Reparação escrita por Luhni


Capítulo 30
Desespero e esperança


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Quanto tempo, né?
Muita coisa aconteceu e fiquei sem tempo, de novo, de escrever e postar e como estamos na reta final também fiquei tentando organizar tudo para que não ficassem pontas soltas. O capítulo está um pouco menor do que o esperado, mas eu tive que cortá-lo, ou então ficaria muito longo e acho que não se encaixaria no título do capítulo, bom, vocês vão entender isso ao lerem o capítulo ;)
Sem mais delongas, espero que gostem e, por favor, leiam as notas finais!
P.S: A MAIOR PARTE DAS CENAS ESTÁ ACONTECENDO AO MESMO TEMPO EM LUGARES DIFERENTES, OK?
Boa leitura!



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Seu coração martelava dentro do peito, não queria acreditar no que os seus olhos viam. Ninguém queria. Uma parte dele esperava que alguém lhe desse uma ordem, pois ele não conseguia lidar com tantos sentimentos dentro de si. Ele queria agir de forma mecânica e esquecer o que sentia, pois se continuasse pensando naquilo, com certeza iria enlouquecer. Ele viu. Ele viu com os próprios olhos, Konoha virar pó. Não sabia se aquela explosão havia atingido toda a vila, mas ele sabia, sabia com toda a certeza que o lugar onde cresceu e constituiu família, aquele lugar que chamava de lar, não existia mais. Nem o lugar e nem mais ninguém.

— Não... – murmurou desesperado. Os joelhos fraquejaram e ele urrou de dor ao lembrar da sua família. Sua esposa e sua pequena filha.

            Ele havia perdido tudo em menos de um minuto. Hana. Megumi. Elas haviam morrido? Havia a possibilidade de estarem vivas? Quando atacaram Konoha alguns meses atrás, ele temeu pela vida da esposa e da filha que ainda nem havia nascido, mas ele nutria a esperança de encontrá-las, sabia que sua esposa era forte e foi treinada para ser uma kunoichi. Ela sabia se defender. Mas com esse ataque... A forma que Konoha foi devastada parecia ter destruído todas as suas esperanças junto.

            Mesmo assim... mesmo assim... ele precisava ver com seus próprios olhos. Ouviu ao longe Tsunade bradar para voltarem para a vila, para ajudarem os feridos e foi o que bastou para que ele se levantasse e corresse de volta para casa. Havia outras pessoas correndo ao seu lado, provavelmente os outros shinobis de Konoha, mas não conseguia se concentrar em nada a sua volta, pois a todo instante o rosto da filha aparecia para si e aquilo lhe impulsionava a correr ainda mais rápido. Em determinado momento, ouviu o irmão lhe chamar, mas ignorou. Seus pensamentos estavam incoerentes demais, não conseguiria ajudar Sasuke naquele momento mesmo se quisesse.

            Ele apenas tentava se agarrar a um fiapo de esperança. Pedia aos deuses que protegessem Hana e Megumi, elas eram boas, inocentes, não mereciam uma morte como aquela. Agarrou-se ao pensamento que as encontraria. Agarrou-se à imagem de ver o sorriso da esposa e da filha novamente e mais uma vez acelerou os passou para chegar mais rápido em Konoha.

—*-

            Tsunade foi a única que permaneceu no local de batalha. Ela tinha falhado miseravelmente como Hokage. Sua Vila fora destruída diante de seus olhos e não foi capaz de fazer nada. Não foi capaz de salvar ninguém. As lágrimas desciam por seus olhos, mas ela limpou-as com força. Não era hora para chorar. Não era hora para fraquejar. Orochimaru, Kabuto e Yashiro haviam deixado o corpo do Raikage ali e partido sem se importar com retaliações. Eles sabiam que não teria como eles lutarem, não depois dessa onda de destruição. E ainda havia a promessa de que não havia acabado. Cerrou os punhos e bradou para que os ninjas voltassem para Konoha a fim de ajudar quem sobrevivera. Ainda deviam lutar para proteger os seus.

            Mordeu o polegar com força, tirando um pouco de sangue. Mesmo que ela perdesse a própria vida. Mesmo que fosse o seu último ato como Godaime... ela não deixaria que mais ninguém morresse.

— Jutsu de invocação! – bradou e uma grande lesma branca com três listras azuis pelo corpo apareceu na frente da Senju.

— Tsunade-sama, o que deseja? – a lesma questionou de forma gentil.

— Katsuyu! Preciso que vá imediatamente para Konoha e ajude a todos os feridos! – bradou Tsunade.

— Mas eu irei demorar até chegar em Konoha, mesmo estando nessa forma – comentou Katsuyu.

— Use todo o meu chakra se for necessário, mas vá o mais rápido que puder e salve todos que conseguir, Katsuyu, por favor – foram as últimas palavras antes da lesma começar a se dividir em diversos pedaços, como se fossem pequenas lesmas, e iniciar o seu percurso em direção a Vila.

            Tsunade então concentrou todo o seu chakra que agora estava sendo utilizado por Katsuyu e pediu aos céus e aos antigos Hokages que protegessem a todos.

—*-

            Era difícil descrever o que os olhos viram, era difícil entender o que sentiu, não conseguia nem entender como tudo evaporou de uma hora para outra. Em um momento observava a vista de Konoha e no outro, um clarão se fez presente. Uma explosão foi ouvida e depois tudo começou a quebrar, madeira, metal, paredes de pedra, nada se manteve de pé. Tudo evaporou ou foi esmagado pelo poder daquele ser de outro mundo. E quem estava em seu caminho foi engolido e encontrou somente a morte. Os orbes arregalaram-se ao ver o que havia restado do seu lar, Konoha praticamente não existia mais! No seu lugar ficara apenas um enorme buraco de terra.

            Casas haviam sido arrastadas, havia escombros por todos os lados e diversas pessoas gritavam apavoradas sem saber o que fazer. Seu corpo tremia, tentando assimilar tudo, mas era impossível. Olhou novamente para o céu e viu o responsável por trazer tamanha desgraça à sua Vila. Ele continuava no mesmo lugar, apenas apreciando a sua obra, enquanto os que haviam sobrevivido agonizavam em dor. Cerrou os punhos com força para fazê-los pararem de tremer e forçou o seu corpo a se levantar. Havia sido atingida por alguns destroços, mas nada grave. Desceu o Monte dos Kages um pouco trêmula e, mesmo que sua vontade fosse atacar diretamente o culpado por aquela destruição sabia que não conseguiria muita coisa, então buscou reconhecer onde estava e ver se achava sobreviventes, mas não parecia haver quase ninguém para contar história.

            Ele era um monstro. Um monstro capaz de tamanho poder e de devorar a todos com um único golpe. Olhou novamente para cima, mas o seu algoz não estava mais lá e ela rezou para que ele não retornasse mais. O som de um choro baixo chamou a sua atenção em determinado momento e a fez correr na direção do som, agarrando-se à ideia de que havia mais alguém que sobrevivera no meio de tanta destruição. Achou uma garota, ela chorava e seu braço estava preso entre alguns destroços. Ela clamava pela mãe que havia sido esmagada na sua frente e se encontrava sem vida. Foi até a menor e usou chakra para levantar o entulho que caíra em cima da garota. Retirou-a de lá e começou a prestar os primeiros socorros, mas já sabia que a pequena menina não mais seria mesma depois daquilo. Além de perder a mãe, ela estava aleijada, perdera o braço e a perna direita para sempre.

            Sakura teve vontade de chorar, mas sabia que o momento não pedia por prantos, ela devia continuar a sua busca por sobreviventes. Levou a pequena garota nos braços e começou a verificar a área. A extensão dos danos era incontável, mas nem toda Konoha havia sido atingida e ela correu na direção onde podia-se ver alguns prédios em pé ainda. Felizmente, o hospital se encontrava na área não afetada, então ela torcia para que não tivesse sofrido muitos danos e a maior parte dele ainda estivesse de pé, assim como algumas casas perto do local.

            Viu algumas pessoas surgindo dos destroços e indo na mesma direção, se rastejando e sangrando de forma deplorável em busca de ajuda e ela tentou auxiliar quem aparecia, mesmo que fosse apenas para diminuir de alguma forma a dor deles para que seguissem em frente. Ela sabia que devia continuar a procurar por sobreviventes, talvez fosse uma das poucas pessoas que estivessem em condições de resgatar aos outros e, pensando nisso, entregou a menina a um homem que parecia estar em melhores condições, pedindo que a levasse até o hospital, quando ouviu o barulho de algo se aproximando.

            Olhou ao redor a tempo de ver uma grande centopeia surgir do nada indo em direção a alguns civis que estavam mais afastados. As pessoas gritavam desesperadas sem saber o que fazer e, instintivamente, correu o mais rápido que pode acertando o inseto com um soco carregado de chakra, matando-o.

— Shanaroo! – gritou irritada e em seguida observou o inseto com o cenho franzido – O que é isso? – Quem havia o invocado? Ainda estavam sob ataque? Começou a olhar de um lado para o outro em busca de algo que confirmasse a sua teoria, mas não encontrou nenhum inimigo, poré captou algo que fez o seu coração bater mais forte por um instante – Não pode ser...

            Quando ela começou a andar por Konoha, ela não conseguia mais situar onde estava, toda a paisagem havia sido modificada, e o que antes eram os lares de diversas famílias e o centro da cidade, agora se tornara um monte de escombros e poeira. Mas agora, agora ela reconhecia o lugar que estava. No meio dos escombros, um pouco mais ao longe de onde estava havia um pedaço do que um dia fora o símbolo do clã Haruno. Ela estava bem na entrada do lugar que sempre chamara de lar.

—*-

            Sentia o corpo doer, uma barra de ferro atravessava a sua perna e ela sabia que tinha que dar um jeito nisso ou morreria devido à perda de sangue. Tossiu, havia poeira por todos os lados e isso não ajudava na orientação, só lembrava-se de ver algo estranho no céu e correr para avisar a todos do clã. Ela tinha um mau pressentimento quanto ao que estava acontecendo, foi por isso que pediu para todas as mulheres e crianças se dirigirem para um abrigo. Os jovens shinobis não entenderam a sua ação e tentaram discutir com ela, mas ela não era a esposa do líder à toa, sua teimosia era conhecida por todos os Haruno’s e logo conseguiu convencê-los.

