Like Ghosts In Snow escrita por Drunk Senpai


Capítulo 26
Thank You For the Venom




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–Ah, que pena! O filme já começou! - Neliel resmungava por perto com um olhar desapontado para o relógio.

–Vamos direto ao assunto, Neliel. Eu não vim aqui ver nenhum maldito filme.- Ulquiorra começara a perder a paciencia. Afinal, ela mesma tinha dado a impressão de que havia algo sério para falar.

–Mas o Grimmjow ainda não chegou, precisamos esperá-lo.- Ela continuava com uma aura tranquila, o que o fazia ficar ainda mais aborrecido e entediado. Tomou um gole do café fumegante que repousava na mesa. Eles estavam na area de alimentação, e o café não era tão bom assim, mas era melhor que não fazer nada. - Então, me diga, o que tem feito ultimamente? Faz um tempo que não nos vemos.- Ela perguntou terminando a fatia de torta de chocolate, que parecia ter mais doce que qualquer outra coisa.

–Nada demais.- Respondeu sem emoção. Arrependia-se de não levar consigo um livro, ou algo que servisse para se distrair.

–Ah, qual é! Não mente! Você tá nessa cidade há um tempo, e as coisas realmente parecem bem calmas por aqui, nada de pânico, nada de caos... - De repente o rosto dela se iluminou. - Ah não me diga que seguiu meus conselhos e parou de caçar as pessoas? Eu sei que leva um tempo pra se acostumar com as bolsas, mas vale muito à pena, não é mesmo? - Ela perecia genuinamente feliz e animada. Era verdade, foi Neliel quem lhe forçou a ter pelo menos algumas bolsas de sangue sempre guardadas. Mas era como tentar domesticar um monstro, nunca funcionou com ele nem Grimmjow, em parte por que ele gostava da caça, gostava na sensação de tirar uma vida, e o sabor do sangue tirado direto da veia, ainda quente e fresco era o melhor.

–Não é isso. - Ele disse, lembrando-se enojado da sensação de se alimentar através das bolsas.- Só não estou chamando muita atenção, pretendo ficar por aqui por mais um tempo. - Neliel suspirou, decepcionada. Ela se alimentava somente de bolsas havia pelo menos 5 anos, uma total perda de tempo, na opinião dele, afinal mais cedo ou mais tarde ela acabaria se deixando levar pela necessidade e se tornaria tudo aquilo que tanto detestava, um monstro. Mas afinal de conta era isso o que eram, parecia besteira fingir que não, ela só estava se enganando.

–Então o que é? O que essa cidade tem de tão especial? - Pensando honestamente, só havia uma coisa que lhe chamara atenção em Karakura, a unica razão para não ter causado caos e passado para a próxima cidade. E era Orihime. Ela o fascinava, seu jeito, sua beleza... ela era seu tesouro em meio à tanto lixo. Mas ele não diria isso à Neliel, ou à ninguém que pudesse expô-la ao perigo.

–Nada demais.- Disse e então tomou outro gole do café. A outra parecia intrigada por uns instantes, mas deixou-se levar logo depois.

–Grimmjow! Finalmente!- Ela praticamente gritou enquanto o outro se juntava a eles. - Por sua causa eu perdi o filme! - Ele parecia não se importar muito enquanto sentava-se na terceira cadeira.

–Ah, não enche!- Reclamou. Ela suspirou e acalmou-se.

–Bom, acho que não importa mais. Vamos direto ao assunto. - Ela parecia pronta para começar a falar e até mesmo sua aparência parecia mudar quando estava séria.- Bom, vocês sabem que eu não os reúno sem razão. E dessa vez não é diferente. Vocês lembram que eu tenho alguns informantes aqui e ali para estar sempre prevenida caso algo aconteça. Há algumas semanas recebi uns comunicados alarmantes. Parece que tem alguém atrás de gente como nós... Não sei se são caçadores, não dá pra ter certeza. Mas é muito preocupante, tenho relatos do sumiço de pelo menos 100 em Tokio, e não só de novatos. - Ela parou por um instante, como se para lhes dar um tempo de digerir a informação. - O que quero dizer é o seguinte: Devemos ser cuidadosos. Ainda não sabemos o que está por ai, mas certamente virá por nós.

–Não brinca, eu posso acabar com dez caçadores sem nem mesmo me cansar. - Grimmjow disse, arrogante.

–Não é tão simples. Você não me ouviu dizer que tem antigos desaparecendo aos montes?- Neliel argumentou ainda sem perder a paciencia.

