Enquanto eu andava para a casa de Lynn, pensei em onde ficaria, se não minha casa. Não havia muitas pousadas ali, e mesmo assim, não tinha dinheiro pra comprar nada. Fiquei com saudade do meu celular agora, eu podia ligar pra Lynn e pedir pra ela falar com a mãe dela por mim.

Agora minha vida dependia de Lynn, nunca pensei nisso antes..

***

Quando cheguei em sua casa, bati na porta e fui falar com a mãe dela. Ela estava na cozinha preparando o almoço. Fiquei meio nervosa por pedir um favor tão grande pra ela.

– Olá senhora. – falei timidamente.

– Ah, olá Beatrice. – disse ela se virando pra mim. – Não sabia que estava aqui, veio almoçar com a gente? – disse abrindo um largo sorriso.

– Hmm.. Sim, se não for incomodar.

– Mas é claro que não.

– Senhora, eu queria lhe perguntar uma coisa.. Na verdade, vim lhe pedir um favor.

– O que quiser. – disse agora ficando mais séria, continuando com a expressão calma.

Respirei fundo, não sabia como pedir isso, eu iria logo ao ponto ou contava toda a história? Hmm... Decidi falar só o necessário.

– Eu e meu pai brigamos e... – lágrimas insistem em escorrer de meu rosto, não as impeço. – Gostaria que me deixasse morar aqui por enquanto, prometo não lhe dar muito trabalho.

Ela estava pensativa, e vi lágrimas ocuparem seus olhos, ela era uma pessoa bem sensível, diferente da filha, que deve ter puxado o pai.

– Posso telefonar pra sua mãe Beatrice? Eu deixo você ficar, mas ela tem que concordar, tudo bem?

Afirmei com a cabeça, enxugando as lágrimas.

Ela ligou pra minha mãe e por sorte foi Natalie – minha mãe – que atendeu.

Ouvi a mãe de Lynn chorar e depois acenar algumas vezes com a cabeça. Ela desligou e sorriu pra mim, enxugando suas lágrimas, suspirou fundo e disse.

– Bom, está tudo certo. Quer tomar um banho antes de comer?

– Sim, posso me banhar no banheiro que há no quarto de Lynn e eu aviso a ela que vou ficar em seu quarto está bem?

Ela acenou com a cabeça satisfeita.

Subi as escadas tranquilamente embora uma pare de mim quisesse correr para se libertar. Cheguei em seu quarto e ela estava no computador, de novo. Essa era Lynn, sempre conversando com alguém em seus e-mails enquanto o meu era totalmente vazio e sem nada.

Ela me ouviu chegar e virou em minha direção, sorrindo também.

– Tenho uma notícia para te contar. – eu disse.

– O que? – perguntou confusa.

– Sua mãe conversou com a minha e eu vou poder ficar aqui.

– Ah! Que incrível Tris! – disse ela empolgada pela ideia de sermos colega de quarto.

Acenei com a cabeça e fui ao banheiro me lavar, estava precisando muito, meu cabelo estava grosso, e sem vida. E eu precisava trocar de roupa. Levei minha bolsa pro banheiro e comecei a me vestir, um suéter velho e uma calça jeans, era o mais confortável.

Sai do banheiro e Lynn não estava no quarto, deve ter ido almoçar, penteei meus cabelos o mais rápido que pude e desci, estava Lynn, e sua mãe. Seu pai havia morrido há 2 anos, em um acidente de carro, ninguém falava sobre isso.

Sentei ao lado de Lynn, onde um prato de lasanha, com arroz e purê me esperavam, estava faminta e minha garganta estava seca, bebi o refrigerante e depois comemos sem falar nada. Lynn acabou primeiro que eu, e ficou me esperando acabar.

Quando terminei ela me levou para seu quarto e ficamos conversando, sobre a festa que despertou uma curiosidade.

– Você e o Peter estão.. – hesitei tentando não pensar no quão ridículo seria. – Namorando?

– Credo não! – disse enojada.

Fiquei confusa.

– Então porque vi vocês entrando no mesmo quarto?

– Só por transar.

– Ah. – disse perplexa.

Quando eu iria fazer aquele tipo de coisa? Não queria transar só por transar, teria que ser com alguém especial.