            Depois disso ela recordava-se de ir para o abrigo, ajudando as crianças a descer, quando o estrondo aconteceu, ela não entendera exatamente o que se seguiu, mas sentiu a terra tremer e as paredes desabarem encima de si, só deu tempo de se jogar dentro do abrigo e torcer para que aguentassem ao ataque. A força que sentiu mesmo estando debaixo da terra foi tão grande e tão forte que alguns pilares que sustentavam o abrigo desmoronaram, e eles foram soterrados.

— Mebuki-san, graças a Kami-sama! – uma velha senhora murmurava ao lado de Mebuki, enquanto ajudava a Matriarca do clã a se sentar – Cuidado, a senhora está perdendo muito sangue – comentou fracamente.

            A Haruno olhou ao redor e viu que havia algumas mulheres chorando abraçadas aos filhos, enquanto outras, mais velhas e mais experientes, tentavam acalmar os ânimos de outras que pareciam desesperadas e feridas.

— Todos estão bem? – indagou à velha que lhe auxiliava e ao ver o rosto triste da senhora, Mebuki soube que nem todos haviam sobrevivido.

— Algumas mulheres não conseguiram chegar ao abrigo a tempo. Receio que perdemos algumas das nossas – deu a má notícia e Mebuki suspirou ao mesmo tempo em que se levantava, mas o ferimento repuxou e olhou melhor para a perna sem saber o que fazer.

            Se retirasse a barra, morreria de hemorragia, mas se ficasse... bom, também não iria ajudar em muita coisa, já que aquilo a impedia de se movimentar livremente. Fora isso havia um ferimento ou outro no braço e no rosto, mas com certeza o mais feio era o da perna, que provavelmente havia acertado uma veia. Olhou em volta e viu que a entrada havia desaparecido e a outra parte do túnel também estava destruída, o que impedia que elas pudessem sair dali por outro caminho. Suspirou, tentando organizar os pensamentos. Tinha que arranjar um jeito de sair dali antes que o ar acabasse, salvar as mulheres e crianças do clã e levá-los para um lugar seguro. Suspirou novamente e fechou os olhos, se Sakura estivesse ali... sorriu tristemente, sua filha com certeza já estaria andando de um lado para o outro curando a todos.

            “Sakura...” fechou os olhos com força e rezou para que a filha estivesse bem, para que nada tivesse acontecido com ela. Sentiu os olhos marejarem, mas não deixou que nenhuma lágrima vertesse. Agora não era hora de chorar, iria confiar em sua filha e Kizashi havia confiado em si para tomar conta do clã e era isso que faria agora.

— Bom, por enquanto, vou ter que me virar sozinha – comentou consigo mesma e, mesmo com dor, levantou-se, mancando, e começou a dar ordens às mulheres que pareciam perdidas. Iriam sair vivas dali ou morreriam tentando.

—*-

— Hanabi! Hanabi! – bradou tentando encontrar a irmã. Tossiu, tentando enxergar em meio a poeira que se levantava dentro do templo Hyuuga.

            Uma parte da sua casa havia desabado diante dos seus olhos. Estava meditando na varanda quando o vento soprou e varreu tudo ao seu redor. Ela foi arrastada alguns metros antes de ser amparada por um dos shinobis que seu pai designou a missão de proteger a si e sua irmã. Somente quando tudo parou foi que ela conseguiu abrir os olhos e enxergar a destruição a sua frente. Arfou ao notar que seu lar estava destruído.

— A senhorita está bem, Hinata-sama? – Aoi indagou, mas Hinata estava em estado de choque, olhando o que haviam feito e tentando entender como e quem podia ter tanto poder a ponto de invadir o clã Hyuuga e destruir a propriedade – Hinata-sama! Onde está Hanabi- sama?

            A pergunta a trouxe de volta a si e a preocupação de que sua pequena irmã estivesse no meio dos escombros trouxe um temor tão grande que ela nem ao menos respondeu ao shinobi, apenas levantou-se e correu o mais rápido possível, gritando pela irmã.

            Ativou o byakugan e tossiu mais uma vez ao chamar o nome da menor. Aoi estava atrás dela, também à procura de Hanabi. Eles já haviam vistos alguns Hyuugas e ela tentou ajudar a todos, ao mesmo tempo em que procurava a irmã, pelo visto Hanabi estava brincando perto do templo do clã e Hinata sentia o seu coração se apertar a cada passo mais perto do local, onde podia ver que nada parecia ter resistido.

— Por favor, por favor... – as lágrimas já se derramavam pelo seu rosto ao ver alguns corpos de pessoas da sua família soterrados por escombros.

            Sua irmã era tão pequena, apenas uma criança. Recordava-se de sempre treinar com Hanabi e como ela era tão talentosa, mesmo com a pouca idade. Hanabi era um prodígio, sempre foi a melhor das duas nas lutas, sempre foi o orgulho do pai delas e também era o seu maior orgulho. Sua pequena irmã que sempre ouvia atrás das portas, sempre vinha lhe fazer companhia quando estava triste por não conseguir melhorar o seu taijutsu. Sempre foi Hanabi quem a ajudou a lutar e melhorar para alcançar Naruto. Ela tinha tanto a viver... não seria justo que levassem a sua amada irmãzinha. Levassem... E ao pensar naquilo uma ideia lhe passou pela mente e fez com que os seus passos cessassem, chamando a atenção do shinobi que a acompanhava.

— Aoi – chamou o ninja que logo estava ao seu lado – Vá ver na parte oeste da mansão, verifique os quartos e veja se há mais sobreviventes, procure por Hanabi por lá, por favor! – ordenou, a voz já embargada, mas tentava se controlar.

— E a senhorita? – questionou à herdeira do clã que desativou o byakugan. Hinata cerrou os punhos com força, por mais que quisesse continuar a busca pela irmã, ela agora era a responsável pelo clã e ela tinha deveres a cumprir, principalmente se estivesse certa quanto ao destino de Hanabi.

— Eu irei voltar, irei procurar fora do clã. Chame outro shinobi para ajudar com os corpos. Precisamos queimar os mortos, antes que quem quer seja que nos atacou resolva pegar algum Hyuuga para roubar nossa kekkei genkai... se é que já não pegou – murmurou a última parte, mas Aoi foi capaz de ouvir.

            O rapaz arfou com a possibilidade. Se Hanabi-sama tivesse sido capturada, os segredos do byakugan corriam sérios riscos, ainda mais se a pessoa que a levou fosse a responsável por esse ataque. Seria praticamente impossível recuperá-la, só alguém que tivesse um grande poder poderia ter alguma chance, mas todos os melhores ninjas do clã estavam no campo de batalha, então... Ao compreender o raciocínio da jovem, pediu para ir junto com Hinata-sama para protegê-la, tentou até mesmo dissuadi-la da ideia de seguir com o plano sozinha, mas Hinata insisitu que seria mais eficaz se eles estivessem separados para ajudar tanto com os feridos quanto na procura por Hanabi e ele não pode fazer mais nada ao ver a herdeira do clã que, pela primeira vez, estava tão decidida e firme que foi impossível retrucar.

— Hinata-sama – chamou a atenção da garota que se virou para olhar o shinobi de olhos claros como os seus – Tenha cuidado. Assim que encontrar Hanabi-sama, irei avisar a senhorita – disse tentando passar um pouco esperança à jovem herdeira que aquiesceu com um pequeno sorriso.

            Sabia que estaria se arriscando demais ao ir atrás do inimigo, mas ela era a única que poderia lutar para defender o clã nas condições em que estavam naquele momento. Fechou os olhos com força, a imagem da irmã aparecendo para si junto com o sorriso de Naruto. Ele estava dando o seu melhor para a Vila e ela também daria.

— Byakugan! – e em seguida começou a correr em direção à saída do clã. 

—*-       

— Não... não – Sakura murmurou, o desespero ameaçando tomar conta de si. Olhou para os lados e correu totalmente a esmo, procurando por sobreviventes. – Alguém? Tem alguém ai? – gritou para o nada, tentando encontrar qualquer pessoa, mas inconscientemente havia uma em especial que permeava seus pensamentos. Oka-san.

            Correu sem parar, levantava destroços, mas a única coisa que achava era uma pilha de corpos. Soluçava, sem conseguir se conter com tamanha destruição, porém não parou de procurar. Devia haver algum sobrevivente. Os Haruno’s sempre foram bons em captar o perigo, sempre preocupavam-se com aqueles que não podiam se defender, por isso sempre tinham uma rota de fuga e ela torcia para que, de alguma forma, eles tivessem conseguido fugir, apesar de que a cada corpo, aquela ideia parecia mais distante da realidade.

— Não vou desistir – disse para si, limpando o rosto com força e uma ideia surgiu na sua mente – O esconderijo do templo Haruno – murmurou e começou a andar em busca de algo que pudesse facilitar a identificação do lugar.

            Há muito tempo, quando ainda era criança, seu pai a levou em um lugar especial para os Haruno’s. Seu pai havia dito que, em tempos de guerra, aquele lugar havia salvado a vida de diversas pessoas do seu clã e que era usado para proteger aqueles que não eram ninjas. Se alguém tivesse sobrevivido devia estar ali, e mesmo que fosse praticamente impossível, pois ninguém esperava um ataque daquele tipo, Sakura recusou-se a pensar que toda a sua família estivesse morta. O problema era que ficava difícil se localizar no meio daquela destruição. Continuou gritando e esperando uma resposta, que não veio, e quando mais de vinte minutos se passaram, ela pensou em desistir. Não podia ficar somente ali, tinha que procurar em outras partes da Vila algum sobrevivente e ainda tinha que verificar se mais alguém estava se infiltrando em Konoha. Com o coração apertado de dor, deu meia volta para sair dali, mas um barulho chamou a sua atenção.

            Olhou na direção do som, tentando identificar o que era, mas não havia ninguém ali e pensou estar ouvido coisas. No entanto o mesmo som se repetiu e ela ficou na defensiva, em busca de inimigos que não vieram, apenas o mesmo som que, agora, ela pode identificar. Era como se alguém estivesse tentando mover algo e viu algumas pedras rolarem em um monte de escombros no seu lado esquerdo. Correu em direção ao som e retirou tudo o que havia ali, encontrando um dos ninjas do seu clã.