–Eles eram idiotas então!

–Eu estou falando sério, não seja tão arrogante! - Ela vociferou, com irritação clara em seu rosto.

–Então, qual o plano?- Ulquiorra entrometeu-se. Ele de inicio, pensara como Grimmjow, mas havia algo no olhar de Neliel que o fazia acreditar na seriedade do que estava acontecendo.

–Bom, por hora, vamos ficar juntos. Acho que podemos até mesmo ficar aqui, essa cidade parece tranquila e a caçadora responsável não nos oferece perigo.

–Caçadora? Vamos matá-la, só pra ter certeza.- Grimmjow sugeriu com um sorriso selvagem em seu rosto. Caçadora? Ulquiorra nem ao menos tinha pensado que havia alguma ali, ela provavelmente só ia até a ralé.

–Não vamos matá-la! Não ouviu o que eu acabei de dizer sobre manter a discrição? Vamos ficar por aqui, sem chamar atenção, entendido? Nada de massacres, nada de matar caçadores. - Ela dizia como se desse uma aula. - O que acha, Ulquiorra?

–Se é tão sério como você disse, acho que devemos nos aprofundar mais sobre o que está acontecendo. E sobre a cidade... contanto que não fiquem no meu caminho, não me importo.

–Mas você sabe que tem que manter a ...

–Manter a discrição, eu sei. - Terminou seu café e continuou ainda entediado. - Se isso é tudo, já vou indo. - Concluiu levantando-se.

–M-mas! Vamos fazer alguma coisa, tem tanto tempo que não os vejo!- Neliel disse suplicante.

–Fazer o que? Você não nos deixa caçar e insiste nessa mascara humana. Eu também já tô indo.- Grimmjow levantou-se também.

–Arg! Ok, então. Até mais. - Despediu-se e foram cada um por seu caminho.

As ruas continuavam molhadas pela chuva e o vento estava frio e pesado. A história de Neliel o havia preocupado, se fosse verdade, era sério. Havia tanto tempo desde que alguma coisa atentara contra sua vida, chegava a ser estranho. Por um lado, pensava como Grimmjow, talvez aqueles que foram pegos não eram tão fortes assim, talvez tivessem se desleixado. Mas ainda assim, não podia ignorar a possibilidade de que fosse um verdadeiro perigo.

Sua mente estava muito cheia de teorias de conspiração e a leve dosagem de adrenalina. Pelo menos não iam deixar a cidade. Mas, pegara-se pensando, se tivesse que deixar a cidade, será que Orihime iria com ele? Certamente não queria deixa-la para trás, não sua princesa. E ao pensar nisso, se viu afogar no desejo de vê-la, de tê-la em seus braços.

Mas devia deixar que o destino fizesse seus caminhos se cruzarem, como tinha acontecido até então? Não, não queria esperar por isso. Precisava vê-la naquele momento, precisava dela como alguém precisa de ar. E além disso, precisava ter certeza de que aquela intrometida não tivesse colocado coisas em sua cabeça, precisava da certeza de que ela era dele.

Ulquiorra não usava seu poder atoa, mas aquela não era uma razão qualquer. Ele realmente precisava vê-la. Parou seus passos e concentrou-se na aura branca e rosa-claro que Orihime transmitia. Com os olhos fechados, procurou-a como um GPS. Até que a encontrou, não tão longe dali.

Enquanto se aproximava, a presença dela ficava cada vez mais clara, e ao chegar em sua porta, sentia até mesmo seu perfume doce. Enquanto esperava que ela viesse abrir a porta, sentia aquela emoção quente e confortável. Era o mais próximo que já estivera daquilo que chamavam de “felicidade”. Enquanto uma parte sua achava ridícula a idéia desse sentimento, o momento em que ela abriu a porta e ele viu seus olhos, estava cada vez mais certo de que ela era a fonte daquela sensação.

–Vim saber se está tudo ok.- Foi o primeiro a dizer alguma coisa.

–S-sim! Está tudo bem! Na verdade, Tatsuki-chan e eu...- Ela parecia tão linda, como sempre. E ele já não podia evitar em tomar seus lábios.

Orihime, tá tudo bem ai?– Ele ouviu alguém perguntar de dentro do apartamento. Por que as pessoas tendiam a lhe atrapalhar?

–S-sim, eu já tô indo! - Orihime respondeu. Mas com quem diabos estava falando, aquela não parecia a voz da odiável Tatsuki.- Hmn, minhas amigas estão aqui hoje. - Explicou-se. Ah, mas sempre essas amigas para complicar as coisas para ele. Pensou aborrecido.

