– você me ouviu muito bem Beatrice! – disse meu pai já zangado.

Eu nunca vi meu pai tão zangado, ele é um homem racional, e perder a calma por uma coisa tão besta é muito estranho. Não parece com ele mesmo.

Ele se aproximou de mim erguendo a mão e disse:

– Me dê seu celular! – estava lutando para que sua voz ficasse estável.

Por que estava fazendo aquilo comigo? Várias vezes Caleb – meu irmão – havia tirado notas baixas e eles sempre o perdoavam, era injusto! Sempre soube que ele era o preferido, mas agora, eu tinha certeza. Meus sentimentos agora passaram a ser raiva.

Puxei meu celular do bolso de trás da calça e o apertei com tanta força que meus dedos machucaram, sem pensar duas vezes, eu o joguei contra a porta da sala, o choque foi tão grande que me fez pular.

Caleb ouviu o barulho e desceu a escada correndo parando no final, fitando eu e meu pai. Seu olhar duvidoso, sem saber o que estava acontecendo.

Meu pai virou pra mim e me deu um tapa, rápido demais para que eu pudesse desviar, e forte demais para que eu caísse, minha mãe gritou, um grito meio desesperado e puxou meu pai para longe de mim, Caleb me ajudou a alevantar.

– Tudo bem? – perguntou ele.

– Sim. – respondi

Subi as escadas até meu quarto e tranquei a porta, para que ninguém viesse me incomodar, fui para a janela onde tinha uma pequena escada que eu usava para fugir de Caleb quando criança e desci.

Corri para a casa da minha única amiga, Lynn.

***

Quando cheguei lá, bati na porta e torci para que Lynn atendesse. Ela atendeu, suspirei de alívio.

Quando me viu, arregalou os olhos e me puxou para seu quarto imediatamente, fechou a porta e me sentei na sua cama, esperando que falasse alguma coisa. Ela hesitou um pouco.

– O que foi isso? – perguntou preocupada.

Respirei fundo lutando contra as memórias, falei no tom mais frio que pude.

– Meu pai me bateu, porque joguei o celular contra a porta. – não mencionei o boletim, isso não era importante. Pra mim não.

Ficamos paradas ali e ela parecia perplexa e tentava absorver cada palavra, embora fossem poucas.

– Está com fome? – disse ela por fim.

Na verdade, eu estava faminta, não havia comido desde que cheguei da escola e havia esquecido completamente por causa da tensão de casa. Percebi que estava cansada também.

Meu estômago roncou e ela riu disso, fiz uma careta e balancei a cabeça afirmando.

Quando ela saiu do quarto me deitei em sua cama e pensei no que havia ocorrido, de repente, estava chorando, limpei as lágrimas com o dorso da mão e pensei comigo mesma “Eu não preciso disso, não me importo”. Quando ela chegou me sentei novamente e ela veio com uma bandeja que tinha um copo de leite e cookies – que sua mãe fizera, pois ela não sabia fazer nada-.

Assim que acabei, perguntei se podia tirar um cochilo ali, ela afirmou com a cabeça e me deitei, ela deitou ao meu lado acariciando as mechas de meu cabelo, aquilo era bem confortável. Em questão de minutos já estava dormindo.

***

Acordei e ela me olhou e depois de um tempo perguntou:

– O que quer fazer? Você precisa se distrair.

Eu não queria, mas ela estava certa, eu tinha que esquecer aquilo e seguir em frente.

Me afastei para olhá-la melhor e ela estava vestida festivamente, me lembrei da festa ridícula de Peter, e suspirei.

– Não precisa ir se não quiser. – disse ela olhando minha expressão.

– Eu quero. – vai ter drogas, talvez eu as use pra esquecer os problemas de hoje!

– O.k. separei uma roupa pra você. – disse com um sorriso no rosto.

– Ahh, vamos lá, você vai ficar linda!

Concordei com a cabeça e ela me vestiu, maquiou e no final eu estava mesmo linda, talvez ela fosse uma amiga melhor do que esperava. Sorri timidamente pra ela e nós duas rimos disso.

– Vamos, temos uma festa pra ir! – pisquei pra ela, o que a fez rir e juntas fomos a tal festa.