— S-Sakura.... sama – murmurou o jovem e Sakura começou a tratar do jovem shinobi.

— Tudo bem... tudo bem, vai ficar tudo bem agora – tratou de dizer, controlando as lágrimas que insistiam em rolar por seu rosto. Analisava os ferimentos do jovem rapidamente enquanto aplicava o seu chakra medicinal. Ele parecia ter quebrado a clavícula, havia um corte profundo no peito direito, mas fora isso ele parecia estar estável e não apresentava nenhum quadro de hemorragia interna, bastava ela lidar com aquele ferimento aberto.

— S-Sakura-sama... – ele tentou falar novamente e mais uma vez ela pediu que poupasse energia, mas o Haruno era teimoso e forçou o braço a apontar para outro ponto atrás de si – A-As m-mulheres, M-Mebuki-san...

            Aquelas palavras mexeram consigo, olhou para trás enxergando apenas escombros e ficou dividida sobre o que fazer. Se saísse dali naquele momento, o jovem Haruno em seus braços morreria por causa do ferimento que ainda jorrava sangue, mas se não chegasse a tempo... talvez sua mãe e outras pessoas também não conseguissem sobreviver. Engolindo em seco, aumentou a concentração do chakra em suas mãos e viu o olhar do Haruno se encher de lágrimas, em um agradecimento mudo por não desistir dele. Ela não iria abandoná-lo, o jovem sabia disso. E ele só conseguia sentir gratidão, uma gratidão que seria eterna, principalmente porque ele via como ela se esforçava para que ele não percebesse que chorava ao tomar essa decisão.

            Ao estabilizar o jovem, deixou-o apoiado em um canto e correu na direção que ele indicara. Moveu os entulhos, tirava pedras do caminho, fazendo de tudo para controlar seus sentimentos. Não havia ninguém ali, mas notou que o chão parecia mais fundo e torceu para que fosse o caminho de um dos esconderijos do seu clã, se fosse, talvez, tivesse sorte de encontrar mais pessoas vivas.

— Estão me ouvindo? – gritou enquanto continuava a sua tentativa de retirar os escombros – Eu vou salvar vocês, então esperem, por favor!

            A cada rocha retirada ela pedia para que alguém a respondesse. Precisava que alguém respondesse, que dissesse a ela que havia esperança. Mas nenhum som era ouvido. Suas mãos já estavam machucadas, mesmo que utilizasse luvas, mas ela não se importava com isso e continuou com o trabalho de tentar tirar as pedras do caminho. Em um determinado momento, ouviu um barulho do lado de dentro, como se algo estivesse rolando e foi o que precisava para continuar escavando. Seja lá quem estivesse do outro lado, essa pessoa estava lutando para sobreviver e ela ajudaria também.

            Mebuki, que estava do outro lado, retirava as pedras como podia, sem se importar com o ferimento que parecia ficar pior a cada instante. Mas ela não conseguia parar, não depois de ouvir a voz de Sakura. Sakura. Sua Sakura estava viva! E estava tentando salvar a todos, de novo! Ela tinha que ajudá-la de alguma forma e a melhor forma que achou era retirando qualquer tipo de escombro do caminho. Outras mulheres, que não estavam tão machucadas, a ajudavam e, mesmo que pedissem que descansasse um pouco, ela se recusava a parar até ver a filha com os próprios olhos. Não queria morrer sem que ela a desculpasse e não queria que Sakura carregasse a sua morte como sabia que carregava a de Sayumi.

            Ofegava pelo esforço e pela dor, o ar começava a ficar rarefeito e o calor começava a atrapalhar, mas isso não foi o suficiente para fazê-la parar.

— Mebuki-sama, se continuar assim a senhora não aguentará! – a velha senhora do clã Haruno disse preocupada, mas Mebuki apenas sorriu, confiante.

— Isso não vai o suficiente para me derrubar – e em seguida puxou mais uma pedra do caminho, inflamando as outras mulheres ao ver a força de vontade da Matriarca do clã – Sakura está me esperando e eu vou vê-la novamente! – decretou.

            Logo em seguida algumas pedras se desprenderam, fazendo Mebuki recuar para não ser atingida. Todas tossiram devido a poeira, mas ao abrir os olhos perceberam que um pequeno feixe de luz pode ser visto por todas e a voz angustiada de alguém foi a responsável por trazer esperanças de que conseguiriam escapar com vida.

— Oka-san! Alguém! Eu vou tirar vocês daí! – Sakura bradara.      

—*-

            Shizune andava o mais rápido que conseguia com os ferimentos no seu corpo. Seu ombro estava deslocado e havia fraturado o pé e algumas costelas. A iluminação do hospital oscilava, em breve não teriam mais energia, mas ela precisava tentar organizar tudo antes que isso acontecesse. Ela não sabia a extensão dos danos do prédio, mas a parte em que estava havia desmoronado e muita gente havia morrido. Ela escapara com vida apenas por sorte e mesmo assim estava ferida. Tinha que ver como estava a outra parte do hospital, provavelmente não havia nenhum responsável por lá e ela sabia que devia tomar a frente, afinal Tsunade confiava nela para manter tudo em ordem e não iria desapontar sua mestra.

            Parou por um momento para concentrar chakra em si, precisava tentar remediar aquilo ou então seria mais um estorvo e, ao mesmo tempo, tinha que conservar energia pois outras pessoas iriam necessitar do seu jutsu medicinal. Fechou os olhos ao sentir a dor abrandar e rezou para que sua mestra estivesse bem, assim como os outros shinobis. Mas algo lhe dizia que aquele ataque só podia ser um mau agouro do que estava por vir. Ao ver que conseguia respirar melhor e suas costelas não doíam tanto, se pôs a andar novamente e viu com assombro que o outro lado do hospital parecia intacto, sendo protegido por uma barreira.

            “Graças a Kami” pensou feliz ao ver que o estrago não havia sido tão grande e correu para a outra área em busca de quem havia salvado uma parte do hospital. Lá dentro, tudo estava um caos como previra. Diversas enfermeiras e alguns poucos médicos não conseguiam lidar com o número de pessoas que chegavam feridas, até Shizune ficou um pouco desorientada e novamente olhou a proteção em volta do prédio, perguntando-se como haviam sobrevivido e notou algo que não vira na primeira vez: correntes. Arregalou os olhos ao notar o que aquilo significava e, bradando ordens rapidamente, correu mais uma vez em direção ao quarto que sempre visitava junto da acompanhante.

— Kushina! – exclamou e novamente se surpreendeu ao ver a ruiva abraçada a Minato enquanto diversas correntes saiam do corpo da mulher que parecia desacordada.

— Shizune-san... – ouviu o murmúrio do Hokage e, por um momento, pensou estar alucinando – Por favor... ajude-a – disse novamente e Shizune despertou indo ajudar a Uzumaki.

— O que houve aqui? Minato-sama! Quando o senhor acordou? – lançava as perguntas afobada ao mesmo tempo em que analisava Kushina. Mesmo inconsciente a Uzumaki foi capaz de manter o jutsu e salvar a todos ali.

— Eu... não sei – o Yondaime ainda estava fraco, mas sua preocupação maior era com a esposa naquele momento.

            Assim que acordou, Kushina o abraçou e em seguida um forte clarão se fez presente, eles sentiram o teto tremer e tudo ameaçar a desabar a sua volta. Sua esposa ficara tão assustada e com medo de que algo acontecesse a ele que invocou o fūinjutsu Correntes de Selamento Adamantinas. Ela havia protegido ele e a todos daquele perímetro, mas o ataque havia sido tão forte que Kushina desmaiara no processo, fazendo o jutsu perder as forças e somente uma parte da barreira continuou erguida, o que causou a destruição da outra parte do hospital e de outras casas nos arredores. Ele contou, pausadamente, aquilo à Shizune, nunca desviando a sua atenção da esposa desfalecida e Shizune logo compreendeu que só estavam vivos agora por causa da ruiva. Olhou pela janela do quarto e viu as mesmas correntes se espalharem por uma longa distância, Kushina havia protegido uma área imensa de Konoha, se não fosse por ela... com certeza todos estariam mortos agora. Ela havia dado uma chance de sobrevivência à Konoha.

— Ela está estável agora, mas precisa descansar – disse apoiando a ruiva e colocando-a ao lado de Minato que velava o seu sono – Minato-sama, o senhor sabe como desativar o jutsu? Acho que agora não é mais necessário, Kushina-san está apenas gastando chakra.

            Minato aquiesceu e fez alguns selos com as mãos antes de tocar na barriga da esposa e desfez o fūinjutsu. Em seguida ele tentou se levantar, mas foi impedido por Shizune, que começou a examiná-lo.

— Eu estou bem... Shizune – murmurou – Você deve... cuidar dos outros – ainda respirava com um pouco de dificuldades, mas Shizune negou.

— Não sabemos se ainda estamos sob ataque e, se estivermos, o senhor é a nossa melhor chance de sobrevivência nesse momento – explicou ao Namikaze que parecia confuso e a médica suspirou, ele havia perdido dois anos, não sabia o que estava acontecendo, ainda – Nossos ninjas foram para o campo de batalha, poucos shinobis estão na Vila e depois desse ataque... creio que nossas forças estejam ainda mais reduzidas.

            Minato suspirou com mais facilidade e tentou absorver tudo enquanto escutava a médica. Era muita informação para ele, mas não podia reclamar, tinha que ficar ciente de tudo, pois como Hokage, ou ex-Hokage, ele ainda não sabia ao certo como era para considerar isso, tinha o dever de ajudar Konoha.

— Onde está Naruto? – fez outra pergunta e Shizune voltou a explicar enquanto acelerava a sua recuperação.

—*-

            Olhou ao redor entediado. Já estava andando por aqueles destroços há dez minutos e não havia encontrado nada. No máximo via algum sobrevivente que não tinha sorte, pois Hidan fazia questão de mandá-lo de volta para o mundo dos mortos. Era uma oferenda a Jashin no final das contas. Resmungou por pensar que teria mais ação, mas Konoha estava deserta depois da técnica de Pain, nem sabia o motivo de ainda estarem ali.

