- Beatrice! - diz o Sr. Sulivan mais uma vez me chamando a atenção. - Se conversar mais uma vez, serei obrigado a lhe tirar de sala.

Senti meu rosto ficar vermelho, odiava ser chamada atenção, tentava ao máximo ser esforçada, mas algumas pessoas da classe não me davam essa oportunidade!

- Desculpe senhor. - Disse arrependida e com a cabeça abaixada.

A aula se seguiu e não foi nada emocionante. Na saída Lynn veio falar comigo, ela estava emocionada por algum motivo.

- Oi Tris! - Disse empolgada.

- Oi!

- Já sabe da nova? - disse, abrindo um largo sorriso.

- Não. - ninguém falava comigo além de Lynn, ela é a minha única amiga.

- Sério? porque será? - disse dando um risinho de deboche.

Bufei.

- Pode me contar logo o que é? - Já estava ficando sem paciência.

- Ok! Vai ter uma festa na casa de Peter!! Não é incrível?? - agora dava saltinhos estranhos.

Não achava aquilo incrível, Peter era o garoto mais popular e também o mais egocêntrico! Nuca chamei atenção dele, e ele nunca conseguiu chamar a minha, eu não estava com vontade de ir pra uma de suas festas com bebidas alcoólicas e drogas ilícitas.

Revirei os olhos e disse respirando fundo para não perder o controle.

- Não acho muito interessante, me desculpe eu tenho que ir, não posso chegar tarde em casa. - Dei um sorrisinho e sai antes que pudesse dizer alguma coisa contra.

- Espere! - Gritou.

Comecei a andar mais rápido, mas parecia que não adiantava, minhas pernas eram muito curtas. Ela me alcançou ofegante com a mão no meu ombro, tentando se recompor. Revirei os olhos e disse já impaciente:

- O que diabos você quer?? não estou interessada nisso! Tá bem?

Respirei mais uma fez tentando me estabilizar e saí, com a esperança de que ela não me seguisse de novo, funcionou por que não ouvi mais nenhum passo em minha direção. Ela deve ter percebido que seria inútil tentar me convencer.

Quando cheguei em casa, abri com minhas chaves e gritei " cheguei ". Fui direto ao quarto, joguei minha bolsa na cama e segui pro computador velho e lento que tinha na mesinha. Abri o e-mail mesmo sabendo que não haveria nenhum, e não tinha mesmo.

Fui ao andar de baixo da minha casa, e vi minha mãe conversando com meu pai na sala, estavam sussurrando, quase não ouvi sobre o que estavam falando. Ouvi apenas as palavras " boletins", "decepção", "não aceito". Fiquei parada ali, absorvendo aquelas palavras, sem acreditar que meu boletim havia chegado pelo correio nesse dia.

Desci devagar e eles olharam pra mim com a expressão preocupada, meu coração estava acelerado, não sabia o que fazer, não conseguia pensar em nada, o que iriam fazer comigo? Será que estou muito encrencada?

- O que houve? - consegui falar depois de muita tensão.

- Tris, recebemos seu boletim hoje - ela hesitou, olhou para meu pai, que estava furioso, e continuou - vamos ter que lhe colocar de castigo - se levantou do sofá e com um tom mais rude ela falou - o que está acontecendo? Suas notas eram sempre boas, um orgulho! O que aconteceu querida? - suavizou, acho que por causa das lágrimas que surgiam no meu rosto.

Meu pai continuava sério. Eu não sabia o que fazer, nem o que falar... Tentei conter minhas lágrimas piscando várias vezes os olhos, mas não consegui, saíram rápido demais para que eu pudesse perceber. Queria lhe dizer que alguns alunos da sala conversavam muito, impedindo a minha concentração, mas eu também conversava, não podia mentir assim.

Enfim disse:

- Eu não sei - limpei as lágrimas com o dorso da minha mão e continuei - Me desculpe, vou tentar melhorar, prometo.

Fechei os olhos, para não ver suas expressões.

- Tá - disse minha mãe, respirando fundo. - assim que suas aulas acabarem de amanhã em diante, quero que venha pra casa. Tudo bem?

Acenei com a cabeça confirmando, ainda de olhos fechados, depois de uns segundos eu abri. Meu pai olhava pra mim com uma expressão de descrença. Ignorei e comecei a subir as escadas já um pouco aliviada, quando ele me chamou:

- Espere! - parei imediatamente me virando e descendo devagar. - me dê seu celular e tire o computador de seu quarto. - não acredito que ele está fazendo isso, meu sentimento de tristeza passou e virou raiva, meu rosto estava esquentando.

- O quê? - consegui dizer, em um tom de perplexidade.