma, desculpa a demora!
Boa leitura!



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Ichigo caminhava para casa um pouco mais tarde naquela noite. Tanto havia acontecido naqueles últimos dias e ele já tinha decidido que não adiantava mais ficar se lamentando pelos cantos. Ele sabia que talvez, Tatsuki estivesse certa em sua teoria... Talvez não, e ele já estava cansado de pensar naquilo.

E por pensar em Tatsuki, era culpa dela ele estar voltando tão tarde para casa. Mais uma de suas idéias brilhantes, esportes! Ela propôs que algo novo, o faria “sair da fossa”, e após tentar sem sucesso fazê-lo voltar ao seu dojo, ela ao menos o convenceu à escolher alguma outra coisa. No fim das contas, entrou no time de basquete e começou a lutar boxe.

O boxe pareceu bom, ele queria voltar à lutar e era algo novo. O basquete, lhe distraía mais e algumas vezes era até divertido. No entanto, não podia dizer que o plano estava correndo tão bem quanto esperava. Isso por que toda vez que lutava, não conseguia deixar de pensar no breve treinamento que recebeu de Rukia. Além disso, sempre quando entrava na quadra, quando via as pessoas na arquibancada não podia se impedir de procurar por ela, por mais estupido que isso o fizesse sentir.

Durante as aulas, resolveu não mais olhar em sua direção, por mais difícil que fosse, e além disso pensar em qualquer coisa que não fosse nela e essa era no fim das contas a tarefa mais ardua de se realizar, mais ainda numa noite como aquela, onde a lua se escondia por entre as nuvens tornando a noite sombria e que acompanhada daquele frio terrível, lhe fizesse sentir um arrepio na espinha, pois ele sabia, ele tinha certeza de que ela estaria por ai, cumprindo suas ordens como um bom soldado devia.

Interrompeu o passo e observou o céu. Não gostava daquelas noites sem luar. Se não houvesse lua, tudo o que restava era aquilo: aquela escuridão fria e solitária que parecia tentar devorá-lo. Ficou um pouco daquele jeito, ouvindo o silêncio, sentindo a vida passar à sua volta, como se fosse um observador, como se não fizesse parte daquilo de verdade. Esteve se sentindo daquela forma com bastante freqüência ultimamente, não era exatamente uma tristeza, mas sim algo como um vazio constante e angustiante o qual não podia preencher.

Passou a mão nas madeixas laranja, desgrenhando ainda mais. Estava cansado de se sentir daquela forma. Voltou à caminhar. As ruas de Karakura estavam calmas e silenciosas naquela noite, aquilo não costumava lhe incomodar, mas dessa vez, nessa noite em especial, tudo parecia um pouco ameaçador, estranho e sinistro.

No meio daquela quietude, sentiu a angustia em seu peito crescer. Ouviu um barulho próximo dali, como se um peso tivesse sido jogado e se chocado em outra coisa, uma parede talvez. Seu coração martelava enquanto se aproximava na direção de onde vinha o ruído. Sentia suas pernas e braços se recusarem, como se lhe avisassem que não devia ir naquela direção, não devia se aproximar mais. Contudo, isso não era o suficiente para lhe deter.

***

Neliel torceu a bolsa de sangue em seus lábios, numa tentativa de talvez fazer com que mais uma gota caísse. Detestava ser contrariada, quando isso acontecia sentia tanta fome, lhe fazia até acreditar que já não seria capaz de suportar... Mas não! Pensou enquanto atirava longe, a bolsa vazia. Mesmo que não suportasse aquele tipo de situação, não podia exagerar, não podia se deixar levar. Era perigoso acabar com suas reservas muito rapido, pois repô-las era sempre muito complicado, e também, ás vezes por mais que não quisesse se deixar admitir, havia ainda uma parte de si que acreditava que simplesmente sair e caçar seria mais fácil, mas ela não deixaria isso acontecer.

Respirou fundo. Sentia-se tão frustrada! Apesar de sua insistencia, apesar de sua investigação precisa, não conseguia nada vindo de Ulquiorra.

–Desde quando se tornou tão evasivo, Ulqui-kun?- Lhe perguntou cansada. - Eu só quero saber! Não me torture desse jeito!- Insistiu segurando seus ombros com um olhar suplicante.

–Eu já disse, não há nada para saber.- Seus olhos estavam insondáveis e tinha sido daquela forma havia vários dias: ela lhe pedindo a resposta e ele esquivando-se, evitando-a sempre que possível, o que era muito mais frequente, uma vez que ele a vez se mudar para uma casa que fosse dela.

Mas Neliel não se dava por vencido assim tão facilmente. Mesmo morando em outro lugar, passava a maior parte de seu tempo próxima à ele, tentando como alguém que tenta ler no escuro, desvendar as palavras que lhe eram apresentadas. Ia logo pela manhã à sua procura, pronta para enchê-lo de perguntas, pronta para observá-lo mesmo que de longe. Pronta também para ouvir as mesmas respostas.

Resolveu caminhar um pouco, como fazia todo fim de tarde. Havia um certa melancolia na forma como o sol se despedia naquelas tardes de outono, na forma como o ar frio soprava com uma delicadeza surpreendente, enquanto as folhas amareladas se acumulavam ao chão. Sempre gostou muito daquele tipo de clima, mais especificamente da solidão poetica que refletia em cidades calmas como aquela. O silencio nos bosques, o ar fresco enchendo seus pulmões, o som das folhas mortas sob seus pés à cada passo. Haviam momentos como aquele em que sua mente parecia se desconectar de seus problemas. Quando fechou os olhos e inspirou lenta e longamente, sentiu brotar em si uma paz tamanha, como se fosse a única pessoa na terra. Sentada naquela grande pedra, no meio do bosque, sem se preocupar com a umidade em suas roupas, Neliel sentiu que podia se permitir mergulhar em si mesma, um momento unicamente seu. Por um instante, como se fosse levada de volta há muitos anos atrás, podia sentir o aroma da ceia recém servida, o sabor da torta de porco com mel e especiarias, o vinho doce em seus lábios, ouvia até mesmo aquele violino solitário ao fundo. Ansiedade, felicidade, esperanças... se tivesse que nomear o que sentia seriam esses os sentimentos daquela época, naquele dia em especial.