–Manda elas embora. - Sussurrou-lhe de forma sedutora. - Ou vamos fugir para o meu apartamento.- Sugeriu, ainda em sussurro. Precisava tê-la em seus braços, já estava cansado de coisas em seu caminho.

–Eu queria, muito, mas hoje realmente não dá. - Ela beijou seus lábios de leve. Sentia-se deixado de lado, mas não podia forçá-la. E além do mais, ela não parecia ter deixado de partilhar de seus sentimentos, não havia muito com o que se preocupar, apesar de se sentir contrariado.

–Muito bem então. Boa noite. - Estava pronto para ir, quando ela o chamou.

–Espera! - Havia tanta urgencia em sua voz, que até mesmo o preocupou.

–O que foi?- Perguntou alarmado.

–V-Vamos trocar nossos numeros... - Ela mostrou o celular, seu rosto estava um pouco vermelho de embaraço. Ele não pôde evitar senão derreter-se por sua simplicidade e doçura. Beijou-a mais um pouco enquanto trocavam os numeros. - Nos vemos amanhã? - Ela perguntou com olhar esperançoso. Mas não podia lhe dar certeza. Com Neliel e Grimmjow na cidade, era perigoso encontrá-la tanto assim. Não que Neliel fosse algum perigo, mas com toda certeza, permanecer em anonimato era o melhor para Orihime.

–Talvez. - Ele respondeu simplesmente.

–Aliás, como sabia onde eu moro?- Ela perguntou. Ah, mais uma razão para gostar dela, Orihime não era tão aérea quanto parecia. Beijou-a soavemente e fez sinal de silencio.

–É um segredo. - Ele sussurrou e então se foi.

Apesar de se sentir bem por tê-la visto, não conseguia deixar de se sentir no minimo aborrecido. Quantas malditas amigas ela tinha para ficar entre eles? Agora além de estar mau humorado, estava com fome. Não uma fome tão terrível como aquela causada pelo experimento de Urahara, mas ele definitivamente precisava se alimentar.

Agora esperava, num beco próximo à um barzinho de baixa qualidade. Era um bom lugar para caçar. As pessoas que freqüentavam aquele lugar não eram do tipo que alguém notava a ausencia, ou se preocupavam com o sumiço. Recebeu uma mensagem em seu celular. Mas antes que pudesse ver do que se tratava, seu jantar cambaleava em sua direção. Fez como sempre fazia, de forma rápida e limpa. Era difícil imaginar como a Neliel conseguia resistir por tanto tempo, aquela sensação era a melhor, era como se flutuasse em prazer por alguns momentos. E então fora puxado de volta, pelo celular tocando em seu bolso. Deixou que o corpo sem vida caisse de seus braços enquanto pegava o aparelho.

Ah, suas duas coisas favoritas, a caça e Orihime. Atendeu antes mesmo de limpar o resto do sangue em seus lábios.

O-oi!– Ela disse do outro lado da linha, ele não precisava ver seu rosto, sabia que ela estava corada.

–Oi. - Não pôde evitar o pequeno, insistente sorriso por ouvir sua voz. -Aconteceu alguma coisa?

N-não, não é isso! Hmn.. eu não te acordei, né?– Perguntou sem jeito.

–Na verdade não.

Ah, que bom! É que...- Contudo antes que ele pudesse continuar ouvindo, ele escutou passos atrás de si, péssimo momento!

–Olha, vou te ligar de volta daqui à alguns minutos, ok? - Perguntou e desligou antes de ouvir sua resposta, virando-se em seguida. Era apenas mais um bebado. Um bebado assustado e prestes a correr e fazer um escândalo ao ver o corpo e seu rosto ensangüentado.

–M-monstro!- Gritou, preparando-se para correr. Mas ele não podia permitir que isso acontecesse. Usou sua velocidade para impedi-lo de ir.

–Acertou.- Sussurrou imobilizando sua nova vitima e usando suas presas para perfurar-lhe a pele, tirando sua vida. Depois de limpar seu rosto e afastar-se do lugar, ligou de volta para Orihime, que não demorou muito para atender. - Desculpe, tive uma pequena emergencia. O que você estava dizendo?

Ah, bom... é que estou um pouco sem sono...– Ela ainda parecia um pouco sem jeito.

–Quer que eu vá até ai?- Sugeriu, mas sabia que não seria o caso. Ela riu um pouco.