— Temos que pegar o merda do jinchuuriki – e blasfemou em seguida, nem sabiam onde o garoto estava, só sabiam que o ataque iria atrai-lo, pelo menos essas foram as palavras de Pain. Bufou, chutando uma pedra, talvez Konan estivesse se divertindo mais na aldeia da Areia, pelo menos eles tinham certeza que o jinchuuriki de uma cauda estaria lá.

            Parou abruptamente ao notar algo peculiar a sua frente e sorriu com a perspectiva de poder se divertir.

— Então nem toda Konoha foi posta abaixo com o jutsu de Pain? – comentou consigo mesmo ao observar algumas casa e prédios intocados. – Acho que posso me divertir um pouco! – e rumou para a maior construção que viu: o hospital.

            O lugar estava um caos, dava para ver de longe diversas pessoas tentando se acomodar e clamando por ajuda, mas quase não havia médicos e enfermeiras, já que os que sobreviveram estavam todos ocupados. Sorriu com a cena de desespero e ficou a obsersar tudo, ninguém notava a sua presença, não com tantos problemas ao redor, mas havia alguém que tentava organizar tudo ao seu redor e ficou interessado em provocar mais desespero.

— O que será que acontece se a médica responsável pelo hospital morrer? – indagou a si mesmo e sorriu com a perspectiva que se desenhava e decidiu dar mais oferendas a Jashin.

            Ele seguiu com os olhos a mulher de cabelos curtos e negros, ela parecia um pouco ferida, mas nada que não pudesse dar conta e ele até agradecia por isso, assim seria mais divertido. E quando ela entrou em alguma ala do hospital ele pulou para outro prédio para continuar observando-a de longe e, novamente, ficou surpreso ao ver quem foi responsável por salvar Konoha. Uma mulher de longos cabelos ruivos. Ela estava abraçada a um loiro que lhe era familiar, mas não se lembrava o motivo, porém não era importante e ficou à espera da médica sair do quarto. Talvez depois pudesse atacar a ruiva, ela deveria ser uma exímia kunoichi para conseguir fazer um feito como aquele. Algum tempo depois a médica saiu do quarto após cuidar do casal e ele suspirou aliviado, não aguentava mais ficar se escondendo e quando a viu ir para uma parte do hospital que não havia resistido ao ataque, resolveu que era hora de agir. Finalmente ele teria uma diversão!

            Shizune estava com tantos problemas para resolver que ela nem sabia o que fazer primeiro. Já havia ordenado que continuassem a tratar de Minato para que ele se recuperasse logo e enquanto isso ela iria ver se mais alguém havia sobrevivido no anexo do hospital. Enquanto isso uma outra equipe médica auxiliava os feridos que chegavam, era o melhor que podia fazer por hora. E de tão concentrada que estava não notou a figura que chegou sorrateiramente atrás de si. Uma foice tripla enorme veio em sua direção e se não fosse por seu árduo treinamento com Tsunade, não teria sobrevivido àquele ataque.

— Você realmente tem ótimos reflexos, mulher! – Hidan riu ao ver que ela havia escapado do seu golpe. Era assim mesmo que ele queria.

— Quem é você? – Shizune bradou ao colocar-se em posição de defesa.

— Eu sou Hidan, da Akatsuki – sorriu colocando apoiando a foice no seu ombro – Nós fomos os responsáveis por tudo o que está vendo – e apontou para toda a destruição ao seu redor.

— Maldito! Há mais de vocês aqui? Ainda querem mais destruição? – Shizune indagou, tentando analisar as possibilidades ao seu redor. Se tentasse fugir, ele poderia persegui-la ou destruir mais alguma ala do hospital. Mas será que ela conseguiria derrotar um ninja da Akatsuki sozinha e ainda debilitada?

— Estou procurando o Nove-caudas, você por acaso não sabe onde ele está, sabe? – questionou debochado, mas ao ver a tensão no rosto da mulher, abriu um sorriso – Então, você realmente sabe onde ele está! Que interessante, estou com a sorte grande! – e movimentou a grande foice com três cortes como se estivesse brincando com uma pena – Acho que posso me divertir ainda mais com você, mulher!

            Shizune amaldiçoou a si mesma por ter cometido um erro desse. Mas antes que pudesse fazer algo mais, o inimigo sumiu da sua frente e ela só teve tempo de esquivar-se mais uma vez da grande foice. Começou a pular e fugir dos ataques, estava sem as suas kunais e senbons e fazer uma batalha à curta distância sem armas não parecia uma boa opção, visto que parecia ser a especialidade do outro shinobi.

— Ora, você só vai ficar fugindo? Isso não tem graça! – reclamou Hidan e olhou ao redor com uma ideia se formando e, em seguida, correu na direção oposta à médica.

            Shizune arregalou os olhos ao perceber para onde Hidan estava indo. Aquele desgraçado pretendia atacar inocentes para fazê-la lutar! Enviou chakra para os pés e com uma velocidade extrema pôs-se na frente do shinobi, intercepetando-o. No segundo seguinte das suas mãos emergia uma luz verde que formaram o aspecto de duas facas afiadas. Hidan rapidamente conseguiu bloquear o ataque e sorriu ao ver a técnica utilizada pela mulher: bisturis de chakra.

            Agora sim, as coisas estavam esquentando! Pelo menos foi o que Hidan pensou ao ver a mulher iniciar uma luta corpo a corpo, usando os bisturis de chakra como arma. Shizune dava o seu máximo para atingir o Akatsuki, ela atacava pela direita e defendia com a esquerda e em seguida trocava os movimentos, fazendo com que Hidan começasse a recuar somente bloqueando os golpes, mas em nenhum momento ele perdia aquele sorriso debochado. Divertia-se com a luta e aquilo enfurecia cada vez mais Shizune por ver que seus ataques não funcionavam. Pensou em utilizar a sua técnica de névoa venenosa, mas estando tão perto da ala médica ficou com receio de atingir algum inocente.

            Em determinado momento, Hidan resolveu parar de brincar com a médica, aquilo já estava ficando chato e logo a intensidade dos seus golpes aumentaram. Ele movia a foice com leveza e rapidez e foi a vez de Shizune começar a desviar dos golpes, tentando encontrar uma brecha. Pulou para um lugar mais alto e foi seguida por Hidan que acertou uma das telhas do hospital e ao ver que a arma do ninja havia ficado presa no telhado, aproveitou-se da situação para atacar novamente.

— Te peguei! – Hidan disse ao levantar a foice e acertar Shizune no peito – Sua idiota! Achou mesmo que algo tão estúpido aconteceria comigo? – se vangloriou ao ver o corpo da morena regado de sangue no chão. Aproximou-se para finalizar o serviço e perguntar pelo Nove-caudas quando notou algo – O quê? Kage bushin? – exclamou ao ver o corpo da mulher desaparecer da sua frente – Merda, o quê...? – porém antes que pudesse notar onde ela estava uma sombra surgiu sobre sua cabeça e Shizune perfurou o peito de Hidan com o bisturi de chakra.

— Acho que não contava com essa, maldito – sorriu ao ver o corpo do shinobi no chão. Suspirou aliviada ao ver que tudo terminara bem e começou a retirar o bisturi de dentro de Hidan, quando sentiu uma mão segurando-lhe o braço – O quê? – indagou surpresa.

— Ainda não acabou, vadia! – Hidan disse enquanto sangue escorria da sua boca, o sorriso ainda intacto ao encará-la.

            Shizune ficou horrorizada com o que via a sua frente. Como ele podia estar vivo? Havia acertado no coração! Não tinha como um ser humano sobreviver a uma ataque desse, mas a questão era que ele sobrevivera e antes que ela pudesse se recuperar do choque, sentiu a foice tripla de Hidan acertar a sua barriga. Arfou de dor e sangue saiu da sua boca. Colocou a mão no corte profundo e viu que a hemorragia a mataria em breve se não fosse tratada.

— C-Como? – questionou ao se afastar do monstro que era Hidan, que apenas ria do desespero dela.

— Eu não te contei, gracinha? Eu sou imortal! – debochou aproximando-se da mulher que rastejava para se afastar dele. Mas estavam em um telhado, não tinha para onde fugir, principalmente ela estando naquelas circunstâncias – Agora que tal me falar sobre o jinjuuriki?

            Shizune nada disse, nunca trairia sua vila, então apenas tentava infundir chakra em si para amenizar o corte, mas estava sendo em vão. Suas forças eram drenadas rapidamente e suas vistas escureciam depressa. Ela não iria aguentar. Perderia os sentidos e morreria, pois ninguém viria ajudá-la. Não havia quase ninjas em Konoha e os que restaram deviam estar mortos a essa altura devido ao ataque da Akatsuki. Já havia perdido as esperanças e se amaldiçoou ao ver que tudo terminaria ali. “Tsunade-sama... perdoe-me” pensou na mestra que não mais veria. Pensou em Sakura e como sentiria falta dela e pensou... nele. Queria ter a chance de ter mais tempo com ele e conhecê-lo melhor. Mas agora estava tudo acabado. Fechou os olhos e esperou pelo fim.

— Acho que exagerei, você está sangrando muito – bufou irritado consigo mesmo por ter perdido a oportunidade de achar o jinjuuriki – Tudo bem, eu pergunto para outra pessoa – disse para si e com a sua foice tripla em mãos, seguiu para finalizar a morte de Shizune – Será uma bela oferenda a Janshin – sorriu.

            Porém antes que chegasse até a mulher uma chuva de kunais caiu sobre si, forçando-o a afastá-lo do seu alvo enquanto girava a sua arma para impedir que as lunais o atingissem.

— Mas que merda é essa? – exclamou irritado ao ser interrompido.

— Se quer lutar com alguém, eu serei a sua oponente! – uma voz bradou e Hidan viu uma bela moça de olhos e cabelos castanhos presos em dois coques altos, empunhando um pergaminho em uma das mãos e uma kunai na outra. Ela usava uma roupa tipicamente chinesa que estava um pouco suja e rasgada, mas não parecia estar nenhum pouco ferida, apesar das condições. – Kurenai, como Shizune, está? – indagou a alguém e, só então, Hidan notou a presença de outra mulher.

— Está viva, mas não sei por quanto tempo – ela era mais alta e mais velha que a primeira. Tinha cabelos negros e orbes vermelhos sangues que combinavam com os lábios pintados com a mesma cor.

— Consegue curá-la? – perguntou a mais nova, mas a tal Kurenai negou com a cabeça.

