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– Mãe, a gente não pode ir de carro? – Perguntou a Trish. Ela é filha da tia Katherine, que é a irmã mais nova dos três irmãos Crawford (o papai, o tio Adam - que também é meu padrinho - e a tia Katherine).

Trish é dois anos mais velha que eu, é bastante diferente do seu irmão gêmeo, Jeremy e pertence à Sonserina junto com a Charlotte, o Jeremy e minha outra prima, Alícia que é a irmã mais velha da Demetria. Acho que no total, somos sete primos.

– Estão trinta e um graus lá fora!

– Trish, para de se queixar! – A tia Katherine a repreendeu.

– Mas eu vou ficar toda suada!

– Acho que ela até têm razão, tia. Nós não queremos ter que cheirar o fedor da Trish. – Brincou Demetria. A Trish ficou tão vermelha como um pimentão e Alícia abriu um sorriso de satisfação para a irmã.

– Baixinha.... - Mas Trish foi cortada por Alícia, que se colocou à frente dela.

– Melhor você manter sua boca fechada.

– Você não me assusta Alícia. – Ela ergueu as sobrancelhas desafiando-a, mas Andrey entreviu a meio para as impedir.

– Chega garotas, vamos logo embora.

Caminhamos por um bom tempo, enquanto um vento quente aquecia os nossos corpos. Eu estava junto com a Demetria e caminhávamos devagar por isso ficamos para trás a conversar.

Acho que já a referi bastantes vezes mas ainda não a apresentei. Bem, nós somos um pouco diferentes. Ela vivia em França, mas por alguma razão que nunca soube, os meus tios decidiram vir para Inglaterra e então eles tem vivido connosco. Apesar das mudanças e de ela tem conseguido se adaptar – ao contrário da Trish que também veio de França à uns anos atrás - as pessoas acham que a Demetria está preparada para qualquer coisa, contudo sei que essa não é a verdade.

* * *

– Eu.. Hm.. Eu quero um de baunilha, por favor. – Disse à senhora que estava atrás do balcão da loja a servir os sorvetes. Ela assentiu e quase num segundo já estava me entregando o sorvete. – Muito obrigada. – A senhora sorriu e disse “ Volte sempre!” enquanto caminhava para fora do recinto. Meus primos estavam todos juntos, discutindo sobre alguma coisa.

Eu apenas fiquei ali parada. Observando.

– Tem alguma coisa lhe incomodando Anne? - A tia Katherine despertou minha atenção.

Balancei a cabeça em sinal de negação.

– E se levasse seus primos até ao parque? – Sugeriu o papai enquanto me encarava.

– Claro! – Aproximei-me do seu rosto e dei um pequeno beijo na sua bochecha.

Chamei todos, mas apenas o Andrey, a Demetria e a Alícia quiseram vir comigo. Havia um grande parque bem na frente da sorvetaria.

– Anne, você já tinha vindo a esse parque? – Andrey me perguntou, mas eu não respondi. Na verdade eu nunca tinha entrado no parque.

– Então vamos explora-lo. – Disse Alícia.

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A autora recomenda esta música para a leitura do capítulo

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Todos se separaram e foram por caminhos diferentes.

Eu apenas continuei ali parada. Observando. De novo.

Passado um tempo um grupo de passarinhos apareceram e começaram a picar o chão à procura de algo. Provavelmente comida. Parti um bocado da bolacha do meu sorvete e o desfiz em pedacinhos. Estendi minha mão aos pequenos e eles começaram a pular até ela, enquanto encaravam a palma da minha mão tentando descobrir se era seguro comerem, mas claro que logo um deles arriscou e os outros o seguiram até não restarem mais pedacinhos da bolacha.

– Que meiga Anne. – Me virei e vi meu tio Adam e meu pai parados. – Onde estão suas primas e seu irmão?

– Hm… Eles estão vendo o parque também.

– Melhor irmos procura-los. – Falou o tio Adam enquanto avançava mais adiante.

Senti uma mão sobre meu ombro e olhei por ele vendo o papai me impedindo de andar.

– Vá indo Adam, eu e a Anne já nos encontramos com vocês. Quero mostrar uma coisa a ela antes dela ir embora. – Olhei para o seu rosto enquanto ele falava não entendendo do que ele estava falando. Mostrar o que? Por quê antes de eu ir embora? – Vamos. – Ele disse me guiando por entre as árvores até chegarmos ao que parecia ser um arco-íris de flores. Milhares de flores sobre o gramado verde que balançavam com o sopro do vento de verão.

– Esse é o chamado o “Jardim das Memórias”. Várias pessoas, casais ou famílias vêm até aqui para plantar a sua flor preferida. Os trouxas acreditam que, ao plantarmos uma flor aqui foi porque aconteceu algo importante na nossa vida e não queremos nos esquecer desse momento. Então, no fundo, as pessoas vêm aqui para se recordarem de algo nas suas vidas. Esse era o jardim preferido de sua mãe. – Papai me olhou e sorriu como sempre faz.

– Porque me trouxe até aqui? – Perguntei, enquanto meu pai continuava a encarar aquele jardim.

– Eu noto quando um dos meus filhos não está bem. Não vou perguntar o que te está preocupando. – Virei-me para ele, seu rosto tinha uma expressão séria.

Meu pai se aproximou do jardim e ficou procurando algo, me aproximei e vi um pequeno botão de flor fechado.

– Quando você e seus irmãos nasceram, eram como este pequeno botão de flor. Sem qualquer conhecimento sobre o mundo em que nasceram. Esperando pelo dia em que abririam as suas pétalas e descobrirem o mundo. O mundo é belo, mesmo quando ele estiver carregado de tristeza e lágrimas, então abra seus olhos. Você não deve negar a seus olhos a beleza deste mundo. Aqueles que procuram a verdade não devem ser arrogantes. Faça o que você deseja fazer. Torne-se o que você quer ser, faça amigos e não tenha pressa, apenas siga o seu próprio ritmo para se tornar uma adulta. – O sorvete que estava na minha mão estava derretendo. Senti algo quente escorrendo sobre o meu rosto. Estava chorando.

Não me lembro o que aconteceu depois. Estava em casa no dia seguinte quando acordei. Hoje ia voltar para Hogwarts.

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