–O que tá fazendo? - Acordou subitamente de seus devaneios. Abriu os olhos para encontrar Grimmjow parado à sua frente com os braços cruzados e expressão mau humorada como de costume.

–Nada, na verdade. - Respondeu com um sorriso que ainda carregava um pouco da leveza e paz nas quais estava submergida antes. Levantou e caminharam juntos. - E você? Procurando alguma paz numa caminhada meditativa? - Lhe perguntou ainda no mesmo tom de antes. Ele apenas a olhou por um instante e de volta para o caminho à sua frente. Não lhe respondeu.

Prosseguiram caminhando em silêncio até deixar o bosque. Não precisava sequer perguntar, bastava olhar seu rosto. Ela sabia que Grimmjow, mesmo ele, estava angustiado. Não podia culpá-lo, no fim das contas, alguns minutos de meditação não eram o suficiente para realmente livrá-la de suas preocupações.

–À que pé estão as suas malditas investigações? - Ele finalmente se manifestou.

–Estão caminhando.- Respondeu. Aquilo não era mentira. Seus informantes estavam procurando por respostas por trás de tudo o que estava acontecendo e apesar de não ter recebido nenhuma noticia nos últimos tempos, ela sabia que as coisas iam em alguma direção, que mesmo cega, os trariam algo em retorno. -Quer tomar um café? - Perguntou, uma vez próximos à cafeteria local. Grimmjow voltou à olhá-la por um instante, como fez antes.

–Hoje não. - Respondeu friamente, e então acelerou seu passo, deixando-a para trás. Suspirou conformada. Não podia esperar algo diferente vindo dele, mesmo assim, o aroma do café já não parecia tão chamativo assim. Resolveu seguir seu caminho também.

Talvez fosse hora de investigar o Ulquiorra de novo. Os últimos dias lhe provaram que estava certa, definitivamente havia algo de diferente com ele. Havia algo ou alguém lhe influenciando, e em seu intimo, Neliel desejava que fosse um alguém. Permitir que uma pessoa não só entrasse em sua vida, mas que também o fizesse alguém melhor, isso era muito incrível, mais ainda para ela que o viu e acompanhou por tanto tempo. A possibilidade de que algo assim acontecesse era algo que ela secretamente desejou desde que o entendeu em seus limites. Mesmo que ele negasse com todas as forças, ela o via digitando mensagem de vez em quando, o via falar ao telefone quando achava que ela não prestava atenção, e isso só aumentava suas esperanças de que ele realmente tivesse alguém em sua vida.

Já era noite quando ela resolveu procurá-lo. Chegou calmamente ao seu apartamento, apenas para perceber que não podia sentir sua presença lá. Onde havia ido, Ulquiorra? Será que fora encontrá-la, a garota misteriosa em sua vida? Sentiu-se empolgada de repente, finalmente podia estar mais próxima da verdade. Animadamente mapeou seu caminho e seguiu.

Seu coração palpitou quando chegou ao seu destino. Ele estava em um apartamento. Sua mente viajava numa velocidade intensa. Mas e se não fosse o que estava pensando? Afinal de contas, estava cansada de saber que tanto Ulquiorra quanto o Grimmjow costumava caçar sempre que tinham vontade e atacar alguém em casa não era tão improvável assim. No entanto, analisar precisamente a aura do moreno, lhe encheu de empolgação uma outra vez. Ele estava calmo, calmo demais para alguém que estaria atormentando uma vitima. Sorriu excitada com a ideia.

Te encontreeei!~

Digitou e enviou o sms para Ulquiorra e o esperou na esquina. Não demorou muito para que aparecesse. Ele parecia um pouco perturbado e aborrecido, mesmo para alguém que não costumava transparecer suas emoções tão facilmente. Aquilo era um bom sinal, será que tinha mesmo razão no fim das contas?

–Quando vou conhecê-la?- Perguntou bem humorada percebendo que ele ainda tentava voltar ao seu temperamento costumeiro.

–Do que está falando?

–Ah, você sabe, a garota com quem você tava!- Ele não lhe disse coisa alguma, apenas seguiu andando à sua frente, irritado. -Você não quer que eu volte lá e descubra por mim mesma, né? - Foi quando ele voltou-se bruscamente para ela. Havia algo em seu olhar, algo intimidador.

–Não ouse se aproximar dela. - Proferiu num tom frio e protetor.

–Ora, então eu estava certa afinal de contas!- Comemorou. - Você sabe que não tem que se preocupar comigo. - Lhe assegurou num tom sério. Ulquiorra lhe olhou um pouco, insondável, e então voltou a caminhar. -Ah eu preciso mesmo conhecer essa garota! - Comentou feliz, mesmo que ele não mais se voltasse para ela, ou lhe dissesse mais alguma coisa.

Era uma vitória. Estava tão feliz por ele! Alguém realmente conseguira entrar em seu mundo, e não só isso, Ulquiorra parecia tão cuidadoso, sua aura estava claramente mais leve e isso só fazia com que seu desejo de encontrar a causadora disso tudo se intensificasse ainda mais.


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Notas finais do capítulo

É isso!
Obrigada por ler!
Kissus ;*



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