— Só posso estabilizá-la, ela precisa de cuidados médicos urgentes – e iniciou o procedimento paliativo.

            Hidan bufou ao ouvir a conversa das mulheres e cansado daquilo, resolveu atacar, mas novamente foi parado por uma chuva de senbons. Amaldiçoou aquela garota, pelo visto ela era uma kunoichi que tinha um estilo de luta a longa distância, provavelmente uma especialista em armas ninjas.

— Eu já disse que serei a sua oponente! – novamente a garota bradou para Hidan que sorriu.

— Então vamos nos divertir de uma vez! E, se quiser, pode chamar a sua outra amiga também, afinal não acho que a médica irá sobreviver de qualquer modo – debochou.

— Não tenha tanta certeza – Kurenai disse ao se levantar. Ainda estava preocupada com Shizune, a condição dela ainda era grave, mas tinha que ajudar Tenten se quisessem ter uma chance contra aquele Akatsuki. – Tenten, vamos mostrar a força das kunoichis de Konoha! – comandou.

— Hai! – e em seguida ambas correram em direção ao inimigo.

—*-

            Sakura ofegava pelo esforço. Já estava gastando muito chakra e ainda faltava muitas mulheres do seu clã para serem atendidas. Sua mãe se recusava a ser atendida enquanto as outras não fossem tratadas primeiro, mesmo que a filha tivesse dito que a situação dela era a mais grave. Mas quando Mebuki Haruno colocava algo na cabeça não havia ninguém que conseguisse demovê-la daquela decisão. Olhava de esguelha para a mãe que estava sentada no chão perto de algumas pedras que serviam de apoio. A mais velha arfava, cansada, enquanto segurava a perna para tentar estancar o sangue.

— Oka-san! – chamou e a matriarca olhou em sua direção – Eu preciso tirar essa barra ou pode infeccionar o ferimento – disse enquanto curava o ferimento de uma criança na barriga.

— Está tudo bem, concentre-se ai – comentou com um sorriso fraco.

            Mesmo que seu lar estivesse ruindo ao seu redor, Mebuki estava aliviada por ver que Sakura estava bem. Mais que isso, sentiu seu peito aquecer ao relembrar a cena quando elas se encontraram. Sakura surgiu como uma luz no meio da escuridão, ao retirar todas as pedras que as soterravam, seus olhos verdes brilhantes refletiam toda a angústia que sentia e como parecia aliviada por vê-la de novo e viva. Aquilo era o suficiente para si, mesmo que morresse agora, havia conseguido proteger o seu clã e sabia que a filha não a odiava como antes. Podia não ter o seu perdão ainda, mas já era algo que a aquecia por dentro. Esperança.

            Viu Sakura se levantar decidida e se pôs ao lado de Mebuki que somente percebeu o que ela faria quando sentiu a filha segurar a barra que atravessava sua perna direita, bem na coxa. Grunhiu em dor, segurando a mão de Sakura.

— Isso tem que sair! – bradou furiosa ao ver a mãe protestar.

— Acho melhor não!  - comentou com uma careta.

— A senhora vai ter uma infecção dessa forma e vai perder a perna! É isso que quer? – indagou.

— Se tirar eu irei sangrar até morrer, não tenho muitas alternativas – comentou pacífica ao fechar os olhos. Ela já sabia das consequências quando viu o seu ferimento. Sentiu a mão da filha tremer e reclamou de dor novamente – Sakura, o que você... – mas parou de falar ao encarar o rosto da mais nova.

— Eu não vou deixar a senhora morrer! – ela bradou contra si, as lágrimas caindo por seu rosto – Eu não vou deixar... ninguém morrer! Nunca mais! – sua voz falhava e Mebuki teve vontade de chorar também.

— Você não é Kami, Sakura – Mebuki murmurou, acariciando o rosto da sua caçula. Ela já não conseguia controlar as próprias lágrimas – Mas estou feliz que tenha tanta determinação, sempre teve na verdade... – e encostou-se na parede ao se afastar da filha – Mas isso é essencial para uma grande kunoichi – comentou, atraindo o olhar de Sakura para si.

— Oka-san... – não acreditava no que estava ouvindo. Era a primeira vez que sua mãe parecia incentivar o sonho de ser uma ninja. Viu Mebuki suspirar e encarou os belos olhos da filha.

— Vá em frente, eu confio em você... eu amo você – e mesmo com a voz embargada, Sakura compreendeu que as palavras da mãe não eram somente para esse momento, não era somente a respeito do ferimento. Mebuki acabava de aceitar o sonho da filha.

            Uma nova onda de lágrimas percorreu o rosto de Sakura que aquiesceu, sem conseguir falar mais nada, e tentou se controlar enquanto puxava com força a barra de ferro. Mebuki gritou de dor, mas logo viu a filha iniciar os procedimentos para fechar a sua ferida com chakra. Mas ao ver o tamanho do buraco em sua perna que vazava para o outro lado, soube que não havia escapatória. Sorriu triste para Sakura que nem ao menos lhe encarava, tentando de todas as formas fechar aquilo. Sakura sempre fora teimosa como ela e não desistia nunca. Se tivesse feito outras escolhas, se tivesse confiado na filha antes, talvez a relação delas pudesse ser diferente agora, mas o passado era o passado e Mebuki já havia aprendido a deixá-lo para trás e se concentrar no agora. Uma pena que não teria um futuro para sonhar.

— Tudo bem, filha – sussurrou enquanto passava a mão nos cabelos curtos da menina que continuava a chorar silenciosamente.

— Pare com isso! Onde está aquela mulher de fibra que vive me repreendendo por ser mole? A senhora está parecendo comigo agora! – brigou e Mebuki sorriu.

— E você comigo – foi a resposta dela, enquanto continuava a mexer nos cabelos rosados.

            Sakura negou com a cabeça. Tinha que se concentrar para fechar aquilo, mesmo que seu chakra ao invés de aumentar, estivesse diminuindo devido tê-lo usado diversas vezes. Sua mãe continuava acariciando seus cabelos, como ela fazia quando era menor e ficava triste por algo, mas as carícias foram ficando mais suaves e Sakura temeu o que aquilo queria dizer. Ela havia perdido Sayumi da mesma forma, não queria perder a mãe também. Ainda tinham tanto para conversar, discutir, ainda tinham que fazer as pazes direito, mesmo que no seu íntimo Sakura já não se importasse com aquilo. Ela só queria que Mebuki sobrevivesse. Só queria poder ouvir a mais velha lhe criticar e que elas brigassem como sempre. Queria ter outra oportunidade para se aproximar e perguntar mais sobre o que a mãe passou. Queria que ela vivesse, não queria ficar sozinha e passar por aquilo novamente. Não queria ser culpada pela sua morte, por não conseguir salvá-la como Sayumi... ela havia treinado tanto depois daquilo e ainda não era forte o suficiente.

— Você sempre foi forte... – Mebuki sussurrou, cansada demais, mas Sakura ouviu e percebeu que havia dito em voz alta todos os seus pensamentos – Você não é... culpada de nada. Mesmo que brigássemos, eu sempre estive ao seu lado... – sorriu com as lembranças que vieram a sua mente – Eu vi... o combate com seu pai... fiquei tão preocupada e briguei tanto com ele depois... por ter te machucado – Sakura arregalou os olhos com a revelação, mas continuou a emanar chakra.

            Enquanto sua mãe estivesse falando, ela não desistiria.

— Eu via você treinando... com Sasuke e depois... acompanhei sua rotina com Tsunade... – e franziu o cenho com dor, mas logo esta suavizou, parecia que sua perna começava a ficar dormente e não sabia dizer se era algo bom – Mesmo que ela fosse a Hokage... não gostava daqueles treinamentos.

— Eram necessários – Sakura disse apenas para fazer com que ela continuasse a falar, já que Mebuki ficara em silêncio por um tempo e aquilo a desesperou um pouco.

— Kizashi dizia a mesma coisa... – suspirou – E depois que você casou... eu continuei de olho em você... tinha medo de ter feito a escolha errada e... várias vezes me arrependi do que fiz...

— Está tudo bem agora... – Sakura murmurou, tentando aplacar a culpa da mãe, mesmo que ainda se ressentisse, aquela conversa não era para agora.

— Quando vi você correndo de Sasuke... no meio do distrito Uchiha... – e aquilo novamente chamou a atenção de Sakura, sua mãe estava delirando? Como ela sabia disso? – Eu corri para chamar ajuda... a primeira pessoa que encontrei foi Naruto e em seguida, Itachi... rezei para que não fosse nada, para que eu... estivesse errada... mas preferi não arriscar.

            O chakra nas suas mãos falhou por um segundo, mas logo se recompôs e voltou a emanar o jutsu ao ver a dor no rosto de sua mãe. Então foi assim que Naruto soube que precisava de ajuda quando brigou com Sasuke no meio do distrito Uchiha?

— Eu tentei... me aproximar... várias vezes fui na sua casa... mas não encontrava coragem para entrar... para lhe ver, mesmo sabendo que precisava de mim... – tossiu e sentiu um pouco de sangue na boca, mas ocultou isso da filha. O ferimento ainda estava muito aberto, apesar de ter diminuído um pouco – Eu encontrei o diário de Sayumi... e pensei que... se você lesse aquilo, talvez... tivesse forças para seguir em frente, como ela me deu... – confessou e novamente Sakura engoliu em seco. As mãos trêmulas tentavam se concentrar, o osso estava perfurado também, mas não tinha tempo de fazer uma cirurgia naquele momento e o sangue continuava jorrando.

— Acho melhor a senhora se poupar... – murmurou, sem saber como se sentir com aquelas revelações. Sua mãe sempre esteve lá. Sempre a guiou de alguma forma e ela nunca soube disso. E aquilo a confundia de tantas formas. Era tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, tantos sentimentos se misturando que ficava difícil se concentrar.

— Não... talvez, não possa mais dizer isso... – e sorriu ao ver a carranca da filha para si – ...Fico feliz de ver a mulher que você se tornou... tão forte e determinada... minha menininha teimosa cresceu e se tornou uma bela... flor – sorriu, a voz fraca e arfante indicava que ela não aguentava mais. Porém, agora podia ir, sem nenhum arrependimento.