Não, as meninas estão aqui, lembra? Eu só quero conversar um pouco enquanto o sono não vem, tudo bem pra você?– Ela era mesmo tão simples e adorável. Não pôde evitar o sorriso.

–Ok, sobre o que quer falar?

Continuaram a conversar, enquanto caminhava para casa, e Ulquiorra só conseguia pensar na forma como ela lhe fazia sentir: Tão leve e até mesmo, feliz...

***

Rukia já começava a se entediar no clube. Estava exatamente como ela imaginara que estaria: Lotada e barulhenta. Tomou um gole do drinque que devia estar ali há pelo menos meia hora. Ela não bebia durante a caça, precisava se manter sempre atenta, mas também precisava se misturar. Já havia rejeitado pelo menos 3 bêbados que lhe chamaram para dançar. Viu algumas pessoas discutirem, mas ainda não vira nada muito suspeito.

Aquela estava sendo uma noite verdadeiramente chata. Foi então que aconteceu. De repente haviam pessoas amoutadas ao redor de alguém que caíra sem mais nem menos, aparentemente morto. Era estranho, mas não o tipo de estranho que ela procurava.

Depois de pouco tempo após levarem o corpo, as coisas continuaram como se nada tivesse acontecido. Todo desespero de antes não passava de futilidade, pensou com desgosto. Terminou seu drinque e saiu, as coisas estavam muito paradas lá dentro, talvez se saísse encontrasse algo.

Andava o mais tranquila e inofensivamente possível, e em pouco tempo ouviu, como esperado, alguém aproximar-se. Continuou, como se não tivesse notado. Precisava encontrar um lugar mais isolado, pois se de fato fosse um deles, ela não podia chamar atenção. Encontrou uma viela vazia e quieta.

–Ei, gatinha. - Finalmente olhou para trás. Tinha certeza de que ele era vampiro. Era mais que uma sensação, como uma coisa de caçador, ela sentia quando estava perto de um deles. Ele não demorou para tentar cercá-la, mostrando suas presas.

Rukia prontamente tirou sua espada que estava escondida sob sua jaqueta, estava ficando difícil escondê-la, mais ainda quando tinha que usar um vestido de balada, teve que passar a noite toda de jaqueta.

O vampiro parecia surpreso e logo em seguida, pronto para atacar. Ele investiu, tentando derrubá-la, ela usou a espada para se defender, fazendo com que ele se afastasse. Queria acabar logo com aquilo, não estava com paciencia para joguinhos.

Manteve a posição enquanto ele voltava para atacá-la. Já tinha planejado, enquanto ele corria em sua direção, ela mudaria a posição e acertaria com a espada em seu peito, acabando com isso de uma vez por todas. Ele já estava quase próximo o suficiente. Ela precisava esperar até o ultimo momento para atacá-lo, só então ele não teria como reagir. Menos de três segundos para atacar... dois... e então, antes que pudesse fazer alguma coisa, seu telefone tocou, tirando sua concentração, e tudo aconteceu tão rápido...

Em alguns instantes ela fora jogada no chão, e o vampiro que lhe atacara, caia pouco à frente, tendo seu coração arrancado de seu peito. Demorou alguns momentos para entender o que acabara de acontecer enquanto o rapaz alto, de olhos e cabelos azuis estava bem a sua frente, ainda observando o corpo. E então, quando o susto e a adrenalina diminuíram, ela finalmente entendeu.

Seu “herói” também era um deles, e sua aura era intimidante mesmo para ela. Antes que pudesse se levantar, e pegar sua espada que havia caído há apenas alguns metros, já não sentia o chão sob si. Ele a estava segurando pelo pescoço fazendo com que ficassem na mesma altura. Rukia sentia a dor torturante, como se seu pescoço fosse se partir a qualquer momento. Se ao menos conseguisse pegar sua espada...

–Então, você é a tal caçadora.- Ele jogou-a e fez com que ela se batesse contra a parede. - Tenho que dizer, estou decepcionado.

Estava atordoada, tinha certeza de que tinha uma ferida na parte de trás de sua cabeça, e talvez fosse a dor, mas ela já não conseguia pensar tão bem. Então finalmente viu sua chance. Sua espada estava perto o suficiente para que pegasse. Se se esticasse um pouco... Estava tão perto... Tão perto quando ele chutou a espada para longe e machucou seus dedos.

–Ah, desculpe, você queria isso?- Ela agora tinha a visão macabra de seu inimigo empunhando sua própria arma, manuseando-a e então apontando-a para ela.

Não podia acreditar... Ia mesmo acabar daquele jeito?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Até o próximo,
Kissus ;*



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