            Havia casado com o seu grande amor, mesmo que no início não o visse dessa forma. E haviam tido duas lindas meninas. Ainda lembrava-se dos olhos de Kizashi ao ver Sayumi e Sakura pela primeira vez, o marido ria ao mesmo tempo em que chorava e ela só conseguia acompanhá-lo, o mesmo sentimento a dominando. A felicidade dos dois transbordavam aos olhos. E, por causa desse amor desmedido, ela faria de tudo para proteger as filhas. Ela desejou tanto que as filhas não sofressem o mesmo que ela que acabou comentendo erros, alguns irreparáveis já que Sayumi não estava mais ali. Ela nunca poderia dizer a sua primogênita que ela não precisava se esforçar tanto, que ela podia se divertir assim como Sakura, que ela não precisava se sentir insegura. Havia sido tão rigorossa com Sayumi, assim como foi com Sakura, mas sua filha mais velha nunca pode experimentar a sensação de liberdade que ela sentiu ao lado de Kizashi e que esperava que Sakura sentisse agora.

            Olhou para a mais nova que continuava a emanar chakra. Ela dizia algo para si, mas não conseguia mais entender as palavras ditas. Sakura chorava e Mebuki só conseguia sorrir para tentar aplacar a dor da filha. Sua pequena Sakura era tão parecida consigo, mesmo que ela fosse mais implacável com ela do que com Sayumi, Sakura sempre a enfrentou, sempre tão determinada, tão decidida em seu sonho, mesmo que ela a barrasse diversas vezes. Havia errado tanto com ela também. Talvez tivesse sido uma péssima mãe, mas ela fora mãe. Deu tudo de si para criar as filhas, fez tudo que estava ao seu alcance e que achava que era certo para a felicidade das filhas. Sentiu mais lágrimas percorrerem o seu rosto. Se pudesse... se pudesse... teria apoiado Sakura, conversado mais com ela e contado do seu passado antes. Teria sido menos rígida com ela e com Sayumi. Talvez tivesse evitado a sua partida tão repentina. Talvez... talvez...

            Mas ela não teria outra chance.

— Oka-san! – Sakura gritou ao ver Mebuki fechar lentamente os olhos.

—*-

            Quando os seus pés tocaram em Konoha seu corpo travou por um momento ao ver que não conseguia reconhecer o lugar onde crescera. A entrada havia se transformado em uma pilha de de escombros e pó. Era possível ver partes de alguns corpos soterrados e o rastro de sangue pelo chão, a destruição só não fora completa pois mais ao longe ainda havia alguns prédios que resistiram. Mesmo assim, a cena era pior do que esperava, pior do que vira naquelas imagens mostradas por Orochimaru. Como alguém tinha tamanho poder? Que tipo de monstro era esse? Começou a sentir que o desespero batia a porta para invadi-lo. Ele havia conseguido se controlar no primeiro momento, mas em parte era porque não acreditava no que via, mas agora... agora era tudo real e ele sentia dificuldade de respirar. Sua mãe... sua família... Sakura... ele teria perdido tudo? Novamente? Viu uma sombra passar por si e notou se tratar do seu irmão. Itachi havia ficado desolado e foi o primeiro a correr de volta para casa e mesmo que Sasuke o chamasse durante o caminho, ele não respondeu nenhuma vez.

            Se Sasuke estava em estado de choque, Itachi já se afogava em aflição. Tentou acalmar-se e ignorar o sentimento que insistia em se instalar dentro de si. Ele tentava recorda-se das palavras de Sakura. Ele havia prometido não deixar que seus sentimentos o cegassem e ele tinha que admitir o quão difícil era manter essa promessa diante de tanta destruição. Parecia que o seu coração se enchia cada vez mais de temor e angústia e ele sabia que logo não conseguiria se conter. Por causa disso, resolveu se focar no irmão e não em si. Correu para junto de Itachi que nem ao menos reparava na presença do caçula, até que este parou e parecia perdido ao olhar para todos os lado e nada reconhecer do lar.

— Hana... Megumi... onde... – ouviu Itachi murmurar e Sasuke sentiu seu estômago embrulhar e sua garganta apertar com a ideia da cunhada e da pequena sobrinha naquele lugar.

— Vamos achá-las, nii-san, mas... – hesitou sem coragem para seguir a adiante, porém Itachi já sabia o que ele lhe diria e sentiu uma raiva tão grande lhe tomar que quando deu por si já segurava Sasuke pelo colarinho, o sharingan ativo e furioso.

— Não ouse dizer que elas morreram! Não ouse! – bradou para o caçula que não rebateu.

— Se acalme... - tentou afastar-se, mas Itachi não permitiu, parecia que a cada palavra de Sasuke, sua raiva se inflamava.

— Como posso me acalmar? Olhe ao seu redor! Droga, Sasuke você não entende o que eu sinto? – gritou novamente. Ele estava sendo contraditório e uma parte dele sabia disso, mas a fúria que sentia e o medo de tudo o que mais temia acontecer falavam mais alto.

            Sasuke desprendeu-se do mais velho e o encarou friamente, antes de responder:

— Não diga que não entendo, pois eu sou o único que pode entender esse medo – Itachi por um momento pareceu recobrar o juízo e encarou o irmão tristemente – Eu sei que o que mais deseja é que elas estejam bem, e que teme ao mesmo tempo que suas esperanças sejam em vão, mas você precisa se acalmar! – brigou o mais novo – Eu estou tentando suportar tudo, estou lutando para permanecer são e não surtar! Eu não vou aguentar se Sakura morrer, se eu perdê-la também... Merda! Não era isso que eu queria falar! – interrompeu-se irritado consigo mesmo. Não tratava-se dele ali, mas de seu irmão.

            E foi só então que Itachi notou o estado do irmão. Sasuke tremia, seus cabelos estavam desgrenhados, suas roupas sujas e seu rosto uma mistura de medo e aflição. Ele estava tão ruim quanto ele próprio. Pensou em falar algo para acalmar os ânimos do mais novo, quando mais alguém se fez presente.

— O que estão fazendo parados ai? – Fugaku questionou com um cão ninja no seu ombro.

— Pai... – Itachi disse confuso e observou a figura austera do líder do clã.

— Kakashi me emprestou Pakkun para que pudéssemos encontrar os Uchiha’s sobreviventes. Ele distribuiu cães para todos os líderes do clã – explicou e em seguida o cachorro farejou o ar, indicando uma localização – Vamos! – ordenou e logo os três estavam correndo em direção ao distrito Uchiha, preferindo evitar demais conversas. Eles haviam sido os primeiros a chegar até Konoha, mas logo mais ninjas do clã pareciam despontar aos poucos na Vila e seguiam na mesma direção do líder.

            Não demorou muito e Pakkun informou que eles poderiam parar de correr pois já haviam chegado ao distrito, mas nenhum deles gostou de ouvir aquilo. Foi como se uma pedra estivesse se instalado dentro da barriga dos homens. Aquele lugar não poderia ser o lar deles. Não havia sobrado nada! Eles haviam visto que uma parte de Konoha estava de pé, viram escombros, viram sobreviventes, mas ali... onde era o centro do distrito Uchiha, parecia que nada restava a não ser desolação. Nenhuma casa estava de pé, o silêncio que percorria o local era opressor e indicava que não havia sobreviventes.

— Não pode ser... – Itachi murmurou caindo de joelhos.

            Sasuke tremia da cabeça aos pés, os olhos desvairados observando todos os cantos como se pudesse ver alguém brotar a qualquer momento. Mas foi Fugaku quem primeiro deu a ordem a Pakkun:

— Procure por Mikoto – a voz sempre forte e vivaz, estava fraca e hesitante, porém mesmo assim ele entregou um pequeno lenço que pertencia a sua mulher e o cachorro começou a correr indo em busca da matriarca do clã.

            Sasuke seguiu o pai, preocupado com o que poderia encontrar, somente hesitou ao ver que o irmão não os acompanhava. Olhou para Itachi e voltou para puxar o mais velho. Não podia deixá-lo ali, sozinho e repleto de pensamentos angustiantes. Sasuke lembrava-se de quando perdeu Sayumi, ele ficou desolado, foi como se tivessem arrancado uma parte de si, mas Itachi sempre esteve lá ao seu lado, sempre o ajudou como podia, até o dia em que trouxe Sakura de volta a sua vida. Itachi foi o responsável por ajudá-lo a se reerguer, mesmo que nada pudesse fazer exatamente, ele estava lá com alguma palavra amiga ou mesmo a sua presença tranquilizante, trazendo bom senso às ideias nefastas de sua mente perturbada e ainda o ajudou com Sakura. Por causa disso, Sasuke só podia retribuir o favor e ficar ao seu lado naquele momento difícil, enquanto rezava para que nem ele e nem Itachi enlouquecessem com o que poderiam ver a seguir.

— Elas estão vivas... – murmurou para si, mas Itachi foi capaz de ouvir – ...Elas têm que estar... – começou a repetir como um mantra e Itachi aquiesceu, tentando acreditar naquelas palavras. Até que outra cena lhe roubou o ar e fez todo o trabalho de Sasuke cair por terra.

— Não...

            Na frente deles estava Fugaku, o pai de ambos, a roupa estava repleta de poeira, os passos eram hesitantes e fracos enquanto carregava nos seus braços o corpo frágil de Mikoto. Ela parecia estar dormindo e Sasuke se permitiu uma centelha de esperança, até notar o rosto do pai. Dos olhos de Fugaku, as lágrimas caiam incessantes enquanto que as mãos se encharcavam com o sangue da esposa. Os joelhos do líder do clã falharam em determinado momento e ele caiu de joelhos na frente dos filhos, abraçando e chorando o corpo de Mikoto que não mais respirava. Alguns shinobis pararam para ver a cena, sem acreditar no que viam.

            Aquilo parecia tão surreal para si, não queria acreditar no que os seus olhos viam. Seu pai, sempre tão forte e inabalável, fraquejava bem na sua frente. E sua mãe, sempre tão carinhosa e gentil, não mais sorria para recebê-lo. Não conseguia raciocinar muito bem, flashes dos momentos que passara com sua mãe, com ela o abraçando, cuidando de si, preparando a sua comida favorita apenas para alegrá-lo, passavam por sua mente e ao mesmo tempo se misturavam com sentimentos que ameaçavam dominá-lo. Seu demônios pareciam cada vez mais vivos e sua mente começava a clamar por vingança, sangue e morte mais uma vez. Ele queria matar os desgraçados que haviam tirado a vida da sua mãe, queria encontrá-los e torturá-los com suas próprias mãos até que morressem lentamente.

            Foi tirado dos seus devaneios ao ver o irmão se levantar, cambaleante, e chamar Pakkun. Sasuke tentava raciocinar algo, mas o choque ainda não permitia que se movimentasse normalmente, mesmo assim viu quando Itachi mostrou algo ao cachorro que cheirou e começou a correr, sendo seguido por Itachi. Sasuke olhou para o seu pai que ainda chorava agarrado ao corpo frio de Mikoto e ficou sem saber o que fazer. Devia consolar o pai, seguir Itachi ou fazer a chacina que sua mente ordenava? E ainda havia Sakura. Suspirou ao lembrar-se da mulher, seu coração cada vez mais pesaroso com a possibilidade de não encontrá-la, ou pior, encontrá-la do mesmo modo que sua mãe.

 

“Eu vou estar aqui, Sasuke. Sempre estarei”

            As palavras dela lhe vieram à mente e permitiu-se acreditar nelas, mais uma vez. Tinha que confiar na esposa, iria encontrá-la em breve, mas não podia deixar-se controlar por seus sentimentos, precisava primeiro ajudar seu pai, seu irmão e todos do seu clã que dependiam de alguém que seguisse em frente, que soubesse enfrentar aquela situação sem descontrolar-se. Pensou mais uma vez em Sakura e como ela disse que também se esforçaria para salvar a todos que pudesse, caso algo dessa magnitude acontecesse a Konoha e soube que estava fazendo a escolha certa. Agora os Uchiha’s enfrentavam o próprio Tsukoyomi, porém não se tratava de um genjutsu dessa vez.

—*-

            Ele sabia que estava sendo egoísta. Ele sabia que devia prestar homenagens a sua mãe e prantear ao lado de seu pai e seu irmão a morte dela. Mas ver que perdera Mikoto, somente intensificou o seu desespero para encontrar Hana e Megumi. Foi por isso que foi até Pakkun, tinha que vê-las, tinha que encontrá-las, mais do que nunca queria poder tirar aquela dor que se instalava em si. Sempre foi um filho exemplar, um ninja habilidoso, que deu orgulho ao seu clã, seguindo todos os princípios e tradições, mesmo que não concordasse com tudo o que decidiam. Sempre foi elogiado e considerado perfeito, mas naquele momento... naquele momento sentia-se um miserável, cheio de falhas que não conseguia nem ao menos proteger a sua família. Correu atrás do pequeno cão ninja até que ele parou em um ponto onde havia mais destroços, estavam bem longe do local onde sua mãe estava, provavelmente aquele local não pertencia mais aos domínios dos Uchiha’s.

            Pakkun de repente parou em cima de algumas pilastras de madeira e logo Itachi começou a retirar o entulho. Havia pedras, madeira e tantas outras coisas ali, mas ele não se importava com isso. Suas mãos começaram a sangrar devido à forma bruta e desesperada que arrancava tudo o que estivesse a sua frente até que finalmente a viu.

— Hana... – disse em um sopro, seu peito puxando o ar com dificuldade.

            Sua mulher estava presa entre os escombros, estava de costas para si e não podia ver o seu rosto, mas sabia que era ela.

— Hana! – chamou novamente, mas não houve resposta e aquilo fez seu sangue gelar.

            Voltou a escavar, retirando o que podia de cima da esposa, ao mesmo tempo em que bradava o seu nome em busca de alguma reação. Em determinado momento, quando já estava alcançando-a, viu Hana mexer levemente o ombro e aquilo deu forças para Itachi continuar.

— Hana! Hana, meu amor! Por favor! Por favor! – bradou e uma imensa felicidade o alcançou ao vê-la se mexer mais um pouco, como se tentasse virar em sua direção.

— I-Ita... – ouviu o murmúrio fraco e Itachi sorriu enquanto lágrimas caiam por seu rosto ao ver que Hana escondia contra o peito um pequeno pacotinho que compreendeu ser Megumi. Elas estavam ali. Na sua frente, ao alcance das suas mãos.

— Vocês estão bem? – indagou ao finalmente tocar na sua esposa. Hana ainda estava presa sobre algumas vigas de madeira e sangue vazava de suas roupas, mas ela estava ali em seus braços, finalmente. A mulher sorriu tristemente para o marido sem conseguir segurar as lágrimas. – Hana? – ele começou a acariciar o rosto sujo de sangue seco e poeira da esposa que não parava chorar – Está tudo bem, está tudo bem...

— Itachi.... a Me-Megumi... – indicou o bebê que até aquele momento permanecia calado.

            Foi só naquele instante que Itachi conseguiu entender o desespero da esposa. E lentamente retirou a filha dos braços de Hana, suas mãos tremiam enquanto sentiam o corpo pequeno da filha que não se mexia em nenhum momento. Megumi estava embrulhada em uma manta e ele ainda não havia visto o rosto da filha.

— Por favor, por favor, meu amor... – pedia enquanto descobria o rosto da filha. Seu bebê estava em seus braços, mas ela não se mexia. Colocou o dedo na direção do pequeno nariz da filha e sentiu uma fraca respiração – Ela está viva, Hana... está fraca, mas ainda vive – disse à esposa com alívio e viu Hana voltar a chorar, mas dessa vez de alegria – Você a protegeu, querida. Salvou nossa filha. Vai ficar tudo bem agora. Vamos ficar juntos – disse voltando a tarefa de acalmar a esposa enquanto pensava o que fazer a seguir.

            Ainda havia muitos escombros prendendo Hana que não parava de perder sangue e Megumi precisava de cuidados urgentes também. Era praticamente um milagre sua filha ainda estar viva. Ele não sabia nada sobre ninjutsu medicinal e não havia ninguém ali além de Pakkun. Então mandou o cachorro pedir ajuda a alguém enquanto ele permanecia no local. Hana ainda não havia conseguido parar de chorar, estava muito nervosa e desesperada com tudo o que havia acontecido.

            Tudo aconteceu rápido demais. Ela estava com Megumi no colo, olhando uma loja de roupas de bebê no centro da cidade quando um barulho ensurdecedor foi ouvido e a terra começou a tremer. As paredes começaram a desmoronar e ela percebeu que não conseguiria sair dali, então correu para perto de uma mesa e escondeu-se, protegendo a filha com o próprio corpo enquanto tudo desmoronava ao seu redor. Ela sentiu quando as paredes caíram encima de si, sentiu a mesa ceder e cortar sua barriga. Suas pernas não se mexiam mais e ela sabia que suas chances de sobreviver eram poucas ao ver a quantidade de sangue que começava a se formar. Mesmo assim ela forçou o seu corpo a não encostar no chão, fazendo-se de barreira para a filha que precisava de espaço para respirar. Até que ela desmaiou de dor.

            Ela só acordara ao ouvir a voz do marido e ficou desesperada ao ver que sua filha não mais se mexia. Mas mesmo que agora soubesse que Megumi ainda respirava, sabia que as coisas não eram tão simples assim. Sua filha era um bebê, ela tinha menos chances de sobreviver do que ela e se demorasse muito, então... Além disso, não havia nenhum ninja médico por perto e Itachi não a abandonaria, por mais que clamasse pela vida da filha. Ele a amava tanto, amava tanto a filha deles que seria impossível para ele escolher uma em detrimento da outra. Pois ele também devia saber que a sua situação não era das melhores.

— Me dê... ela – pediu fracamente e Itachi deixou Megumi junto de Hana, enquanto a abraçava.

— Irei te tirar daí – disse decidido enquanto voltava a puxar todos os destroços de cima da esposa – Aguente firme e... – mas parou de falar ao sentir a mão da esposa sobre si.

— Fique aqui... co-comigo – e olhou para a filha – Conosco – e sorriu tristemente.

            Itachi sentiu uma bola se formar na sua garganta com o pedido da esposa. Por que aquilo parecia uma despedida? Ele havia as encontrado, não? Elas estavam vivas. Vivas! Não iria deixar que mais nada acontecesse. Elas estavam vivas e logo estariam bem. Então não era justo que Hana falasse dessa forma, como se não fosse sobreviver. Não era justo que depois de encontrá-las, depois de tê-las em seus braços novamente, as perdesse. Aquilo seria cruel demais para si. Ele não merecia tamanho castigo. Sua filha não merecia aquilo, não quando tinha tanto a viver. Era só um bebê!

— Eu...Eu preciso continuar... vocês, vocês... – as lágrimas já se faziam presentes por seu rosto, mesmo que não quisesse chorar. Era uma fraco, não conseguia esconder seus sentimentos, que espécie de shinobi ele era?

— Está tudo... bem – Hana tentou virar-se para observar melhor o rosto do marido, mas se contorceu em dor e Itachi logo a amparou.

— Não se mexa! Logo alguém vai aparecer e você vai ser tratada, assim como Megumi – disse convicto, mas ele ainda chorava.

— Sabe... – Hana começou a falar um pouco fraca – Eu nunca te faria escolher – sorriu docemente para o marido que não compreendeu a fala.

— Escolher o quê?

— Por isso... – engoliu em seco e colocou a mão sobre o corpo da filha. Mais um pouco e Megumi morreria, ela não podia esperar mais – Por isso... eu vou escolher para... você – e logo em seguida começou a irradiar um chakra verde em direção a filha.

— Jutsu medicinal? – Itachi indagou estupefato – Como...?

— Sakura... me ensinou uma coisinha... ou outra – sorriu fracamente, enquanto tentava se concentrar, porém logo suas forças começaram a se esvair e o jutsu começou a falhar.

— Não! Pare, Hana! – pediu à esposa – Se continuar, você não vai aguentar!

— Se eu não fizer isso... – olhou para o marido com o rosto molhado pelas lágrimas – Ela não vai sobreviver...

            Itachi sentiu-se impotente, não podia fazer nada a não ser observar sua esposa dar a sua vida para que a filha deles sobrevivesse. Não devia ser assim. Colocou suas mãos sobre a da mulher e forçou seu chakra, enviaria toda a sua vida se pudesse salvar as delas. Hana sorriu com o gesto do marido, mas sabia que nada adiantaria. Não se tratava apenas de doar chakra, a energia devia ser transformada e, mesmo que salvassem Megumi juntos, ela não poderia fazer mais nada para si. Era somente uma questão de tempo e ao ouvir a pequena em seus braços iniciar um resmungo foi como se o seu coração se aquecesse. Ela viveria. E agora poderia descansar em paz. Olhou pra Itachi que ainda chorava, enquanto observava o rosto de Megumi e soube que tudo ficaria bem com os dois. Não importava se morresse. Itachi cuidaria de Megumi e aquilo bastava para ela.

— Eu te amo... – murmurou e o marido olhou para si com desespero.

— Não ouse, Hana – sussurrou, negando com a cabeça. As mãos ainda sobre as da mulher, enviando chakra para ela.

— Você é tão... mandão – comentou com um sorriso enquanto fechava os olhos. Mas ela ainda não queria partir, queria continuar a vê-lo – Espero que... Megumi não seja... assim – seu corpo foi ficando mole e Itachi a segurou.

— Ela não vai... mas vai ser teimosa como a mãe – disse enquanto segurava as duas junto de si – Vai crescer e será linda como você, vai ser forte e provavelmente vou ter problemas para lidar com os garotos, como Sakura disse – disparou a falar, tentando prender a mulher que parecia ir para cada vez mais longe de si – Ela vai casar com um bom homem algum dia, apesar do meu ciúme, vai ter sua própria família e seremos avós – seu sharingan foi ativado e enquanto olhava para a esposa, transportava-a para outro mundo, mostrando todas as imagens que descrevia – Mas sempre iremos nos reunir, nós, nossa filha, nossos netos e nossos outros filhos que ainda estão por vir. Então, por favor... não me deixe.

— Esse parece ser... um ótimo... futuro – Hana disse antes de fechar os olhos.

— Hana? Hana? – chamou Itachi cada vez mais desesperado, sua mente cada vez mais sombria, e enquanto o choro fraco de sua filha era ouvido, ele só conseguia ver sangue por causa do Mangekyō Sharingan que acabava de ser ativado.

—*-

            Os passos eram calmos enquanto andava por aqueles destroços. Havia combinado de encontrar com Hidan depois de verificarem os arredores da Vila. E mesmo que não tivesse gostado da ideia de início, devia dar o braço a torcer que havia ficado bem satisfeito ao ver que encontrara algo que iria com certeza trazer bastante dinheiro a ele. Ajeitou o pequeno corpo que carregava sobre os ombros e continuou a andar até se deparar com Pain.

— Quem é a garota? – indagou o líder de forma monótona.

— Uma Hyuuga. Ela deve valer algo, então estou levando-a para mim – explicou – Alguma objeção?

— Faça como quiser, apenas não esqueça o motivo de estarmos aqui – retrucou e Kakuzu aquiesceu. – Onde está Hidan?

— Esse miserável deve estar matando os sobreviventes – bufou irritado com a mente do parceiro. Não via motivos para matar alguém, a menos que tivesse dinheiro envolvido.

— É melhor que ele não demore, ainda não encontramos o Nove-caudas e, provavelmente, nosso tempo está se esgotando – Pain disse e em seguida se afastou para se comunicar com Konan e ver como estava a situação em Suna.

            Kakuzu virou-se na direção contrária ao sentir que algo estava errado. Observou o local atentamente. Havia metade de uma casa ainda de pé à sua esquerda enquanto que a outra parte encontrava-se no chão. Sacou rapidamente uma kunai e a lançou na direção do telhado, mas nada acertou. Em seguida virou-se para a direita ao ver um vulto e lançou outra kunai, falhando novamente. Suspirou irritado.

— Pare de se esconder, sei que está me seguindo – bradou e lentamente viu a figura da mulher surgir sobre o telhado onde antes atirara. – Ai está você, garotinha.

— Solte minha irmã! – Hinata bradou com o Byakugan ativado enquanto observava com atenção o ninja alto, moreno, que usava um capuz branco e uma máscara preta no rosto. Os olhos dele eram a única parte visível.

— Infelizmente, tenho planos para sua irmãzinha, mas se quiser pode se juntar a ela – comentou debochado e Hinata franziu o cenho.

            Preparava-se para iniciar o ataque quando notou uma presença atrás de si. Foi tão rápido que só teve tempo de colocar os braços na frente do corpo, pois no minuto seguinte havia sido lançada de encontro com o chão. Arfou de dor e sangue escorreu pela sua boca. Essa velocidade... se demorasse um pouco mais não iria ter sobrevivido. Levantou-se com dificuldade e viu que o shinobi que estava com sua irmã não estava mais sozinho. Havia uma outra figura de cabelos laranjas curtos e o rosto cheio de piercings.

— Não precisava intervir, Pain. Não irei recompensá-lo por isso – informou Kakuzu.

— Eu sei, mas não podemos perder tempo – olhou para a Hinata que observava a cena com atenção.

— Devolvam Hanabi! – bradou mais uma vez, segurando o braço que doía. Tinha que dar um jeito neles e recuperar a irmã, não podia perder agora.

— Garotinha, se quer tanto sua irmã, venha buscar – Kakuzu disse ao colocar Hanabi desacordada no chão a sua frente.

            Hinata sabia que era uma armadilha, mas tinha arriscar. Correu em direção à irmã e notou quando Kakuzu sumiu da sua vista, reaparecendo perto de si, mas dessa vez ela não seria pega desprevenida. Usando a sua técnica “Punho gentil”, Hinata começou a atacar Kakuzu ao mesmo tempo em que analisava o oponente, tinha que descobrir os pontos de chakra dele e acertá-lo, prém o que viu a deixou tão assustada que foi impossível não paralisar por um momento.

— Q-Quem é você? Como pode ter quatro corações? – indagou surpresa e Kakazu sorriu ao ver a guarda da menina aberta.

            Atacou a menina que desviou e pulou para longe, mas Kakuzu esticou o braço, como se fosse uma lança, tentando alcançar Hinata que o acertou com o punho e desviou, porém outro braço surgiu e a segurou pelo pescoço. Ela começou a se debater, mas nada do que fizesse parecia ser suficiente para o aperto ceder.

            Ela começa, então, a ficar sem ar e seus pés não tocam mais o chão. Xinga-se por ter perdido tão facilmente mesmo depois de tanto treino. Não devia ter se distraído. Não conseguiu nem mostrar do que era capaz. Seu corpo começa a sofrer com espasmos e pensa na irmã e em como não conseguiu salvá-la. Lágrimas se formam em seus olhos e odeia-se por ser tão fraca. Porém, antes que seu corpo adormeça para sempre, o barulho de algo se quebrando é ouvido e algo a impede que caia no chão. Ela tosse e força o ar a entrar em seus pulmões, e ao forçar a vista encontra a pessoa que a salvou e não acredita no que vê.

— N-Naruto – gagueja ao ver o Uzumaki.

— Desculpe a demora, Hinata-chan – ele sorri para ela que sente seu coração bater mais rápido. Ele estava ali.

— Finalmente Nove-caudas – Pain diz satisfeito, ficando ao lado de Kakuzu. Agora os planos poderiam seguir conforme o combinado.

—*-

— Tsunade-sama, já cheguei na Vila. Estou enviando chakra a todos que ainda estão vivos, mas são muitos. Não sei se você aguentará! – comenta Katsuyu para a Senju que não saiu da sua posição em nenhum momento.

— Mesmo que eu morra, não pare de usar o meu chakra, Katsuyu – ordenou e logo o seu selo foi liberado, formando linhas negras por todo o corpo – Mesmo que toda a minha vida seja drenada... – e começou a sentir a pele antes lisa e macia, se enrrugar e envelhecer – Eu vou ganhar tempo para que os ninjas de Konoha cheguem. Eu vou proteger a todos que ainda tiverem uma chance! 


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Eu confesso que o capítulo foi um pouco parado no quesito ação, acabei deixando as cenas de luta mais para o próximo capítulo e me concentrei em mostrar o que aconteceu com quem ficou em Konoha e nos sentimentos dos personagens e como eles se sentiram com o ataque. Eu também tinha que explicar o motivo de diversas pessoas terem sobrevivido, que foi graças a nossa querida Kushina! Isso explica como somente uma parte de Konoha foi destruída e também é importante pois eu não preciso exterminar toda uma população de uma hora para a outra, apesar de que uma grande parte da população ter morrido. Também tive que mostrar não só a Sakura e como ela sobreviveu e seu papel em Konoha (que está começando a se desenhar ainda), mas também outros ninjas que ficaram em Konoha, como a Shizune, a Hinata e Tenten (mesmo que essa última tenha aparecido pouco, podem esperar que no próximo ela e a Kurenai vão lutar pra valer!)
Além disso, eu tive que mostrar algumas cenas mais fortes, como o reencontro de Sakura com a mãe, a morte de Mikoto (sim, eu matei ela, peço desculpas a todos, mas era necessário!) e a cena que, para mim, foi mais difícil de escrever e a mais sofrida: a cena de Itachi com a filha e a esposa. Foi tão sofrido fazer essa cena que eu estou em dúvida do que fazer a seguir... ainda não consegui decidir se elas vão sobreviver ou morrer, ou se somente uma irá morrer... então, se vocês quiserem tentar me convencer de algo, essa é a hora. XD
Mas o capítulo é uma mescla de desespero por tudo o que está acontecendo em Konoha com pingos de esperança como a luta de Tsunade para proteger a sua Vila, o fato de Minato estar acordado, o aparecimento de Tenten e Kurenai para salvar Shizune e, claro, o aparecimento de Naruto. Acho que vocês sabem a próxima cena que virá, certo? ;) Mas não se enganem, ainda teremos mortes a serem mostradas e também estou me preparando psicologicamente para isso.
Eu espero que tenham gostado do capítulo e espero que entendam que, provavelmente, irei demorar novamente por conta do mestrado que está na reta final. Mas tenho uma boa, ou não tão boa, notícia para vocês, Reparação está na reta final e terá, no máximo, mais 3 ou 4 capítulos. Talvez menos, dependendo de como fluir a minha escrita. Então no próximo encerrarei o conflito em Konoha para que eles possam se ajustar e em seguida veremos a verdadeira guerra ^^

Bom, é isso! Espero a opinião de vocês e até a próxima!
beijos